sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Crítica - As Aventuras de Pi (2012)

“Um espetáculo visual. E uma boa história.”

Baseado no livro best-selling de mesmo nome do escritor canadense Yann Martel, “As Aventuras de Pi” contam a história do jovem indiano Pi, que na adolescência foi vítima de um naufrágio em um navio onde também estavam sua família e alguns animais do zoológico de seu pai. Como resultado, ele ficou meses abandonado em um pequeno bote juntamente com alguns animais e um tigre, de nome Richard Parker, co-protagonista do filme.

O enredo começa com um Pi já adulto recebendo a visita de um escritor para ouvir sua fascinante história de vida. E os interesses do visitante não eram apenas literários. Segundo ele, lhe contaram que seria “uma história para se convencer que Deus existe”.

Este começo me decepcionou duplamente. Primeiro, por temer que o filme se tornasse uma espécie de pregação (e felizmente isto não ocorre, religião é abordada de maneira apenas superficial). E principalmente, porque fazendo o narrador do filme ser um Pi já adulto, obviamente concluímos que ele sobreviveu ao naufrágio e a quaisquer perigos que enfrentara.

Mas então é aí que entra o grande trabalho do diretor Ang Lee. Posso afirmar que as tais “aventuras” de Pi são tão bem executadas que te deixam preocupado com a vida do protagonista mesmo que seja ele contando a história. As cenas de ação são críveis e bem interessantes. Grande parte do filme se baseia na difícil (e improvável) convivência entre Pi e Richard Parker dentro de um bote. E é muito bom!

Tecnicamente o filme também impressiona. O visual é incrível, o tempo todo. Não somente as paisagens, mas também os efeitos especiais. Saiba que o tigre é 100% computação gráfica. E não será assistindo “As Aventuras de Pi” que você iria conseguir descobrir isto.

Confesso que Ang Lee nunca me chamou muita atenção, mas desta vez ele me impressionou. Não é só a fotografia. A trilha sonora é sóbria e adequada. As atuações dos atores, muito boas. E tecnicamente, é apenas no uso do 3D que tenho alguns "poréns" a comentar.

Lee usa o 3D em sua melhor maneira, ou seja, com planos bem longos, onde estes sim dão sensação verdadeira de profundidade. Mas ele poderia usar este recurso mais vezes (como fez Scorsese em seu "A Invenção de Hugo Cabret"). O diretor também usa os tais truques de “objetos saírem fora da tela” com parcimônia e de maneira inteligente. O que é bom. A grande falha dele foi exibir várias cenas onde o fundo estava desfocado. Isto é um recurso desnecessário. Afinal, a diferença de foco é justamente pra nos dar a sensação de profundidade no 2D. Se é 3D, usar pra que?

O desfecho da história de Pi é parte fundamental do filme. Após uma breve cena tocante (são pouquíssimas as que emocionam ao longo da projeção), a narrativa muda de tom e se discute, nos fazendo refletir. O final é inteligente. E só então percebemos que usar o Pi adulto como narrador faz todo o sentido. Porque o filme não é “realmente” sobre naufrágio, nem sobre religião, nem sobre homem vs natureza. É sobre saber contar uma história. E "Pi" é um grande contador. De uma história realmente boa.

Nota: 8,5

domingo, 30 de dezembro de 2012

Crítica - "Argo" (2012)


"Sóbrio e historicamente interessante".

Baseado em uma história real, "Argo" possui sem dúvida uma premissa curiosa. O ano é 1979, no Irã. Com a recusa do governo dos EUA em entregar o xá Reza Pahlevi, recém deposto pela população, os iranianos invadem a embaixada estadunidense fazendo de seus funcionários reféns. Entretanto, seis americanos conseguiram escapar, se refugiando na embaixada canadense.

O dilema: se tentarem sair do país, serão identificados e provavelmente mortos. A solução: com a ajuda de uns figurões de Hollywood, a CIA monta um plano de criar "Argo": filme de ficção científica a ser rodado no Irã. A idéia é incorporar os seis refugiados como integrantes da produção do filme, e trazê-los sãos e salvos no retorno do elenco aos EUA.

O filme (este, de 2012) começa muito bem. De cara acompanhamos a invasão da embaixada, em cenas tensas, barulhentas, e muito bem executadas. Aliás, o filme é bem executado em geral. Bastante sóbrio, sem apelar para sentimentalismo, consegue mostrar em paralelo diversas ações (acontecendo em diversos locais dos EUA e do Irã) com competência. Tecnicamente o filme também impressiona, principalmente na fotografia, excelente.

Outro ponto bacana é o fato do roteiro não esquecer de contextualizar o momento histórico em questão. Então temos algumas transmissões de TV da época, vemos que enquanto acompanhamos esta crise há outra em curso (a invasão do Afeganistão pela URSS), etc.

Todos estes fatores pesam a favor do diretor (e ator principal) Ben Affleck. Entretanto, mesmo com todas estas qualidades, o filme não empolga tanto, principalmente pela falta de carisma de seus personagens. Os atores são todos frios, distantes. Nenhum personagem (nem o principal, interpretado pelo ator-diretor) tem sua história aprofundada. A tal sobriedade que elogiei anteriormente também tem sua contrapartida.

Mas outro problema do filme, ironicamente, é justamente quando ele tenta dar mais emoção à história. São vários os momentos em que os seis estadunidenses não são pegos em flagrante por questão de um mísero segundo (literalmente). Mesmo com este bom trabalho na direção, Affleck parece não conseguir escapar dos clichês Hollywoodianos.

Eu não tenho dúvidas que "Argo" receberá várias indicações ao Oscar, e poderá levar algumas estatuetas pra casa. Não que mereça, mas faz parte do modus operandi da Academia prestigiar filmes que homenageiam Hollywood. E querem maior homenagem que esta? Uma história real onde eles se envolvem em resgate de vidas?

Bem feito, porém sem grandes passagens ao longo do enredo, "Argo" distrai e certamente vale a pena assisti-lo como curiosidade histórica. Nota: 7,0.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Crítica - "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" (2012)


"Quando mais é menos".

Agora sim, a aguardada crítica sobre o filme, ignorando seus 48 fps (se quiser ver minhas impressões sobre o HRF, clique aqui).

Temos em "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" mais uma adaptação dos livros de J.R.R. Tolkien. Na verdade, Hobbit é o primeiro livro do autor dentro do universo da Terra Média, escrito cerca de 17 anos antes de "A Sociedade do Anel". Aqui o herói que dá nome à aventura é o hobbit Bilbo Bolseiro, tio de Frodo.


Se pararmos para pensar: o roteiro original vem de J.R.R. Tolkien, que dispensa comentários. A direção vem de Peter Jackson, que já mostrou bastante competência com a trilogia do Senhor dos Anéis. Com esta dupla, era pouco provável que Hobbit desse errado. E não deu. "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" é um bom filme, no pior dos casos um bom entretenimento. Todo o encanto, aventura, e qualidade técnica que vimos nos filmes do Senhor dos Anéis está de volta.

Aliás, tecnicamente, temos duas novidades bem interessantes: primeiro, a filmagem a 48 fps; e segundo, várias cenas com tomadas aéreas "de curta/média distância". Desta maneira, conseguimos desfrutar as paisagens e as batalhas de uma maneira inédita e privilegiada, onde temos uma completa noção de onde/como se passam as ações.

Tudo isto serve para agradar os olhos. E "O Hobbit" também é eficiente em agradar o coração, pois nele também temos as esperadas cenas com dose certa de emoção e heroísmo. Para fechar o pacote, só faltaria a parte de agradar a mente (roteiro). E é aí que a aventura de Bilbo falha, e bastante.

A ganância dos envolvidos com a trilogia nos cinemas fez que um livro infantil fosse dividido em TRÊS longos filmes. Obviamente, muita coisa extra livro precisaria ser acrescentada para preencher três produções. E é uma pena que são exatamente as partes "extra livro" que enfraquecem a trama.

Logo de cara, temos DUAS introduções ao filme. A primeira, totalmente irrelevante, só serve para mostrar Frodo, ou seja, fazer uma ponte entre as duas trilogias. Ainda para reforçar a ligação entre as duas trilogias, temos aparições de personagens extra-Hobbit, como por exemplo Saruman, Galadriel e o mago Radagast. A participação destes personagens sob justificativa de uma "grande e misteriosa força do mal" descaracterizam a obra original, dando a Hobbit um tom muito mais sombrio do que a aventura "leve" do livro.

Radagast aliás, é um dos pontos mais baixos do filme. Sua participação abrupta não somente quebra totalmente o ritmo da história, como é um personagem exageradamente caricato, deslocado do mundo apresentado.

A necessidade de "fazer o tempo passar" fica evidente nos diálogos - alguns repetitivos e desnecessários - e principalmente nas batalhas. Sim, batalhas com trolls, orcs, gigantes de pedra... tudo isto está no texto de Tolkien. Mas o que deveriam ser batalhas simples foi realizado de maneira tão grandiosa, tão inverossímil,  tão carregada de efeitos especiais que remetem aos piores momentos da nova trilogia do Star Wars de George Lucas.

Curiosamente, este "inchaço" não pode ser creditado exclusivamente à ganância de Hollywood. Parte da culpa é do diretor Peter Jackson. Afinal, o lucro com três filmes já estava definido e garantido, e ele poderia simplesmente fazer cada filme com cerca de uma hora e meia. Mesmo assim Jackson fez questão de fechar o primeiro filme da trilogia com absurdos 169 minutos! (E isto não é surpresa pra mim... Lembram?).

Apesar de seus defeitos repito que "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" ainda consegue ser um bom filme, e vai agradar quem gostou de "O Senhor dos Anéis". Devido sua longa duração, a história chega a cansar um pouco, mas isto é amenizado devido ao constante encantamento que temos explorando novos trechos do universo de Tolkien. O primeiro filme Hobbit é definitivamente inferior a qualquer um dos três "Senhor dos Anéis", mesmo assim, ainda diverte. Nota: 7,0.

Assisti! Hobbit a 48 fps!!


"O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" já entrou para a história do cinema  Não pela sua qualidade (a crítica sobre o filme virá ainda hoje, no meu próximo post), mas por ser o primeiro filme comercial a exibir cenas em 48 fps. (Quer saber mais sobre o 48 fps? Clique aqui).


A nova trilogia de Peter Jackson foi concebida para ser exibida em 3D a 48 fps, e foi sob este formato que fiz questão de assistir "Hobbit 3D HFR" (High Frequency Rate, é como estão vendendo o 48 fps no Brasil). Seguem então minhas impressões:

A grande diferença (e vantagem) em relação ao tradicional, conforme se esperava é a qualidade das imagens; ou melhor ainda, seu detalhamento. Não é exagero: na telona do cinema você consegue ver nos closes cada poro da pele dos atores, ou cada fibra de suas roupas. Toda esta precisão absurda deverá se tornar o grande desafio (ou seria pesadelo?) dos maquiadores e figurinistas daqui para frente. Uma ideia aproximada da qualidade das imagens é o que você encontra assistindo Blu-Ray em TVs LED de alta resolução.

Em termos de 3D - se isto é consequência do 48 fps ou não eu não sei - aqui vemos uma claridade e uma quantidade de cores incomuns (o 3D atual deixa as imagens naturalmente mais escuras, opacas). Tudo é um grande deleite para os olhos, realmente impressionante!

Nem tudo funciona bem, entretanto. Quando o filme começa, as imagens estão em velocidade acelerada, como se estivéssemos apertado um botão "FF". E esta sensação "ruim" se reforça graças à infeliz escolha de cenas pelo diretor: temos de cara sequencias de muita ação, com a câmera em total movimento, o que obviamente amplia a sensação de "correria".

Gradualmente, entretanto, as imagens vão voltando a "velocidade normal". Provavelmente porque sua mente vai se acostumando ao que vai vendo. Depois de uns 15 min já está tudo bem menos acelerado... mas acho que levei cerca de 1h para que as imagens estivessem "100 %" normais em termos de aceleração.

Temos outro problema na computação gráfica. E não se enganem. Em Hobbit, os efeitos via computador são excepcionais, um trabalho brilhante, um dos melhores que já vi. Entretanto, passando pela prova do incrível detalhamento do 48 fps, algumas cenas se tornam "artificiais demais". Nas tomadas nas florestas esta sensação não existe, tudo funciona muito bem. Porém, em construções (sejam imagens internas ou externas) e batalhas gigantes a sensação de artificialidade é maior do que se costuma ver nos filmes atualmente.

Entendo que vale a pena todos experimentarem o 48 fps pelo menos uma vez. É uma "revolução" menor que eu esperava, confesso, mas mesmo assim inesquecível para os olhos. Imagino que em pouco tempo, após conhecer melhor esta nova tecnologia, os problemas vistos em "O Hobbit" serão resolvidos. Em contrapartida não imagino ver o 48 fps substituindo o 24 fps. Mas assim como vale a pena assistir determinados filmes especificamente em 3D, certamente serão produzidos mais filmes onde o 48 fps faça a diferença.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ficção científica as vésperas do fim do mundo

Como todos sabem – a menos que você seja muito desinformado – o mundo acabará em breve, no dia 21 de dezembro de 2012. :)

Mas antes que o mundo acabe, faço duas indicações para passar o tempo até lá. São obras de ficção científica que entendo nos fazer refletir sobre o assunto, e por isto irei aproveitar a oportunidade para ler (um livro) e rever (um filme) estas obras para "entrar no clima" deste evento vindouro rs.

A primeira indicação é de um livro que nunca li. Por isto não sei se é bom ou não. Mas promete. E comecei a ler ele ontem.


Se trata de “O Cair da Noite” (“Nightfall” no original), livro escrito a quatro mãos por Isaac Asimov e Robert Silverberg. E que acaba de ser republicado no Brasil, pela editora Arte & Letra (não, não estou recebendo jabá por isto, quem dera).

A premissa é a seguinte. Estamos no planeta Kalgash, onde existem seis sóis e consequentemente, nunca há noite. Então, duas descobertas científicas mudam tudo o que se pensava por lá. Primeiramente, arqueólogos descobrem evidências de que sua civilização vêm constantemente sendo destruída e reconstruída a cada 2 mil anos. Segundo – e talvez ainda mais chocante - astrônomos descobrem que a órbita do planeta não é regular, e que em breve não somente estarão orbitando apenas um sol, como ainda, irão experimentar um eclipse solar total. Pela primeira vez, portanto, eles verão a escuridão.

Querem algo mais relacionado ao fim do mundo que isto? E aparentemente, o pessoal de Kalgash está numa situação bem pior que a nossa. :)

A segunda indicação é sobre um filme clássico. “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, do diretor Stanley Kubrick. Se não é sobre o fim do mundo, é sobre um momento crítico da história da humanidade. E nos questiona o "de onde viemos", "por que viemos".


Para várias pessoas, “2001” é como se fosse “o filme mais chato de todos os tempos”. De fato, é um filme absurdamente lento, difícil de assistir, e difícil de entender.

De minha parte, minha visão sobre este filme de Kubrick nunca foi assim extrema. Considero-o um bom filme, porém, que me frustra – confesso - pelo seu final “confuso” que nunca entendi muito bem.
O que mudou, para eu querer assistí-lo novamente? Bem, em primeiro lugar, eu só o assisti uma vez, e tinha uns 15 anos. Acho que mudei um pouco de lá pra cá. :)

E em segundo lugar, assisti semana passada um ótimo vídeo do crítico Pablo Villaça analisando “2001”. O vídeo é antigo, mas vi só agora. E além de dar aula sobre as técnicas usadas pelo diretor, ele explica o final. Agora, vou assistir o filme novamente e verificar se compartilho de suas conclusões ou não. Para quem se interessar pelo assunto, segue o link para o vídeo do Pablo, publicado em duas partes.


O bacana de “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, é que ele é um bom contraponto ao livro que citei. Afinal, é um filme otimista. Para ele, a humanidade evolui. E ainda vai evoluir bastante antes do fim do mundo. :)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Retomando discussões / impressões

Desculpem minha ausência. Na verdade, a falta de filmes “realmente interessantes” no cinema me fez ficar em casa. Por isto, aproveito para dar novas opiniões sobre alguns temas já comentados por aqui.

Hobbit a 48 fps

O primeiro tema é justamente a solução para o “não ter nada de interessante pra assistir nos cinemas”. Estamos há 10 dias da aguardada estréia de “O Hobbit - Uma Jornada Inesperada” (em  14 de dezembro de 2012).

E eu já comentei aqui que Hobbit foi filmado a 48 fps e temia que esta novidade não chegaria ao Brasil (para entender mais, leia: http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/03/48.html e http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/04/48-2-capitulo.html )


Felizmente, teremos 48 fps no Brasil! E a lista das salas que já confirmaram a novidade pode ser encontrada aqui: http://omelete.uol.com.br/hobbit/cinema/o-hobbit-48-quadros-por-segundo-vira-no-brasil-confira-salas/

Novo Robocop – há esperança

As primeiras imagens do novo Robocop me decepcionaram bastante. E não perdoei:  http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/09/o-novo-robocop-jose-padilha-fernando.html

Porém, como se nota abaixo, a armadura “final” deverá ser bem próxima à armadura original. Menos mal.


Na verdade, José Padilha explica que ao longo do filme, a armadura de Robocop vai sendo “atualizada”, ficando mais moderna com o passar do tempo. A imagem acima seria da armadura original.

Elementary – até que não é ruim

Finalmente, mais uma retificação em relação a meu mal humor. :)

Eu fiquei revoltado ao ver uma nova série nos EUA, Elementary, alterar tanto Sherlock Holmes a ponto de fazê-lo morar em Nova York e o Dr. Watson virar Doutora Watson, representada por Lucy Liu: http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/02/sherlock-holmes-esta-virando-palhacada.html .

Mas, não posso criticar sem conhecer. Portanto, fiz questão de assistir a série. E passados já oito episódios (assisti todos), posso dizer que a série não é ruim. Ela não chega nem aos pés do Sherlock Holmes atualmente exibido pela inglesa BBC. Entretanto, sob o batido formato “série policial onde em cada episódio se prende o vilão da vez”, é um dos seriados menos ruins do gênero produzido atualmente nos EUA.


Assim como na BBC, vemos um Sherlock Holmes transportado para os dias atuais. E menos mal que se trata do Sherlock “de verdade”. Ele é Inglês, e pelo que a história insinua, toda a sua carreira que conhecemos dos contos realmente “aconteceu” lá em Londres. Porém, após todo seu sucesso no velho continente, ele acabou virando viciado em ópio, foi rejeitado pela Scotland Yard, e vindo para os EUA se tratar. É onde conhece a Doutora Watson, ex-médica que hoje trabalha como acompanhante/tutora de ex-drogados.

Não é um conceito absurdo. Afinal, nos livros de Conan Doyle, Holmes enfrentou diversas recaídas pelo uso da droga, que ele usava para “expandir a mente” em casos extremamente difíceis.

Há alguns episódios fracos. Previsíveis. Mas na média, até agora tem sido interessante acompanhá-lo. Apesar de todas as mudanças em Holmes e Watson, suas características são preservadas. Ele mantém seu aguçado poder de observação, sua obsessão pela solução de problemas, e explica sempre suas conclusões. Ao mesmo tempo, Watson é companheira leal e inteligente, como nos livros.

E é isto. Pra compensar minha ausência, amanhã tem outro post!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Crítica: 007 - Operação Skyfall (2012)

“James Bond retoma a boa forma, ainda que em crise temporal”

Com Cassino Royale, em 2006, a franquia de James Bond teve um grande recomeço. Não apenas estreava um novo ator para o papel do famoso espião, o britânico Daniel Craig, mas também pela trama trazer simplesmente “a” primeira missão de Bond como 007.

Mais ainda, o estilo mudara. Cassino Royale trouxe muito mais realismo para a franquia. Vilões caricatos, apetrechos exóticos (leia-se bizarros), tudo isto ficou de fora. E além do realismo, muita ação, claro. Com direito a uma enorme sequência inicial de parkour de tirar o fôlego. A estréia de Craig como Bond foi excelente, facilmente um dos melhores filmes do espião já feitos.

Dois anos depois veio Quantum of Solace, ainda menos parecido com os Bond clássicos, e com história confusa e ruim. Pelo menos eles tiveram a desculpa de terem sido atrapalhados pela greve de roteiristas que rolava na época.

Chegamos então a 2012, com Operação Skyfall  e sua missão de provar que a grande qualidade de Cassino Royale não foi um golpe do acaso. E assim como seu antecessor, o novo filme de Bond também começa com uma longa e ótima cena de ação. Mas agora a perseguição não é apenas a pé, e sim também com carros, motos, e até trem.

Em pouco tempo vemos que a história também é um pouco diferente. Não se trata de alguém querendo dominar o mundo, e sim, de vingança pessoal contra a M (Judi Dench) e a MI6. Este sentimento de “algo dentro de casa” é reforçado com maestria pela filmagem feita o tempo todo em plano fechado (e as vezes até em primeira pessoa). Aliás, a fotografia é muito boa e a variedade de cenários,  ângulos e tomadas de câmera feitas ao longo do filme impressiona.

O roteiro, se não é brilhante, agrada. É balanceado, simples, e sem falhas. E outro grande ponto positivo do filme é o vilão intrepretado pelo espanhol Javier Bardem. Sem dúvida o vilão mais interessante que o Bond-Craig já enfrentou. Ainda sobre atuações, Judi Dench está muito bem. O mesmo não pode se falar de Daniel Craig. Se em Cassino Royale ele conseguiu nos mostrar que tinha sentimentos, não se pode falar o mesmo por aqui. Craig convence como ator de ação. Mas como ator dramático, desta vez perdeu até pro cigano Igor.

Se parássemos aqui, Operação Skyfall seria de nível semelhante à Cassino Royale. Mas não é. Sob justificativa de comemorar os 50 anos da série, passado e presente se misturam de maneira confusa. Personagens clássicos, ausentes desde 2006, como o inventor Q e a secretária Moneypenny retornam a franquia. Porém retornam de maneira desfigurada.

Outro elemento estranho é ver Bond em vários momentos se lembrar dos “velhos tempos”, sentindo saudades dos apetrechos espalhafatosos que recebia para completar uma missão. Oras... os dois filmes anteriores mostraram James em seu primeiro ano como 007, se passando nos dias atuais (e sem as bugigangas). Como Bond ficou “tão velho” de uma hora para outra? Soa artificial demais.

Há também um retrocesso no realismo conquistado com Cassino Royale. Até quando vamos ver vilões com arma de fogo na mão, e ao invés de atirar a distância, encostar ao lado do mocinho para atirar, porém apenas para ser desarmado? Será que nenhum vilão sabe que um revolver funciona diferentemente de uma faca? E se isto acontecesse uma vez só, tudo bem. Mas acontece uma, duas, três...

Somando prós e contras o resultado final é um filme com falhas, mas ainda sim bom e de ritmo intenso. Operação Skyfall não alcança Cassino Royale, mas é bem superior a Quantum of Solace.
Nota: 7,0.

PS: mais uma vez, minha “homenagem” aos idiotas que “traduzem” os nomes dos filmes. Originalmente apenas “Skyfall”, aqui no Brasil o título foi estendido para “Operação Skyfall”. Faltou avisar ao “jênio” que fez isto que "Skyfall" não é o nome de nenhuma operação, e sim de outra coisa (que não vou contar para não dar spoiller). Lamentável.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bomba: anunciado Star Wars VII (ou se preferir, “George Lucas, o fanfarrão”)

Vou direto à notícia completa. Ontem a tarde (dia 30), foi anunciada a venda da Lucasfilm (estúdio de George Lucas) para a Disney, por US$ 4 bilhões. E mais, já está confirmado para 2015 a estréia nos cinemas de Star Wars VII.

Já imagino acaloradas discussões na internet, dizendo se isto é uma notícia boa ou ruim. Particularmente, eu detestei. Seguem portanto minhas considerações.

George Lucas um dia foi legal

Não dá para negar a contribuição de George Lucas aos cinemas. Sim, ele chamou bastante atenção de Hollywood com seus primeiros filmes: THX 1138 (1971) e American Graffiti  (1973); mas não é a isto que me refiro. Falo de Star Wars (1977). O expoente máximo do início da “era dos blockbusters”, iniciada em 1975 com Tubarão, de seu amigo Spielberg.

Star Wars mudaria a maneira de se vender e lucrar com cinema. Com muito dinheiro gasto em marketing; com muito retorno de público; e com um lucro sem igual em produtos derivados licenciados. E fez tudo isto com um filme que misturava ficção científica, com filosofia oriental... nada que se imaginava agradar o público da época.

Mais ainda, com restrições de orçamento, Star Wars revolucionou os efeitos especiais da época, se desdobrando para entregar efeitos críveis (e ótimos) via Industrial Light & Magic, empresa criada por Lucas especialmente para isto.

E não para aí. George Lucas ainda co-criou outra franquia excepcional, Indiana Jones (uma de minhas preferidas). E criou também a Lucasarts, produtora de ótimos jogos para computador (vocês se lembram de Monkey Island, Maniac Mansion, etc?).

1999 – o fantasma que mudou tudo

Tudo mudaria para pior a partir de 1999, com a estréia de Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma. Sinceramente, eu acho que Lucas deveria mesmo ter feito a primeira trilogia, e não a acho ruim. Mas é inegável que ela chega até a desconstruir a saga original, e que a qualidade caiu muito (principalmente no primeiro filme).

A nova trilogia não foi o maior problema então. O problema foi a ganância de George Lucas. E sua odiável mania de reescrever a história. Brotaram bilhares de versões de seus filmes de Star Wars... cada um alterando determinadas cenas, reescrevendo de maneira covarde uma história já consagrada. E enchendo de efeitos especiais por computador, tornando os filmes originais piores do que eram.

Um caso emblemático disto é a tal cena do “Han Solo atirou primeiro”, do Star Wars IV (1997). Como qualquer mercenário que se preze, ele atirou em um assassino antes que o mesmo atirasse nele. QUAL O PROBLEMA DISTO? Pois Lucas alterou pro assassino atirar primeiro, e ainda teve a cara de pau de declarar que Han Solo JAMAIS atirou primeiro... o ângulo da câmera que deu a "impressão errada".

George Lucas, o fanfarrão

E ainda tem mais. Não bastou a ele alterar cenas de seus filmes. Ele quis alterar a história de como seu filme foi criado! Na década de 70, George Lucas explicou pra quem quisesse ouvir que a saga de Star Wars era composta de nove filmes, ou 3 trilogias (as vezes chegou até falar de uma 4a trilogia), e que resolveu iniciar pela trilogia “do meio” por entender ser a mais viável comercialmente.

E não é que no mesmo famigerado ano de 1999, ele negou veementemente que havia uma 3ª trilogia? Disse que a saga SEMPRE foi feita para 6 filmes. Episódio VI era o fim e acabou. É mesmo um fanfarrão.

Até porque ontem, comentando o anúncio da venda de sua companhia para a Disney, e perguntado sobre “o que vai ser da saga Star Wars”, ele respondeu... “bem, existem scripts para os filmes de 7 a 9, e mais centenas de livros, quadrinhos, jogos, do universo expandido que podem ser incorporados”.

Ah, Lucas... vou manter o “fanfarrão” para não descer o nível


Vender para a Disney é ruim sim senhor

Preconceitos a parte com a companhia do seu Walt, contra fatos não há argumentos. Alguns anos atrás, a Disney comprou também a Pixar e a Marvel.

Isto significou que eles deixaram de fazer bons filmes? Não. Mas significou que, na média, os filmes pioraram. Pois para a Disney, pouco importa a qualidade. O que importa é quantidade (leia-se “dinheiro”). Com isto, passamos a ver filmes “não tão bons assim”, como por exemplo Carros 2, Thor ou Capitão América.

Isto sem contar que o mais recente fracasso da companhia foi justamente a sua tentativa de ter seu “próprio Star Wars”, com John Carter - Entre Dois Mundos (2012).

A nova trilogia - o que esperar?

Deixando claro, ainda não está confirmado que teremos uma nova trilogia. Apenas um Episódio 7 foi anunciado. Qual será a história? Ninguém sabe. Provavelmente, nem a Disney.

Mas a 3ª trilogia, dos filmes de 7 a 9, está escrita desde a década de 70, não é? Do que ela se trata?

A versão mais aceita é que nos filmes 7 e 8 Luke Skywalker iria se consolidar como “o” Jedi, e que no filme 9, somente aí, o Imperador seria confrontado e derrotado definitivamente. Ou seja, no filme 6 apenas Vader seria derrotado, o Imperador não.

Há outra abordagem, bem mais pessimista, que dá conta de que Luke passa para o lado negro da Força... ele não soube lidar com tanto poder devido não ter terminado seu treinamento. Portanto, a 3ª trilogia giraria em derrotar Luke (e desta vez o Império de uma vez por todas), sendo a heroína final a filha de Han Solo com a Princesa Léia. Esta história já teve sua versão contada na saga em quadrinhos Dark Empire, publicada nos EUA pela editora Dark Horse em 14 edições, sob forma de trilogia, entre 1992 a 95. No Brasil, apenas a “parte 1” foi publicada, sob título de O Império do Mal, pela editora Abril em 1997.

E pode piorar...

Encerrando meu texto pessimista com chave de ouro, podem anotar aí. Mexer com Star Wars não vai ser suficiente. Lembra que eu disse lá no começo do texto, sobre outra ótima franquia da Lucasfilm? Pois é. Eu aposto com vocês que a Disney vai estragar Indiana Jones fazendo um reboot da série.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Crítica: As Vantagens de Ser Invisível (2012)

“O drama do adolescente rejeitado, desta vez em um filme muito bem executado e de grande sensibilidade”

“As Vantagens de Ser Invisível “, é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito em 1999 por Stephen Chbosky, que curiosamente também é o diretor do filme. A história começa com o primeiro dia de Charlie (Logan Lerman) no colegial. Extremamente tímido, fechado, “invisível” para as demais pessoas, só após um bom tempo sozinho ele acaba fazendo amigos: os não tão invisíveis, porém “esquisitos” meio-irmãos Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson). Enfim “enturmado”, acompanhamos Charlie crescer em seus problemas típicos de adolescente, como o primeiro beijo, o bullying, o primeiro amor, o contato com bebidas, drogas...

O que poderia ser apenas um filme comum se transforma em um filme diferenciado devido alguns motivos. O primeiro deles, é que além dos problemas de adolescente, Charlie tem que lidar com dois grandes traumas de seu passado, que aliás são apresentados pouco a pouco, sutilmente, ao espectador.

O segundo motivo é que o filme é muito bem executado. Tanto no presente, quanto no passado (os traumas de Charlie fazem com que ele tenha rápidos flashbacks/alucinações), as cenas e diálogos são apresentados no momento certo, crescendo junto com a história. Tudo tem sua razão de ser, até a trilha sonora, e se encaixam corretamente ao longo da trama.

Finalmente, impressiona a beleza com que os dramas são apresentados. Nota-se uma grande sensibilidade nas atitudes dos personagens em relação aos problemas de seus companheiros. Como por exemplo quando em plena festa, “chapado”, Charlie faz uma revelação sobre seu passado. De imediato Sam percebe o quanto esta declaração foi importante, melancólica, e sai em sua ajuda instantaneamente.

Não posso dar muito mais detalhes do filme sem estragá-lo. Por isto, só mais uma pitada de informação: o trio de atores principais está ótimo (é, Emma Watson é boa atriz sim), outro ponto positivo para o filme.

“As Vantagens de Ser Invisível “ é sem sombra de dúvida um drama. Porém, cenas muito bem resolvidas emocionalmente, e até momentos de delicado humor tornam o filme prazeroso de se assistir. Para o escritor/diretor Stephen Chbosky a vida é definitivamente dura, mas paradoxalmente, ela te traz muitas pessoas para ajudar a suportá-la e curtí-la. Nota: 8,5.

PS 1: infelizmente, a tradução apresenta vários erros significativos de tradução. E isto é mais um motivo do porque os filmes devem ser legendados. Se fosse dublado, ninguém jamais poderia perceber estes erros.

PS 2: como curiosidade, não posso deixar de comentar uma piada no filme que somente entende bastante de NHL captaria. Em um determinado momento, Charlie brinca com o pai dizendo: “E o seu Penguins, agora vai ou não vai?”. No que o pai responde: “Ah, a defesa deles é horrível, não vão chegar a lugar nenhum”...
Bem, como torcedor do Pittsburgh Penguins, eu posso dizer: “E daí? De fato não temos tradição na defesa... mas como fazemos gols!" Tanto que se a história, que ocorre no início dos anos 90 em Pittsburgh, tivesse mais alguns meses, o desesperançoso pai de Charlie estaria vendo seu Penguins sendo campeão pela primeira vez. :)

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...