sexta-feira, 4 de julho de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #044 - Sabia que Garfield nasceu como coadjuvante de Jon? Aprenda esta e outras curiosidades sobre o gato mais preguiçoso do mundo!


Vocês sabiam que o gato Garfield, criação máxima do cartunista Jim Davis, na verdade começou sua carreira como um mero coadjuvante de seu dono Jon Arbuckle? Pois é... Vamos conhecer melhor esta história.

Oficialmente, a primeira tirinha de Garfield é esta que vemos abaixo, publicada em 19 de junho de 1978 simultaneamente em 41 jornais dos EUA.


Porém, antes desta estréia, desde 1976 Jim Davis escrevia para alguns jornais uma tirinha de quadrinhos chamada Jon... e olhem só como foi a tira inaugural de Jon, publicada na Pendleton Times em 8 de Janeiro de 1976...

Ou seja... Garfield estava presente desde o primeiro quadrinho de Jon. E a conclusão: a primeira tirinha de Garfield foi uma modificação da primeira tirinha de Jon, assim como a série de quadrinhos de Garfield como um todo, também foi uma simples modificação / evolução dos quadrinhos de Jon!

A mudança do nome de Jon para Garfield foi uma decisão editorial, justamente quando Jim Davis conseguiu um contrato para que sua obra fosse publicada a nível nacional; Jon era publicado quase totalmente em jornais da região onde ele morava, no estado de Indiana.

E agora que você já está ciente desta grande surpresa, vamos a mais algumas curiosidades sobre nosso querido gato adorador de lasanhas:


1 - Garfield aprendeu a andar em duas patas com o Snoopy (ou quase isso)

No começo Garfield andava como um gato comum, ou seja, com as quatro patas. E o Garfield que conhecemos hoje tem um estilo bem mais antropomórfico, com ele andando "em pé", sobre as patas traseiras. Esta "transformação" ocorreu graças a ajuda de Charles Schulz, o criador de Snoopy.

Segundo Jim Davis, ele estava em Los Angeles para fazer o primeiro especial de TV de Garfield, e tinha o desejo que Garfield se levantasse e dançasse durante os créditos iniciais, o que simplesmente não estava funcionando. Porém Charles Schulz estava trabalhando em uma sala ao lado, e ao saber do ocorrido, resolveu ajudar seu amigo de profissão: "Isso é porque você deu a ele esses pezinhos de gato". Schulz explicou que foi justamente para que Snoopy pudesse ficar de pé, ele lhe deu pés grandes, iguais aos dos humanos. Foi então que Garfield ganhou as patas traseiras grandes que conhecemos hoje, e tudo mudou.


2 - A tirinha de Garfield quase não sobreviveu ao seu primeiro ano de publicação

Lembram que eu disse que Garfield estreou simultaneamente em 41 jornais estadunidenses? Pois é, acontece que em vários deles, a estréia ocorreu nos moldes de "período de testes", onde as tiras são publicadas gratuitamente por alguns meses. Após o fim deste tempo, vários jornais não quiseram continuar com o trabalho de Jim Davis, incluindo-se aí o maior destes, o Chicago Sun-Times. Felizmente os leitores se revoltaram e começaram a reclamar para estes jornais, que acabaram cedendo. Especialmente no caso do Chicago Sun-Times, quando Garfield re-estreou por lá, foi através desta tirinha exclusiva para o jornal (ver acima), referenciando o apoio dos fãs.


3 - O cachorro Odie não era originalmente de Jon, e sim de Lyman (quem?)

Bem no começo da tira, Davis decidiu que queria um outro personagem para que Jon pudesse conversar, além de Garfield. Eis então que surge Lyman, amigo de Jon que passa a morar com ele após sofrer alguns contratempos. E junto com Lyman veio seu cachorro de estimação, Odie. Porém com o passar do tempo Jim percebeu que não precisava de outro humano, e então Lyman foi aos poucos aparecendo cada vez menos nas histórias. Sua primeira aparição nas tiras de 1983, em Abril, foi também sua última nas tirinhas de Garfield. Neste mesmo ano, Odie também já seria "incorporado" como mascote de Jon.

O curioso é que o "sumiço" de Lyman nunca foi comentado ou explicado nas tiras de Garfield... Jim Davis simplesmente parou de desenhá-lo e pronto. O que acabou virando uma certa piada interna entre os fãs do famoso gato: "o que poderia ter acontecido?".

Bem, para o Halloween de 2002 foi lançado no website oficial de Garfield um jogo Flash de nome Garfield's Scary Scavenger Hunt, um jogo de aventura point-and-click temático para aquela celebração, onde a casa de Garfield ficou assombrada e os jogadores controlavam o gato para encontrar nela 7 itens escondidos (doces para comer, é claro!!). De maneira bem-humorada, o jogo trazia uma mórbida surpresa: ao entrar no porão... bem, lá estava Lyman, acorrentado e mantido como refém durante este tempo todo...




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 28 de junho de 2025

OITO ótimos jogos de Carta ou Tabuleiro que conheci na Covil-Con e DOFF 2025


Tenho falado pouco sobre Jogos de Tabuleiro aqui no Cinema Vírgula... tirando o artigo que fiz este ano no Dia Internacional da Mulher, antes disto só tinha escrito algo a respeito em Fevereiro de 2024(!). Portanto, resolvi trazer aqui alguns jogos que conheci recentemente nos eventos da Covil-Con 2025 e Diversão Offline 2025 (vulgo DOFF) e apresentá-los a vocês, já que gostei muito.

Ah sim. A relação abaixo tem mais algumas particularidades: só listei jogos que já foram lançados no Brasil, e que além disto, para dar um ar maior de "novidade" à lista, que foram publicados aqui no ano passado ou neste ano de 2025. Vamos a eles!



Everdell Farshore (2 a 4 jogadores, Galápagos Jogos)


Jogo derivado do queridinho e muito bem sucedido Everdell, aqui também temos um jogo que ao mesmo tempo une alocação de trabalhadores com coleção e construção de cartas. Se em Everdell você coleciona trabalhadores e construções com tema de floresta, em Everdell Farshore o tema é marítimo. O jogo é belíssimo e requer certo espaço na mesa. É um game onde se usa bastante estratégia, não é para iniciantes mas também não é muito complexo, ou seja, um jogo médio e ao mesmo tempo muito gostoso para jogar.

Nunca joguei o Everdell original, mas quem jogou diz que o Everdell Farshore é melhor que ele, porém inferior ao Everdell quando acrescido de algumas expansões. O jogo custa cerca de R$ 370 na versão "normal" (com componentes de papelão) e cerca de R$ 750 na versão para colecionador (com componentes de plástico, como no da foto acima).


Faraway (2 a 6 jogadores, Across the Board)


Jogo de cartas quadradas bem bonitas com tema de civilizações mesoamericanas, na partida cada jogador terá que escolher e baixar 8 cartas, tentando fazer o maior número de pontos possíveis. As cartas podem dar pontos, desde que os requisitos de recursos sejam cumpridos. E aí vem onde o jogo é diferente: os recursos são válidos em ordem inversa que você baixa as cartas. Ou seja, se você quiser que um recurso seja válido para as suas 6 primeiras cartas, você deverá baixá-lo como sendo a 7ª carta. Em outras palavras, para pontuar bem, você baixa cartas que dão muitos pontos e necessita vários recursos nas primeiras rodadas, e aí sai correndo atrás destes recursos nas rodadas seguintes, sem ter a garantia de que vai consegui-los. Parece complicado, mas não é. O jogo é "diferentão" e divertidíssimo. Seu preço? Cerca de R$ 130.


Intarsia (2 a 4 jogadores, Across the Board)


Trata-se da nova empreitada de Michael Kiesling, o designer criador do jogo de tabuleiro Azul (e de suas várias variações). Aqui continuamos a escolher e colocar peças em nosso tabuleiro, porém ao invés de montar um belo vitral, nossa missão é finalizar o chão de nossa cafeteria francesa. Como grande novidade, além da pontuação quando se colocam novas peças no tabuleiro, há uma corrida por pontos cumprindo dezenas de fichas-missões, que ficam a disposição para todos os jogadores. O jogo deverá estar disponível nas lojas a partir de Julho, por volta de R$ 350.


Mala & Cuia (2 a 6 jogadores, Grok Games)


O primeiro jogo nacional da lista é um party game que pode ser jogado tanto em modo cooperativo como competitivo. Em ambos os casos, o seu objetivo é o seguinte: adivinhar, dentre todos os itens que estão sorteados na mesa, 4 que seu adversário iria levar em uma situação inusitada que é lida na carta de "missão" da rodada. O jogo rende muitas risadas e surpresas, claro. Foi lançado e esgotado durante o DOFF, mas em breve chegará as lojas novamente, pelo preço de R$ 150.


Mesos (2 a 5 jogadores, Grok Games)


Apesar de ser um jogo que tem basicamente apenas cartas como componentes, é como se ele fosse um jogo de tabuleiro, da escola européia (estratégia, administração de recursos). Aqui cada jogador é o líder de uma tribo pré-histórica do mesolítico e tenta evoluí-la. O mais legal do jogo é esta trilha ao centro da imagem acima, que decide a ordem em que os jogadores poderão comprar novas cartas. Veja: como as compras ocorrem da esquerda para a direita, quem compra primeiro (pode escolher as melhores cartas) compra um número menor de cartas de quem compra por último (que ficou com as "cartas que sobraram"). O jogo possui regras e iconografia simples, mas é um pouco desafiador. Por exemplo, ele pode ser punitivo: se você não tiver recursos suficientes para alimentar toda sua população ao final de cada rodada, perderá pontos.


Seas of Strife (3 a 6 jogadores, Grok Games)


O primeiro jogo de vazas da lista, é um jogo de 1992, repaginado em 2015, mas que só chegou no Brasil neste mês, mesmo tendo a fama de ser um dos melhores jogos de vazas de todos os tempos. Ele possui 8 naipes distintos, sendo que o naipe vencedor pode mudar ao longo da rodada (ah, seu objetivo é perder as vazas). Porém o verdadeiro diferencial do jogo é uma regra opcional, a "regra da carta face", também conhecida como "regra da neblina". Nesta regra, quando a carta mais alta de um naipe é jogada, todas as cartas deste naipe ficam de fora, o que causa muitas reviravoltas. Quando jogado com esta regra, o jogo fica realmente muito bom. Seas of Strife chegou ao Brasil ao preço de R$ 105.


Sky Team (2 jogadores, Galápagos Jogos)


Costumo não gostar de jogos cooperativos e nem de jogos exclusivos para 2 pessoas. Sky Team é as duas coisas e ainda assim me impressionou muito positivamente. Bastante temático, "real", difícil e emocionante. No jogo um piloto e um copiloto têm a missão de pousar um avião comercial nos mais diversos aeroportos do mundo. E fazem isto através de rolagem de dados, muita estratégia e comunicação limitada com sua dupla. Joguei apenas uma partida e fiquei encantado. Mas não foi só eu: quando a Galápagos trouxe o jogo para o Brasil, ele esgotou nas lojas rapidamente graças a seu sucesso. Uma nova tiragem chegou recentemente, e atualmente pode-se encontrar o jogo por R$ 220.


Vazerneiros (3 a 5 jogadores, Grok Games)


Mais um jogo de produção nacional, e outro jogo de vaza da lista. Com tema de fantasia medieval, são acrescentadas à partida alguns modificadores que a tornam bem mais divertida e estratégica. Primeiro, que em cada rodada, são sorteados 3 "rumores", que são cartas que alteram regras da vaza e/ou da pontuação daquela jogada. Só que para decidir qual dos rumores irá entrar em vigor, os jogadores fazem um leilão, apostando (ou não) suas cartas mais fortes. Outro modificador são as poções, limitadas, que quando usadas, podem alterar o valor de uma carta jogada. Mais um jogo bem divertido que vale a pena ser conhecido. Preço: R$ 85.



PS: notem que na minha lista não apareceu nenhum dos 6 jogos que aparecem na imagem-título deste artigo rs. Porém, aqueles 6 tem algo em comum: todos são lançamentos mundiais recentes, e 3 deles já chegaram no Brasil! São eles: SETIO Senhor dos Anéis: Duelo pela Terra Média, e Fishing. Pesquise sobre eles também se tiver interesse :)

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Dupla Crítica Filmes Prime Video - A Avaliação (2024) e Aqui (2024)


As críticas da vez são de dois filmes de drama que estrearam na Prime Video recentemente, e que, em ambos os casos, investiram pesado em grandes nomes para seu elenco. A Avaliação é produção original Prime Video, e estreou mundialmente em Maio; o que não é o caso de Aqui, que foi feito para ir aos cinemas - e estreou nas telas grandes brasileiras em Janeiro de 2025 - mas teve bem pouca repercussão; aliás, foi um fracasso de publico mundialmente. Posteriormente ele teve seus direitos de exibição comprados pela Prime Video. Confira o que achei de cada um dos dois filmes.




A Avaliação
 (2024)
Diretor: Fleur Fortune
Atores principais: Alicia Vikander, Elizabeth Olsen, Himesh Patel, Indira Varma, Nicholas Pinnock, Charlotte Ritchie

A Avaliação é um filme pós-apocalíptico de ficção científica, em que a humanidade vive em um mundo em que as pessoas praticamente não envelhecem e que também por isso são submetidos a um super rígido controle populacional. Apenas uma pequenina porcentagem das pessoas "mais influentes" da sociedades podem ter o direito de reprodução, porém além disso, para conseguir exercer o tal direito, um casal precisa ser testado (e aprovado) por uma semana por um avaliador profissional dedicado a isto.

Então, neste contexto, vemos o casal de cientistas Mia (Elizabeth Olsen) e Aaryan (Himesh Patel), que desejam uma criança, serem testados pela avaliadora Virginia (Alicia Vikander). Os testes de Virginia são surreais: intrusivos, agressivos, com ela se alternando entre sua persona adulta e simulando ser uma criança "levada" nas mais diversas idades. A tal avaliação é tão absurda, e mostra ao expectador situações tão constrangedoras, que em primeiro momento há uma certa desconfiança sobre a credibilidade do argumento do roteiro. Entretanto, conforme a história se desenvolve, vamos compreendendo que na verdade estamos diante do comportamento humano perante a falta de esperança e sob um regime totalitário... e aí tudo começa a se encaixar, felizmente. Há também um certo debate sobre a dificuldade e sacrifícios que são obviamente necessários quando se tem um filho, mas que nem todos sabem que existem, ou estão dispostos a enfrentar.

Com ótimas atuações de Elizabeth Olsen e Alicia Vikander, e com um final e universo que compensam o desconforto que é assistir a avaliação propriamente dita, o filme acaba sendo uma ficção científica boa e aceitável dentre as muitas opções que surgem nos streamings atualmente. Nota: 7,0




Aqui
 (2024)
DiretorRobert Zemeckis
Atores principaisTom Hanks, Robin Wright, Paul Bettany, Kelly Reilly, Lauren McQueen, Michelle Dockery, Gwilym Lee, David Fynn, Ophelia Lovibond, Nicholas Pinnock, Nikki Amuka-Bird

A turma de Forrest Gump (1994) está de volta, ou pelo menos seu diretor e seu casal protagonista (Tom Hanks e Robin Wright), e foi nisto que o filme Aqui se baseou em fazer sua propaganda. Porém, tirando o tom bastante emocional de ambos os filmes, e o fato de que ambos percorrem por toda a vida de uma família, ambos são filmes bem diferentes.

O conceito de Aqui, como o nome diz, foca em um "aqui", sendo este um local geográfico fixo e específico capturado pela câmera ao longo da história. Portanto, a câmera fica fixa, e diante dela vemos o tempo passar, mas de modo não-linear, imagens desde os dinossauros, passando pela colonização indígena, a conquista pelos ingleses e a construção de uma casa neste local. O "aqui" acaba virando a sala de estar de várias famílias que habitam esta casa ao longo das décadas, e com isto acompanhamos a história de seus habitantes. Apesar de vários personagens de épocas diferentes desfilarem por nossos olhos, na maior parte do tempo, vemos a saga da família Young, que ficam na casa desde o pós Segunda Guerra até por volta de 2010, e é composta principalmente pelo "pai e mãe" interpretados por Paul Bettany e Kelly Reilly, o filho Richard (Tom Hanks) e sua esposa Margaret (Robin Wright). Aliás, vemos estes mesmos personagens com várias idades, então, haja efeitos especiais... e muito bem feitos!

Como resultado final, Aqui acaba sendo moderadamente interessante, ao relembrar para os espectadores, através de suas histórias, que a vida é imprevisível, e que dificilmente sai conforme o planejado. Educativo, emotivo, mas não muito original ou surpreendente.

Este conceito do tempo passar por um lugar fixo pode ser incomum nos filmes, mas já foi explorado um bocado de vezes em outras mídias, como por exemplo nos quadrinhos. Aliás, é de lá que esta história é adaptada da graphic novel de mesmo nome de 2014, escrita por Richard McGuire, que inclusive já foi publicada no Brasil. Em uma entrevista dada em 2023, McGuire contou estar trabalhando em um novo livro que é o contrário de Aqui, ou seja, várias histórias acontecendo em vários lugares ao mesmo tempo dentro do intervalo de apenas 1 minuto. Porém pelo resultado que sua bem sucedida HQ deu nos cinemas, acho difícil que sua futura obra também alcance as telonas... Nota: 6,0

terça-feira, 10 de junho de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #043 - Sabia que em Hollywood existem DUAS (ou seriam TRÊS?) Calçadas da Fama?

Um ponto turístico muito famoso de Hollywood, em Los Angeles, Califórnia, é a sua Calçada da Fama. Porém, entre o público comum há certa confusão sobre este local: por exemplo não é nela onde as celebridades deixam as marcas de seus pés e mãos. Surpreso? Vamos às explicações.


A Calçada da Fama de Hollywood

A Calçada da Fama de Hollywood (Hollywood Walk of Fame) hoje é composta por mais de 2800 placas de celebridades (reais ou fictícias) classificadas em 6 categorias. Usando a imagem da estrela acima, começando ao "meio-dia" e girando em sentido horário temos: "Televisão", "Rádio", "Música", "Teatro" e "Cinema". A sexta categoria, criada apenas em 2023, é a de "Esportes", e seu símbolo é representado por um troféu em forma de taça.

Sua história começa em 15 de Agosto de 1958, onde 8 placas provisórias foram instaladas, e hoje a Calçada cobre um espaço de quase 3 Km de extensão. Ela percorre 15 quarteirões da rua Hollywood Boulevard e mais 3 quarteirões da Vine Street, ambas localizadas no distrito de Hollywood, em Los Angeles.


Teoricamente qualquer pessoa pertencente a uma destas 6 categorias pode ganhar uma estrela na Calçada da Fama. Para isto entretanto, sua indicação precisa ser aprovada por um comitê, e também pagar uma taxa que hoje é de US$ 85 mil, que supostamente não apenas cobre os custos da criação e instalação da placa com seu nome, mas também de sua manutenção. Geralmente quem faz as indicações e pagam as taxas não são as personalidades indicadas, e sim, seus fãs e/ou amigos, ou então associações de Los Angeles. Foi por exemplo o caso da mais recente estrela colocada lá, onde em 30 de Maio de 2025, o comediante inglês Ricky Gervais recebeu sua placa da Câmera de Comércio de Hollywood.



Como curiosidade, temos um número considerável de celebridades bem famosas que ainda não possuem sua estrela na Calçada: Robert De Niro, Al Pacino, Denzel Washington, Julia Roberts, Clint Eastwood, George Lucas (embora seu amigo Spielberg tenha), Leonardo DiCaprio, Emma Stone, e o ex-casal Brad Pitt e Angelina Jolie.


O "Pátio das Estrelas" do Chinese Theatre


A "segunda" Calçada da Fama fica no Chinese Theatre: famoso, histórico e gigante cinema temático de Los Angeles. Nela temos o "Forecourt of the Stars" (Pátio das Estrelas, em tradução livre), que abriga centenas de blocos de concreto, onde desde 1927 celebridades deixam seus autógrafos e as impressões de seus pés e/ou mãos. Como o Chinese Theatre se localiza na Hollywood Boulevard, ou seja, na mesma rua onde temos a Calçada da Fama, isso ajuda a aumentar a confusão entre o conceito de suas placas com as da "verdadeira" Calçada.

Abaixo mostro as fotos de algumas placas de quando estive por lá, ano passado. Atualmente, há cerca de 200 blocos no Pátio do Chinese Theatre. Alguns poucos deles, mais recentes, foram feitos em ações promocionais de estúdios, e são blocos "coletivos". É o caso da placa dos Vingadores, a primeira das imagens que trago abaixo:




Um das histórias a respeito destas placas que adoro é a do produtor, comediante e ator Mel Brooks. Maluco como só ele, Brooks não resistiu a tentação de aplicar uma pequena peça quando deixou sua marca na placa de concreto. Como se pode ver em duas das fotos abaixo (a primeira é de Marilyn Monroe), ele usou uma prótese para um 6º dedo em sua mão esquerda. Fiz questão de tirar uma foto da peripécia deste gênio da comédia.


A Calçada da Fama do Grammy Museum

Sim! Vamos agora para a "terceira" das Calçadas da Fama que se encontram em Los Angeles. Ela não fica exatamente em Hollywood, e sim em Downtown Los Angeles, que é consideravelmente perto. Trata-se da calçada do Grammy Museum de Los Angeles, cujo prédio é localizado na esquina entre as ruas Olympic Boulevard e Figueroa Street.

E é na calçada da Olympic Boulevard que temos o que seria a "Calçada da Fama do Grammy". Ao invés de homenagear uma pessoa em específico, cada placa comemorativa homenageia um ano, ou melhor, um grupo de vencedores do Grammy Awards daquele ano: Melhor Artista Revelação, Melhor Canção, Melhor Gravação e Melhor Álbum. Os blocos começam no ano 1958, e dá pra você ver na foto acima eles passando pela entrada principal da calçada do Museu.

Ah. E se assim como eu, você ficou em dúvida quanto a diferença entre os prêmios de Melhor Canção (Song of the Year) e Melhor Gravação (Record of the Year), este último se refere literalmente ao som gravado, já o primeiro se refere a letra da música.



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domingo, 8 de junho de 2025

Crítica Apple TV+ - A Fonte da Juventude (2025)

Título
A Fonte da Juventude ("Fountain of Youth", EUA / Reino Unido, 2025)
Diretor: Guy Ritchie
Atores principais: John Krasinski, Natalie Portman, Eiza González, Domhnall Gleeson, Arian Moayed, Laz Alonso, Carmen Ejogo, Stanley Tucci, Benjamin Chivers
Nota: 5,0

Continuamos longe de um novo Indiana Jones

Desde o estrondoso sucesso de crítica e público dos filmes de Indiana Jones, sempre tentam emplacar uma nova franquia para substituí-la. A maioria sendo adaptação de livros ou videogames, como por exemplo A Lenda do Tesouro Perdido e O Código da Vinci (livros) ou Tomb Raider e Uncharted: Fora do Mapa (games). Porém este A Fonte da Juventude, quebrando a regra, é uma história original que foi escrita diretamente para filmes. Ele estreou há cerca de 10 dias na Apple TV+, de onde é, inclusive, produção exclusiva.

Se vocês lerem acima a lista de atores, verão que a Apple não economizou no elenco, trazendo vários atores famosos, tanto de cinema quanto séries recentes. Até mesmo o diretor, o inglês Guy Ritchie, tem considerável fama e prestígio. Na trama, vemos Luke Purdue (John Krasinski) roubando algumas pinturas, até que ele rouba um Rembrandt do mesmo museu onde sua irmã Charlotte (Natalie Portman) é curadora. Ela é demitida e descobre que na verdade seu irmão, contratado pelo bilionário Owen Carver (Domhnall Gleeson), só fez aquilo pois está a procura de pistas para encontrar a mítica Fonte da Juventude. Ela acaba sendo persuadida a se unir ao time na busca, porém além do desafio de encontrar algo que ninguém fez antes, eles precisam fugir da polícia e de um misterioso grupo de Protetores da Fonte, liderados por uma jovem de nome Esme (Eiza González).

A Fonte da Juventude de fato tenta seguir a fórmula dos filmes de Indiana Jones, misturando humor e aventura, misturando história e ficção, e passando algumas por localidades históricas reais e interessantes. Porém, como resultado final, o filme não passa perto de ser bem sucedido, sendo seu maior ponto fraco o roteiro.

Luke passa o tempo todo brigando com sua irmã Charlotte, e também fica o filme todo flertando com sua "inimiga" Esme em um bizarro romance. São apenas estas duas piadas que são repetidas literalmente dezenas de vezes de modo irritante e cansativo por mais de longas duas horas de duração. E, talvez o pior de tudo, em nenhum momento vemos em A Fonte da Juventude seus protagonistas passarem por perigo real. Chega a ser até impressionante... eles são caçados por 3 grupos distintos, todos eles repletos de armas, e ainda assim, nada é filmado como se houvesse algum perigo... Luke e companhia agem como se nunca fossem levar um tiro... e não vão mesmo.

Toda esta descrição não deixa de ser uma frustração ainda maior já que o diretor é Guy Ritchie, justo ele que ficou famoso internacionalmente com os ótimos - e bastante violentos - Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998) e Snatch - Porcos e Diamantes (2000). Ele, que nos últimos anos vêm se alternando entre filmes ok e ruins, acaba de acrescentar mais um desta última categoria em sua lista.

No final das contas, mesmo com o elenco estrelado, A Fonte da Juventude só vale mesmo para quem está com muita vontade de assistir algo parecido com Indiana Jones. Sim, você estará diante de algo bem produzido, mas com um roteiro infantil e mediano. Nota: 5,0

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Relembrando a IREM e seus marcantes jogos para a indústria dos Videogames

Tivemos várias produtoras de jogos para videogames que alcançaram muita fama nos anos 80 e 90, os anos dourados dos consoles. Nomes como Capcom, Data East, Electronic Arts, Konami, Namco Taito. Porém também tivemos muitas outras, que se não ficaram tão famosas, deixaram sua marca na história. Uma delas é a Irem, que faço questão de relembrar por aqui.

Fundada em 1974 como IPM, a Irem Corporation é uma antiga desenvolvedora e publicadora de jogos eletrônicos japonesa. Sua história com videogames e arcades (fliperamas) começa em 1978. E a seguir, vamos a alguns dos jogos que a fizeram ser memorável:


Moon Patrol (1982), um dos primeiros grandes sucessos da Irem, chegou a alcançar o Top 5 de arcades mais lucrativos nos meses posteriores ao seu lançamento. É considerado o primeiro jogo de rolagem lateral da história (!) a usar o efeito de parallax scrolling (quando as imagens de plano de fundo movem-se mais lentamente que as imagens em primeiro plano, criando uma ilusão de profundidade) na tela inteira.

No jogo, você controla um veículo lunar enquanto pula e se desvia de obstáculos como buracos e pedras, além de atirar em naves alienígenas. O game também foi portado para o Atari 2600, Atari 5200, Commodore 64, IBM PC e MSX dentre outros.

A versão original arcade (à esq.), e a versão do Atari 2600 (à dir.), um dos melhores jogos deste console


Kung-Fu Master (1984), é nada menos que o primeiro jogo beat 'em up (luta corpo a corpo) da história (!) O game se tornou um enorme sucesso, lançado nos fliperamas em Novembro de 84, terminou o ano seguinte como líder de vendas do Japão e em segundo lugar nos EUA.

Na trama, o jogador controla Thomas, um mestre de Kung Fu, que luta por 5 andares de um Templo para resgatar sua namorada Sylvia, sequestrada por um chefão do crime. São dezenas de adversários por andar, muitos simultâneos, porém para subir ao andar seguinte é necessário derrotar o chefão daquele nível. Kung-Fu Master também foi portado para o Atari 7800, Apple II, Commodore 64, MSX... mas o console caseiro onde mais fez sucesso foi o NES, o querido Nintendinho.

As batalhas contra chefes (foto à dir.) tinham barra de energia para o personagem do jogador e para o vilão, e o jogo virava um contra um. Isto virou base para o jogo de luta Street Fighter (1987), levado por Takashi Nishiyama da Irem para a Capcom.


R-Type (1987), jogo de tiro de nave em rolagem lateral, o primeiro jogo lançado pela Irem em sua placa arcade de 16-bits. O jogo chamou a atenção do mundo pela sua incrível beleza gráfica, e também, pela sua dificuldade. R-Type se encontra na seleta lista de melhores jogos de videogame de todos os tempos.

Como características inconfundíveis, R-Type apresenta um visual baseado nos trabalhos de H.R. Giger, a mesma mente de onde foram inspirados os visuais para os filmes da franquia Alien. Além disso, a nave que o jogador controla, a R-9 "Arrowhead", está sempre acompanhada de um módulo praticamente esférico de nome "Force", que pode ser ejetado ou também acoplado na frente ou atrás do veículo. É uma arma viva, indestrutível, que atira raios diversos e também serve como escudo. Dada a sua enorme qualidade, R-Type foi portado para dezenas de consoles, do velho e bom Master System aos modernos PlayStation 4 e Xbox 360.

R-Type virou uma franquia de grande sucesso. Somando suas continuações e spin-offs, são mais de uma dezena de títulos!


E antes de irmos para a próxima seção deste artigo, só com jogos dos anos 90, quero comentar sobre mais dois jogos oitentistas que joguei e gosto. Um nada "revolucionário" mas que ficou bem famoso, e outro um bocado obscuro. O popular destes é Vigilante (1988), um beat 'em up que por também só possuir movimentação em 2D e possuir trama parecida, foi considerado o "sucessor espiritual" do Kung-Fu Master. O jogo foi portado para o Amiga, Master System, Commodore 64, MSX e TurboGrafx-16 dentre outros.

Já o jogo menos conhecido é o belíssimo Dragon Breed (1989), um jogo de tiro horizontal onde sua "nave" na verdade é um comprido dragão voador de nome Bahamoot. O game tem um visual que mistura R-Type com outros jogos da SEGA que adoro, como Space Harrier (1985) e Altered Beast (1988). Dragon Breed não foi portado para nenhum console caseiro, apenas para alguns computadores, como por exemplo o Amiga, Atari ST e Commodore 64.

Dragon Breed (abaixo), e Vigilante (acima), com imagens de versão arcade (à esq.) e a versão do Master System (à dir.). Curiosidade: exclusivamente na versão do Master, a namorada do protagonista foi renomeada de "Madonna" para "Maria"


A Tetralogia D.A.S.

Tetralogia D.A.S. é como são conhecidos quatro jogos criados pela Irem nos anos 90 que possuem duas características em comum: terem sido feitos pelo mesmo time de desenvolvedores, e se situarem em uma Terra pós-apocalíptica onde um grupo de vilões denominado D.A.S. (Dark Anarchy Society, ou Destruction And Satsujin no original japonês) conseguiu inundar o planeta ao derreter suas calotas polares. São eles: Air Duel (1990), Undercover Cops (1992), In The Hunt (1993) e Gunforce II (1994). Todos de estilos completamente diferentes, como veremos a seguir.


O Air Duel (1990) era um jogo de tiro de naves em rolagem vertical, e nunca chegou a ser portado para nenhum console caseiro, ficando exclusivo dos arcades. No início de cada fase, você pode escolher qual tipo de veículo escolher, um avião ou um helicóptero.



Já o Undercover Cops (1992) é um jogo de beat 'em up ao estilo de clássicos como Final FightStreets of Rage. No jogo, você pode escolher entre 3 personagens para sair distribuindo "porrada" nos bandidos. Os gráficos são muito bonitos, e o tamanho dos personagens e inimigos eram bem maiores do que o comum para a época, com uma altura que ocupava quase metade da tela. O jogo chegou a ser portado para o SNES.


Curiosidade: a crítica considerou Undercover Cops um bom jogo, mas "reclamou" de sua falta de originalidade. Como resposta, no ano seguinte a Irem lançou o beat 'em up Ninja Baseball Bat Man (1993), que é o jogo cuja imagem vai no topo deste artigo. Queriam algo diferente? Então agora vocês ganharam um jogo cartunesco de jogadores de baseball ninjas em que cada personagem jogável tem golpes bem distintos um dos outros e ficam mais fortes a medida que sua barra de vida vai diminuindo.


In The Hunt (1993): pense em um jogo bonito... e difícil! Trata-se de um jogo de tiro com rolagem horizontal onde você controla um submarino. Seus inimigos estão tanto dentro quanto fora d'água... e são centenas, milhares! A união de beleza com absurda dificuldade o fez ser comparado com R-TypeEle foi portado para o Sega SaturnWindows, Nintendo Switch, PlayStation e PlayStation 4.



Gunforce II (1994), fechando a tetralogia, é um jogo que além dos fliperamas, chegou a ser portado para os computadores (Windows e Mac), mas para nenhum console de videogame caseiro. Trata-se de um jogo run and gun, onde você controla o personagem Max e sai atirando contra seus inimigos. Apesar dele ser a seqüência de Gunforce (1991), também um run and gun, o jogo mudou um bocado, abandonando níveis de plataforma e fazendo o tiroteio ser mais direto. O jogo lembra Metal Slug, que seria lançado no Neo Geo em 1996 (e em breve você saberá porque rs), mas ainda assim, em Gunforce II os personagens são maiores, e os inimigos em sua maioria, máquinas e robôs.



O "fim" e a Nazca Corporation

Em 1994, a Irem encerrou o desenvolvimento de novos jogos de videogames, passando apenas a fabricar máquinas de fliperama. Devido seu "fim", uma equipe de programadores da divisão de videogames da Irem (as mesmas pessoas que criaram os jogos da Tetralogia D.A.S.!) deixou a empresa e fundou a Nazca Corporation, que dentre vários jogos relevantes, se tornou famosa principalmente por ter criado a franquia Metal Slug, que brilharia no Neo Geo da SNK.

Takashi Nishiyama, um dos mais antigos grandes nomes da Irem, e também um dos principais nomes em Moon Patrol e Kung-Fu Master, esteve envolvido no desenvolvimento do Neo Geo de outros games que surgiram neste console, como por exemplo Art of Fighting e The King of Fighters. Como se pode concluir, é como se o Neo Geo fosse a nova casa dos antigos funcionários da Irem.

Metal Slug, genial jogo da Nazca Corporation, é de ex-funcionários da Irem

A partir de 1997 a Irem voltou para os games, agora sob o nome de Irem Software Engineeringquando começou a adaptar e (re)publicar seus antigos clássicos para vários consoles PlayStation, Nintendo e até Sega Saturn. Porém desde 2011 ela só produz máquinas de Caça-níquel (Slot machine), abandonando de vez qualquer ligação com o mercado de videogames.

Já a Nasca Corporation, após alguns anos de serviços prestados para a SNK para o Neo Geo, foi comprada pela mesma, e seus funcionários ficaram por lá até 2001, quando a SNK decretou falência.


E vocês? Jogaram algum jogo da IREM? Comentem! E para ler mais artigos sobre videogames, é só clicar aqui!

domingo, 1 de junho de 2025

Crítica - Lilo & Stitch (2025)

Título
Lilo & Stitch (idem, Austrália / Canadá / EUA, 2025)
Diretor: Dean Fleischer Camp
Atores principais: Maia Kealoha, Chris Sanders, Sydney Elizebeth Agudong, Zach Galifianakis, Billy Magnussen, Courtney B. Vance, Amy Hill, Tia Carrere, Kaipo Dudoit
Nota: 7,0

Enfim a Disney solta uma boa adaptação live-action de desenhos

Mais de duas décadas da animação original, de 2002, a Disney lança a versão live-action de Lilo & Stitch, após uma seqüência de adaptações questionáveis pela empresa do Mickey. Felizmente desta vez temos uma boa adaptação, com um filme divertido, engraçado, mas que fez mudanças para "atualizar" a história para os tempos atuais, e que como veremos a seguir, teve seus prós e contras.

Na história base, praticamente idêntica ao filme original, conhecemos Stitch, também chamado de Experimento 626, um pequenino alienígena azul criado para ser uma arma de destruição. E quando ele é apresentado pelo seu criador, o Dr. Jumba Jookiba (Zach Galifianakis) à Federação Galáctica Unida, Stitch é preso e condenado ao exílio. Porém a pequena criatura acaba fugindo e caindo no Planeta Terra, no Havaí, onde é "adotado" como um cachorro por Lilo (Maia Kealoha), uma garotinha de 6 anos órfã e solitária. Enquanto Lilo tenta "educar" Stitch, o pequeno alienígena precisa fugir dos enviados da Federação Galáctica que tentam recapturá-lo. Ao mesmo tempo, Nani (Sydney Elizebeth Agudong), a irmã mais velha de Lilo, luta para convencer a assistente social Sra. Kekoa (Tia Carrere) à não perder a guarda da irmã.

Comparando com a animação original, temos algumas alterações relevantes nos personagens. No desenho, o assistente social Cobra Bubbles, foi "dividido" neste filme em dois personagens: a inédita assistente social Sra. Kekoa e o agente da CIA Cobra Bubbles (Courtney B. Vance). E em movimento contrário, o que no desenho eram dois personagens alienígenas distintos, o cientista Dr. Jumba Jookiba e o comandante Capitão Gantu, aqui neste Lilo & Stitch, eles foram consolidados apenas no Dr. Jumba. Esta mudança já é mais forte, pois transforma o Dr., que no desenho era um personagem "bonzinho", no vilão da nova história.

Há várias cenas neste Lilo & Stitch que são cópias do desenho original, porém há outras - em destaque para cenas de ação e cenas de piadas - que são novas para o filme, e isto é muito bom. Em geral Lilo & Stitch é um filme dinâmico, engraçado e "fofo", assim como o original, e deve encantar o mesmo tipo de público que agradou quando surgiu em desenho muitos anos atrás. O personagem de Stitch é bem feito, parece bem real, mas a grande qualidade de ter transformado este filme em live-action é a relação Lilo-Nani. Encarar a possibilidade da irmã perder a guarda de Lilo e se separarem tem um peso muito maior com pessoas reais sendo vistas em tela. A presença da nova personagem Sra. Kekoa, mais empática e menos cômica, também reforça este sentimento, sendo então um acerto.

As irmãs Sydney (24 anos) e Siena (20 anos) Agudong ficaram entre as finalistas para interpretar Lilo. Melhor para Sydney, que levou o papel. Dizem as irmãs que ambas ficaram felizes e tudo terminou bem...

Por outro lado, quando eu disse anteriormente que este Lilo & Stitch é "dinâmico", ele o é até demais. Tudo é muito corrido, e temos menos atenção dada a emoção dos personagens do que se deveria. No desenho de 2002, vemos Stitch passar por várias situações que vão "amolecendo" seu coração, e gradualmente o transformando em um ser bom; já neste live-action a quantidade de cenas que fazem isto são menores e mais curtas, fazendo com que nós na verdade nos apaixonemos e torcemos pelo Stitch mais pela memória afetiva que temos dele do que pelo que vimos no filme de agora.

O outro problema é a questão da "família", a Ohana tão falada e repetida no filme original e nesse aqui. De que família sempre fica unida. Bem, a correria deste Lilo & Stitch também enfraquece a força deste recado, mas além de tudo, o desfecho do filme não é o mesmo do desenho, e o novo final escolhido pode ou não enfraquecer esta mensagem de "família" (comentarei sobre isso no meu PS 2 mais abaixo).

Ainda que com mudanças, Lilo & Stitch mantém as qualidades principais do filme original e o reapresenta para as novas gerações. Ele é menos emocionante e engraçado que a animação de 2002, mas ainda assim uma ótima diversão e, por outro lado, consegue de fato ser mais real. Talvez com isso, consiga deixar Stitch algo mais palpável para as crianças atuais. Nota: 7,0.


PS 1: curiosidade, sabiam que Tia Carrere, a atriz que faz a assistente social Sra. Kekoa neste Lilo & Stitch foi quem dublou a Nani do filme original de 2002? E Chris Sanders, que dublou Stitch originalmente, dublou o animalzinho aqui também. Só que Sanders também foi o diretor e roteirista do primeiro desenho; aqui ele só dublou mesmo.

PS 2: aqui comentarei sobre a diferença entre o final deste Lilo & Stitch em comparação ao filme de 2002, não leia se não quiser spoilers. Uma adição que foi feita para este filme de 2025 foi fazer com que Nani tivesse a possibilidade de para a universidade ser bióloga marinha, opção que largou para cuidar de Lilo. Porém no final do filme ela de fato vai para a faculdade, deixando a irmã sob os cuidados de Tūtū (Amy Hill), sua vizinha, e outra personagem nova criada para este filme. Então aí fica o questionamento... com esta atitude, por um lado, é passada a mensagem que "família" é algo além de laços de sangue. Mas por outro lado, o desfecho diminui o sacrifício de Nani. Teria ela "afrouxado" seus votos de Ohana? Fica para você tirar suas conclusões ;)

terça-feira, 27 de maio de 2025

Crítica - Missão: Impossível - O Acerto Final (2025)

TítuloMissão: Impossível - O Acerto Final ("Mission: Impossible - The Final Reckoning", EUA / Reino Unido, 2025)
Diretor: Christopher McQuarrie
Atores principaisTom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Esai Morales, Pom Klementieff, Henry Czerny, Hannah Waddingham, Tramell Tillman, Angela Bassett, Shea Whigham, Greg Tarzan Davis
Nota: 6,0

Franquia se despede de modo grandioso, porém com roteiro a desejar

Depois de quase 30 anos, quando tivemos o primeiro Missão Impossível (1996), chegamos ao oitavo e último capítulo da saga: Missão: Impossível - O Acerto Final, que é uma continuação de Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um (2023), cuja trama não havia terminado. Pela lógica, este filme aqui deveria se chamar Parte Dois, porém como a bilheteria do capítulo anterior ficou abaixo do esperado, a Paramount Pictures achou comercialmente mais interessante mudar para este nome.

Obviamente, é bem importante que você tenha assistido a primeira parte antes de ver Missão: Impossível - O Acerto Final. Mas ainda assim já nos primeiros minutos de projeção temos um breve e eficiente resumo do que aconteceu no filme anterior, o que já é suficiente para contextualizar os novos espectadores.

Dois meses após conseguir a chave para obter o código-fonte da inteligência artificial Entidade, Ethan Hunt (Tom Cruise) fica sabendo que agora ele tem uma apertada corrida contra o tempo: em cerca de 3 a 4 dias a Entidade terá assumido todo o arsenal nuclear do planeta, e fará um ataque total contra a humanidade. Para impedir que isto ocorra, Hunt e seu time precisa obter do vilão Gabriel (Esai Morales) a localização do submarino afundado Sevastopol (onde o código fonte da Entidade se encontra), retirá-lo de lá, e usá-lo contra esta maligna IA, para destruí-la.

Assim como em Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, mais uma vez temos uma trama com referências e ligações aos filmes antigos da franquia, e também temos um número enorme de personagens. Porém, ao contrário do que vimos no episódio passado, aqui temos um foco muito maior em Ethan Hunt, que disparadamente ocupa mais tempo em tela. Porém ironicamente, as duas vezes do filme em que temos cenas de ação acontecendo em modo paralelo - e de forma tripla, cortando de um dos três "núcleos de ação" para outro - com toda a trupe de Ethan trabalhando em conjunto, é que temos o melhor de Missão: Impossível - O Acerto Final: tensão, ação e emoção nas medidas certas.

Com personagens carismáticos, ritmo acelerado e boas cenas de ação, certamente este novo Missão: Impossível não desagradará seu público. Ainda assim, o roteiro de O Acerto Final é fraco, trazendo de volta muito de ruim que fez, por exemplo, Missão: Impossível 2 virar piada: coincidências absurdas, situações tão bizarramente forçadas que beiram o ridículo. Exemplos: por duas vezes Tom Cruise tem alguns poucos minutos para salvar uma pessoa que está em outro prédio. Como ele vai salvá-la? Oras... correndo(!), afinal, ele é rápido igual ao Flash e todos os prédios do mundo são vizinhos uns dos outros. Ou ainda, quando ele está dentro do gigantesco submarino Sevastopol que pesa milhares de toneladas: basta ele fazer um mínimo movimento lá dentro, que o veículo inteiro se mexe como se fosse um lápis...

Apesar dos pesares, Missão: Impossível - O Acerto Final se conclui de maneira "épica" e aceitável, com uma trama que pode ser definida com palavras como "resumo", "conclusão" e "nostalgia". MAS ainda assim sua cena final é uma cena sem nenhum impacto, vaga, e com consideráveis ganchos para a história continuar.

Eu torço para que Missão Impossível tenha se encerrado. E olhe que sou bastante fã da franquia. Mas ela já se esgotou. O próprio filme, com este seu roteiro contestável, tira sarro dele mesmo várias vezes durante a história, com os inimigos de Ethan ironizando que ele sempre faz a mesma coisa... que Hunt sempre coloca em risco o mundo inteiro só para salvar a mocinha. Missão Impossível precisa se encerrar porque isto é verdade. E também porque se ficava cada vez melhor a partir do filme 4 e chegou em seu ápice no filme 6, agora vem piorando a cada sequência.

Mas se Tom Cruise não mentiu, Missão: Impossível - O Acerto Final é de fato o desfecho de tudo. Em uma Première duas semanas atrás, o ator declarou (sobre o filme): "É o último. Ele não se chama 'Final' à toa". Vou dar meu voto de confiança no astro e acreditar em suas palavras. Nota: 6,0


PS 1: aqui darei outro exemplo concreto do quão ruim e forçado é o roteiro. Como este PS é um pequeno spoiler, é melhor ler somente depois de ter visto o filme. Pois bem: em um determinado momento, com o avião em queda, o vilão tira sarro de Ethan dizendo "eu tenho o único paraquedas", e ele salta com seu paraquedas deixando nosso herói sozinho. Então Tom Cruise fica em situação difícil não é mesmo? Pois bem... sendo forçado a deixar o avião, ele também salta e depois de um tempo em queda livre, Ethan abre um paraquedas (????), que então pega fogo, e depois de mais um tempo em queda livre, ele abre seu SEGUNDO paraquedas (!!!!), para então pousar em segurança... 

PS 2: como peripécia final, Tom Cruise realizou uma de suas cenas de ação mais arriscadas de todas, que foi fazer acrobacias e lutas do lado externo de um antigo avião monomotor de hélice. No vídeo abaixo, segue um curto vídeo de bastidor das gravações destas cenas.



sexta-feira, 23 de maio de 2025

Crítica - Mickey 17 (2025)

Título
Mickey 17 (idem, Coréia do Sul / EUA, 2025)
Diretor: Bong Joon Ho
Atores principais: Robert Pattinson, Naomi Ackie, Mark Ruffalo, Toni Collette, Steven Yeun, Patsy Ferran, Cameron Britton
Nota: 5,0

Filme tem bons efeitos visuais, mas não sobressai em mais nada

Mickey 17 era um dos filmes de 2025 que estava na minha lista dos que mais despertou interesse. Ficção científica, dirigido e roteirizado pelo sul coreano Bong Joon Ho, que já venceu Oscar de Direção e Roteiro por Parasita (2019).

Na história, baseada no livro de Edward Ashton de nome Mickey 7, estamos no ano de 2050, onde para fugir de um agiota assassino, vemos o fracassado Mickey Barnes (Robert Pattinson) embarcar em uma nave espacial para colonizar o planeta gelado Niflheim na profissão de "Dispensável", ou seja, uma pessoa que faz trabalhos extremamente perigosos e que, quando morrer, volta a vida através de um clone com memórias restauradas através de um processo chamado "reimpressão".

Porém, as coisas não são fáceis para Mickey. Não apenas ele é tratado mal por todos, como toda a tripulação vive em regime de economia, dada a escassez de recursos, e a enorme incompetência de seus líderes, o casal Kenneth e Ylfa Marshall (Mark Ruffalo e Toni Collette).

Os trabalhos de Bong Joon Ho costumam criticar o capitalismo, mostrar luta de classes, escancarar o egoísmo humano, ter humor sombrio... e aqui em Mickey 17 tudo isto está mais uma vez presente. Porém, tudo é feito sem surpresas e sem muito impacto. Há também um fator que ajuda a explicar a falta de força nas críticas políticas e sociais do roteiro: com exceção de um ou outro personagem, os demais são extremamente idiotas, fazendo este filme lembrar um bocado o clássico cult Idiocracia (2006). A diferença é que neste último há uma explicação para todos se comportarem de modo tão burro; aqui não.

Outro aspecto que poderia se esperar do roteiro de Mickey 17 era explorar os dilemas do personagem de Mickey Barnes morrer constantemente, e de encontrar com uma cópia dele mesmo (ok, isso é spoiler, porém aparece no trailer). Porém exatamente como todo o resto do filme, isto também é feito sem surpresas e sem muito impacto. Aliás, com um agravante: a "cópia" que Mickey 17 encontra tem um comportamento bem diferente do dele e para isso não é dada nenhuma explicação. Pelo menos Robert Pattinson atua bem, e isso é um ponto positivo.

Ainda que exageradamente cinza e marrom, o melhor em Mickey 17 é a parte visual, com boa fotografia e efeitos visuais. E ainda assim, também aqui falta originalidade... por exemplo as criaturas alienígenas são praticamente idênticas a um tipo de animal visto em Nausicaä do Vale do Vento (1984), de Hayao Miyazaki.

Em resumo, Mickey 17 é um passatempo aceitável. Bons efeitos visuais, mas de resto, digamos que é tudo um "médio"... até cogitei dar uma nota 6,0 pra ele... porém o desnecessário sonho que o personagem de Mickey tem perto do fim do filme foi demais para a minha boa vontade. Nota: 5,0


PS: o livro Mickey 7 possui uma continuação de nome Antimatter Blues, que se passa 2 anos após os eventos da primeira história. Porém é pouco provável que teremos esta continuação nos cinemas, já que o filme Mickey 17 mal se pagou nas bilheterias.

Dupla Crítica Filmes Netflix - The Old Guard (2020) e Ninguém Sabe Que Estou Aqui (2020)

Mais dois filmes que acabaram de estrear na Netflix brasileira e que o Cinema Vírgula apresenta pra vocês. Aprendam mais sobre o universo de...