Mais uma vez o ator Johnny Depp e o diretor Tim Burton estão
juntos, em sua 8ª participação conjunta. E também mais uma vez eles se unem
para trazer ao espectador um mundo sombrio e bizarro. Baseado no seriado de TV
estadunidense de mesmo nome do filme ("Dark Shadows", no original), a
trama traz Depp como um vampiro acorrentado dentro um caixão por 2 séculos,
escapando enfim de sua prisão e ressurgindo na década de 1970, mesma década do
seriado, para reencontrar os descendentes de sua família.
Aos poucos somos apresentados à trama e a todos os
personagens do filme, dentre eles a bruxa Angelique (Eva Green), responsável
por transformar Barnabas Collins (Depp) em vampiro. E por cerca de uma hora vemos o diretor
nos apresentar o mundo de “Sombras da Noite” de maneira agradável e contínua;
diria até comedida. Cenários sombrios muito bem filmados, piadas bem
distribuídas ao longo da história (as comparações entre os 2 séculos geram as
melhores piadas), tudo flui muito bem, mesmo não trazendo grandes cenas de
suspense ou humor.
Os atores também são um ponto positivo. Mesmo claramente
interpretando personagens “clichês”, eles conseguem fazê-lo sem serem
caricatos. E isto se aplica até para Johnny Depp. Mesmo apesar do bizarro
visual de seu personagem, ele quase se comporta como um humano comum, o
destaque – quem diria – vai mais pelos seus diálogos do que pelas suas caretas
e loucuras.
Se o diretor tivesse mantido sua costumeira preferência pelo
bizarro e exagerado sob controle até o fim, “Sombras da Noite” seria um filme
acima da média. Infelizmente não é o caso, já que "controle" definitivamente não é o que descreve as cenas finais.
Todos os excessos economizados ao longo do filme aparecem de
uma vez só. E haja efeitos especiais (não necessariamente bons) e pouca
história. Chega me lembrar o filme “Um Drink no Inferno”, onde do nada o que
parecia uma história policial se transforma em filme de monstros e vampiros.
Mas se no filme de Robert Rodriguez o final exagerado é algo
positivo, aqui acontece justamente o contrário. E o filme traz, em teoria, um
final feliz. Porém, a construção deste final ao longo do enredo é tão
superficial que a história se encerra de maneira abrupta e sem graça. É tão ruim que inclusive saimos do cinema sem ter passado pela sensação de um final feliz.
“Sombras da Noite" traz universo, personagem e
diálogos que poderiam se tornar memoráveis. Mas a recepção não muito boa de
público e crítica nos mostra o quanto um bom final faz a diferença na percepção
do filme como um todo. E não posso dizer que eles estão errados.
Nota: 6,5.
PS: o figurino utilizado pelo vampiro Barnabas para fugir do sol é claramente uma referência a Michael Jackson. Vindo de Depp, entendo ser uma homenagem ao cantor.
PS: o figurino utilizado pelo vampiro Barnabas para fugir do sol é claramente uma referência a Michael Jackson. Vindo de Depp, entendo ser uma homenagem ao cantor.