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sábado, 2 de setembro de 2023

Conheça o muito interessante What's My Line? / Adivinhe o Que Ele Faz


Desde sempre a TV copiou formatos de Game Shows, espalhando-as pelo mundo inteiro. E no Brasil não poderia ser diferente. Por exemplo, o programa Show do Milhão, do SBT, é uma cópia do show original britânico Who Wants to Be a Millionaire?, que agora tem sua versão pela TV Globo, como Quem Quer Ser um Milionário?. O Roda a Roda / Roletrando, do SBT, são cópias do programa estadunidense Wheel of Fortune. Boa parte das provas do antigo Olimpíadas do Faustão, da Globo, eram copiadas do programa japonês Takeshi's Castle. E os exemplos vão às dezenas...

Mas o programa que quero apresentar para vocês hoje não vai ao ar desde a década de 70 rs, portanto, certamente quase nenhum de vocês conhecem. E o achei bastante interessante.

Trata-se do programa estadunidense What's My Line?. Ele funcionava da seguinte forma: um grupo fixo de 4 pessoas (artistas e jornalistas) ficavam sentadas atrás de uma mesa, tentando adivinhar a profissão de pessoas comuns, que iam ao programa e ganhavam dinheiro pela sua participação (o nome do programa vinha de algo como "qual minha linha de atuação?... qual minha linha de trabalho?").

O jogo funcionava com o quarteto fazendo perguntas aos convidados, com os mesmos só podendo responder "sim" ou "não"; só que a cada vez que a resposta era "não", o convidado ganhava 5 dólares. O jogo parava até alguém adivinhar a profissão do convidado, ou quando o valor atingisse 50 dólares, onde nesse caso os artistas da mesa "perdiam" e era revelado à eles a profissão "secreta".

Além disto, no final do programa, sempre havia um "convidado misterioso", que era uma celebridade trazida ao show. Neste caso então, as quatro pessoas da mesa tinham seus olhos vendados, e com isso a brincadeira se tornava mais descobrir a identidade da pessoa famosa do que qualquer outra coisa.

E.. olha só, o Brasil também copiou What's My Line?. Infelizmente não tenho muitos detalhes para dar do programa por aqui, já que não encontrei informações na Internet, e não há também imagens sobreviventes do show. Mas posso afirmar que o programa estreou em 1953 na TV Tupi, sob o nome de Adivinhe o Que Ele Faz, e era apresentado pela ex-bailarina Madeleine Rosay. E que anos depois migrou para a TV Record, também sob o nome de Adivinhe o Que Ele Faz, onde foi apresentado entre 1956 a 1959 por Blota Jr..

Madeleine Rosay e Blota Jr.

Mas se não temos mais como assistir a Adivinhe o Que Ele Faz, felizmente existe disponível no Youtube dezenas de programas completos de What's My Line? para qualquer um assistir (eles estão em inglês e sem legendas, entretanto). E eu já trouxe alguns deles para vocês, por motivos bem curiosos.

Começando, temos este vídeo com não uma, mas duas celebridades: o comediante Jerry Lewis como um dos 4 da mesa, e Walt Disney - em uma raríssima aparição perante as câmeras - como o convidado surpresa a ser adivinhado.

What's My Line? - Walt Disney; Jerry Lewis [panel] (Nov 11, 1956)


Já neste segundo vídeo, encontrei algo particularmente interessante: uma das pessoas que aparece para ter sua profissão adivinhada é um tal de "Coronel Sanders". Que nada mais é que o fundador da enorme franquia de fastfood, a KFC, e mesmo assim ele apareceu no programa como uma pessoa "comum", os integrantes da mesa não tiveram os olhos vendados. Portanto naquele momento da História ele não era famoso a ponto de ser reconhecido pelas pessoas de Nova York. E curiosamente, como se pode ver na imagem abaixo, já havia alguns anos em que o Coronel havia sido incorporado para o logo de sua companhia...

What's My Line? - Colonel Sanders; Alan King; Martin Gabel [panel] (Dec 1, 1963)


O terceiro vídeo eu só escolhi por ter como convidada a genial Hedy Lamarr, então com 43 anos. Era muito comum que os atores/atrizes iam ao programa para promover um filme que seria lançado em breve, porém Hedy resolveu participar do show por um motivo bem diferente...

What's My Line? - Hedy Lamarr (Mar 31, 1957)


E por fim, escolhi também este curioso episódio, onde aparece Wilt Chamberlain. Desta vez os integrantes do programa são vendados quando ele chega, mas não porque ele é uma "celebridade", e sim, porque sendo ele muito alto, se o vissem sua profissão ficaria muito óbvia. Ou seja, mais um caso para nos deixar chocados com o conceito de quem é famoso ou não rs. Notem então que em 1961 a NBA estava bem longe de ter a fama que tem hoje em dia. E continuando as surpresas deste vídeo, após os 4 integrantes do programas retirarem as vendas dos olhos, dois deles o reconhecem... porém a atriz Arlene Francis reconhece Wilt não como atleta da NBA, mas como jogador do Harlem Globetrotters (onde ele de fato jogou de 1958 a 1959).

What's My Line? - Wilt Chamberlain; Joan Crawford; Joey Bishop [panel] (Jan 8, 1961)


E finalmente, assistir a estes vídeos antigos de What's My Line? vai além das curiosidades com celebridades. São verdadeiras aulas de História e sociedade. Algumas das profissões que aparecem são das mais surpreendentes, além de muitas vezes ensinar a não julgar pelas aparências; fora que as imagens também trazem as propagandas de TVs da época. Algumas são bizarras!

E aí, você conhecia este programa? Se interessou pelo artigo? Assistiu pelo menos os vídeos que trouxe aqui? Escreva nos comentários!

domingo, 27 de agosto de 2023

Se você curte Senhor dos Anéis, Game of Thrones e The Witcher, precisa conhecer Dragonero, ótima série de HQs italiana


Dragonero é uma franquia de quadrinhos italiana (ou fumetti) de fantasia medieval sucesso em vários países da Europa, e publicada no Brasil pela editora Mythos desde o começo de 2019. Criada em 2007 por Luca Enoch e Stefano Vietti, com arte de Giuseppe Matteoni, Dragonero estreou com uma história na revista Romanzi a Fumetti e, graças ao sucesso inicial, posteriormente recebeu uma série mensal pela editora Bonelli (a mais importante editora de quadrinhos italiana), série esta que foi campeã de vendas em todo período de publicação, de 2013 até o final de 2019. Porém a franquia não terminou por aí. Este foi só o "primeiro ato". Ela sequer parou e voltou no mês seguinte com um novo título, Dragonero il Ribelle, e continua sendo publicada até hoje.

A história de Dragonero tem de tudo para agradar todo fã de RPG, e/ou de histórias de fantasias medievais, como por exemplo Senhor dos Anéis, Game of Thrones e The Witcher. Dragonero, que significa "matador de Dragões" é o título honorário do personagem principal da trama, Ian Aranill, humano e batedor a serviço do império Erondariano. Em sua aventura inicial vemos ele matar seu primeiro dragão, e engolir um pouco do sangue da criatura no processo. Isso fez com que Ian ganhasse alguns poderes, como "parar o tempo" em situação de quase morte, resistência a entidades sombrias, conseguir se comunicar telepaticamente com outros dragões e animais gigantes, e etc.

Os heróis, da esq. para dir.: A elfa Sera, o orc Gmor, o caçador de dragões Ian, a tecnocrata Myrva e o mago Alben

Na maioria de suas aventuras ele está acompanhado do gigante orc Gmor, seu amigo de infância, e da  jovem elfa silvana Sera, que é mestra botânica. Com menos frequência, Ian também é auxiliado pela sua irmã tecnocrata Myrva e pelo mago Alben. Uma coisa curiosa no universo de Dragonero, é que tecnocratas e magos são guildas "rivais" que mexem com magia, sendo que a primeira aceita trabalhar com máquinas e aparelhos, e a segunda as rejeita veementemente.

Como disse anteriormente, Dragonero mistura (e muito bem) várias franquias de fantasia medieval. Por exemplo, assim como em Senhor dos Anéis, aqui temos um universo vasto com dezenas de localidades diferentes e criaturas, como por exemplo elfos, orcs, dragões, magos, trolls, ghouls, mortos-vivos,  necromantes, fantasmas. Já sobre Game of Thrones, bem...

... na primeira história de Dragonero aprendemos que ao norte do Reino de Erondar, há uma grande muralha, que separara o mundo dos humanos do mundo dos dragões, local onde hoje se encontram hordas de algentes, elfos que tiveram suas mentes dominadas por mestres demoníacos, os abominosos. E na segunda historia de Dragonero vemos nossos heróis tentando destruir uma fábrica de "lama pírica", um fogo tão forte que queima até dentro da água... Em defesa aos criadores de Dragonero, lembrem-se que essas histórias foram criadas em 2007, então se eles copiaram mesmo foram dos livros, e não do seriado de Game of Thrones, que só estreou em 2011.

E por fim, lembram que disse que Ian Aranill é um "batedor imperial"? Isso é mais ou menos como se ele fosse um policial... um cavaleiro errante a serviço do reino, proporcionando, a cada edição, as mais variadas aventuras. Então, as vezes podemos ver Ian e seus amigos fazendo uma escolta, ou então, investigando mortes estranhas em um vilarejo, ou ainda, serem literalmente batedores e espionarem acampamentos inimigos. Este clima de aventura "episódica" e variada já lembra bem mais The Witcher, um uma boa aventura de RPG.

Dragonero se encontra atualmente na edição 21 aqui no Brasil. É uma publicação trimestral, formato Bonelli (16 x 21 cm) e em branco-e-preto. E, repito, é muito bom! Na imagem abaixo você vê a edição especial, que conta a história escrita em 2007, e a seguir temos o número 1 da revista, e o número 21, recém chegado às bancas. Na verdade, originalmente a publicação brasileira era bimensal, porém, a partir do número 20 (inclusive), a revista passou a ter o dobro de tamanho (2 histórias em 1), e passou a ser trimestral. a mudança foi até pra melhor... afinal, evoluímos de 1 história a cada 2 meses para 2 histórias a cada 3 meses.

domingo, 20 de agosto de 2023

Goscinny + Uderzo = Asterix, Umpa-Pá, João Pistolão (?!) e muito mais!

Os geniais Uderzo (a esq.) e Goscinny (a dir.)

O escritor René Goscinny (1926 - 1977) e o desenhista Albert Uderzo (1927 - 2020) foram sem dúvida gênios dos quadrinhos. Esta dupla de quadrinistas franceses ganhou fama mundial graças a sua criação máxima, o intrépido gaulês Asterix, de 1959. Porém Asterix não foi seu único trabalho juntos, e sim o último. Pois desde 1951, quando eles se conheceram, foram vários outros projetos até conseguirem enfim estabelecer a sua obra de grande sucesso. Vamos então conhecer aqui algumas das outras criações que "ficaram pelo caminho"...

Por exemplo, de 1954 a 1957 eles fizeram Luc Junior, um jovem repórter que em suas investigações sempre se envolvia em grandes aventuras, junto com seu amigo Alphonse... Em 1957 eles assumiram um título de outro autor - Benjamin et Benjamine - que foi criado em 1956 por Christian Godard. As histórias eram aventuras bem humoradas de um jovem casal, e juntos a dupla de autores publicaram os 4 últimos álbuns da série.



Nos anos de 1957-1958, pela revista semanal belga Tintin (que foi criada em 1946 para popularizar as histórias do famoso personagem de mesmo nome), Goscinny e Uderzo publicariam várias histórias de Poussin et Poussif. Poussin era um bebê que estava sempre aprontando, tentando fugir, e Poussif um cachorro que sempre tentava resgatar a criança do descuido de seus pais. Claro que no final, sempre era o pobre Poussif que levava a culpa de tudo. Segue abaixo uma rara imagem de uma página de Poussin et Poussif.


E não foram só estas. Ainda houve várias outras participações conjuntas, que nem vou citar aqui para não me alongar muito. A questão é que nenhum dos títulos acima jamais teve tradução para a língua portuguesa. Porém, além de Asteríx, pelo menos duas outras obras relevantes de Goscinny e Uderzo foram adaptadas para nosso idioma! Tratam-se de Umpa-Pá e... João Pistolão. Portanto, agora este artigo irá apresentar (ou relembrar) um pouco mais do indígena Umpa-Pá e do corsário João Pistolão.


João Pistolão (Jehan Pistolet - 1952)

Sendo a primeira colaboração conjunta de Goscinny e Uderzo que conseguiu virar uma série, João Pistolão (Jehan Pistolet) começou de maneira bem modesta em 1952, como tiras do jornal diário belga La Libre Belgique. Em 1954 o título foi publicado na revista publicitária Pistolin, e para não haver confusão de nome com a própria revista, a série mudou de nome para Jehan Soupolet. Depois, nos anos 1961 e 1962, Jehan Pistolet voltaria, mas apenas como republicações, nas páginas da famosa Pilote (a revista semanal de quadrinhos onde Asterix havia nascido e já era seu grande nome).


Na história João Pistolão é um jovem garçom de uma pousada em Nantes, que sempre sonhou com aventuras de piratas, e resolve reunir seus amigos para montar um barco e se tornar um Corsário (piratas contratados por governos) a serviço da França (uma trama levemente parecida com One Piece rs).

E apesar de uma tripulação totalmente inexperiente e formada apenas por cidadãos comuns, ele acaba realizando seu sonho... para acabar enfrentando os mais atrapalhados apuros, sempre com bastante humor. Foram 5 álbuns no total, cujo nomes são: João Pistolão, Corsário Prodigioso, João Pistolão, Corsário de El-Rei, João Pistolão e o Espião, João Pistolão na América, João Pistolão e Sábio Louco.

Embora tenham sido publicadas em Português, as aventuras de João Pistolão não chegaram ao Brasil. A página da imagem acima foi extraída de uma edição portuguesa.


Umpa-pá (Oumpah-Pah - 1958 a 1962)

Já Umpa-pá possui uma característica diferente de todos os outros títulos que apresentei até agora: note pela sua data de publicação, que ele é contemporâneo à Asterix. Porém, quando o pequeno Gaulês começou a fazer bastante sucesso, a dupla resolveu encerrar esta série e focar as suas energias na sua obra mais popular.

Infelizmente há muito tempo fora das bancas e livrarias brasileiras, Umpa-pá já foi publicado inteiro por aqui duas vezes: primeiro na década de 60, pela Editorial Bruguera, e depois na década de 80, pela Editora Record. A boa notícia é que dá para encontrar todo o material de Umpa-pá para se baixar em sites de scans de gibis pela internet. Curiosidade: quando publicada pela primeira vez no Brasil, a revista (e o personagem) se chamavam Humpá-Pá.


As histórias contam as aventuras do indígena Umpa-Pá e do oficial francês Humberto Milfolhas, e a série se passa no século XVIII, durante a época da colonização francesa na América do Norte (mais especificamente no Canadá). De maneira razoavelmente similar a Asterix, Umpá-Pá possui uma força e resistência acima do normal (embora não chegue a ser "sobrenaturais", ele diz que o segredo de sua força é sua dieta baseada em pemicã). Humberto (e os demais franceses) usavam aquelas perucas brancas da época, e até por isso Umpa-Pá também chamava seu amigo de "escalpo duplo".

Foram 5 volumes: Umpa-Pá o Pele-vermelha, Umpa-Pá em Pé de Guerra, Umpa-Pá e os Piratas, Umpa-Pá - a Mensagem Secreta e Umpa-Pá Contra Bílis-Cão. Umpa-Pá na verdade foi a primeira criação conjunta de Goscinny e Uderzo, em 1951; porém na época a dupla não conseguiu encontrar nenhuma editora com interesse em publicá-la. Foi só muitos anos depois que o heróico nativo americano pode ser conhecido pelo grande público.

Imagens da primeira versão de Umpa-Pá, nunca publicada

E aí, quais destas obras vocês já conheciam? Escrevam nos comentários!

segunda-feira, 26 de junho de 2023

O Cinema Vírgula visita Gramado!!!


O Festival de Cinema de Gramado, é um dos 4 festivais de cinema mais importantes do Brasil (juntamente com os de Brasília, Rio de Janeiro, e São Paulo). É também o maior em termos de público, e certamente o que hoje tem maior repercussão na mídia, e consequentemente, maior apelo popular. Em 2022 ele completou 50 anos de existência, e eu tive o privilégio de, neste mesmo ano (porém em Outubro - o evento aconteceu meses antes, em Agosto), conhecer Gramado-RS e o local do Festival.

Demorou quase um ano rs, mas enfim tive tempo para me organizar e agora compartilho com vocês algumas fotos e histórias que tive por lá. Bora viajar juntos? ;)

O Palácio dos Festivais

O festival tem como sua sede o Palácio dos Festivais, que é o prédio da imagem acima, do título deste artigo. Dentro dele, temos a sala de cinema "Cine Embaixador", com capacidade para cerca de 1000 lugares, e também o Museu do Festival de Cinema, que fica no andar superior. Para acessar o museu, se paga R$ 20,00 (ou R$ 10,00 se tiver alguma promoção no dia, que foi meu caso). Dentro do museu há uma exposição de objetos e painéis informativos, tanto a respeito do Festival de Gramado, como do Cinema Brasileiro em geral.

De dentro do Cine Embaixador, onde são exibidos os filmes do Festival

Ao redor do Palácio dos Festivais temos algo similar a "Calçada da Fama" de Hollywood, trata-se do "Caminho das Estrelas", onde vários nomes do cinema nacional deixaram suas mãos gravadas na calçada. Não são tantas placas assim (diria que estamos por volta de umas 20 atualmente), e abaixo vocês terão uma idéia do que se trata.

O Caminho das Estrelas, e ao lado a placa de 3 dos "homenageados"

Voltando a parte do Museu, embora não muito grande, ele é interessante e inclusive traz alguns itens para interagir. Por exemplo, há em uma parede um painel com várias perguntas sobre o cinema nacional. Abaixo, para dar um gostinho, coloco um vídeo. Quero ver se vocês acertam a resposta. Dica: se você leu este artigo aqui antes e acha que a resposta seria "Os Estranguladores", não é... porque aquele filme não se encontra preservado.


E o Kikito vai para...

O Festival de Gramado também possui sua estátua icônica... o Kikito! Prêmio máximo concedido no Festival, e consequentemente, em premiações nacionais, esta pequena e muito simpática estatueta de 33cm possui uma história bem curiosa.

Primeiro que a estátua foi criada em 1966, originalmente para premiar obras de artesanato, e também acabou virando um símbolo da cidade de Gramado. Por isso mesmo, quando a primeira edição do Festival de Cinema ocorreu em 1973, o Kikito já assumiu oficialmente seu lugar como o prêmio símbolo desta celebração.

Outra curiosidade é que nos anos 80 a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, dona do Oscar, processou o Festival de Gramado, alegando que o Kikito seria um plágio de sua estatueta. Porém, a reclamação foi negada e nós brasileiros continuamos a exibir o Kikito para quem quisermos ;)

Foi só o Cinema Vírgula passar em Gramado que eles fizeram questão de me homenagear com um Kikito! :P


sábado, 24 de junho de 2023

Especial Indiana Jones - Os Livros do Universo Expandido


Falta muito pouco!!! Apenas 5 dias para a estréia no Brasil do 5º e último filme de Indiana Jones nos cinemas, Indiana Jones e a Relíquia do Destino, que estreará em 29 de Junho.

E para que todos entrem ainda mais no clima, vamos com um novo artigo sobre o mais famoso arqueólogo de todos!

Os livros de Indiana Jones

Com o enorme sucesso mundial feito pelos filmes de Indiana Jones nos anos 80, obviamente que George Lucas - ainda mais ele - iria querer explorar a franquia em outras mídias. Desde então já vimos nosso aventureiro em todos os lugares: Brinquedos, Videogames, RPGs, Quadrinhos (pela Marvel Comics nos anos 80, e pela Dark Horse dos anos 90 em diante), Série de TV (de nome O Jovem Indiana Jones, de 1992, e que durou apenas duas temporadas)...

Mas o mais próximo que se pode chegar das histórias dos filmes de Indy - tanto em sensação quanto em qualidade - estão nos livros. Não me refiro aos livros-jogos, nem a alguns livros infanto-juvenil publicados, e sim aos cerca de 20 "romances" (ou seja, livros normais para adultos, que não são infantis), que foram lançados até hoje. Por enquanto (até que eu saiba) apenas UM deles foi traduzido para a língua portuguesa.

Os livros da Bantam Books

Após ter escrito e publicado a adaptação em livro do filme Indiana Jones e a Última Cruzada (1989), o escritor estadunidense Rob MacGregor recebeu o convite de George Lucas para escrever histórias inéditas do herói. Então, através da editora Bantam Books, ele escreveu 6 títulos:

Indiana Jones and the Peril at Delphi (1991)
Indiana Jones and the Dance of the Giants (1991)
Indiana Jones and the Seven Veils (1991)
Indiana Jones and the Genesis Deluge (1992)
Indiana Jones and the Unicorn's Legacy (1992)
Indiana Jones and the Interior World (1992)

MacGregor foi trocado por Martin Caidin, que depois de escrever os dois livros seguintes, teve que ser substituído por motivo de doença; entrou Max McCoy, que escreveu os quatro últimos livros da série:

Indiana Jones and the Sky Pirates (1993)
Indiana Jones and the White Witch (1994)
Indiana Jones and the Philosopher's Stone (1995)
Indiana Jones and the Dinosaur Eggs (1996)
Indiana Jones and the Hollow Earth (1997)
Indiana Jones and the Secret of the Sphinx (1999)

Os 12 livros da série publicada pela Bantam Books possuem algumas características: eles são todos prequelas dos filmes, ou seja, se passam cronologicamente antes de 1935. Outro detalhe é que os livros passavam por certas proibições de George Lucas... por exemplo, os livros não podiam ter cenas de sexo ou palavrões porque deveriam ser para "todas as idades". Dentre outras restrições, Lucas não permitiu viagens no tempo e nem o uso de alguns personagens dos filmes, especialmente de Marion Ravenwood, para a qual ele tinha "planos futuros". Marcus Brody e Sallah, entretanto, aparecem em algumas histórias.

A série de livros da Bantam Books em geral tem boa aceitação pelos fãs de Indiana Jones. Eu já li dois deles: Indiana Jones and the Genesis Deluge e Indiana Jones and the Unicorn's Legacy, e é por isso que ambos aparecem no início deste artigo. Não são tão bons quanto os filmes, mas são legais, bom entretenimento. E o terceiro livro que escolhi para mostrar na imagem principal, trata-se de Indiana Jones and the Seven Veils, que costuma ser apontado entre um dos melhores da série, além de se passar boa parte no Brasil. E provavelmente por isso, é justamente ele que foi traduzido para cá, trazido em 1993 como Indiana Jones e os Sete Véus pela editora Salamandra. Repararam que a capa deste livro na imagem está em português?

E tem mais livros!

Além dos livros da Bantam Books, há uma série cuja publicação é bem mais obscura: trata de um conjunto de 8 livros do escritor alemão Wolfgang Hohlbein, publicados pela editora Goldmann Verlag. A série existe apenas em alemão e em holandês (exatamente, sequer foi traduzida para o inglês), e ao contrário dos livros da Bantam, suas histórias se passam todas cronologicamente DEPOIS dos filmes clássicos, ou seja, acontecem a partir da década de 1940. São eles (e entre aspas, ao lado, segue a tradução livre em português, do título original em alemão):


Indiana Jones und das Schiff der Götter (1990) – "Indiana Jones e o Navio dos Deuses"
Indiana Jones und die Gefiederte Schlange (1990) – "Indiana Jones e a Serpente Emplumada"
Indiana Jones und das Gold von El Dorado (1991) – "Indiana Jones e o Ouro de El Dorado"
Indiana Jones und das verschwundene Volk (1991) – "Indiana Jones e os Desaparecidos"
Indiana Jones und das Schwert des Dschingis Khan (1991) – "Indiana Jones e a Espada de Genghis Khan"
Indiana Jones und das Geheimnis der Osterinseln (1992) – "Indiana Jones e o Segredo da Ilha de Páscoa"
Indiana Jones und das Labyrinth des Horus (1993) – "Indiana Jones e o Labirinto de Hórus"
Indiana Jones und das Erbe von Avalon (1994) – "Indiana Jones e o Legado de Avalon"


E... em 2009, tivemos o surgimento de uma nova série(?) de livros, pela editora Del Rey Books. Tentando surfar na onda do então novo filme Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) depois de quase 3 décadas tivemos um novo livro de Indy em inglês lançado, que foi: "Indiana Jones and the Army of the Dead" (2009), escrito pelo estadunidense Steve Perry, conhecido por livros das franquias de Tom Clancy, Star Wars e Aliens dentre outros.

Mas como o livro não foi muito bem de vendas, a obra foi um lançamento isolado.





Já conheciam os livros de Indiana Jones? Já leu algum deles? Se animou a ler algum deles a partir de agora? Escreva nos comentários!

segunda-feira, 27 de março de 2023

Spawn #10 poderá enfim ser publicado no Brasil! Entenda por que isto é tão incrível!


O ano era 1992. Alguns dos principais nomes dos quadrinhos estadunidenses, revoltados com o tratamento recebido pelas dominantes editoras Marvel e DC, resolvem abandonar seus contratos e fundar sua própria editora, a Image Comics, criando seus próprios personagens. Dentre eles, estava Todd McFarlane, que iniciou sua empreitada criando Spawn.

Após o choque inicial à comunidade quadrinhística, vieram as primeiras críticas: as HQs da Image tinham ótimos desenhos, porém, fracos roteiros (afinal, seus criadores eram em sua maioria grandes desenhistas, e não tinham experiência em escrever histórias). McFarlane, então, não deixou por menos: após desenhar e escrever as primeiras edições de seu Spawn, resolveu trazer grandes nomes para escrever as edições seguintes. Assim, para a edição 8 veio Alan Moore; para a 9, Neil Gaiman; para a edição 10, Dave Sim; e para a edição 11 fechando o ciclo, Frank Miller.

E é aqui que começa nossa história de tretas. Em algum momento entre junho e julho de 1996, Dave Sim e Todd McFarlane se desentenderam e a partir de então Sim não deixou Spawn #10 ser mais republicado. Isto significa que se seu país não teve a sorte de lançar Spawn #10 antes da briga (e isso foi privilégio de muitos poucos países, como por exemplo Espanha e Austrália), a obra ficou inédita.

E o Brasil foi um dos muitos países que sofreu esta proibição, já que seguindo a ordem de publicação da Editora Abril, a edição 10 somente seria publicada aqui em Novembro de 1996. Portanto, nós brasileiros, como todos a grande maioria dos leitores do mundo, ficamos privados de ler esta história de Spawn.

A história contida em Spawn #10 é um crossover, onde Spawn e Cerebus (criação de Dave Sim) se encontram no Inferno e lá encontram diversos Super-heróis de quadrinhos aprisionados, em uma metáfora / crítica das editoras tendo os direitos dos personagens, ao invés dos seus criadores. Uma imagem que ficou bastante famosa desta trama é a que aparece acima, no título deste artigo, onde vemos os braços de personagens famosos da Marvel e DC clamando por ajuda. Pode-se perceber claramente as referencias a Batman, Super-Homem, Homem-Aranha, Hulk, etc. (E ironicamente, no mundo real, meses depois a edição deixaria de ser publicada devido justamente a disputa de direitos autorais...). Portanto os demais países tiveram que pular a edição 10, renumerando como número 10 a edição 11 original, como se vê na imagem abaixo.

Em ordem: a edição 10 original, a edição 10 publicada no Brasil (que na verdade é a edição 11 original), e a edição 10 "remasterizada" que deverá ser publicada por aqui

Porém, tudo mudou em 2009, quando Todd e Dave entraram em um acordo para que a história de Spawn #10 voltasse a ser republicada. Ambos poderiam voltar a publicar a história do jeito que quisessem, e lucrar do jeito que pudessem com isso.

Desta forma, McFarlane começou a incorporar a edição #10 em encadernados da coleção "Spawn Origins", série que republica todas as edições de Spawn em formato de luxo (curiosidade: as edições de Spawn Origins publicadas antes deste acordo também não incluem a edição 10); já Dave Sim, no comecinho de 2021, publicou em preto-e-branco sua própria versão "remasterizada e expandida" da obra, e é esta a versão que será lançada no Brasil.

Ou melhor, que PODE ser lançada no Brasil, já que ela está sendo vendida através de um projeto no Catarse e ainda não está garantida. Na verdade na verdade, o projeto do Catarse é para trazer um encadernado de Cerebus, sendo que o Spawn #10 vem "de brinde". Faltando um mês para o encerramento do projeto, ele ainda não atingiu o financiamento. Se você estiver interessado em Spawn #10, o link no Catarse está aqui.

E aí. Você sabia da "saga" de Spawn 10? Escreva nos comentários!


Atualização de 17/06/2023: a campanha do Catarse citado pela matéria acima NÃO foi bem sucedida, porém, seus idealizadores criaram nova campanha, desta vez exclusiva para lançar Spawn 10. Quem quiser participar do novo esforço para trazer esta obra para o Brasil, clique aqui para entrar na nova página do Catarse. Esta nova campanha vai até 11/08/2023.

Atualização de 29/02/2024: e a segunda campanha do Catarse citado no parágrafo anterior... também falhou. Porém, a Panini Comics resolveu republicar no Brasil, em encadernados, o Spawn desde seu início, com o título de Spawn: Origens. E já está confirmadíssimo, para a segunda quinzena de Mai/2024 a publicação de Spawn: Origens Vol. 02, que contemplará as edições de 08 a 13, e que sim, pela primeira vez, trará Spawn 10 para terras brasileiras. Demorou, mas enfim a novela acabou, e com final feliz.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Especial Halloween: os filmes de Jordan Peele, Robert Eggers e Ari Aster (Oito dicas de filmes!)


Hoje é sexta-feira... mas não dia 13. E daqui apenas 3 dias será 31 de Outubro... o Dia das Bruxas (ou Halloween). Para comemorar a data, apresento para vocês o trabalho de três jovens diretores estadunidenses, que estão entre os mais "badalados" no universo de filmes de Terror da atualidade.

Portanto, aqui você ficará conhecendo OITO filmes para para assistir e entrar no clima de Halloween. Confira!


Ari Aster

Começando com o mais novo da turma (36 anos), Ari Aster é também, dos três desta matéria, o que até agora criou filmes mais próximos do terror "clássico". Suas histórias não envolvem "monstros" mas envolvem rituais e um bocado de sobrenatural. Por enquanto, seus trabalhos incluem Hereditário (2018) e Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019), onde Ari é o diretor e roteirista de ambos.

Na história de Hereditário, após a morte da avó, eventos estranhos começam a acontecer com Charlie (Milly Shapiro), uma menina que sempre foi "diferente". Achei o filme "ok", vale mesmo a pena pela excelente atuação de Toni Collette. Clique no trailer para saber mais.

Já em Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019) temos a história de um grupo de universitários que vai até a Suécia em uma pequena aldeia participar de um ritual pagão milenar. Por um lado, o filme perde vários pontos porque entendo que há diversas "forçadas de barra" no roteiro. Por outro, o filme é bem diferente e é bastante (bastante mesmo!) perturbador. Portanto, vale a experiência para quem curte terror. Clique aqui para ver o trailer.


Robert Eggers

Robert Eggers, de 39 anos, antes de se aventurar como diretor de filmes e roteirista, também fez trabalhos de Direção de Arte e em Design de Produção. Talvez por isso seus filmes são os melhores tecnicamente desta lista, principalmente na parte visual. Uma fotografia muito bonita e acima da média é uma característica presente em todos seus filmes até agora.

Como diretor e roteirista, Eggers já fez A Bruxa (2015), O Farol (2019) e O Homem do Norte (2022)

Começando... um Halloween não poderia deixar de ter um filme de bruxa certo? Pois então falemos de A Bruxa, que no caso, conta a história de uma jovem camponesa (a sempre ótima atriz Anya Taylor-Joy, aqui bem mais nova de que em O Gambito da Rainha) e sua família, que nos anos 1600, aparentemente começam a ser influenciados por forças misteriosas vindas de uma escura floresta. Um filme que não traz "sustos" mas tem uma atmosfera bem tensa e perturbadora. Veja aqui o trailer.

Já em O Farol temos um filme sem elementos sobrenaturais... se trata de um terror psicológico, e é um filmaço, para mim o melhor de todos deste texto. Contando com nomes famosos como Robert Pattinson e Willem Dafoe, para saber mais a respeito deste título, você pode ler a minha crítica completa clicando aqui, ou assistindo o trailer, clicando aqui.

Finalmente, falando sobre O Homem do Norte, um épico sobre a mitologia Viking lançado este ano nos cinemas de todo o mundo: é o filme menos "terror" que estou citando no artigo, mas ainda assim, traz elementos de mitologia e sobrenatural. Classifico-o como um filme de guerra medieval "fantasioso e sombrio", onde o diretor falha nas batalhas (as coreografias são bem ruins e pouco críveis). Ainda assim, é um filme acima da média que vale a pena ser conferido. Confira seu trailer.


Jordan Peele

O mais "velho" da turma, com 43 anos, Peele é o diretor e roteirista de Corra! (2017), Nós (2019) e Não! Não Olhe! (2022). Cada um de seus filmes possui um tema bem diferente dos demais, flertam com um pouco de ficção científica, abordam criticas sociais, e, sendo um afrodescendente, o diretor costuma também dar espaço para atores negros serem os protagonistas, o que é muito bom (e infelizmente raro).

Dentre os 3 diretores que trouxe aqui, Jordan é de longe quem mais fez sucesso de público até agora, com cada um de seus filmes superando 200 milhões de dólares em bilheteria. Mas se ele é o queridinho do público, ainda não me convenceu.

Vejam: seus filmes chamam bastante minha atenção, pois do que vi até agora, eles trazem atuações espetaculares, clima de tensão e terror simplesmente sensacionais... o problema são os desfechos... os finais foram pra mim um balde de agua fria. Lembrando que essa é minha opinião dos dois primeiros filmes dele, já que ainda não assisti seu mais recente lançamento, o Não! Não Olhe! (é o único filme deste artigo que ainda não vi... afinal também tenho direito de reservar um filme de terror pra ver no Halloween né? rs. Mas não se preocupem que vou assisti-lo E publicar sua crítica na próxima semana).

Em Corra! temos um jovem afro americano visitando os pais de sua namorada branca pela primeira vez, e em muito pouco tempo coisas muito estranhas começam a acontecer na interação entre eles. Este é outro filme que já escrevi crítica (leia aqui) e você pode também ver seu trailer clicando aqui.

Nós, de certa forma, é meio que uma mistura de filme de zumbis com "invasores de corpos". Uma coisa interessante dele são as considerações morais que os personagens fazem. Seu trailer pode ser assistido aqui.

E finalmente, encerrando a lista de filmes e este artigo, temos o (por enquanto) desconhecido para mim Não! Não Olhe!. Ele saiu de cartaz dos cinemas há bem pouco tempo, e só sei que tem alguma coisa sobre invasores do espaço rs. Confiram o misterioso trailer que nos revela quase nada.


Curtiram a lista? Que filmes já conheciam? Qual filme você vai assistir para se preparar para o Halloween? Qual dos 3 é seu diretor preferido? Deixem a resposta nos comentários!

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Lançamentos da franquia Asterix no Brasil e em todo o planeta!


Como é bom ver Asterix de volta! No Brasil temos neste mês de Julho, o lançamento (enfim!) do aqui inédito 38º volume das aventuras em quadrinhos do herói Gaulês, intitulado Asterix e a Filha de Vercingetorix. O livro já se encontra a venda nas livrarias.

Mas não é só o Brasil que tem motivos para comemorar neste mês. Vocês sabiam que ano passado o cachorrinho Ideiafix ganhou sua própria série de quadrinhos na França? Pois é. E agora em Julho a obra fará sua estréia em países como Argentina, Espanha, Hungria, Noruega, Polônia, Portugal e República Checa dentre outros. Na imagem acima temos a capa do volume 1 lusitano; e ao lado dela, temos a capa do volume 2 dos sortudos alemães. Sim, porque neste mês a Alemanha já vai ter o segundo volume publicado por lá, sendo que na França o inédito 3º volume será lançado no final deste ano.

Ainda sobre os quadrinhos de Ideiafix, algumas curiosidades... eles possuem algumas diferenças em relação aos quadrinhos de Asterix. Primeiro que a sua equipe criativa (roteiristas e desenhistas) não são os mesmos que fazem as novas edições de Asterix atuais... são times diferentes e desvinculados; segundo que as histórias do pequeno mascote se passam no ano 52 AC, ou seja, 2 anos antes das famosas aventuras do guerreiro Gaulês... e antes do cachorro chegar à famosa aldeia que todos conhecemos! E finalmente, o formato é diferente... se nos álbuns de Asterix geralmente temos uma única história de 48 páginas, aqui nas revistas de Ideiafix temos 3 histórias em 72 páginas.

Infelizmente, ainda não há qualquer previsão ou movimentação para as revistas de Ideiafix chegarem ao Brasil. Mas, tenho esperança que elas cheguem aqui nos próximos anos, até porque a Editora Record só bem recentemente passou a retomar as publicações de Asterix por aqui.

Lembrando: o Brasil ficou vários anos sem nenhuma editora publicando as histórias de Asterix, e com isto ficamos defasados em relação aos novos lançamentos... Ano passado a Record publicou o então inédito para nós volume 37 - Asterix e a Transitálica - e com o número 38 que chegou este mês só vão ficar faltando 3 publicações para alcançarmos tudo o que foi publicado: o volume 39 dos quadrinhos, e as 2 edições mais recentes dos "álbuns ilustrados". Na imagem abaixo vocês podem conferir a versão de Portugal destas três obras.



Gostaram das novidades? Comente aqui. E se você ainda não conhece Asterix, faça esse favor a você mesmo e toda sua família e comece a leitura!

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #010 - DEZ estrelas de Hollywood que já escreveram Quadrinhos

Sabiam que no final de Março chegou ao Brasil uma minissérie em quadrinhos escrita por Keanu Reeves? Pois é... isso me motivou a trazer para vocês essa surpreendente lista. Mas não foi somente nosso eterno Neo que já se aventurou a escrever HQs, a lista de atores que já tiveram seus momentos de escritor chega a dezenas. Nesta lista, trago para vocês 10 deles. Confiram!


Keanu Reeves - o ator é co-criador e co-roteirista da minissérie BRZRKR (lê-se "Beserker"). A obra está programada para ter 12 edições, com a primeira lançada nos EUA em Março de 2021. A saga ainda não foi concluída, e o oitavo volume está programado para este mês na terra do Tio Sam. O quadrinho conta a história de um semideus aparentemente imortal de nome Berserker (e visualmente com a cara do Keanu Reeves) ao longo dos séculos. Por enquanto a saga tem sido muito bem vendida, já em termos de críticas é considerada "mediana", com destaque para as (boas) cenas de muita violência. No Brasil a história será lançada em 4 volumes. Ah, e tem brasileiro nos quadrinhos de BRZRKR: o desenhista Rafael Grampá é quem faz as capas das revistas. Atualmente estão em desenvolvimento pela Netflix um filme (com Keanu estrelando) e uma série de animação sobre BRZRKR, porém ainda sem nenhuma previsão de lançamento.



John Cleese - provavelmente o nome mais famoso do grupo de comediantes britânico Monty Python, o também ator e escritor John Cleese foi co-escritor de uma graphic novel do Super-Homem de 2004 intitulada Superman: True Brit, uma história alternativa que mostra o que aconteceria se a nave do bebê Kal-El tivesse caído na Inglaterra, ao invés dos EUA. Publicada pela DC Comics, a obra recebeu opiniões divididas pela crítica. Com várias piadas e críticas contra a polícia e tablóides britânicos, há nela entretanto algumas idéias que eu gosto, como por exemplo, o fato de que Colin Clark (sim, aqui não é Clark Kent) começar a usar óculos na adolescência para evitar acidentes com sua visão de calor (as lentes foram feitas de um vidro que veio de sua nave).


Mark Hamill - nosso amigo Luke Skywalker aparece aqui com a publicação mais antiga desta lista. Em 1996 ele lançou, como co-escritor, uma minissérie em 5 edições de nome The Black Pearl publicada pela Dark Horse Comics. Aqui temos outra HQ que critica fortemente os tablóides e seu sensacionalismo. A história é sobre Luther Drake, um homem comum que resolve se tornar um vigilante. Hamill escreveu o roteiro pensando em transformá-lo em um filme; como não conseguiu investidores, a história ficou mesmo só nos quadrinhos.


Patton Oswalt - o comediante e ator Patton Oswalt é o primeiro desta lista que escreveu não uma, mas várias obras em quadrinhos. Para a DC ele escreveu JLA: Welcome to the Working Week (2003), que aparece na imagem acima, e é uma história de humor mostrando um adolescente que foi teletransportado acidentalmente dentro da Torre da Liga da Justiça, e, por uma semana, observa em segredo o que os heróis aprontam. Já para a Marvel, Oswalt co-escreveu o recente M.O.D.O.K.: Head Games (2020), minissérie em 4 edições que ajudou a promover e complementar a série de animação de TV M.O.D.O.K., que saiu pela Star+ no ano seguinte. Dentre outras publicações, ele escreveu uma das histórias dentro de Bart Simpson's Treehouse of Horror nº 13 (2007), e uma das histórias incluídas em The Goon: Noir (2006).


Rashida Jones - a filha de Quincy Jones é bem mais conhecida atuando em seriados (Parks and Recreation, The Office), mas também já apareceu em diversos filmes, e foi uma das roteiristas de Toy Story 4 (2019)! Portanto não é lá grande surpresa vê-la se arriscar como roteirista de quadrinhos. Sua criação é Frenemy of the State, uma minisérie de 5 edições publicada em 2010 pela Oni Press, como parte de um projeto de trazer mais quadrinhos de artistas femininos para público feminino. A história conta de forma bem humorada as aventuras de Ariana Von Holmberg, uma jovem e rica socialite que resolver virar agente da CIA. Os direitos de Frenemy of the State foram comprados pela Universal Studios antes mesmo da história ser publicada, mas até hoje não houve nenhum indício de produção de um filme.



Rosario Dawson - a atriz é co-criadora e co-roteirista da minissérie de 4 edições O.C.T. - Occult Crimes Taskforce, publicada pela Image Comics em 2006. A história acompanha a policial Sophia Ortiz (que é desenhada igual a Dawson) dentro de uma unidade da Polícia de Nova York especializada em crimes ligados ao "oculto". A obra é outra que já teve os direitos de adaptação comprados tanto para filmes como para série de TV, mas também nada de concreto até hoje. Em 2019 saíram rumores de que o canal A&E planejava lançar um seriado de O.C.T. mas nenhuma outra notícia foi dita desde então.


Samuel L. Jackson - claro que um ator que lucra em cima da fama de ser "fodão" não iria apenas (co)escrever sua HQ, mas também ter o personagem principal dela com a sua cara. Publicada como minissérie em 4 edições pela Boom! Studios em 2010, em Cold Space temos um quadrinho futurista onde vemos Mulberry, um criminoso espacial em fuga, caindo em um planeta em meio à uma guerra civil. Seu objetivo: sobreviver e se manter badass, claro!


Thomas Jane - talvez o ator menos conhecido desta lista, Thomas interpretou o super-herói Frank Castle no filme O Justiceiro (2004) e nesta época ficou amigo do ilustrador Tim Bradstreet, que não somente criou os pôsteres do filme, mas também era quem desenhava as capas da HQ do Justiceiro naquele momento. No ano seguinte a dupla lançou a minissérie Bad Planet pela Image Comics, com Jane sendo um dos roteiristas. A história conta sobre um meteorito que cai na Terra atual, mas que possuía organismos alienígenas "aracnídeos" que começam a atacar os humanos e se multiplicar. É então que também chega a nosso planeta um outro extraterrestre, um guerreiro de outra espécie alien, que age tentando impedir a terrível invasão. A publicação de Bad Planet é bastante conturbada. O volume 1 saiu em 2005, mas o volume 6 (que encerra o primeiro arco) saiu apenas em 2008. Os criadores iniciaram a publicação do segundo arco de histórias com mais 6 edições (a saga foi prevista em 12 revistas desde o começo), porém até hoje apenas os números 7 (em 2012) e 8 (em 2013) saíram. Tim e Thomas dizem que ainda procuram financiadores para finalizar a história...


Tyrese Gibson - além de cantor e ator da longa franquia de filmes Velozes e Furiosos, Tyrese também já foi co-roteirista de quadrinhos. Em 2009 ele criou o super-herói Mayhem e lançou uma minissérie de mesmo nome em 3 edições pela Image Comics. A história é sobre Dante, um vigilante afrodescendente mascarado que atua na cidade de Los Angeles lutando contra o crime, representado principalmente pelo chefe do crime local Big X. Mayhem! teve vendas ruins e foi mal avaliado pela crítica, sendo o quadrinho de pior desempenho desta lista.


Brian Posehn - embora já tenha atuado em vários filmes - sempre em pequenas participações - imagino que você só reconhecerá Brian como o geólogo Bert no seriado The Big Bang Theory, seu mais famoso personagem em live-action (já que ele também deu vozes a vários personagens de animação). Porém, há um motivo muito especial para que ele encerre essa lista: Brian Posehn é de longe dentre os atores que citei quem mais escreveu obras em quadrinhos... afinal ele foi "o" escritor das revistas de Deadpool, da Marvel Comics, de 2012 a 2015. Foram 45 edições mensais, e mais a minissérie de 7 edições Deadpool: Dracula's Gauntlet. Você sabia disso? Deixe nos comentários se foi o caso!





PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

terça-feira, 8 de março de 2022

Especial Dia Internacional da Mulher: conheça Roberta Williams e suas revoluções para o mundo dos Videogames

Feliz dia Internacional da Mulher para todas as mulheres que acompanham o Cinema Vírgula! E mais uma vez, trago aqui a história de uma mulher memorável para cultura pop. Desta vez, falo de Roberta Williams, famosa empresária, designer e produtora de videogames. Se muitos sonham com a fama e prestígio de revolucionar alguma área do conhecimento UMA vez na vida... bem, ela revolucionou a indústria dos jogos para computador pelo menos TRÊS vezes!!! Confira um breve resumo de sua história e conquistas.


Os primeiros Adventures e Mystery House

Nos últimos anos da década de 70, Roberta Williams vivia com seu marido Ken (ambos programadores de computador) em Los Angeles, com seus dois filhos. Até que em um belo dia Ken apresentou a Roberta o jogo para computador Colossal Cave Adventure (considerado o primeiro jogo adventure já feito, onde o jogador, apenas através de frases em texto, explorava uma caverna em busca de tesouros). Foi amor a primeira vista (ou jogatina). Empolgada pela descoberta de um jogo interativo onde ela poderia resolver mistérios, e imediatamente decepcionada ao descobrir não haver muitos outros games do tipo, ela resolveu então criar seus próprios jogos do gênero.

Roberta e Ken Williams em foto fofa de início de carreira

Igualmente apaixonada por livros de aventura policial, sua idéia inicial era fazer um jogo ao estilo dos livros de Agatha Christie. Foi então que nasceu Mystery House (lançado em 1980): o jogador começa o jogo trancado dentro de uma velha mansão, onde também se encontram mais 7 pessoas. Não demora muito para que estas comecem a ser assassinadas uma a uma... resta ao jogador descobrir quem é o assassino... antes que ele mesmo morra!

Roberta desenvolveu toda a história de Mystery House, e Ken foi responsável pela sua programação. Porém a dupla teve uma idéia inovadora: ao invés de mostrar apenas textos, que tal passar também a exibir imagens para o jogador (mesmo que estáticas)? Os desenhos foram programados pela própria Roberta, e nascia então o primeiro jogo adventure com gráficos da história! Para divulgar e vender seu novo jogo, o casal criou a empresa On-Line Systems.

Uma imagem de Colossal Cave Adventure (1976), e depois três imagens de Mystery House (1980)


King's Quest e Sierra On-Line

A On-Line Systems crescia em bom ritmo, lançando novos jogos para os limitados computadores caseiros Apple II e Atari 8-bit, e ainda que a maioria fossem adventures (e quase sempre com participação de Roberta Williams), alguns jogos até fugiram do estilo, como por exemplo Crossfire (um jogo de tiro) e Jawbreaker (um clone de Pac-Man), ambos de 1981. No ano seguinte a empresa do casal já beirava 100 funcionários, e então a companhia se mudou para uma grande estrutura na pequena comunidade de Oakhurst (ainda na Califórnia), e a dupla aproveitou para alterar o nome da companhia para Sierra On-Line, uma homenagem a cadeia de montanhas de mesmo nome que se situava ao lado das novas instalações.

Em 1983 a Sierra On-Line balançou com a famosa grande crise dos videogames, porém teve uma grande oportunidade ao ser contratada pela IBM para criar um jogo exclusivo para seu futuro novo computador pessoal de nome PCjr, que tinha o objetivo de ser mais barato e mais voltado a jogos do que seus concorrentes, contando com gráficos e som mais avançados. 

Para fechar o contrato, Ken prometera para a IBM um jogo inovador: um adventure onde o jogador controlaria um personagem que interagia com um mundo tridimensional na tela. Roberta foi decisiva para estudar, liderar e mostrar ao grupo de 6 programadores deste projeto que o desafio não era, afinal, impossível. Após 18 meses de trabalho, chegava as lojas o incrível King's Quest: o primeiro adventure da história com animações gráficas.

King's Quest também impressionava pelos gráficos: foi o primeiro jogo de computador a aceitar 16 cores distintas simultâneas via EGA

King's Quest era uma aventura medieval, onde o jogador assumia o papel do cavaleiro Sir Graham, requisitado pelo Rei para encontrar três artefatos mágicos que salvariam seu Reino da destruição. O jogador ainda dependia de digitar textos para fazer as ações, porém, ele podia de fato mover seu personagem pelo cenário através das teclas direcionais do teclado, navegando por 48 telas diferentes, em uma espécie de mapa cíclico que dava a impressão de um mundo aberto; tudo absurdamente inovador. O design e história do jogo foram ambos feitos por Roberta Williams: a progressão do jogo era não-linear (você podia por exemplo buscar os 3 tesouros na ordem que quisesse), o que era muito incomum. O jogo permitia que o jogador morresse de várias formas, e trazia quebra-cabeças bem difíceis: essas duas características se tornariam no futuro "marcas registradas" dos jogos da Sierra. E, outra surpresa: não era necessário resolver todos os enigmas para vencer o jogo.

King's Quest foi um enorme sucesso de crítica, impressionando o mundo dos jogos de computador; porém, foi mal de vendas... mas isso devido ao fracasso do IBM PCjr. Com isso, a Sierra correu para lançar o jogo em outras plataformas e meses depois King's Quest já podia ser jogado nos IBM PC's tradicionais. No ano seguinte ele chegou ao computador Tandy 1000 com enorme sucesso, e alguns anos depois ele chegou até ao Master System!

King's Quest IV (1988), também criado por Roberta, tinha uma mulher como protagonista, algo raro para a época

O sucesso de King's Quest foi um divisor de águas para a Sierra On-Line, que passaria a ser "a" empresa de jogos de adventures a partir de então, continuando com novos jogos King's Quest (foram 8 no total), e também desenvolvendo novas franquias como Leisure Suit Larry, Space Quest, Police Quest Gabriel Knight.


Phantasmagoria e legado

No inicio dos anos 90 os jogos de adventure para computador estavam no auge, com a Sierra On-Line liderando o mercado deste tipo de game juntamente com a poderosa LucasArts (propridade de ninguém menos que George Lucas). Roberta Williams já havia participado da criação de mais de 10 jogos do gênero, porém ela ainda iria surpreender o mundo pela terceira vez.

Após anos de trabalho com jogos com tema de fantasia medieval ou de investigação policial, faltava a Roberta Williams homenagear outra de suas paixões: os livros de suspense / terror ao estilo de Stephen King, de quem também era grande fã. Seu objetivo era criar um adventure que fosse verdadeiramente assustador, mas a limitação da tecnologia sempre a fez duvidar se isso era mesmo possível.

A atriz Victoria Morsell foi escalada para protagonizar o futuro jogo

Mas em 1993 ela resolveu tornar seu sonho realidade e iniciou seu mais ambicioso projeto, um jogo adventure de terror 100% feito com filmes interativos. Sim, o jogo teria apenas imagens de atores reais, que você controlaria com o mouse normalmente, algo simplesmente inacreditável na época. Com orçamento inicial previsto de US$ 800 mil e vários adiamentos, depois de mais de 2 anos de desenvolvimento seria lançado em Agosto de 1995 o jogo Phantasmagoria, cujo custo de produção acabou chegando em US$ 4,5 milhões.

Me lembro até hoje do quanto Phantasmagoria causou uma enorme comoção em toda a comunidade de jogadores de videogames da época. Foram meses de propagandas em revistas especializadas dizendo o quanto o jogo seria assustador e revolucionário graficamente; quando ele chegou às lojas, descobrimos que o jogo estava dividido em impensáveis 7 CD-Roms (as maiores produções da época chegavam no máximo a 4 CDs).

Phantasmagoria alternava muitas partes interativas (a esq.) com mini-filmes (a dir.)

Na história de Phantasmagoria (baseada em um roteiro de 550 páginas de Roberta), você assume o papel da escritora Adrienne, que se muda para uma antiga e luxuosa mansão junto com seu marido. A mansão no passado pertencera a um famoso mágico, cujas cinco esposas morreram misteriosamente. Após um tempo, Adrienne começar a ter constantes pesadelos, descobrir coisas "perturbadoras" na casa, além de ver seu esposo começar a mudar de comportamento...

Quando saiu, Phantasmagoria foi um grande sucesso de vendas, dando um bom lucro para a Sierra e se tornando o jogo mais vendido da história da empresa. Porém, em termos de crítica sua recepção foi apenas morna: se em termos técnicos o jogo era muito elogiado, por outro lado seus quebra-cabeças eram considerados muito simples, e o jogo sofreu várias críticas pelo excesso de violência, o que aliás fez Phantasmagoria ser vendido nos EUA com um selo para maiores de 17 anos.

Eu joguei Phantasmagoria e de fato em termos de enigmas o jogo me decepcionou, assim como a sua duração, bem curta para o que eu esperava. Os gráficos também não eram exatamente iguais a de um filme, o que também me frustrou um pouco... Porém, o que Roberta Williams prometeu ela cumpriu: visualmente o jogo estava bem acima dos concorrentes, não deixava de ser algo realmente impressionante e bem diferente de tudo o que havia sido feito antes; e principalmente, o jogo era realmente assustador! Somando prós e contras, posso dizer tranquilamente que aprovei o game. Jogar Phantasmagoria foi uma experiência bem memorável e alguns de seus "sustos" eu me lembro até hoje.

A interface do jogo de Phatasmagoria em detalhes

Em 1996 a Sierra foi comprada pela CUC International por mais de US$1 Bilhão, sendo que Roberta foi inicialmente foi contra a venda, pois duvidava da credibilidade dos compradores; entretanto, ela acabou cedendo devido a pressão do restante de seus co-acionistas. Em 1998 a CUC International foi pega em um escândalo fiscal (sim, ela estava certa sobre a CUC) e Roberta - que já estava trabalhando bem menos após a venda por ter perdido sua liberdade criativa - deixou a Sierra em definitivo, juntamente com seu marido Ken, e ambos se aposentaram.

Além de todo seu legado em termos de jogos (cerca de 30) e indústria, Roberta Williams também ajudou ao dar voz feminina no mundo dos jogos de computadores. Por exemplo, alguns de seus jogos tinham protagonistas femininas; mas principalmente, Roberta deu espaço e formou outras grandes mulheres para o mundo dos games, como por exemplo Lorelei Shannon (de King's Quest VII e Phantasmagoria II), e principalmente Jane Jensen, criadora da franquia Gabriel Knight e futura co-fundadora das empresas de jogos Oberon Media e Pinkerton Road. 

Roberta Williams e Lorelei Shannon trabalhando na Sierra

Em Julho de 2021 Ken e Roberta Williams anunciaram em suas redes sociais estarem trabalhando juntos em um novo jogo, o que não acontecia há mais de 20 anos. A previsão era que o jogo saísse no final do mesmo ano, o que não aconteceu, e mais nada sobre ele foi anunciado. Ainda assim, mesmo estando quase na casa dos 70 anos, tudo indica que o mundo dos jogos de computadores poderá ser surpreendido por Roberta novamente. Vamos ver o que o futuro nos aguarda.



PS: sobre os jogos adventures

Vale a pena explicar: ao citar "adventure" em meu texto o tempo todo, isso não foi um jeito "preguiçoso" ou "esnobe" para não traduzir a palavra aventura. Pois de fato adventure neste contexto se trata de um estilo bem específico de jogo, que privilegia a história e a resolução de quebra-cabeças ao invés de ação. Com a chegada do mouse, esse tipo de jogo também passou a ter como sinônimo o nome de point-and-click. Como eu já disse no texto acima, os anos de Ouro dos adventures foram na década de 90, lideradas por duas empresas: Sierra On-Line (originalmente On-Line Systems) e a LucasArts (originalmente Lucasfilm Games).

Dentre os grandes clássicos dos jogos de adventure, e que ainda recomendo a todos jogarem, posso citar: Maniac Mansion, Day Of The Tentacle, a franquia Monkey Island, Indiana Jones and the Fate of AtlantisThe Dig, Full Throttle (todos da LucasArts), as franquias King's Quest e Gabriel Knight (esses são da Sierra); e também sucessos de outras empresas diversas, como por exemplo Myst, The 7th Guest, a franquia Tex Murphy e a franquia The Legend of Kyrandia.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...