Diretores: Anthony Russo, Joe Russo
Atores principais: Millie Bobby Brown, Chris Pratt, Ke Huy Quan, Stanley Tucci, Woody Norman, Giancarlo Esposito, Jason Alexander
Nota: 5,0
Irmãos Russo colocam em dúvida o futuro dos filmes de Entretenimento
Neste mês de Março tivemos na Netflix a estréia do filme The Electric State, baseado em uma obra de quadrinhos sueca de mesmo nome, publicada em 2018. Antes mesmo de sua estréia, ele chamava a atenção do mundo do entretenimento por outros motivos: primeiro, por ser produzido e dirigido pelos "Irmãos Russo", para quem a Marvel Studios confiou a responsabilidade de planejar e produzir os dois próximos filmes dos Vingadores. Além disto, trata-se do filme disparadamente mais caro feito pela Netflix, com custos estimados em US$ 320 milhões; o que aliás coloca The Electric State entre os 15 filmes mais caros da história.
A expectativa de todos, portanto, era se Netflix e Irmãos Russo iriam entregar algo digno do tamanho investimento... e a resposta infelizmente foi um retumbante "não". Embora The Electric State não esteja indo tão mal em audiência, em termos de críticas sua recepção tem sido catastrófica.
A história se passa nos anos 90 de um planeta Terra "alternativo", pois nele aprendemos que décadas atrás os robôs já começaram a ser utilizados para fazer os trabalhos dos humanos, dos pesados aos domésticos, sendo cada vez mais explorados e mal tratados... até que se rebelaram. Houve então uma guerra e a humanidade estava com tudo perdido, até que surgiu um salvador... Ethan Skate (Stanley Tucci), um gênio da informática que descobriu uma maneira de colocar os humanos para lutar remotamente controlando trajes mecânicos armados através de uma poderosa rede mundial sem fio.
Desta maneira, os humanos mudaram os rumos da batalha e derrotaram os robôs, que foram todos presos ou destruídos. Já os humanos passaram a viver em função da tal rede e seus trajes mecânicos. Neste contexto, a jovem Michelle (Millie Bobby Brown) recebe em sua casa a visita do robozinho Cosmo, pedindo ajuda e dizendo ter a mente de seu irmão Christopher (Woody Norman), morto vários anos atrás. A dupla então sai em busca de respostas, fugindo simplesmente "de todo o sistema".
A única parte dos tais US$ 320 milhões que foram bem investidas foram nos efeitos especiais, mais especificamente nos robôs, de visual retrô bem variado, e acabam parecendo bem "reais". O filme não tem tanta ação, mas as poucas batalhas até são boas. O design de produção de todo universo de The Electric State - boa parte digital - em geral é bem feito e impressiona.
Já o dinheiro gasto no elenco consideravelmente famoso foi um bocado desperdiçado... Millie Bobby Brown até está bem, mas não é seu melhor filme... Chris Pratt e Ke Huy Quan, geralmente carismáticos, desta vez não comovem. Mas o pior foi feito com Giancarlo Esposito: seu personagem, que começa sendo um dos mais interessante da trama, encerra sua participação de modo simplesmente revoltante.
A pior parte de The Electric State é seu roteiro. Como trama e filme de aventura, diria ser um filme mediano da Sessão da Tarde. Daqueles para assistir sem compromisso, quando você está entediado e não encontrou nada melhor pra fazer... porém, com um agravante... aqui temos alguns furos na trama realmente grotescos. Algo que reduziria a recomendação do filme para infantil.
E ver que este é o resultado final de um investimento de US$ 320 milhões é bastante assustador. Não só para nós, consumidores, mas para a indústria de filmes, e principalmente, seus investidores. Filmes que custam centenas de milhões de dólares estão diminuindo, hoje em dia costumam cada vez mais serem apenas de continuações de franquias já consagradas. Ano a ano, no Oscar, temos mais filmes independentes (leia-se "baratos") entre os indicados (lembrando que o grande vencedor deste ano, Anora, foi um filme independente que custou US$ 6 milhões). E aí quando temos uma franquia nova se arriscando com este alto orçamento, vemos essa "coisa" de qualidade bem duvidosa?
E isto que estamos falando de um projeto capitaneado pelos "Irmãos Russo", que já estão acostumados com filmes Blockbusters, e estão trabalhando em The Electric State há pelo menos 5 anos. Será que eles têm capacidade para tocar os futuros filmes Vingadores: Destino (2026) e Vingadores: Guerras Secretas (2027)? Se eu fosse acionista da Marvel, nessas horas estaria beeeem preocupado. Fracassos assim comprometem o futuro de grandes filmes de fantasia e ficção científica... fica cada vez mais raro vê-los em produção... mesmo atualmente já estão quase restritos aos filmes de Super-Heróis.
Concluindo, The Electric State é um filme de aventura mediano. Não chega a ser enfadonho, mas não traz nada de verdadeiramente interessante em sua história. Seu melhor são os pitorescos e visualmente interessantes personagens robôs. Como diria o Chaves, "teria sido melhor ir ver o filme do Pelé". Nota: 5,0.