segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Crítica - Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência (2014)

Título: Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência ("En duva satt på en gren och funderade på tillvaron", Alemanha / França / Noruega / Suécia, 2014)
Diretor: Roy Andersson
Atores principais: Holger Andersson, Nils Westblom, Viktor Gyllenberg
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=i4zUsmDQ_Mk
Nota: 7,0
Triste, melancólico, louco e interessante

Vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza 2014, o filme sueco Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência é... estranho, contemplativo, diferente.

Seu tema é uma reflexão sobre a vida comum, sobre o ser humano comum. E desta forma, esta obra do diretor sueco de 72 anos Roy Andersson tem um pouco de Monty Python e um pouco de Wes Anderson. Ela lembra a trupe britânica ao fazer do filme uma sucessão de esquetes, além do humor ácido e de principalmente ironizar os absurdos de nosso comportamento. Já do diretor estadunidense, Andersson empresta algumas características como a presença de uma infinidade de personagens e situações bizarras; a câmera fixa, onde os atores são quem se movem em frente a câmera e não o contrário. Cada esquete tem cerca de 3 minutos, e dentro de cada uma delas, não há cortes.

Ao mesmo tempo, Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência é bastante diferente de Wes e dos Python: aqui tudo é estático, apático, quase morto. Todos os personagens são pessoas tristes, cansadas, bem pálidas (visual reforçado pela maquiagem). Você até consegue captar o humor - inteligente - por trás dos absurdos mostrados, mas dificilmente ri: está contagiado com a melancolia do filme.

Apresentando um número grande de personagens (a maioria de maneira superficial, anônima), os dois vendedores ambulantes Sam (Nils Westblom) e Jonathan (Holger Andersson), são o mais próximo do que temos de "fio condutor" da trama, já que aparecem em várias esquetes. O fato de ambos serem pessoas tristes e mal humoradas que tentam vender artigos de diversão infantil é apenas uma das diversas ironias do filme. Eles também são quem melhor representam o quanto somos repetitivos, o quanto a vida é repetitiva. E quase todo personagem do filme, em algum momento, repete um gelado "Fico feliz que esteja tudo bem.". Ou seja: as pessoas vivem mecanicamente, e pouco se importam realmente com as outras.

Se já não bastasse a crítica aos absurdos da vida que levamos hoje, as últimas esquetes do filme pertencem ao sub-tílulo "Homo Sapiens". E aí somos relembrados que não somos apenas chatos e perdidos: também somos cruéis.

Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência nos mostra uma visão extremamente pessimista da humanidade e da vida que levamos. Ao mesmo tempo, ao optar pelo absurdo, assistimos este pessimismo com interesse e curiosidade. E ao final da história nos pegamos refletindo sobre a existência, da mesma maneira que o pombo do título. Nota: 7,0

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