Diretor: Sebastián Cordero
Atores principais: Sharlto Copley, Michael Nyqvist, Christian Camargo, Daniel Wu, Anamaria Marinca, Karolina Wydra
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=XhdRYk1Y8VA
Nota: 7,0
Um exemplo de que boa Ficção Científica não precisa de grande orçamento
Quarto maior satélite do planeta Júpiter, se acredita que Europa é um mundo oceânico recoberto por uma extensa camada de gelo. E se abaixo da superfície há mesmo uma gigantesca massa de água líquida, são boas as chances de que lá exista algum tipo de vida. É por isto que em termos de ciência e astronomia, um dos meus maiores sonhos é que a humanidade pousasse lá para ver o que há abaixo do gelo. Infelizmente, entretanto, não deverei estar vivo quando este momento acontecer. Menos mal que posso sonhar com isto através do cinema, com o filme Viagem à Lua de Júpiter.
Filmado como se fosse um documentário, logo de cara temos uma sinistra introdução: "os primeiros 6 meses da viagem à Europa foram transmitidas ao vivo para a Terra... quando então, toda comunicação se cessou. Com milhares de horas de filmagens recém-descobertas, agora somos capaz de completar a história deles".
Então, nem sempre de maneira cronológica, somos apresentados às imagens gravadas no espaço, ora dentro da nave (a maioria do tempo), ora em câmeras acopladas no capacete dos astronautas quando fora dela. Com este "recurso" temos uma visão bem limitada, claustrofóbica, de tudo o que está acontecendo. Visão esta que é a mesma sofrida pelos tripulantes. Desta maneira, através do constante "desconhecido", o filme é bem sucedido no seu clima de suspense durante toda a projeção.
A tensão é tão bem construída que as vezes nos esquecemos que se trata de um "documentário". E só somos relembrados do fato através de alguns depoimentos de dois dos cientistas do projeto que ficaram na Terra, e um dos tripulantes. Assim como as cenas do filme, estes depoimentos não aparecem cronologicamente. Inicialmente entendi estas interrupções e quebras de linearidade do tempo como problemas no roteiro. Mas, ao desfecho, acabei aprovando esta montagem, já que ela garantiu que uma das cenas mais emocionantes de Viagem à Lua de Júpiter não aparecesse no começo do filme, e também, permitiu uma pequena surpresa nos momentos finais.
Tirando o clima de suspense, não há nada de excepcional em Viagem à Lua de Júpiter, mas por outro lado, o filme também não tem nenhum grande defeito. Tudo é bem feito. O filme possui baixo orçamento (menos de US$ 10 milhões no total), mas nos poucos momentos que precisa de efeitos especiais (mostrar o exterior de Europa, por exemplo), o faz de maneira satisfatória. As atuações não são brilhantes, mas convencem. E não deixa de ser bacana que a equipe de astronautas que deveria ser multi-nacional na ficção, também o é na vida real: dos seis atores que compõe a tripulação temos uma romena (Anamaria Marinca), um sueco (Michael Nyqvist), uma polonesa (Karolina Wydra), um sul-africano (Sharlto Copley) e dois estadunidenses (Christian Camargo e Daniel Wu).
O roteiro, bem simples, satisfaz ao flertar com alguns dos principais clichês do gênero para em seguida, fugir dos mesmos. Talvez a grande qualidade de Viagem à Lua de Júpiter seja manter os seus "pés no chão", sendo bem fiel às viagens espaciais reais e sem apelar para perigos vindos de "monstros alienígenas". O ser humano e nossa tecnologia atual já são frágeis o suficiente para estarem em uma situação de extremo perigo numa simples ação como caminhar pela superfície de um corpo celeste que não a Terra.
Parado, lento, com poucas cenas de ação, mas com bastante suspense psicológico e bastante amor à ciência em seus personagens, Viagem à Lua de Júpiter tem de tudo para agradar o verdadeiro fã de Ficção Científica espacial. Nota: 7,0
2 comentários:
Oi Ivan! Onde você assistiu esse filme? Não encontrei em nenhum cinema aqui de Cps...
"Viagem à Lua de Júpiter" não chegou aos cinemas brasileiros. Veio direto em DVD, e você ainda consegue encontrá-lo nas lojas. Percebi que ele também existe na íntegra via Youtube, mas aí acho que não se trata de uma cópia oficial.
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