Depois de 4 anos - após seu premiado Licorice Pizza (2021) - o diretor e roteirista Paul Thomas Anderson volta com Uma Batalha Após a Outra. Não é a primeira vez que ele discute sobre temas, digamos, polêmicos em relação a sociedade, como por exemplo já o fez em Magnólia (1999) e em O Mestre (2012), mas aqui, temos seu filme mais abertamente político e declarativo.
A história começa nos anos 2000, onde vemos Perfidia Beverly Hills (Teyana Taylor) e "Ghetto" Pat Calhoun (Leonardo DiCaprio), integrantes do grupo revolucionário de extrema esquerda "French 75", atacarem e libertarem um centro de detenção de imigrantes na Califórnia, comandado pelo coronel Steven J. Lockjaw (Sean Penn). Vemos depois o grupo realizar mais alguns ataques até Perfidia ser capturada. Com isso, Pat Calhoun e sua recém nascida filha com que teve com Perfidia mudam de nome (ele vira Bob Ferguson) e fogem para outra cidade, mudando de vida para não serem mais encontrados.
Chegamos aos dias atuais. Willa Ferguson (Chase Infiniti), a filha de Pat e Perfidia, vive em paz com seu pai. Ela tem uma leve idéia do passado da sua família e só. Porém depois de tantos anos, o coronel Steven J. Lockjaw resolve encontrar pai e filha para matá-los. É então que temos uma desproporcional caçada do exército contra nossos protagonistas.
Esta segunda parte do filme, "dos dias atuais", é mais longa e tenta ser bem humorada. Na verdade temos muitas "piadas" ao longo da projeção, divididas em dois tipos: brincando com o despreparo do personagem de DiCaprio, por estar há 2 décadas fora da ativa, ou ironizando o grupo de supremacistas brancos ao qual o coronel Lockjaw quer fazer parte. Embora engraçadas, na prática ri muito pouco, pois é difícil rir no meio de uma ação tão frenética e - principalmente - vendo ao mesmo tempo tantas pessoas sendo atacadas / intimidadas.
Portanto, debaixo de tanta ação e piadas, temos bastante violência e denúncia dos maus tratos que os imigrantes e minorias - especialmente pretos e latinos - sofrem nos EUA. É nesse contexto que o personagem sensei de Benicio del Toro se interliga na história, já que a caçada de Lockjaw pelos Ferguson acaba agredindo toda uma comunidade latina.
Como maiores qualidades de Uma Batalha Após a Outra, além de ótimas atuações, temos uma fotografia excelente, que inclusive em muitas vezes conta com uma câmera que segue os atores "em primeira pessoa", correndo atrás da ação. Outro ponto alto é a competência com que Paul Thomas Anderson traz tensão em seu filme: são mais de 2h30 de muito nervosismo e adrenalina.
Denunciando a injusta e covarde violência contra os imigrantes dos EUA, e ao mesmo tempo de certa forma "convocando" as pessoas para reagirem ao fazer dos revolucionários os heróis, Uma Batalha Após a Outra acaba sendo um forte manifesto - e neste sentido me surpreendendo pela coragem - contra a política atual estadunidense. Todas as brincadeiras e personagens "bizarros" do filme tornam assistí-lo algo mais divertido, mas nem de longe conseguem amenizar toda a violência, tanto da própria obra, quanto da vida real. Nota: 7,0
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