domingo, 17 de fevereiro de 2013

Crítica - Amor (2012)

Título: Amor ("Amour", Alemanha / Áustria / França, 2012)
Diretor: Michael Haneke
Atores principais:  Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva
Nota: 7,0

“Duro e realista, mas surpreendentemente não tão chocante”

Este é o primeiro filme do elogiado diretor alemão Michael Haneke que assisto. E sua fama de fazer filmes "pesados" me deixou preparado para o pior assitindo Amor, sua nova produção. Premiadíssimo, Amor levou a Palma de Ouro de Cannes em 2012, e mais recentemente ganhou 5 indicações ao Oscar, dentre elas a de de Melhor Filme.

A trama não alivia: Um casal francês, Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), ambos com mais de 80 anos de idade e professores de música aposentados vivem em um modesto apartamento em Paris. Até que Anne sofre um AVC e fica com seu lado direito paralisado; com isto seu marido prova seu amor ao se dedicar a tratá-la a partir de então.

Amor é bastante realista. E aborda todos os problemas e dilemas associados a esta situação: a frustração e desânimo de Anne, a impotência e preocupação de George, a impaciência e revolta da filha (e a briga dela com o pai para deixar a mãe em um hospital), a dificuldade de se arrumar bons enfermeiros, e principalmente, a proximidade da morte. Tudo esta lá, de maneira direta, sem distrações.

Mesmo assim, para minha surpresa, Amor não choca tanto. Pode ser uma percepção minha, já que sei que a vida é exatamente como o filme mostra, nada que vi foi novidade. Mesmo assim, é evidente que não sou só eu: o diretor tem "culpa" em aliviar o peso emocional do filme.

Por exemplo, as cenas mais fortes são curtas. Mesmo claramente mais abatida e mais doente com o passar do tempo, Anne está sempre "arrumada" nas filmagens... limpa, bem cuidada. Este esmero se reflete no ambiente: a fotografia é muito bonita, as cenas são sempre bem iluminadas, e isto consegue transformar o velho apartamento dos protagonistas em algo aconchegante. Tudo isto torna o filme muito menos pesado para se assistir.
Georges pouco fala, nunca reclama. Só vemos seu sofrimento no olhar. A atuação de Jean-Louis Trintignant  é tão boa quanto a de Emmanuelle Riva (que foi muito mais indicada a prêmios que ele, inclusive ao Oscar de Melhor Atriz). Mas se ambos atuam muito bem, acima da média, não chegam a me impressionar tanto, até porque, novamente, não há muitas cenas que lhes exijam tanto. Os maiores dramas estão reservados para pequenas cenas.

No fundo, o maior pesar ao assistir Amor é a paciência. O filme é bastante lento, e nos transforma em cúmplices do casal no sofrimento que é ver o tempo passar tão devagar em uma situação tão desagradável.

Bastante realista, bem executado, sem defeitos, Amor é um filme muito bom mas que não surpreende e evita chocar, o que faz perder para mim alguns pontos. Nota: 7,0.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Crítica - João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013)

Título: João e Maria: Caçadores de Bruxas ("Hansel & Gretel: Witch Hunters", Alemanha / EUA, 2013)
Diretor: Tommy Wirkola
Atores principais:  Jeremy Renner, Gemma Arterton, Famke Janssen
Nota: 4,0

“Sessão da Tarde em forma de videoclipe”

Particularmente, não gosto deste tipo de "releitura" dos contos de fábulas. Transformar uma história infantil em um filme com um monte de ação sem propósito. Meses atrás, isto já fora feito com Branca de Neve e o Caçador, filme que ainda não assisti. E como ambos foram bem de bilheteria (muito bem aqui no Brasil, aliás), certamente ainda vamos ter vários filmes seguindo esta fórmula.

Apesar de meus protestos, se as cenas de ação forem bem feitas estes filmes podem se tornar um bom entretenimento apesar de tudo. Porém, infelizmente não é o que acontece aqui em João e Maria: Caçadores de Bruxas.

A história é bem simplória: João (Jeremy Renner) e Maria (Gemma Arterton) se tornaram celebridades ainda crianças, por matarem a bruxa que os seqüestrou. E resolveram desde então virarem "profissionais" no caça às bruxas. A história que vêm a seguir é parecidíssima com a do divertido Os Irmãos Grimm (2005), de Terry Gilliam, porém os Grimm nos proporcionam algum enredo, o que não acontece aqui. João e Maria é pura ação e mais nada.

As dezenas de lutas espalhadas ao longo da trama são bastante irregulares. Algumas muito boas, mas a maioria delas são lutas fake. Você acha que vê os heróis e as bruxas se batendo o tempo todo, mas tudo é tão rápido que você não vê os golpes de verdade. Apenas os imagina.

A única coisa realmente boa do filme são as imagens. A fotografia é muito bonita e as lutas parecem videoclipes. Não a toa, um dos estúdios das filmagens de João e Maria foi o MTV Films. A maquiagem também me agradou. Mesmo as bruxas, feitas para serem horríveis, ficaram bonitas e críveis nas telas.

Há uma outra qualidade no filme. A presença de um trol almofadinha e de bruxas "do bem" proporcionam algumas cenas inesperadas no meio de tantos clichês. Por outro lado, a "atuação" de Jeremy Renner é digna de um estudo científico. Como alguém consegue ser tão sem expressão? Nem o cigano Igor de Ricardo Macchi conseguiu tal façanha.

Em geral, João e Maria é um filme bem previsível, rodando no automático. Um trabalho bem preguiçoso do diretor Tommy Wirkola. Me senti como vendo um daqueles filmes da Sessão da Tarde, da TV Globo. Serve para se distrair, passar o tempo, mas é tudo o que você já viu dezenas de vezes. Nota: 4,0.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Crítica - O Mestre (2012)

Título: O Mestre ("The Master", EUA, 2012)
Diretor: Paul Thomas Anderson
Atores principais:  Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams
Nota: 7,0

“O filme sobre Cientologia que não fala sobre Cientologia”

As primeiras notícias de O Mestre datam do início de 2010, onde o diretor Paul Thomas Anderson procurava investidores para filmar seu script sobre "o fundador de uma religião similar a Cientologia". A idéia era contar uma história inspirada em  L. Ron Hubbard, o controverso fundador da religião que faz sucesso em Hollywood.

Era óbvio que falar da Cientologia não iria ganhar muitos interessados na indústria do cinema estadunidense. Dito e feito, mesmo após muitas revisões de roteiro o filme não foi aceito por nenhum grande estúdio. E a história, que originalmente tinha no fundador da tal religião seu foco principal (o fictício Lancaster Dodd, personagem interpretado por Philip Seymour) foi totalmente modificada para se basear no ex-marinheiro Freddie Quell (personagem interpretado por Joaquin Phoenix), alguém que fosse levado a receber ajuda via idéias "do mestre".

O resultado de tantas mudanças foi um filme que embora seja muito bom tecnicamente, mal fala sobre a Cientologia. A (não) abordagem do tema chega a ser covarde, e a história como um todo, frustrante. Ataques a Cientologia até são bastante frequentes, porém sem muita força ou relevância, contrabalanceados pela imagem de seu fundador que é apresentado como alguém essencialmente bem intencionado. E a tal "religião" sequer nos é apresentada de maneira clara. O filme basicamente nos retrata o relacionamento, quase um bromance entre Dodd e Quell, nas tentativas incessantes do primeiro em curar o segundo do alcoolismo e de sua obsessão por sexo.

Por outro lado, O Mestre possui também seus atrativos. A fotografia é muito bonita e o diretor usa e abusa da câmera para filmar de diversos ângulos e locações diferentes. A trilha sonora também chama a atenção. Boas músicas de época (pós 2a guerra mundial) mescladas com composições inéditas atuais escritas pelo músico John Greenwood da banda Radiohead.

Mesmo que a história não empolgue, outro ponto positivo é a contraposição/desenvolvimento que o diretor cria para os dois personagens principais. Paul Thomas Anderson nos apresenta gradualmente, com maestria, que discípulo e mestre possuem frustrações muito similares, ambos procuram um sentido para a vida. A diferença entre eles é basicamente a exteriorização de suas respectivas personalidades: Dodd é investigativo, contido e pacífico; já Quell é explosivo e violento. Esta comparação é mostrada com frequência, as vezes até em uma mesma imagem, como na ótima cena onde os dois estão encarceirados.

Mas o que mais faz O Mestre valer a pena são as atuações do trio Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, todos eles indicados ao Oscar 2013. Os três atuam muito bem, e fazem personagens diferentes dos que estão acostumados.

E se elogiei muito o ator Daniel Day-Lewis pela sua atuação em Lincoln, aqui Joaquin Phoenix também tem uma atuação bem acima da média. Passando por uma transformação física ainda maior que Day-Lewis, Phoenix está bastante envelhecido, magro (também corcunda), e cria um personagem perturbado, cheio de novos tiques (ele passa o filme todo sem mover o lado direito da boca) e trejeitos (como por exemplo, frequentemente apoiar as mãos nos quadris, que torna seu personagem ao mesmo tempo frágil e insolente).

É uma pena que atuações tão boas, cenas de desenvolvimento dos personagens muito bem feitas, e outros atributos técnicos elogiáveis se percam em uma história morna que acabou sem nenhuma relação com seu propósito original. As qualidades de O Mestre são suficientes para agradar admiradores do cinema. Mas fica nisto. Nota: 7,0.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Crítica - Os Miseráveis (2012)

Título: Os Miseráveis ("Les Misérables", Reino Unido, 2012)
Diretor: Tom Hooper
Atores principais:  Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway
Nota: 6,0

O gênero musical em sua pior forma”

Antes de mais nada, uma explicação. Não gosto de musicais. Portanto, por mais que tente, não posso negar certa parcialidade negativa na crítica a seguir de Os Miseráveis.

Dito isto, mesmo assim não sou tão intolerante ao gênero de filmes musicais como a frase acima aparenta. Uma prova disto é que gostei bastante de musicais mais recentes, como por exemplo: Moulin Rouge, Chicago, Sweeney Todd e o francês 8 Mulheres.

A questão é que todos estes filmes acima possuem atributos (para mim) fundamentais que esta nova versão de Os Miseráveis não têm: diálogos não cantados e uma história verdadeiramente adaptada para o meio do cinema.

Para começar, este filme do diretor inglês Tom Hooper é uma adaptação quase literal do musical Les Misérables criado na década de 80 por Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg. Da maneira que o filme foi feito, temos praticamente a peça musical filmada. Cena por cena. Canção por canção.

As cenas e cenários são sempre fechados e auto-contidos, e a transição entre eles é sempre brusca. É como se após um ato, o diretor parasse com a filmagem, fechasse as cortinas, esperasse trocar todo o cenário, abrisse as cortinas, e tornasse a filmar novamente.

Oras, fazendo isto transportamos para o cinema as mesmas limitações que existem no teatro. Por exemplo, as cenas possuem muito pouca ação. Com raras exceções, praticamente não temos danças, coreografias. O enorme exagero do diretor no uso de closes acaba deixando o plano de ação dos atores ainda mais limitado que numa peça! Tudo isto me soa um grande desperdício de recursos. Para que filmar algo que se pode ver ao vivo numa casa de espetáculos? A bela fotografia? Até poderia ser, se ela tivesse alguma relevância na história, o que definitivamente não acontece.

Curioso ver que 95% dos diálogos do filme são cantados. Os musicais não precisam ser assim no cinema. Mas já que o são neste filme, me pergunto o porquê de justamente os 5% de diálogos mais relevantes não serem cantados. Será que o próprio diretor reconhece que a fala cantada não é o ideal para o cinema?

Uma decisão corajosa de Tom Hooper foi a de usar o canto real de todos os atores envolvidos durante 100% do tempo. Mas esta coragem tem conseqüências. Nem todos cantam bem. Por exemplo, fiquei incomodado com a performance vocal de atores como Russell Crowe, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Mais um motivo para você ver Os Miseráveis no teatro, onde temos atores especializados em canto.

Mas nem tudo é ruim nos cansativos 158 minutos de projeção. Hugh Jackman e Anne Hathaway atuam e cantam de maneira admirável, e a indicação de ambos para o Oscar é justíssima. A performance de Hathaway cantando "I Dreamed a Dream" é magnífica, o único momento do filme onde fiquei verdadeiramente emocionado.

Algumas músicas aliás são excelentes (algumas não saem da minha cabeça). Mesmo assim - me perdoem os compositores do musical original - elas são bem pouco variadas. As canções possuem vários "plágios delas mesmas" ao longo da projeção.

A última meia hora da história acaba sendo bem mais interessante, já que enfim usando cenas externas (para mostrar as batalhas entre exércitos) o diretor pôde mostrar alguma ação que seria impossível nos palcos, tornando o filme bem mais dinâmico.

E finalmente, se ignorarmos toda a cantoria, o enredo de Os Miseráveis é bom, claro. Não a toa é a obra prima do escritor francês Vitor Hugo.

Em resumo, entendo que o musical Os Miseráveis poderia ser adaptado com sucesso para o cinema, mas não copiado, como foi o caso. É esta diferença não muito sutil que me leva a Nota 6,0.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Crítica - O Lado Bom da Vida (2012)

Título: O Lado Bom da Vida ("Silver Linings Playbook", EUA, 2012)
Diretor: David O. Russell
Atores principais:  Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver
Nota: 7,0

“Muito mais drama que comédia, um bom filme de romance”

Filme baseado em um livro de mesmo nome (Silver Linings Playbook, no original), O Lado Bom da Vida tem sido apresentado nos cinemas brasileiros como sendo uma comédia romântica. O filme é sim romântico, mas muito longe de ser uma comédia. Tanto isto é verdade, que a primeira piada é feita apenas aos 45 minutos de projeção, e ela sequer provoca risos dada a tensão dos personagens naquela cena.

Aqui temos a história de Pat (Bradley Cooper), que acaba de sair de uma instituição de tratamento mental. Diagnosticado com distúrbio bipolar, ele tenta recuperar o amor de sua ex-esposa, cuja traição o levou ao surto que o deixou internado. É no meio desta sua luta pela esposa e pela cura da doença que ele conhece a viúva Tiffany (Jennifer Lawrence), que por não ter se recuperado ainda da morte do marido, é tão problemática (ou ainda mais) que Pat.

Silver Linings é uma expressão que em tradução livre significa "a parte boa que existe no meio das coisas ruins". E ironicamente, de maneira oposta a isto, as principais qualidades do filme sofrem por terem alguma contrapartida ruim.

Por exemplo, O Lado Bom da Vida começa suas filmagens praticamente em uma perspectiva de primeira pessoa de Pat. Com isto, todas as cenas são bem curtas, repletas de closes, com a câmera sempre em movimento. Isto nos faz vivenciar na o transtorno mental que Pat se encontra. São cenas difíceis de assistir, dado o incômodo gerado pelas filmagens. O problema é que o recurso chega a ser "eficiente demais" já que o diretor David O. Russell exagera em seu uso. Nem sempre temos uma cena com Pat "em crise". E nem sempre Pat está presente na cena! Mesmo assim, este recurso de "perturbação mental" é utilizado o tempo todo até mais ou menos a metade do filme. Não faz sentido.

Outra qualidade, no roteiro, é que ele é bastante realista. Vemos não só os problemas e dramas dos dois protagonistas, mas também de todas as pessoas ao seu redor. A vida é dura, e o filme não hesita em retratá-la desta maneira. Vemos que além de Pat e Tiffany, as outras pessoas "normais" que convivem com elas também possuem seus transtornos, além de mesmo quando querem ajudar mostram seu lado egoísta.

É uma pena que todo este alto grau de realismo seja esquecido na parte final da história. A conclusão do filme é abrupta, dispersa, exagerada e bastante fantasiosa. Mais uma vez, tudo tem seus prós e contras por aqui.

Apesar de irregular, O Lado Bom da Vida tem um saldo final positivo. Não é uma comédia, mas é um romance onde nos identificamos e torcemos pelos personagens. Temos no final das contas um bom filme. Nota: 7,0.

PS: O Lado Bom da Vida e o Oscar 2013
O Lado Bom da Vida me chamou a atenção por ser o primeiro filme desde 1981 a receber indicações para as sete principais categorias do Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro, melhor ator, melhor atriz, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante.

E eu lamento constatar que estas indicações são bem exageradas. Da parte de filme, diretor e roteiro, o fato de todos eles apresentarem altos e baixos fazem que suas indicações se desvalorizem.

Para as indicações de melhor ator (Bradley Cooper) e melhor atriz (Jennifer Lawrence), ambos estão muito bem. Principalmente Jennifer, pois faz um personagem um pouco diferente da menina assustada de filmes anteriores. Já Bradley mostra competência, mas nada muito diferente do que costuma fazer.

Já as indicações de melhor ator (Robert De Niro) e atriz coadjuvante (Jacki Weaver) eu contesto bem mais. Entendo que ambos participam bem pouco do filme para merecerem alguma indicação. De qualquer forma, aqui também a atuação feminina leva vantagem. Jacki Weaver atua muito bem. Já Robert De Niro... é lamentável. O maior elogio que posso dar a atuação dele é que o ator "não compromete". A única explicação para sua indicação é que ele é uma personalidade famosa e querida por Hollywood.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Notícias Pós Carnaval

Saudações amigos cinéfilos!

Com o fim do carnaval, é hora de trabalho aqui no meu blog.

Portanto, a partir de amanhã, quarta-feira, toda manhã teremos nova crítica por aqui, por 5 dias consecutivos. Não percam!

E, se no carnaval muitos param, as notícias não. Selecionei 3 novidades dos últimos dias para trazer aqui para vocês:

Mais irmãos Wachowski em 2014
Recentemente elogiei por aqui a nova ficção científica dos irmãos Wachowski, A Viagem.

E vem mais por aí: esta semana mais atores foram confirmados no elenco que participará de Jupiter Ascending, a próxmia ficção científica dos criadores de Matrix.

Dos atores contratados, há muitos nomes jovens: Douglas Booth, Mila Kunis, Channing Tatum, Eddie Redmayne. Dos veteranos, Sean Bean é por enquanto o maior nome anunciado.

Jupiter Ascending planeja ser o primeiro filme de uma trilogia, onde os seres humanos são a raça menos evoluída em um universo composto por várias formas alienígenas. Por sermos involuídos, embora sejamos sempre observados nunca chamamos a atenção. Até que se decobre que a personagem (humana) de Mila Kunis tem a mesma composição genética da Rainha do Universo, que a considera uma ameaça.

As filmagens se inicirão no primeiro semestre deste ano, e a previsão de lançamento é para 2014.

Que os Wachowski nos surpreendam positivamente mais uma vez. E que se Sean Bean mandar bem novamente, que pelo menos DESTA vez seu personagem não morra prematuramente. :)

Universidade Monstros, sai o primeiro trailer
Eu amo a Pixar, mas não concordo nem um pouco com esta safra de continuações bobas que a Disney tenta nos empurrar. Depois do fraco Carros 2, em julho chega o "Monstros S.A. 2", ou melhor, seu prelúdio, de nome Universidade Monstros, onde vemos Mike e Sulley ainda adolescentes, na faculdade.

O trailer me deixou bastante decepcionado, reforçando a imagem de ser um filme caça-níquel. Mas vocês podem tirar suas próprias conclusões no link ao lado: http://www.youtube.com/watch?v=elKdcx9ar3k

BAFTA 2013 e... Argo
Neste domingo ficamos conhecendo os vencedores do "Oscar Britânico", o BAFTA. Deêm só uma olhada nos principais vencedores:

Melhor filme: Argo
Melhor diretor: Ben Affleck (Argo)
Melhor ator: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
Melhor atriz: Emmanuellle Riva (Amour)
Melhor roteiro adaptado: David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
Melhor roteiro original: Quentin Tarantino (Django Livre)
Melhor atriz coadjuvante: Anne Hathaway (Os Miseráveis)
Melhor ator coadjuvante: Christoph Waltz (Django Livre)
Melhor filme em lingua não-inglesa: Amour (Áustria)

Que não deixa de ser um resultado parecidíssimo com o Globo de Ouro 2013 . Argo também levou o prêmio de melhor filme no Producers Guild Awards, do Sindicato de Produtores de Hollywood.

Argo se torna mais do que nunca o favorito ao Oscar 2013. E embora eu tenha imaginado que isto fosse possível, não levará minha torcida.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Crítica - Lincoln (2012)


Título: Lincoln ("Lincoln", EUA, 2012)
Diretor: Steven Spielberg
Atores principais:  Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairn e Tommy Lee Jones
Nota: 8,0

“Daniel Day-Lewis rouba a cena em um filme muito bom, que poderia ser ainda melhor se Spielberg não fosse tão piegas”

Spielberg me surpreendeu ao limitar bastante no tempo sua cinebiografia de Abraham Lincoln. Afinal, os 150 minutos do filme nos mostram apenas uma passagem da vida do ex-presidente estadunidense: sua luta  em plena guerra civil pela aprovação no congresso da 13a emenda, que aboliria oficialmente a escravatura em escala federal.

A maneira com que Lincoln foi filmado transforma o filme praticamente em um documento histórico. Sóbrio, não há narradores, não há cenas em primeira pessoa, as cenas se sucedem sempre de maneira linear. Somado à isto, a bela fotografia nos mostra os personagens sempre a média distância, o tempo todo, sem closes. É como se voltássemos no tempo e alguém tivesse filmado tudo o que aconteceu mantendo uma distância quase fixa de 5 metros de todos os atores envolvidos na trama. Figurino e maquiagem também são muito bons, e reforçam a sensação de realmente termos voltado a 1864.

Lincoln é um filme de muitos (e inteligentes) diálogos. Se você gosta de política e história, este é um filme para você. Os debates são tão bons que apesar da grande quantidade não cansam, nem se percebe o tempo passar. O personagem de Lincoln também contribui para esta sensação. Somente ele é suficiente para nos prender a atenção por toda a história. O Lincoln de Spielberg é uma pessoa carismática, bondosa, de voz baixa e macia. Também um imprevisível e excêntrico contador de "causos". Muito diferente dos políticos atuais, é honesto e governa com mansidão. Ele é tão diferente (até fisicamente, pelo corte de barba e por ser bastante alto e magro), que nos cativa instantaneamente.

Claro que os maiores méritos disto são do ator Day-Lewis, no qual falarei mas adiante. Basta dizer por enquanto que Lincoln é um filme recheado de excelentes atuações. Por exemplo, o quarteto que citei acima como "atores principais" está irrepreensível.

Não tenho condições de julgar Lincoln pela sua veracidade histórica. Se os fatos foram exatamente conforme são apresentados, eu não sei. Mesmo assim, é fácil perceber que Spielberg mitifica demais seu homenageado.

O ex-presidente aparentemente possui apenas dois defeitos: tem problemas de relacionamento na família  com a esposa e filho; e, apesar de ser totalmente contra a escravatura, ele não é tão simpático aos negros. Esta imagem é condizente com o que a História acredita hoje. Fora isto, Lincoln parece ser perfeito, alguém acima dos mortais (citado explicitamente no filme, mais de uma vez). O político ideal. Um gênio. Um sábio. Além de muito poderoso e respeitado - o que é incessantemente reforçado pelas câmeras, que costumeiramente o filmam de baixo para cima, aumentando a impressão de "poder" e também sua altura física.

Mas o maior exagero é que Lincoln é apresentado como sendo "a" única pessoa realmente interessada na abolição. Todos os outros ao seu redor, parecem apenas preocupados em fazer política. O único outro personagem que se importa com a abolição é o congressista Thaddeus Stevens (Tommy Lee Jones), mas mesmo este é apresentado como uma pessoa descontrolada, que precisa ser supervisionada pelos homens de Lincoln o tempo todo.

Erros históricos, entretanto, não iriam me fazer abaixar muito a avaliação de um filme. Mas erros técnicos sim. E desta vez Steven Spielberg errou feio na parte sonora, mais especificamente no enorme exagero das trilhas incidentais.

Toda vez que temos algum discurso importante (seja ele heroico, comovente, ou de "luta pela liberdade"), eis que sobe aquela musiquinha de "fique emocionado", jogando por água abaixo todo aquele clima de "sobriedade histórica" que elogiei no começo. E como são muitas (muitas mesmo) as cenas com "diálogos emocionantes", não ficamos nem 5 minutos sem ouvir a maldita musiquinha que alerta os espectadores burros que agora eles precisam ficar comovidos.

E não é um insulto apenas aos espectadores. É também um insulto aos próprios atores do filme. Eles atuam tão bem, que não precisariam de trilha sonora nenhuma para emocionar o público. E isto é provado no próprio filme! Por exemplo, em uma das poucas cenas sem a trilha sonora piegas, onde temos apenas o silêncio, Lincoln (Daniel Day-Lewis) e sua esposa (Sally Field) brigam por deixar ou não o filho servir o exército. E só com o olhar o ator britânico já nos emociona. Não precisaria de mais nada.

E para encerrar a tradição de não saber terminar um filme de maneira decente há décadas, Spielberg também erra na cena final. Ele podia ser fiel a sua própria proposta de apenas se limitar a 13a emenda, de apenas "documentar" via filmagens. Mas não. Seu lado melodramático faz que o filme salte no tempo e se despeça com Lincoln em seu leito de morte, para depois ter sua imagem saindo de um muro de chamas em uma montagem vergonhosa.

Se Spielberg não tivesse errado tanto, o filme levaria uma nota 9,0. Pelos erros, eu acho justo rebaixá-lo para nota 7,0. Mesmo assim, não vou ser tão ranzinza, e em homenagem a seus atores e seus acertos, cravarei a nota média de 8,0.

As indicações ao Oscar 2013
Lincoln é o líder em indicações ao Oscar deste ano: são 12. Dentre elas, a de melhor trilha sonora e melhor direção. É um absurdo estas duas indicações. Principalmente em relação ao sr. Spielberg. Acho que não fico tão inconformado com uma indicação a diretor desde 2002 com Martin Scorsese por Gangues de Nova York.

Também temos indicações para Melhor ator (Daniel Day-Lewis), Melhor ator coadjuvante (Tommy Lee Jones) e Melhor atriz coadjuvante (Sally Field). Como disse anteriormente, são todas grandes atuações.

No caso dos dois últimos, são atuações ótimas que entretanto se equivalem a outras ótimas atuações que temos todos os anos. O talvez favorito ao prêmio Tommy Lee Jones, por exemplo, apesar de irretocável me impressionou menos que Christoph Waltz em Django Livre.

Agora, para Daniel Day-Lewis o assunto é diferente. Não é "só" uma ótima atuação. Ele é outra pessoa. Sua voz, seus trejeitos, tudo mudou para que ele incorporasse Lincoln. Uma atuação realmente impressionante. Por exemplo, enquanto acompanhamos o ex-presidente envelhecer bastante ao longo do filme, vemos este cansaço interpretado com brilhantismo por Daniel através de um olhar convincentemente cada vez mais cansado, ou ainda, com uma corcunda e uma dificuldade de andar cada vez mais acentuadas.

Eu ainda não vi nem de longe uma atuação melhor que esta neste ano. Mas ainda preciso assistir as atuações de seus concorrentes Joaquin Phoenix e Hugh Jackman para cravar que Daniel Day-Lewis é o grande merecedor da vez.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

JJ Abrams, Alfonso Cuarón, Star Wars e Gravity



Gostaria de iniciar a semana comentando sobre dois diretores: JJ Abrams e Alfonso Cuarón.

JJ Abrams e Star Wars VII

JJ Abrams foi oficializado neste sábado dia 26 como o diretor do novo filme de Star Wars, o Episódio VII. O americano filho de produtores de TV iniciou seu caminho para a fama em 1998, sendo co-criador e produtor do seriado Felicity. Na seqüência, ele foi co-criador e produtor dos seriados Alias, Lost e Fringe.

Nos cinemas, sua estréia como diretor veio em Missão Impossível 3, de 2006. Em seguida ele dirigiria o novo Star Trek (2009) e a homenagem aos filmes de aventura dos anos 80, Super 8.

Sobre o surpreendente anúncio de sua vinda para a direção de Star Wars, eu tenho minhas opiniões.

Para as novas gerações, foi uma ótima escolha. Atualmente, ele é um dos melhores no mundo do entretenimento para fazer dinheiro sem riscos. E tenho certeza que seu Star Wars será do jeito que são os blockbusters de sucesso atuais (exemplos: seu próprio Star Trek, e Vingadores): ou seja, muita ação, muita correria, muitos efeitos especiais, e muitas cenas e diálogos de humor (e zero de profundidade).

Para os antigos fãs, não encaro como algo tão bom assim. Resumidamente, porque seu trabalho final será muito mais semelhante a nova trilogia (Episódios I a III) do que a trilogia clássica (Episódios IV a VI).

E a notícia também afeta os fãs de Star Trek. Sendo JJ a grande cabeça por trás do reboot da franquia nos cinemas, sua ida para a ex-franquia de George Lucas deixará os novos trekkers abandonados. A Paramount já anunciou oficalmente que Abrams continua como produtor da franquia. Mas cá entre nós, sabemos que não será a mesma coisa. Aliás, curiosamente, quando disse que foi "surpreendente" sua escalação para Star Wars; disse isto pois em dezembro, ou seja, no mês passado, JJ Abrams declarou que recusou o convite para dirigir Star Wars justamente porque jamais abandonaria Star Trek. O que será que fez ele mudar de idéia, né? :)

Alfonso Cuarón e Gravity

Ao contrário de JJ Abrams, imagino que muitos não conhecem Alfonso Cuarón, o que é uma pena. Dentre os poucos filmes já feitos por este excelente diretor mexicano, assisti apenas dois, o que foi suficiente para admirá-lo. É dele Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004) e a ficção científica Filhos da Esperança (2006).

Para mim, seu Harry Potter foi o melhor filmado de todos. Já Filhos da Esperança... é uma aula de direção. Nele há pelo menos três longas seqüências de ação de tirar o fôlego... e tudo usando uma única tomada, sem cortes! A complexidade, dificuldade e qualidade das cenas servem pra deixar qualquer admirador de cinema boquiaberto.

Dito tudo isto sobre Cuarón, falarei sobre seu mais novo e ambicioso projeto: Gravity. Eu recentemente publiquei aqui duas listas sobre os “50 filmes mais esperados de 2013”, lembram

E agora lamento bastante que Gravity não aparece em nenhuma das duas listas. Na verdade, há uma possível explicação: o filme enfrentou vários atrasos no cronograma, e só bem recentemente ele foi confirmado para 2013.

Gravity é uma ficção científica espacial que será protagonizado por George Clooney e Sandra Bullock. Não gosto muito dos dois atores, mas daqui pra frente as notícias só melhoram e melhoram...

A sinopse: “A Dra. Ryan Stone (Bullock) é uma brilhante engenheira médica em sua primeira missão espacial. Ela é acompanhada pelo veterano astronauta Matt Kowalsky (Clooney), em seu último vôo antes de se aposentar. Porém, um desastre acontece e o ônibus espacial é destruído, deixando Stone e Kowalsky completamente sozinhos no espaço. Sem contato com a Terra ou qualquer chance de resgate, eles têm somente um ao outro e o único caminho para casa talvez seja uma incursão espacial ainda mais profunda.”.

Suficiente para já me deixar curioso. E tem mais. Gravity está sendo filmado em 3D! Se Alfonso Cuarón sempre deu show técnico, ficou ansioso para ver sua estréia com esta tecnologia.

Mas o melhor mesmo, é que ele vai retomar as longas e geniais tomadas longas feitas em Filhos da Esperança. O filme, de aproximadamente duas horas, terá apenas 156 tomadas, o que o levará a ter várias tomadas longas de 6 a 10 minutos. E a maior das tomadas será a tomada inicial. Serão 17 minutos sem corte, que dentre outras coisas, mostrarão a destruição da nave espacial. Promete!

Gravity já é facilmente um dos meus “top 5” de filmes mais esperados para 2013. Sua estréia está prevista para 05 de Outubro nos EUA e dia 21 de novembro aqui no Brasil. Existe um teaser bem antigo disponível para assistir. Mas não dá para ver muita coisa: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=xFn7Zr7WKkI

Abraços a todos e até a próxima!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Crítica - Django Livre (2012)


Título: Django Livre ("Django Unchained", EUA, 2012)
Diretor: Quentin Tarantino
Atores principais:  Jamie Foxx, Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio 
Nota: 7,0

“Ainda que irregular, Tarantino continua entregando ótimas cenas e diálogos”

Em cada um de seus trabalhos, vemos o ótimo Quentin Tarantino revisitar algum gênero de filme. Por exemplo, em Jackie Brown ele homenageia os filmes blaxploitation; em Kill Bill ele homenageia os filmes B de artes marciais; em Bastardos Inglórios, ele homenageia filmes da 2ª guerra. E agora, em seu novo trabalho, Django Livre, Tarantino homenageia os “Western spaghetti” de diretores como Sergio Leone e Sergio Corbucci (este último filmou seu Django em 1966).

Porém este “faroeste” do diretor estadunidense é feita de maneira bastante inusitada: seu foco principal é comentar sobre a escravidão e racismo, em plena Guerra Civil nos EUA. Na história, o caçador de recompensas Dr. Schultz (Christoph Waltz) e o ex-escravo Django (Jamie Foxx) se tornam amigos e percorrem o sul do país para encontrar (e libertar) a sra. Django, ainda escrava. Sendo seus filmes acostumados a exibir cenas violentas, de humor negro, etc, a escolha temática de Tarantino alarmou o “clube dos politicamente corretos” antes mesmo da estréia.

Mas a resposta à estas preocupações já é a primeira grande qualidade de “Django Livre”. O roteiro nos apresenta a uma enorme variedade de violências, sejam físicas ou psicológicas, as quais os negros eram submetidos. Também nos apresenta vários tipos de agressores e escravos. É uma ótima aula de história. Só que surpreendentemente aqui Tarantino faz um de seus filmes mais sérios e visualmente menos violentos (pelo menos em comparação com seus anteriores).

Já a “imitação” dos spaghetti, com um filme mais lento, recheado de closes nos personagens, alternados com cenas de planos bem longos para estabelecimento do ambiente, também é bem digna de elogios. Aqui vemos um dos melhores trabalhos de Fotografia nos filmes de Quentin. Não a toa, recebeu indicação ao Oscar por isto.

Django Livre também conta com excelentes atuações. Principalmente Christoph Waltz e Samuel L. Jackson estão excelentes. Leonardo DiCaprio também vai muito bem, ainda mais se levarmos em consideração que ele protagoniza um tipo de personagem que não está acostumado: o vilão.

Ah, e sabem aqueles diálogos sensacionais, aqueles personagens memoráveis, e aquelas cenas tão surpreendentes que viram instantaneamente clássicas nas mãos de Tarantino? Tudo isto também está presente em Django. Porém, de forma inconstante. E é a partir daqui que comento os problemas do filme.

Um grande defeito da história é seu ritmo. Por contar com nada menos que três climax (?!) o passar dos longos 165 minutos de projeção torna-se cansativo durante os momentos “mornos”. E todo este tempo de duração poderia ser melhor aproveitado. Alguns diálogos e cenas são desnecessários, as vezes beirando a repetição; em contrapartida, não temos cenas para explicar como Django se tornou um atirador tão bom, ou como aprendeu a ler.

Toda aquela miscelânea de cultura cinéfila e pop que Tarantino sempre soube usar tão bem encontra enfim seus limites em Django Livre. Algumas associações simplesmente não funcionam. Por exemplo, a trilha sonora inclui black music (o que faz sentido dado o universo mostrado), e funciona muito bem quando temos músicas antigas, como Jazz, Blues. Mas quando são usadas músicas modernas, (principalmente Rap), o resultado é muito ruim. O estranhamento de gêneros é imediato.

Outra escolha ruim pode ser vista nas cenas de tiroteio. Estas sim são exageradamente violentas, e a quantidade de sangue é tão grande, as trapalhadas dos inimigos são tão exageradas, que aqui também somos “ expulsos” do mundo dos westerns devido a mais esta desfiguração temática.

E finalmente, talvez a maior incompatibilidade de todas, é o estilo de Tarantino frente ao tema da escravidão. O filme está bem longe de ser racista (pelo contrário), e como já citei antes, o diretor teve um enorme bom senso ao restringir em Django suas piadas e violência. Porém o assunto parece ser “forte e real demais” para o estilo dele. A violência está mais contida, mas ela existe o tempo todo e choca bastante, porque desta vez sabemos que não é ficção. As piadas são mais contidas, mas existem, e mesmo com várias piadas boas, é difícil rir, mais uma vez, porque sabemos que tudo pode ter sido real.

Devido seus altos e baixos, Django Livre não é um dos melhores trabalhos de Tarantino. Mesmo assim, seus “altos” são mais que suficientes para justificar o filme e deixá-lo consideravelmente acima da média. Nota: 7,0.

Gosta de suspense e terror? Você deveria conhecer Locke & Key

Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...