quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Crítica - Homens, Mulheres e Filhos (2014)

Título: Homens, Mulheres e Filhos ("Men, Women & Children", EUA, 2014)
Diretor: Jason Reitman
Atores principais: Rosemarie DeWitt, Jennifer Garner, Judy Greer, Dean Norris, Adam Sandler, Ansel Elgort, Kaitlyn Dever

Filme é retrato fiel da "sociedade digital" contemporânea

Baseado em um livro homônimo de 2011 de Chad Kultgen, Homens, Mulheres e Filhos é o novo filme do diretor canadense Jason Reitman. Conhecido, dentre outros trabalhos, por dirigir Juno (2007) e Amor sem Escalas (2009), sua mais recente produção lembra um pouco estes dois títulos, ao trazer relacionamentos adolescentes e também, por manter um tom pessimista sobre o comportamento humano.

Sendo um filme de personagens, a história mistura relacionamentos (sejam de adolescentes ou adultos) com o impacto que a tecnologia atual (Internet, celulares, games online, etc) exerce sobre os mesmos.

Todo o numeroso elenco é composto de personagens bem caricatos, clichês, exagerados: assim temos o "casal adolescente certinho e fora de moda" Tim (Ansel Elgort) e Brandy (Kaitlyn Dever), um casamento em crise, com Don (Adam Sandler) e Helen (Rosemarie Dewitt) cansados da mesmice, uma mãe psicótica e ultra controladora (Jennifer Garner), uma mãe (Judy Greer) que não conseguiu ser atriz e portanto faz tudo para transformar sua filha ultra-mimada-e-periguete Hannah (Olivia Crocicchia) em uma, a menina ingênua anoréxica (Elena Kampouris) que idolatra um bad boy mais velho, um pai amargurado (Dean Norris) que não consegue se comunicar com o filho, e finalmente, um adolescente viciado em filmes pornô tão perturbados que não consegue ter um relacionamento normal (Travis Tope).

E o que acontece com estes personagens... bem, embora no roteiro surjam algumas surpresas, em geral tudo também é bem previsível, clichê. Apesar disto, todas as atuações são excelentes, e os personagens convencem. Ou melhor, minto: dois deles não convencem, e a culpa não é de seus intérpretes, e sim do roteiro: a personagem da Jennifer Garner, e principalmente, a personagem de Judy Greer. É simplesmente impossível acreditar que a personagem dela faria a "besteira" que é revelada no final do filme.

Devido as características acima, Homens, Mulheres e Filhos não agradou a crítica especializada. Porém não segui esta mesma linha. Sim, os personagens são exagerados, mas suas ações, dilemas, medos, são exatamente um retrato do que temos hoje no mundo "digital" atual. Portanto, quando o filme se encerra, ele leva o espectador a refletir bastante sobre tudo o que assistiu. E isto é ótimo! Arte não é isto?

Outro ponto curioso de Homens, Mulheres e Filhos é, intencionalmente ou não, não conseguir colocar a "culpa" dos nossos problemas na tecnologia. Há mais cenas onde a tecnologia é a vilã, porém há outras onde ela é mostrada como neutra, até positiva. Se a premissa do filme era discutir tecnologia, então neste ponto ele é falho, pois sobre isto se tornou inconclusivo.

Ao contrário do que é vendido, Homens, Mulheres e Filhos não é uma mistura de comédia com drama. É só drama. E mesmo que não sejamos muito surpreendidos com as situações destes dramas, o fato de presenciá-los todos - que afetam homens e mulheres e adolescentes - é o que faz toda a diferença. Homens, Mulheres e Filhos acaba sendo uma fotografia, um retrato da geração classe média ocidental atual. E nos faz refletir para mudarmos, melhorarmos. Sendo assim, o resultado final é que temos sim um bom filme. Nota: 7,0

PS: você que assistiu o filme, não reconhece na foto o cabeludo do canto superior esquerdo? Pois é, ele não apareceu na história mesmo. Trata-se do diretor, Jason Reitman.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Crítica - Lunchbox (2013)

Título: Lunchbox ("Dabba", Alemanha / EUA / França / Índia, 2013)
Diretor: Ritesh Batra
Atores principais: Irrfan Khan, Nimrat Kaur, Nawazuddin Siddiqui

Sutil e sensível, filme indiano discorre sobre relacionamentos e sociedade

Confesso que pouco conheço o cinema indiano. E um eventual "estranhamento" ao assistir Lunchbox não aconteceu já que o filme tem considerável aproximação com o cinema ocidental. Metade do filme é falado em inglês (a outra metade, em hindi); o ator principal, Irrfan Khan, já atuou em diversos filmes de Hollywood, como por exemplo: Quem Quer Ser um Milionário? (2008), As Aventuras de Pi (2012) e O Espetacular Homem-Aranha (2012); e a atriz principal, Nimrat Kaur, embora menos conhecida, participou de toda a 4a temporada do seriado Homeland.

A idéia inicial do diretor e roteirista Ritesh Batra - em seu primeiro longa metragem - era fazer um documentário sobre os dabbawala, entregadores de um famoso sistema indiano de transporte de marmitas. Funciona assim: um trabalhador sai para trabalhar, enquanto neste tempo alguém de sua família faz seu almoço. Então os dabbawala passam em sua residência, pegam a marmita caseira e as levam ao trabalhador em seu local de trabalho.

Mas o conceito original logo mudou, e ao invés de documentar os dabbawala o filme se tornou um romance. Na história, somos apresentados a Saajan (Irrfan Khan), viúvo, um sério e respeitável contador que se encontra a um mês da aposentadoria. Devido a um engano dos dabbawala, ele começa a receber as marmitas que a jovem e infeliz Ila (Nimrat Kaur) prepara para seu marido. Em pouco tempo eles começam a trocar confidências através de bilhetes diários.

Sutileza e sensibilidade são as palavras chave de Lunchbox. Conforme vamos conhecendo a vida dos protagonistas, de maneira bastante sutil o roteiro apresenta uma infinidade de situações e sentimentos: amor, solidão, abandono, competição, velhice, juventude, depressão, amizade, pobreza, modernidade, etc. Pouco se fala sobre estes assuntos... mas pela simples iteração entre os personagens, ou apenas um olhar... isto já basta para entendermos o que eles estão sentindo.

Também de forma sutil, aprendemos um pouco sobre a cultura indiana. Por exemplo, que casamentos ainda possuem dotes, que o transito é mesmo caótico, e que lá - pelo menos para Ila - o país dos sonhos é o Butão, onde "seu verdadeiro PIB é a felicidade".

Com pouca variação de cenário, cenas filmadas a curta distância em ambientes fechados, o custo para fazer Lunchbox foi baixo: apenas 1 milhão de dólares. Isto não diz, de maneira nenhuma, que tecnicamente o filme é ruim; pelo contrário, a fotografia é boa, o som é bom, e a trilha incidental (usada em algumas vezes para fazer piadas) em geral acerta no tom, refletindo principalmente o estado de espírito de Saajan.

Em um determinado momento, após tanto reclamar de ser ignorada pelo marido, Ila recebe de Saajan a proposta para "fugirem juntos". O fato dela considerar esta idéia sem qualquer estranhamento me pareceu inverossímil; é uma das poucas coisas que não gostei em Lunchbox. A outra coisa que não gostei foi o final, abrupto, que deixa a conclusão em aberto. Entretanto, apesar da minha desaprovação, reconheço que o final é condizente com o restante do filme, e portanto, não o prejudica em nada.

Contada de maneira devagar, Lunchbox apresenta uma boa história, repleta de acontecimentos cotidianos. Sucesso de crítica (levou o prêmio de melhor filme do público em Cannes 2013), é uma pena que ele foi praticamente ignorado no Brasil. Chegou por aqui em fevereiro deste ano, em poucas salas, e vejam só, a distribuidora sequer teve o cuidado de traduzir o nome do filme para o Português. Nota: 7,0

domingo, 28 de dezembro de 2014

Crítica - Ninfomaníaca: Parte 1 e Parte 2 (2013)

TítuloNinfomaníaca: Parte 1 / Ninfomaníaca: Parte 2 ("Nymphomaniac: Vol. I" / "Nymphomaniac: Vol. II", Alemanha / Bélgica / Dinamarca / França / Reino Unido, 2013)
Diretor: Lars von Trier
Atores principais: Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgård, Stacy Martin, Shia LaBeouf

Sendo de Lars von Trier, filme é mais comportado e superficial do que o esperado

Quando Lars von Trier falou sobre Ninfomaníaca pela primeira vez, se gabava de que iria fazer uma espécie de filme pornô pesado, repleto de cenas de sexo de verdade, sem amenizar nada. Talvez ele estivesse apenas brincando, ou talvez sua idéia original fosse esta mesmo. Vindo de quem veio, ambas as possibilidades podem ter sido a verdadeira.

O fato é que com o passar do tempo seu discurso sobre o filme foi ficando mais ameno. Porém, se em suas declarações von Trier dava pistas de um filme mais light, a promoção do filme ia no sentido contrário: por exemplo, cerca de 15 de seus atores posaram nus em cartazes de divulgação.

Dividido em dois filmes, Ninfomaníaca não faz sentido separadamente, é uma única história. Ao término da Parte 1 temos uma abrupta interrupção do que está sendo contado. É exatamente o mesmo caso de Kill Bill Vol. 1 e Vol. 2. A justificativa para a quebra de ambos é que seria inviável lançar nos cinemas um único só filme de 4 horas. Pode ser isto mesmo. Ou também pode ser a vontade de dobrar a arrecadação. Deixo a conclusão para você, leitor.

O resultado final é que os filmes Ninfomaníaca Parte 1 e Parte 2 realmente entregam bastante nudez e cenas de sexo. Bastante mesmo! Porém sendo de Lars von Trier, é feito de uma maneira mais "comportada" que o esperado. As cenas de sexo são filmadas a uma certa distância, muito dificilmente em close. Para os raros closes, a produtora Louise Vesth jura que foram utilizadas próteses, e não os órgãos genitais reais. Por falar em real, o sexo mostrado é real sim, porém realizado com atores pornô: o rosto dos atores hollywoodianos do filme foram acrescentados digitalmente em cima do rosto dos "dublês". Os efeitos especiais são bem feitos, e portanto, não se consegue distinguir o digital do real.

A história começa com a protagonista Joe (Charlotte Gainsbourg) desacordada, jogada na rua. Suja, surrada, ela é encontrada por Seligman (Stellan Skarsgård), que comovido com a situação deplorável de Joe, resolve acolhe-la em sua casa, para que ela possa se limpar e se tratar. É então que Joe resolve contar sua longa história, de como ela chegou naquele estado.

Sendo uma espécie de Sherazade moderna (a dos contos de As Mil e Uma Noites, não a do SBT), Joe confessa ser uma ninfomaníaca, e segundo ela mesmo, um ser humano terrível que não é digna nem de pena. Seus "causos" começam pela adolescência - onde sua versão jovem é interpretada com maestria por Stacy Martin - e terminam literalmente na noite onde foi encontrada por Seligman.

É curioso constatar que a estrutura de Ninfomaníaca parece caminhar para o padrão de enredo dos filmes de viciados: primeiro, os prazeres do vício, depois, as consequências físicas e psicológicas do mesmo, então o arrependimento e o tratamento. Mas não é bem isto o que ocorre. Em sua narrativa, Joe pouco demonstra ter tido realmente prazer com o sexo. Ao mesmo tempo, ela não busca uma cura, nem se importa com seus próprios problemas. Seu único arrependimento é o impacto negativo que sua vida teve na vida de outras pessoas.

Ninfomaníaca poderia focar no sofrimento de Joe. Poderia também focar no preconceito que as mulheres viciadas em sexo sofrem (para a sociedade, é algo muito mais condenável do que se o viciado fosse um homem). Porém, acaba trazendo estes assuntos de maneira superficial. Joe aparenta ser uma personagem pouco emotiva, e esta sobriedade se reflete no filme de uma maneira um pouco ruim, trazendo uma história que - embora bem interessante - acaba sendo exageradamente descritiva e dá pouca margem a debates.

Em termos técnicos, Ninfomaníaca é bem realizado. Boa fotografia, bastante diversificação de cenas e localidades, a idade e os sentimentos de Joe são acompanhados pelas cores em que o filme é rodado.

Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin - ambas como a personagem Joe - atuam muito bem, principalmente a última. O filme ainda conta com vários atores famosos, como por exemplo: Shia LaBeouf, Christian Slater, Uma Thurman e Willem Dafoe. Todos também atuam bem, somam ao filme com suas atuações, mas ao mesmo tempo, não trazem nenhuma performance realmente marcante.

Mesmo sendo uma história bem melancólica, sem nenhum alívio cômico, Ninfomaníaca é dinâmico o suficiente para prender a atenção do expectador. O fato das histórias contadas por Joe serem bastante variadas, somado ao fato de ficarmos curiosos para ver "o que acontece depois", não deixam o filme enfadonho em nenhum momento, apesar da duração.

O final de Ninfomaníaca reserva uma pequena surpresa, que aliás, ainda hoje não consigo julgá-la como algo inverossímil ou não. Mas mesmo sem conseguir chegar a uma conclusão, confesso que o final não me agradou. Para não dar spoiler, digo o que exatamente não gostei no "PS" ao final do texto.

Mais comportado e sóbrio do que o imaginado, dando pouca margem a discussões sobre a imagem da mulher em nossa sociedade, ao menos Ninfomaníaca é uma história interessante e variada. Repleto de cenas de sexo, o filme é sem dúvida um filme adulto, porém, nada erótico e 100% drama. O polêmico Lars von Trier foi um pouco mais comportado desta vez. Existe uma versão "sem cortes" com 1h 30min de cenas extras e que foi exibida em alguns festivais. Sem a pressão comercial, talvez só nesta versão resida a visão "transgressora" que von Trier prometera inicialmente.

Versões a parte, eu gostei de Ninfomaníaca, porém a história poderia ser encurtada em um único filme de 3h e o resultado final seria provavelmente o mesmo. Nota: 7,0.


PS: (leiam isto apenas após assistir o filme, já que é um pequeno spoiler sobre o final). O que me desagradou na conclusão de Ninfomaníaca foi: entre trazer redenção aos personagens de Joe e Seligman e chocar o público, o diretor ter optado pela segunda opção. Talvez pela emoção, eu preferiria a opção 1.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Crítica - No Limite do Amanhã (2014)

Título: No Limite do Amanhã ("Edge of Tomorrow", Austrália / EUA, 2014)
Diretor: Doug Liman
Atores principais: Tom Cruise, Emily Blunt, Brendan Gleeson, Bill Paxton, Noah Taylor

Um filme surpreendentemente bom de loop temporal

Não é a primeira vez que temos uma história de alguém "preso no tempo", ou seja, alguém que seja ao morrer (ou ao final de um dia), volta repetidamente à um mesmo ponto do passado preservando as memórias do que aconteceu antes deste "reset". Este conceito já foi utilizado em seriados de ficção (um episódio de Arquivo X, por exemplo) e filmes, onde talvez o exemplo mais famoso seja o Feitiço do Tempo (1993), com Andie MacDowell e o fantástico Bill Murray.

Em No Limite do Amanhã o detentor deste "habilidade" é o protagonista Major Cage (Tom Cruise), que se encontra em uma feroz batalha entre a humanidade e uma raça alienígena que desembarcou meses atrás na Terra para conquistar nosso planeta. Só que nós, infelizmente, estamos tomando uma surra.

Após algumas mortes (e recomeços na história), Cage encontra o cientista Dr. Carter (Noah Taylor) e a melhor combatente humana, a soldado Rita (Emily Blunt), que são os dois únicos a acreditarem no poder desenvolvido por Cage. É então que o trio tenta encontrar uma maneira de, usando as habilidades de Cage, vencer a guerra.

O fato de Cage ter como ponto de partida um fronte de batalha faz com que No Limite do Amanhã tenha muitas cenas de ação, o que não é uma novidade para o diretor estadunidense Doug Liman, conhecido principalmente por A Identidade Bourne (2002). Por isto mesmo Liman conduz o filme muito bem, as cenas de luta são bem feitas, repletas de adrenalina.

Mas não é só a ação que funciona bem em No Limite do Amanhã. Em termos de roteiro e montagem, o filme da um show ao nos mostrar o repetido ciclo de "morre-revive" de Cage sem cansar o espectador. Ao contrário, tudo é bem dinâmico, coerente em termos de continuidade, e até chega a trazer alguns momentos de humor - não propositais, aliás - que justamente por isto condizem perfeitamente com o tom tenso e dramático da história.

O foco é concentrado apenas em Cage, e com isto, ele é o único personagem que se desenvolve ao longo da trama. Isto não é um defeito do filme, e chega a ser até prazeroso acompanhar sua evolução, vê-lo se tornando cada vez mais forte aprendendo a cada morte, ver os testes de causa-reação que ele usa como experiência, acompanhar suas variações de humor, e principalmente, vê-lo se apaixonar pela Rita sem demonstrar isto de maneira explícita em nenhum momento.

Os efeitos especiais também são muito bons, o design traz para as telas um universo futurista crível, e até os alienígenas - talvez demasiadamente rápidos, o que dificulta um pouco ver o que eles fazem nas cenas - convencem como o adversário terrível que deveriam ser.

No Limite do Amanhã caminha para seu final de maneira quase irretocável... até que chega em seu desfecho, que considero duplamente problemático. Para não dar spoilers, falo sobre estes problemas no "PS" ao final do texto.

Como curiosidade, Brad Pitt era o ator originalmente imaginado para este filme, e recusou a participar. No Limite do Amanhã tem todo o jeitão de roteiro de um video-game mas na verdade é baseado em uma série de light novel japonesa intitulada All You Need is Kill.

Sendo surpreendentemente um dos melhores filmes de ficção científica do ano, No Limite do Amanhã conseguiu me deixar empolgado e "mentalmente respeitado" durante quase toda sua projeção, mesmo sendo um filme de ação. Uma pena que tenha derrapado no final, o que baixa sua nota, que aliás, ainda assim é alta. Nota: 8,0.


PS: ATENÇÃO: comentarei aqui sobre o final do filme, é spoiler total. Leia apenas após ter assistido Limite do Amanhã. A história, que estava irretocável e excelente acaba se perdendo quando os loops acabam. A partir daí, temos os dois problemas que citei anteriormente. O primeiro deles, é que o roteiro faz o ato de chegar até o "alien mestre" algo impossível, muito difícil de ser realizado. Porém depois que se chega ao local do alien, matá-lo ficou consideravelmente fácil. Faltou equilibrar melhor ambas as sequências.
Finalmente, querer fazer do final um final feliz, onde o mocinho termina com a mocinha é lamentável, pois se trata de uma falha grave de roteiro. Não há absolutamente nenhuma explicação lógica para voltarmos a um estado temporal onde todos os humanos estão vivos e o "alien mestre" morto. Este estado nunca aconteceu, e portanto, Limite do Amanhã se encerrou com um grave erro de continuidade.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Passe o final de ano com o Cinema Vírgula! (+ notícias da semana)


Uma das coisas frustrantes da Internet no final de ano é a falta de notícias, atualizações... concordam? Todo mundo sai de férias! MENOS no Cinema Vírgula, claro!

A partir de amanhã, dia 27/12/14, e indo até o dia 01/01/15, teremos atualizações diárias em meu blog, totalizando 6 posts em seguida. Favoritem meu blog e fujam do tédio com meus posts. :)


Principais notícias da semana

Para não ficar apenas na auto-propaganda, quem ainda não viu, seguem quatro das principais notícias desta semana no mundo do cinema:


- Brasil fora do Oscar 2015
Os 5 filmes finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro só serão divulgados em Janeiro de 2015. Porém, no início desta semana a Academia divulgou uma pré-lista com os nove nomes ainda no páreo. Infelizmente, o candidato brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, ficou de fora. Vejam os pré-indicados restantes:

Argentina: Relatos Selvagens, de Damián Szifrón
Estônia: Tangerines, de Zaza Urushadze
Geórgia: A Ilha dos Milharais, de George Ovashvili
Holanda: Lucia de B., de Paula van der Oest
Mauritânia: Timbuktu, de Abderrahmane Sissako
Polônia: Ida, de Pawel Pawlikowski
Rússia: Leviatã, de Andrey Zvyagintsev
Suécia: Força Maior, de Ruben Östlund
Venezuela: Libertador, de Alberto Arvelo


- Novidades em Star Trek 13
Desde que J.J. Abrams  deixou a franquia em 2013 para assumir Star Wars 7, a versão reboot de Jornada nas Estrelas ficou meio sem rumo. Muito se especulava que que Star Trek 13 (ou Star Trek 3 do reboot, se preferir) seria lançado em 2016, para coincidir com as comemorações do aniversário de 50 anos da franquia. E nesta semana a Paramount Pictures confirmou o boato: a data de lançamento foi oficialmente programada para 8 de julho de 2016.

Porém as novidades não pararam por aí. Justin Lin, que dirigiu 4 dos filmes da franquia Velozes e Furiosos foi confirmado como o diretor. E a maior surpresa, entretanto, foi que Roberto Orci também está fora do roteiro de Star Trek 13. Com a inesperada saída do último remanescente dos dois primeiros filmes, o reboot certamente ganhará uma nova abordagem. Que as mudanças sejam para o bem... mas estou cético quanto a isto. Trocar de roteirista a um ano e meio da estréia já deixa o prazo apertado.


- Filme A Entrevista enfim estréia nos EUA
Após cancelar a estréia de A Entrevista, comédia de Seth Rogen e James Franco onde eles planejam assassinar o ditador norte-coreano Kim Jong-un, a Sony lançou no dia 25 de Dezembro o filme nos EUA em cerca de 300 salas, além de disponibilizar para venda ou aluguel em streaming no YouTube, GooglePlay, PSN, etc.

O número limitado de salas gerou filas, devido o grande interesse do público. Não é muito justo eu comentar antes de ver o filme... mas acho muito pouco provável, vindo de quem vem, que A Entrevista tenha alguma qualidade. Para os hackers que atacaram a Sony, o tiro provavelmente sairá pela culatra. E teremos mais um filme que não merece ganhando destaque...


- As continuações oitentistas continuam
Hollywood continua tentando retomar franquias da década de 80. Dentre vários títulos e exemplos, este ano tivemos Robocop e Tartarugas Ninja, em 2015 teremos Mad Max, e em 2016 teremos Um Tira da Pesada.

E tem gente ainda na luta: Richard Donner ainda tenta fazer seu Goonies 2, Dan Aykroyd tenta fazer Os Caça-Fantasmas 3 e, a novidade da semana é Tim Burton dizendo que quer fazer Os Fantasmas se Divertem 2. Segundo ele, o roteiro já existe e o próximo passo é convencer Michael Keaton a voltar no papel do fantasma protagonista do filme. Qual dos 3 consegue sair do papel primeiro? Façam suas apostas!

sábado, 20 de dezembro de 2014

Crítica - Quero Matar Meu Chefe 2 (2014)

Título: Quero Matar Meu Chefe 2 ("Horrible Bosses 2", EUA, 2014)
Diretor: Sean Anders
Atores principais: Jason Bateman, Jason Sudeikis, Charlie Day, Jennifer Aniston, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Chris Pine, Christoph Waltz
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=iGQo4EnWonk
Nota: 6,0

Metade de uma boa comédia pelo preço de uma

Dentre as várias comédias hollywoodianas "padrão" que chegaram aos cinemas brasileiros em 2011, Quero Matar Meu Chefe se destacou principalmente devido a seu elenco estrelado. Mas ela também teve a vantagem de ser um pouco melhor que a média de seus concorrentes. Muito longe de ser um grande filme, claro, mas era divertido. O entrelaçamento entre as histórias dos três protagonistas, as constantes situações inusitadas e reviravoltas do enredo, tudo isto tornou Quero Matar Meu Chefe bem agradável para assistir.

Três anos depois, surge a continuação com um novo diretor: sai Seth Gordon, que alegou conflito de agenda, e entra Sean Anders. Sendo ambos bem acostumados a tocar comédias sob a fórmula de sempre, tivemos uma troca de seis por meia-dúzia.

O trio protagonista de "funcionários explorados": Nick (Jason Bateman), Kurt (Jason Sudeikis) e Dale (Charlie Day) retornam de maneira surpreendente: no minuto inicial descobrimos que eles todos pediram demissão para poder criar seu próprio negócio, uma empresa de chuveiros. O fato não deixa de ser curioso, já que no filme anterior deixar o trabalho não era uma opção, e foi por isto que todos optaram por tentar matar seus respectivos chefes ao invés de se demitirem.

Inconsistências a parte, o grupo é então apresentado aos milionários Rex (Chris Pine) e Bert Hanson (Christoph Waltz), respectivamente filho e pai, que dizem querer investir no produção dos chuveiros. Após serem enganados pela dupla, vem a "vingança": sequestrar Rex, exigir um alto resgate de Bert, e ficarem com o dinheiro.

Até o sequestro efetivamente acontecer (e isto ocorre na metade do filme), Quero Matar Meu Chefe 2 é extremamente chato. São exatamente as mesmas piadas do filme anterior, só que piores, seja pela repetição ou pelo acréscimo de escatologia e/ou mau gosto. São basicamente 50 minutos do trio discutindo entre eles, o que é bastante cansativo.

Em sua metade final, entretanto, Quero Matar Meu Chefe 2 recupera as mesmas qualidades que seu antecessor: humor, reviravoltas, situações bizarras, e até mesmo uma pequena surpresa narrativa. Tudo funcionando bem, em conjunto.

Se como roteiro a qualidade do filme possui uma divisão bem clara entre bom (o final) e ruim (o começo), o mesmo acontece em relação aos atores/personagens. Todos os principais coadjuvantes estão muito bem. Sejam os novos na franquia - Pine e Waltz - como também os personagens recorrentes: Julia (Jennifer Aniston), Dave (Kevin Spacey) e o maluco Motherfucker Jones (Jamie Foxx), todos eles estão caricatos mas convencem.

O mesmo não se pode dizer dos protagonistas. Jason Bateman até se salva, e é o único do trio que parece levar o filme a sério. Já Jason Sudeikis e Charlie Day... que desastre: personagens ruins, atuações ruins. Dentro da história, a dupla é tão burra, exageradamente tão burra, que chega a irritar ao invés de entreter. E a indiferença do personagem de Jason Sudeikis frente aos perigos que lhe são apresentados na trama é tão grande, mas tão grande, que afirmo que este comportamento também é um problema de atuação. Parece que Sudeikis entrou no estúdio para tirar férias ao invés de trabalhar. Um esforço digno de Framboesa de Ouro.

Se você gostou do primeiro Quero Matar Meu Chefe, certamente também apreciará sua continuação, pelos mesmos motivos. Mas, um alerta: tente pechinchar para pagar só meio ingresso, já que apenas metade do filme vale a pena. Nota: 6,0

PS: Quero Matar Meu Chefe 2 não se preocupa em atualizar o espectador sobre o que aconteceu no filme anterior, portanto, é recomendável assistir o primeiro filme antes de ver este aqui.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Crítica - O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014)

TítuloO Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos ("The Hobbit: The Battle of the Five Armies", EUA / Nova Zelândia, 2014)
DiretorPeter Jackson
Atores principaisIan McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Luke Evans, Aidan Turner

Peter Jackson deixou o pior para o fim

Após três longos anos, eis que se encerra a trilogia Hobbit. Uma trilogia que conta a história de uma grande ganância. Não da ganância do anão Thorin, que conhecemos lendo o livro de Tolkien de mesmo nome; e sim, da ganância de Peter Jackson e da Warner Bros., em transformar uma história que caberia em apenas um filme (ou em dois, vai...), em três enormes caça-niqueis.

Se o grande pecado dos filmes anteriores de Hobbit foi acrescentar e inventar muita coisa desnecessária, em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos este defeito é maior do que nunca. Restando menos de 15% do livro O Hobbit para se contar no 3o filme, não é surpresa que aqui o roteiro praticamente inexiste. Alguns poucos diálogos, pouca história. E batalhas. Batalhas, batalhas e mais batalhas.

É triste constatar que toda aquela saga paralela (que não consta nos livros) de Gandalf e Radagast enfrentando Sauron é resolvida neste filme de maneira abrupta: tudo termina em 5 minutos. Ou seja, até o único ponto "extra livro Hobbit" que poderia acrescentar algo à trama, falha.

E por falar em "abrupto", lembram que o 2o filme também termina subitamente, se encerrando imediatamente antes do dragão Smaug atacar a aldeia humana? Pois é. Isto também é resolvido muito muito rapidamente em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, o que me faz concluir que este desfecho deveria estar no filme anterior, e não aqui. Aliás, a batalha contra Smaug é decepcionante: o dragão aparece pouco, apenas à longas distâncias, e as imagens são demasiadamente saturadas de vermelho, dando um clima muito artificial ao que estamos assistindo.

Ah, já que o filme é só luta e batalhas, estas partes são boas, não? Não necessariamente. Há algumas lutas "mano-a-mano" que são bem feitas e agradam bastante. Este é o primeiro ponto positivo que posso falar de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Mas é só... as batalhas "em grupo" são muito exageradas... Testemunhamos muitas cenas absurdas, como por exemplo, uma criança sacar uma espada e com um só golpe matar Orcs vestidos de armadura completa. Ou então, um anão nocautear vários Orcs com o triplo de seu tamanho dando cabeçadas. Aliás, haja Orcs vestindo armadura completa neste filme... porém basta acertá-los com um golpe - qualquer golpe - que eles caem mortos. O ferreiro que criou estas armaduras faz da ACME a empresa mais confiável do mundo...

E o que falar sobre o Legolas? Tudo o que ele faz nas batalhas é tão impossível, tão exagerado, que Peter Jackson foi obrigado a inserí-lo via computação gráfica... e bem mal feita. Fica muito claro que ele é uma animação, não um ator.

Mas o filme também tem alguns pontos positivos. Há algumas poucas cenas bonitas, sentimentais, que comovem. Notem que nem todas as cenas "emotivas" funcionam. Apenas aquelas cujos personagens nos importamos, basicamente Gandalf (Ian McKellen), Thorin (Richard Armitage) e Bilbo (Martin Freeman). Nem mesmo as cenas com Bard (Luke Evans) e Tauriel (Evangeline Lilly) convencem muito. Pelo menos dá para dizer do quinteto que acabo de citar que eles atuam bem, e são principalmente quem dão credibilidade ao filme.

A trilha sonora é mais uma vez elogiável, bonita, entretanto, com os dois poréns de que também mais uma vez ela é muito parecida com a dos filmes anteriores, e de que é utilizada em excesso, prejudicando a narrativa.

Os demais pontos positivos de Hobbit 3 são visuais. O figurino, os cenários, as paisagens, tudo incrivelmente perfeito, deslumbrante, irretocável (ah, o mesmo pode se dizer da Tauriel). Se no Senhor dos Anéis maquiagens e vestimentas já impressionavam pelo realismo, aqui elas são ainda melhores.

Aliás, Peter Jackson abusa dos planos longos, do filmar à longa distância, dando destaque às belas paisagens e ao palácio dentro da montanha. Há várias cenas aéreas onde os personagens ficam minúsculos ao meio de tanta grandeza. É como se ele mostrasse que a ambientação do universo de Tolkien fosse maior que suas histórias ou personagens. E muito infelizmente, em Hobbit 3 ela é. Por outro lado, esta maneira de filmar permitiu bons efeitos 3D, portanto, vale a pena assistir o filme neste formato.

Sendo de longe o pior dos seis filmes filmados por Peter Jackson dentro do universo de Tolkien, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos finaliza a trilogia Hobbit de maneira bem insatisfatória. Se na conclusão da trilogia do Senhor dos Anéis o sentimento que prevaleceu foi um misto de satisfação e saudosismo (afinal, aquela bela obra acabara), o sentimento final para a trilogia Hobbit é apenas de alívio. Um alívio de que não irei mais gastar meu tempo com algo tão comercial e sem conteúdo. Nota 5,0.

PS: parabéns a Peter Jackson pela façanha de superar George Lucas ao criar um personagem mais inútil e chato que Jar Jar Binks em Star Wars. Trata-se do lacaio Alfrid, interpretado pelo ator Ryan Gage.

PS 2: fechei a trilogia assistindo Hobbit 1 e Hobbit 3 a 48 fps (ou se preferir, em HFR), e fiquei feliz ao constatar que Peter Jackson evoluiu no uso desta tecnologia a cada filme. Aquela sensação de "velocidade acelerada", que descrevi quando assisti o 48 fps pela primeira vez acontece em raros e breves momentos. Se critico o diretor Neozelandês pela atrocidade que foi adaptar Hobbit em três filmes, tenho que elogiá-lo por trazer o 48 fps "de volta" para o cinema. É um aspecto técnico que no futuro, quem sabe, poderá causar uma pequena revolução. E os méritos serão de Peter Jackson, claro.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

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