Diretor: Ava DuVernay
Atores principais: David Oyelowo, Carmen Ejogo, Tom Wilkinson, Tim Roth, Oprah Winfrey, Stephan James
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YTeoBztX_KI
Nota: 8,0
Nota: 8,0
O mais emocionante dentre os candidatos a Melhor Filme do Oscar 2015
No momento que escrevo este texto, já assisti 7 dentre os 8 filmes concorrentes ao Oscar de Melhor Filme de 2015 (só falta o Sniper Americano). Mesmo assim, já arrisco a afirmar que se Selma não for o melhor filme dentre eles, é certamente o mais comovente.
Em mais um filme baseados em fatos históricos, Selma conta a história da grande passeata de 1965 liderada por Martin Luther King, um protesto pacífico clamando pela aprovação de uma lei Federal que garantiria de vez que os negros tivessem direito a voto nos EUA. A caminhada, que foi entre as cidades de Selma a Montgomery, teve um motivo especial para se localizar nesta região do Alabama: Selma era uma das cidades mais racistas dos EUA naquela época.
Dirigido por Ava DuVernay, que também co-roteiriza o filme, Selma não perde tempo com introduções e vai direto ao assunto: começa com o já famoso Martin Luther King (David Oyelowo) recebendo seu Nobel da Paz em 1964 e a partir daí praticamente dedica todo seu filme exclusivamente a contar sobre a passeata em Selma: desde seus preparativos, passando pelos seus bastidores (tanto do lado do governo dos EUA quanto do lado da equipe de King), e concluindo na realização do protesto em si.
O filme é belíssimo, e emocionante. Não dá para não sofrer junto com os protagonistas ao testemunhar tanta violência e tanto preconceito... e o mais chocante: em um contexto tão recente, ou seja, há apenas 50 anos atrás.
Tecnicamente, o filme é bom e agrada em todos os aspectos. Não há nenhum grande problema em Selma. Ao mesmo tempo, também não há grandes destaques. As principais qualidades do filme vão para o seu roteiro (com diálogos inspiradíssimos) e para sua trilha sonora, muito bonita.
Mesmo sem nenhum grande destaque individual, Selma é recheado de boas atuações. E o número de personagens que passam pelo filme é bem grande. Felizmente, todos atuam de maneira crível, séria e competente... até a Oprah (que interpreta a ativista Annie Lee Cooper) convence.
Há dois pequenos pontos que não gostei... o primeiro dele se chama "letreiros". Para reforçar o fato de que Martin Luther King era vigiado o tempo todo pelo FBI, o filme é interrompido com certa frequência com letreiros "do FBI gravando os dados em seus arquivos". Intrusivos, estes textos quebram o ritmo da história. Mas há outro "letreiro" que desagrada: aqueles famosos textos explicativos de final de filme, que mostram como cada personagem "terminou sua história real" são exibidos durante o discurso final de King. E é muito difícil prestar atenção ao mesmo tempo no discurso e nas informações dos demais personagens, jogadas na tela.
O outro pequeno ponto que me desagradou foi o excesso de closes em King, focando a todo momento em suas emoções... como ele se comovia e sofria com cada ato racista. Mesmo que isto seja verdadeiro, entendo que houve um certo exagero, deixando algumas cenas piegas.
Selma estreou nos EUA e causou enorme polêmica. O motivo principal: a maneira como que o então presidente Lyndon B. Johnson (Tom Wilkinson) é retratado. No filme, ele não chega a ser um "vilão", mas entra em conflito com King em diversas vezes. Alguns historiadores e antigos assessores do falecido ex-presidente se indignaram com esta visão, afirmando que LBJ tinha ótimo relacionamento com Martin e que ele apoiou desde o início a passeata em Selma. Em sua defesa, a diretora Ava DuVernay disse que os protestos são exagerados, e que como arte, seu filme não precisa ser historicamente perfeito. Polêmicas a parte, tirando Lyndon Johnson, o filme é considerado bastante correto historicamente.
Um fato a lamentar é que, independente do resultado do Oscar no próximo domingo, Selma já foi injustiçado. Com problemas na distribuição do filme para os votantes, a explicação dos especialistas para que Selma tenha tido apenas duas indicações é que efetivamente pouca gente viu o filme a tempo.
E se levarmos em conta o quanto o Oscar divulga um filme, a injustiça é ainda maior. Vejam o caso de 12 Anos de Escravidão, que também retrata o racismo, e foi indicado a 9 estatuetas, sendo o grande vencedor, ano passado, do Oscar de Melhor Filme: todo mundo o conhece; já Selma, não.
Tanto Selma quanto 12 Anos de Escravidão são muito bons. E embora o último deles seja melhor tecnicamente, em termos de história, me comovi mais com Selma. Talvez porque em 12 Anos de Escravidão vemos o racismo de algumas pessoas contra apenas uma (Solomon), e em Selma vemos milhares de brancos indiferentes a um violento massacre cometido contra milhares de negros (ou talvez simplesmente porque em Selma a diretora foi mais competente ao passar emoções, não sei).
Com diálogos e exemplos de luta à liberdade que servem universalmente e atemporalmente como inspiração a todos nós, Selma é um belíssimo filme que merece ser bem mais visto e falado do que acontece atualmente. Nele vemos negros e brancos juntos em uma só causa. Muito bacana mesmo. Ah: e até vemos o cristianismo tratado de maneira positiva. Nos dias atuais, em que a mídia tenta convencer que religião é algo sempre ruim, esta é uma boa novidade. Nota: 8,0.
Em mais um filme baseados em fatos históricos, Selma conta a história da grande passeata de 1965 liderada por Martin Luther King, um protesto pacífico clamando pela aprovação de uma lei Federal que garantiria de vez que os negros tivessem direito a voto nos EUA. A caminhada, que foi entre as cidades de Selma a Montgomery, teve um motivo especial para se localizar nesta região do Alabama: Selma era uma das cidades mais racistas dos EUA naquela época.
Dirigido por Ava DuVernay, que também co-roteiriza o filme, Selma não perde tempo com introduções e vai direto ao assunto: começa com o já famoso Martin Luther King (David Oyelowo) recebendo seu Nobel da Paz em 1964 e a partir daí praticamente dedica todo seu filme exclusivamente a contar sobre a passeata em Selma: desde seus preparativos, passando pelos seus bastidores (tanto do lado do governo dos EUA quanto do lado da equipe de King), e concluindo na realização do protesto em si.
O filme é belíssimo, e emocionante. Não dá para não sofrer junto com os protagonistas ao testemunhar tanta violência e tanto preconceito... e o mais chocante: em um contexto tão recente, ou seja, há apenas 50 anos atrás.
Tecnicamente, o filme é bom e agrada em todos os aspectos. Não há nenhum grande problema em Selma. Ao mesmo tempo, também não há grandes destaques. As principais qualidades do filme vão para o seu roteiro (com diálogos inspiradíssimos) e para sua trilha sonora, muito bonita.
Mesmo sem nenhum grande destaque individual, Selma é recheado de boas atuações. E o número de personagens que passam pelo filme é bem grande. Felizmente, todos atuam de maneira crível, séria e competente... até a Oprah (que interpreta a ativista Annie Lee Cooper) convence.
Há dois pequenos pontos que não gostei... o primeiro dele se chama "letreiros". Para reforçar o fato de que Martin Luther King era vigiado o tempo todo pelo FBI, o filme é interrompido com certa frequência com letreiros "do FBI gravando os dados em seus arquivos". Intrusivos, estes textos quebram o ritmo da história. Mas há outro "letreiro" que desagrada: aqueles famosos textos explicativos de final de filme, que mostram como cada personagem "terminou sua história real" são exibidos durante o discurso final de King. E é muito difícil prestar atenção ao mesmo tempo no discurso e nas informações dos demais personagens, jogadas na tela.
O outro pequeno ponto que me desagradou foi o excesso de closes em King, focando a todo momento em suas emoções... como ele se comovia e sofria com cada ato racista. Mesmo que isto seja verdadeiro, entendo que houve um certo exagero, deixando algumas cenas piegas.
Selma estreou nos EUA e causou enorme polêmica. O motivo principal: a maneira como que o então presidente Lyndon B. Johnson (Tom Wilkinson) é retratado. No filme, ele não chega a ser um "vilão", mas entra em conflito com King em diversas vezes. Alguns historiadores e antigos assessores do falecido ex-presidente se indignaram com esta visão, afirmando que LBJ tinha ótimo relacionamento com Martin e que ele apoiou desde o início a passeata em Selma. Em sua defesa, a diretora Ava DuVernay disse que os protestos são exagerados, e que como arte, seu filme não precisa ser historicamente perfeito. Polêmicas a parte, tirando Lyndon Johnson, o filme é considerado bastante correto historicamente.
Um fato a lamentar é que, independente do resultado do Oscar no próximo domingo, Selma já foi injustiçado. Com problemas na distribuição do filme para os votantes, a explicação dos especialistas para que Selma tenha tido apenas duas indicações é que efetivamente pouca gente viu o filme a tempo.
E se levarmos em conta o quanto o Oscar divulga um filme, a injustiça é ainda maior. Vejam o caso de 12 Anos de Escravidão, que também retrata o racismo, e foi indicado a 9 estatuetas, sendo o grande vencedor, ano passado, do Oscar de Melhor Filme: todo mundo o conhece; já Selma, não.
Tanto Selma quanto 12 Anos de Escravidão são muito bons. E embora o último deles seja melhor tecnicamente, em termos de história, me comovi mais com Selma. Talvez porque em 12 Anos de Escravidão vemos o racismo de algumas pessoas contra apenas uma (Solomon), e em Selma vemos milhares de brancos indiferentes a um violento massacre cometido contra milhares de negros (ou talvez simplesmente porque em Selma a diretora foi mais competente ao passar emoções, não sei).
Com diálogos e exemplos de luta à liberdade que servem universalmente e atemporalmente como inspiração a todos nós, Selma é um belíssimo filme que merece ser bem mais visto e falado do que acontece atualmente. Nele vemos negros e brancos juntos em uma só causa. Muito bacana mesmo. Ah: e até vemos o cristianismo tratado de maneira positiva. Nos dias atuais, em que a mídia tenta convencer que religião é algo sempre ruim, esta é uma boa novidade. Nota: 8,0.
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