sexta-feira, 18 de março de 2022

Crítica - Batman (2022)

Título: Batman ("The Batman", EUA, 2022)
Diretor: Matt Reeves
Atores principaisRobert Pattinson, Zoë Kravitz, Colin Farrell, Jeffrey Wright, Andy Serkis, John Turturro, Peter Sarsgaard, Paul Dano
Nota: 8,5

Um Batman verdadeiramente diferente, e por isso merece ser assistido

Depois de muita expectativa (e um pouco de controvérsia) é lançado o Batman do "vampiro"  Robert Pattinson. Particularmente, depois de tantos filmes já lançados do Morcegão, me questionava se não era uma atitude precipitada já lançar um novo reboot do personagem nas telonas. E a resposta, felizmente, é um não: este novo Batman traz novidades em muitos sentidos, atualiza o herói para a nova geração, e é uma grande contribuição (e recomeço) na mitologia deste personagem nos cinemas.

Na história deste Batman, que é uma história de origem, vemos um Bruce Wayne (Robert Pattinson) que acaba de completar 2 anos atuando como Batman em Gotham City. Porém, frustrado e perdido, ele já pondera sobre a eficácia de suas ações, enquanto ao mesmo tempo surge na cidade um serial killer que se intitula Charada, que começa a matar políticos e policiais importantes. Em suas investigações, Batman acaba contando com a ajuda de pessoas como Selina Kyle (Zoë Kravitz) e o policial "Jim" Gordon (Jeffrey Wright), aprendendo segredos obscuros sobre Gotham e até sobre sua família, enquanto se descobre como pessoa e herói.

A trama trazida pelo diretor e co-roteirista Matt Reeves mistura com bastante eficiência e coesão várias histórias em quadrinhos, dentre as principais: Batman: Terra Um (maior referência, e que aliás não é considerada cânone das HQs), Batman: O Longo Dia das Bruxas e Batman: Ano Um (destes dois vêm principalmente a ambientação e os personagens). E não só isso! A história também mistura / homenageia vários filmes, como por exemplo Zodíaco (2007), Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995) e Taxi Driver (1976).

O personagem Batman - criado em 1937 - mudou muito ao longo das décadas. E este Batman de Matt Reeves segue a tendência das últimas décadas de ser alguém sombrio e violento. Porém não é "a" versão mais violenta e sombria que já tivemos nos filmes; mas certamente é a versão mais melancólica de todas. Além de (finalmente!) termos pela primeira vez nos cinemas um Batman detetive!

Sim, pois na prática nada mais temos que um policial buscando pistas em busca de um assassino em série que, seguindo o costume, deixa "pistas" de suas intenções ou paradeiro. E mais ainda, este Batman de Robert Pattinson é também a versão mais realista já trazida para as telonas: o personagem erra várias vezes, apanha bastante, e principalmente, não conta com nenhum grande aparato tecnológico.

E se o personagem Batman trazido aqui é diferente das outras versões de todos os filmes anteriores, a maneira com que ele é filmado também. Em Batman a câmera está quase sempre bem perto do herói, é quase como se estivéssemos ao seu lado o tempo todo dividindo com ele sua visão e pensamentos. Nas poucas vezes que isso muda, e então temos filmagens com planos mais abertos, os ângulos das câmeras são um pouco "incomuns", em geral capturando as cenas de cima pra baixo, como se fossem nos jogos de videogames. Aliás, há um bocado dos videogames atuais de Batman neste filme: da maneira com que as lutas são coreografadas até a sua vestimenta; afinal, o fato do Morcegão vestir uma armadura é algo muuuito mais presente em jogos do que nas HQs.

A história em Batman não parou nas mudanças apenas em seu personagem principal e também mudou vários personagens, como por exemplo a Mulher Gato, o Comissário Gordon, o próprio Charada... porém o mais importante é que em todos esses casos a essência dos personagens está lá, intacta (fora os atores estarem muito bem). Sinceramente não vejo nenhum motivo de reclamação nessas mudanças. Ou melhor, vejo uma, em relação ao Alfred, que aqui não é um mordomo e sim um guarda-costas: é a única modificação do filme que realmente reprovo e a meu ver distorce algo central de um personagem.

Outro ponto positivo importante deste filme é que mesmo sendo um filme de origem, ele apresenta Gotham City e seus personagens de uma maneira bem natural, sutil, mas ao mesmo tempo eficiente. Não tem nada daquele costumeiro didatismo chato onde o roteiro fica explicando explicitamente coisas ao espectador. E mais ainda: não, não há cenas dos pais do Batman sendo mortos (milagre!)... todo mundo já sabe disso, então pra que colocar no roteiro novamente?

O filme tem quase 3 horas de duração e é tão bom - tanto como filme de ação como filme de drama e suspense - que nem vi a hora passar. Contribui com isso a boa fotografia (e a ótima aplicação da iluminação e sombras) e a ótima trilha sonora, que apesar de um pouco pesada e repetitiva, deixa o espectador dentro do universo do filme o tempo todo. Faço questão de mencionar seu compositor: Michael Giacchino.

Mas apesar de tantas qualidades e de um roteiro redondinho, Batman perde um pouco a mão em seu ato final. Se uma de suas maiores qualidades é ter sido o tempo todo "realista e pés-no-chão", em seus últimos 30 minutos o diretor joga um pouco disso fora, uma pena. E o curioso, entretanto, é que esse ato final teria que acontecer de alguma maneira, porque ele é essencial para concluir o ciclo de aprendizado do protagonista (lição aliás muito atual e importante no mundo de fanáticos extremistas atual). Em outras palavras, o que acontece no ato final é dramaticamente imprescindível, porem para mim o diretor falhou ao não encontrar uma forma de apresentá-lo de um jeito mais crível.

E finalmente, o que falar sobre o tão questionável Robert Pattinson? Como Batman ele foi bem; mesmo bastante coberto pela máscara e armadura, com sua boa atuação e postura corporal conseguimos entender bem suas expressões e sentimentos. Já como Bruce Wayne... não gostei... temos aqui um Bruce "emo" e com atuação contida. De certa forma, é a pior maneira possível de retratá-lo já que reforça todo o estereótipo ganho por Pattinson fazendo o Edward da saga Crepúsculo. Só que acho que a escolha foi proposital... para agradar justamente o público que veio assistir ao filme por ser fã deste ator.

Batman é um filme que pela mistura de gêneros e diversas novidades deverá agradar tanto aos que curtem filmes de super-heróis quanto aos que curtem filmes policiais ou de suspense. E em nome das inovações, por favor, que um futuro Batman 2 NÃO traga mais uma vez uma história com o Coringa. Nota: 8,5.



PS: o filme possui uma "pequena" cena pós-créditos, que nada mais é que um texto escrito "Good bye", e após isso, a exibição do link https://www.rataalada.com/ , que realmente existe e te convida a responder 3 enigmas (em inglês). Acertando-os, você como brinde ganha acesso a algumas imagens extras. Nem vale a pena o esforço rs.

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