sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crítica - Universidade Monstros (2013)

Título: Universidade Monstros ("Monsters University", EUA, 2013)
Diretor: Dan Scanlon
Atores principais (vozes): Billy Crystal, John Goodman
Nota: 6,0


“A Pixar não é mais a mesma. Mas ainda é boa em nos fazer divertir”

Em seu passado áureo e independente, o genial estúdio de animação Pixar se recusava a lançar continuações já que sabidamente isto iria acarretar em queda de qualidade. A única exceção foi o ótimo Toy Story (o que aliás é compreensível, já que Toy Story de certa forma é uma metáfora do desnvolvimento da animação do estúdio).

Mas em 2006 veio a Disney, comprou a Pixar e rapidamente quebrou a regra. Fez Carros 2 (o mais fraco de todos os filmes da Pixar) e agora, Universidade Monstros, continuação – ou melhor, prequel – de Monstros S.A., de 2001.

O filme mostra como os monstros Mike e Sullivan se conheceram e passaram os dias na faculdade, antes de virarem a eficiente dupla de “Assustadores profissionais”.

Em termos de roteiro, Universidade Monstros é uma grande decepção. Originalidade zero. Temos a história de “calouro estadunidense” de sempre... a emoção do primeiro dia na universidade, as fraternidades, o fato dos personagens principais serem os “esquisitos e não-populares tentando provar seu valor”. Curiosamente, no final o filme se redime... há uma certa surpresa e originalidade do meio da trama para o fim.

E se o roteiro não é lá grande coisa, a solução é focar no humor. Muito humor. Universidade Monstros não para um minuto com suas piadas (sejam físicas ou não) e trocadilhos. São centenas de piadinhas. Ruins, mais ou menos, e também algumas muito boas. No resultado final, eles te convencem pelo cansaço: não dá pra negar, no todo o filme é engraçado e divertido.

Outra coisa que a Pixar continua fazendo bem é criar personagens. Os novos amigos de Mike e Sullivan são no mínimo interessantes; já a temida diretora da universidade, é realmente assustadora (leia meu PS no final).

Ainda que abaixo do “selo de qualidade Pixar”, Universidade Monstros é um bom entretenimento e serve bem para distrair. Enquanto a Pixar me conseguir fazer rir, não deixarei de acompanhá-la. Nota 6,0.

PS 1: se em roteiro a Pixar não é mais a mesma, pelo menos tecnicamente continua a impressionar. O curta O Guarda Chuva Azul, exibido antes do filme é visualmente muito impressionante. Nem parece desenho, de tão perfeita sua simulação do mundo real. Veja na imagem abaixo.

PS 2: não recomendo o filme para crianças muito pequenas. Como se trata de uma história de “aprender a fazer sustos”, ela pode assustar um pouco... principalmente em se tratando da diretora da universidade. Na sessão onde assisti, havia uma criança com cerca de 5 anos que chorou de medo em boa parte da história (e nada dois pais saírem do cinema). E além desta criança – que até poderia ser um caso a parte – ouvi mais duas crianças resmungando que queriam embora porque não gostaram.


sábado, 22 de junho de 2013

Crítica - Depois da Terra (2013)

Título: Depois da Terra ("After Earth", EUA, 2013)
Diretor: M. Night Shyamalan
Atores principais: Jaden Smith, Will Smith
Nota: 3,0

“Filme chato de Shyamalan, péssima história de Will Smith”

De um lado, M. Night Shyamalan. Diretor indiano que brilhou em 1999 com O Sexto Sentido e que por mais quatro filmes, agradou. Então surgiram os péssimos A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008). De 1999 até 2008 todos seus filmes foram baseados em conceitos originais próprios; o que não aconteceu com seu filme seguinte, O Último Mestre do Ar (2010), mas que também foi bem ruim.

De outro lado, Will Smith. Bom ator, que costuma estar em bons filmes, mas em fase egocêntrica (ele recusou ser Django em Django Livre de Tarantino, pois para ele Dr. King Schultz era a estrela do filme... e Will só aceitaria filmes onde “ele” fosse o o personagem principal).

Porém Will Smith abriria mão do estrelismo para uma causa “nobre”: dar uma chance a seu filho Jaden Smith para obter um “status” de onde ele não dependesse mais do pai em Hollywood... É assim que surge Depois da Terra.

Smith se torna ator-produtor e contrata pessoalmente Shyamalan - de quem é fã – para dirigir e roteirizar sua primeira criação (história) para um filme, o qual – claro – faz de seu filho o grande protagonista.

De todo este contexto as chances de sair algo bom eram baixas. Mas para que ser preconceituoso, não é mesmo? Me arrisquei a assistir Depois da Terra e... o filme é mesmo bem ruim. Além de chato, sem emoção, seu maior problema é o péssimo roteiro, repleto de absurdos.

Pelo enredo, a humanidade deixou o planeta Terra há 1000 anos, após devastá-lo, e se mudou para outro sistema planetário chamado “Nova Prime”. Porém seus planetas já são habitados por outra raça alienígena, muito avançada, que resolve então exterminar os humanos criando um monstro cego, que porém “enxerga medo” (!?!?). É assim que surgem os Rangers: um grupo militar composto de pessoas treinadas a não ter medo para defender a humanidade dos monstros.

Cypher Raige (Will Smith) é o líder e o mais grandioso de todos os Rangers. Ele e seu filho, Kitai Raige (Jaden Smith) estão juntos em uma nave no espaço quando, devido a um acidente, eles caem no planeta “mais próximo” - que sabe-se como não era nenhum outro planeta do próprio sistema Nova Prime, e sim - a Terra.

E tem mais. A Terra voltou a ser um paraíso verde (1000 anos fazem milagre), e então aprendemos que neste meio tempo “toda a vida do planeta evoluiu para matar humanos”, o que é realmente impressionante, já que os humanos nem estavam mais lá para que estas vidas se reagissem contra a gente (!?!?).

Na queda, apenas pai e filho sobrevivem; sendo que o pai fica seriamente ferido e o filho sai sozinho enfrentar os perigos do planeta em busca de um sinalizador que é a única coisa que poderá levá-los de volta para a casa. Esta é a premissa de Depois da Terra. E a jornada de Kitai pelo planeta tem outros tantos absurdos que nem preciso mais citar.

Fora o roteiro, o filme tem problemas graves de ritmo – a história é constantemente interrompida por flashbacks – tanto do pai, quanto do filho. Os flashbacks de Cypher não contribuem em absolutamente nada à trama; já as de Kitai até são relevantes... o problema é que são sempre os mesmos!

Os erros não param aí. Visualmente o filme até poderia ser elogiado (a nova Terra é muito bonita)... isto se os efeitos especiais não fossem tão artificiais. O excesso de closes nos dois Smith – claramente para ressaltar a atuação de ambos - também atrapalha.

Por falar em atuação, lembra que eu disse no começo que o filme é chato e sem emoção? Boa parte disto é reflexo da atuação de seus dois personagens principais. Will Smith atua bem, convence como “homem sem emoções que está no limite de não aguentar e mostrar que tem emoções”. O problema é que é a mesma interpretação “fria” o tempo todo.

Já seu filho Jaden... ok, ele não vai tão mal. Mas claramente lhe falta carisma e em várias as cenas ele não convence. Para piorar, com seus 14 anos a sua voz “em transição de criança para adulto” não ajuda: há momentos em que fica difícil entender o que ele disse.

No final das contas, Depois da Terra teve para mim sua utilidade. Me convenceu a desistir de vez de Shyamalan, e me fará evitar qualquer filme futuro de onde Will Smith seja um dos escritores. Nota: 3,0.

PS: Depois da Terra também gerou polêmica pois seu roteiro contém várias referências à Cientologia. Will Smith não nega ser seguidor da religião, mas nega que exista qualquer relação dela com este filme.

domingo, 16 de junho de 2013

Crítica - Se Beber, Não Case! Parte III (2013)

Título: Se Beber, Não Case! Parte III ("The Hangover Part III", EUA, 2013) 
DiretorTodd Phillips
Atores principais: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong
Nota: 5,0

“A mesma história pela 3a vez, no que só poderia ser um filme cansativo”

Se Beber, Não Case!, estúpida tradução para "The Hangover" (o título original), estreou em 2009 e surpreendeu pela qualidade. Bem engraçado e divertido, a saga de Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Alan (Zach Galifianakis) em busca de Doug (Justin Bartha) tinha também algo de diferente: ao iniciar o filme com uma cena completamente surreal e absurda, os espectadores puderam acompanhar junto com os protagonistas na tela a curiosa solução deste interessante enigma: o que diabos aconteceu para eles chegarem naquela situação?

O sucesso foi imediato. E a criação de uma continuação, idem. Dois anos depois surge Se Beber, Não Case! Parte II, uma cópia barata do primeiro filme; roteiro e estrutura absolutamente iguais à história original. Basicamente, as mesmas coisas sendo filmadas agora na Tailândia ao invés de Las Vegas. Com um agravante: seu humor baixou o nível, fazendo piadas grosseiras remetendo a sexo e escatologia.

Devido a recepção ruim pelo público, o diretor Todd Philips veio a público reconhecer "seu erro". Em sua opinião, a continuação foi mesmo parecida demais com seu antecessor, e o próximo filme, que encerraria uma trilogia, teria uma estrutura completamente diferente.

A promessa foi feita, mas não foi cumprida. É verdade que Se Beber, Não Case! Parte III não possui casamento, nem a cena-base surreal pós "ressaca" decorrente do consumo involuntário de drogas. Mesmo assim, isto não muda em nada a estrutura do roteiro: após poucos minutos já temos o trio correndo alucinadamente contra o tempo para "salvar/encontrar" Doug.

Após 3 filmes e mais de 5 horas acompanhando uma mesma história mais uma vez, o humor é trocado pelo cansaço. O medo e desespero de Stu; as insanidades de Alan, tudo isto deixa de fazer ir, apenas irritam.

Os roteiristas de Se Beber, Não Case! Parte III até chegaram ter a percepção de que seus personagens principais já não são mais engraçados, e por isto mesmo, desta vez praticamente transformaram o criminoso Mr. Chow (Ken Jeong) em protagonista. Mas não funciona: Mr. Chow não tem carisma, além de ser cruel. Ironicamente, foi deste personagem que dei a primeira risada assistindo o filme, já perto de seu final, quando ele canta I Believe I Can Fly.

A tão promissora franquia de comédia Se Beber, Não Case! Parte III termina de maneira melancólica, sendo mais um filme de ação e violência do que humor. A boa notícia é que a conclusão tenta mesmo por um ponto final na trilogia. Com sorte, não precisaremos ver um Parte IV. Nota: 5,0.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Crítica - Além da Escuridão - Star Trek (2013)

Título: Além da Escuridão - Star Trek ("Star Trek Into Darkness",  EUA, 2013)
Diretor: J.J. Abrams
Atores principais: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoe Saldana, Benedict Cumberbatch
Nota: 8,0

“Mais que um ótimo filme de aventura, um exemplo de reboot bem feito”

2009 foi o ano que Star Trek (ou Jornada nas Estrelas) teve o reboot de sua franquia nos cinemas, sob direção de J.J. Abrams. Divertidíssimo e sucesso de crítica apesar de alguns erros, teve como ponto de atenção o fato de ter desvirtuado consideravelmente o conceito da franquia, transformando-a em um filme de ação e comédia.

Quatro anos depois, a nova roupagem de Jornada nas Estrelas volta aos cinemas, e agora com um filme ainda melhor que o anterior, tendo desta vez corrigido os principais problemas da história passada.

Para começar, Além da Escuridão - Star Trek leva a vantagem por não ter que "perder tempo" estabelecendo o universo e os personagens do filme. Isto já foi feito no primeiro. Em Além da Escuridão  já começamos com uma alucinante cena de ação, cheia de ação e à estilo Piratas do Caribe. Mas não se engane. Tirando o começo da película, depois disto ainda teremos humor porém de maneira equilibrada. Em seu segundo filme, Star Trek é mais sombrio, mais sério, e retoma uma das principais características da franquia original: o debate de problemas contemporâneos sob o "disfarce" da ficção científica. Terrorismo, violência, amizade e obediência às regras são discutidas o tempo todo.

Mas não pense que você irá encontrar longos diálogos, tempo para pensar no que é debatido. É o contrário. Apesar de ter uma temática séria e consistente, não deixamos de ter um filme aceleradíssimo, com ação e correria ininterruptas.

É difícil comentar qualquer coisa sobre o enredo do filme sem dar spoilers. Mas vou tentar. Basicamente, em Star Trek 2 vemos a vingança de John Harrison (Benedict Cumberbatch) contra a Federação. E ele se mostrará um adversário formidável. Diga-se de passagem o personagem vivido por Cumberbatch é uma das melhores coisas do filme. Certamente um dos melhores "vilões" produzido pelo cinema nos últimos anos. Esta é outra vantagem em relação ao filme anterior, onde o vilão Nero (Eric Bana) não convenceu nem pela sua atuação, nem pela sua motivação.

Tecnicamente o filme também é bom, com ótimos efeitos especiais, boa fotografia, e trilha sonora que não compromete. Mas nem tudo é perfeito. Por exemplo, o roteiro ainda apresenta algumas situações  fisicamente absurdas; Além disto, os coadjuvantes praticamente sumiram do filme, que agora foca quase exclusivamente em Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto). Como principal exemplo disto, Chekov (Anton Yelchin) - que brilhou anteriormente com suas trapalhadas - desta vez foi praticamente ignorado. Em suma, a seriedade do roteiro foi conquistada limando os personagens secundários. O ideal seria que isto tivesse sido conquistado de maneira menos radical.

Com tantas qualidades, é uma pena que o filme decepcione em seu longo final, tanto em ritmo quanto roteiro. Pule para o próximo parágrafo se não quiser ver um spoiler:
(começo do spoiler)
O vilão, tão inteligente, é derrotado de maneira inverossímil; seguido de uma luta protagonizada por Spock que é longa, chata, e desnecessária. Já a conclusão é exagera no "final feliz", novamente beirando o absurdo; além da cena final ser um discurso de Kirk que pouco tem a ver com a trama. 
(fim do spoiler)

Finalmente, chegamos ao ponto mais polêmico de Além da Escuridão - Star Trek, ou seja, o próprio reboot da franquia. Mantendo a premissa de duas linhas temporais distintas e co-existentes (a do reboot e a da série clássica), temos que o segundo filme não deixa de ser uma revisão / refilmagem de cenas dos filmes clássicos de Jornada nas Estrelas.

Isto pode soar como algo ruim, preguiçoso... mas não é. Pelo contrário, é ótimo! J.J Abrams e os roteiristas conseguiram recriar algo de qualidade que é totalmente novo para uma nova geração de espectadores, e que ao mesmo tempo deixa várias referências para os fãs antigos da série. É muito divertido (e totalmente imprevisível) ver o que vai acontecer em seguida e que será diferente dos rumos da série original. Explorar as diferenças entre as duas linhas temporais distintas é um atrativo à parte que só é possível aqui, no novo conceito de Star Trek, que para mim se consolida como "exemplo bem feito" de reboot de franquias.

Ainda que você só consiga aproveitar 100% deste filme se conhecer os filmes clássicos (e o filme anterior, de 2009), Além da Escuridão - Star Trek mesmo assim deve entreter bastante os novos espectadores. A história é fechada, completa, e ganha o status de "ótimo filme de aventura", misturando bastante ação, drama, humor, ficção científica. Nota: 8,0.

PS: assisti o filme em 3D e não recomendo. Em geral, o 3D não é ruim. Mas não somente não temos nenhuma cena em que o 3D faça diferença, como também algumas poucas cenas (como por exemplo a do "ataque do helicóptero") possuem sérias distorções na imagem.

domingo, 12 de maio de 2013

Crítica - Homem de Ferro 3 (2013)


Título: Homem de Ferro 3 ("Iron Man 3", EUA, 2013)
DiretorShane Black
Atores principaisRobert Downey Jr., Guy Pearce, Ben Kingsley, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle
Nota: 6,0

“Carisma de Downey Jr é a grande virtude de um filme repleto de problemas”

Após dois bons filmes (e muito divertidos), Homem de Ferro 3 mudou de diretor (saiu Jon Favreau e entrou o praticamente estreante Shane Black - roteirista da série Máquina Mortífera) e surpreendeu ao tentar trazer mais drama e humanização aos seus personagens.

Mais do que nas outras vezes, o roteiro tenta mostrar que o egocêntrico herói Tony Stark (Robert Downey Jr.) se importa de verdade com as pessoas ao seu redor, que ele tem mesmo sentimentos; além disto, vemos críticas a assuntos menos light na tela, como por exemplo, terrorismo, panfletagem política, companhias de petróleo, etc.

Mas toda esta mudança - de abordagem e de diretor - se mostrou um belo equívoco. Homem de Ferro 3 é bem inferior aos dois filmes anteriores, repleto de problemas de ritmo e de roteiro (ressalto que o diretor também é o roteirista).

O tom mais "dramático" do filme nos rendem algumas poucas cenas belas, tocantes. E só. E o pior: sempre, absolutamente sempre, após uma sequencia séria, vem um alívio cômico. Chega a irritar. O filme não consegue fazer nada realmente sério sem que, logo em seguida, Stark apronte algo pastelão digno de Os Trapalhões. Cenas emocionantes, como a que o Homem de Ferro salva os passageiros de um avião em pleno ar, ou mesmo, quando a Pepper (Gwyneth Paltrow) acredita que Stark morreu... tudo se perde em meio a este humor gratuito e sem sentido.

E ainda há mais problemas no ritmo além deste. Toda hora a história é interrompida com lembranças ao "episódio em Nova York", que pra piorar, nem se refere ao Homem de Ferro 2, e sim, ao filme dos Vingadores.

Também não posso aplaudir a história central do filme. Vinda diretamente dos quadrinhos, o Homem de Ferro é obrigado a enfrentar "super-humanos" modificados pela tecnologia Extremis. Embora tenha certa explicação científica, o conceito não convence e é absurdo. Ironicamente, em relação a Extremis, o filme é bem fiel aos quadrinhos. Mas de que adianta ser fiel de algo originalmente ruim?

Para completar a lista de erros, o final é catastrófico. Quase literalmente, dado a enorme quantidade de coisas que explodem em cena.

(Pulem o parágrafo seguinte se não quiserem ler o final do filme)

A batalha final é digna de filme B. Além do vilão enrolar ao máximo para matar o presidente dos EUA, e contar todos seus planos, como um bom idiota clichê, temos um desfecho totalmente Deus ex machina, com Stark usando, do nada (ele passou o filme inteiro sem armaduras, dando uma de James Bond), dezenas de armaduras novinhas. O sentido disto? Vender brinquedos. Mais nada.

(Fim do spoiler)

Apesar de todas as críticas acima, Homem de Ferro 3 diverte bem em sua primeira hora de exibição. E isto se deve quase exclusivamente ao carisma e atuação de Robert Downey Jr. Afinal, seu personagem (e ele mesmo, as diferenças não são lá muito grandes entre eles) é inegavelmente interessante e divertido. Neste aspecto em específico, veja que incrível, Homem de Ferro 3 chega a superar seus dois antecessores.

Com inúmeros erros e final bem ruim, apesar de garantir diversão em vários momentos a sensação final é de um gosto amargo na boca. Nunca imaginei que iria dizer o que vou dizer agora: Jon Favreau, volte a ser o diretor! Nota: 6,0.

domingo, 24 de março de 2013

Crítica - Expedição Kon-Tiki (2012)

Título: Expedição Kon-Tiki ("Kon-Tiki", Noruega, 2012)
Diretores: Joachim Rønning, Espen Sandberg
Atores principais: Pål Sverre Hagen, Anders Baasmo Christiansen, Agnes Kittelsen
Nota: 7,0

“Interessante, principalmente por ser uma história real”

Seis europeus (cinco noruegueses e um sueco) resolvem provar que a Polinésia foi originalmente povoada pelos índios sul-americanos e não pelos asiáticos, conforme diz a ciência. Para isto, resolvem navegar 8000 km, do Peru à Polinésia, atravessando o Oceano Pacífico em cima de uma simples jangada.

A história acima, que mistura tantos continentes, soa improvável, diria até bizarra. Porém, é verídica e ocorreu em 1947. Esta aventura, denominada “Kon-Tiki” pelo seu idealizador, o explorador Thor Heyerdahl, é o tema deste filme norueguês de mesmo nome, Expedição Kon-Tiki, que foi inclusive um dos cinco filmes indicados a Melhor Filme Estrangeiro para o Oscar 2013.

Sóbrio e competente tecnicamente, a principal qualidade de Expedição Kon-Tiki é sua história, ou melhor, saber que é uma história real. Não se trata exatamente de uma história de naufrágio, mas é uma história de seis pessoas a deriva no mar. E embora os personagens não enfrentem nenhuma grande provação hollywoodiana, mesmo assim a história se mantém interessante justamente por contar algo que aconteceu de verdade. As adversidades encontradas são muito mais psicológicas e de relacionamento do que, por exemplo, “grandes tempestades e monstros do mar”.

O filme dá destaque demasiado para seu personagem principal, Thor Heyerdahl (Pål Sverre Hagen), e com isto não desenvolve suficientemente os demais coadjuvantes. Mesmo assim, o que nos é apresentado sobre os demais personagens é o mínimo suficiente para distinguirmos cada um individualmente, e entender seus conflitos.

Em outras palavras, em Kon-Tiki tudo é feito de maneira simplificada, mas sempre competente, sem atrapalhar no resultado final. Sem grandes emoções, mas muito longe de ser tedioso, não deixa de ser uma experiência curiosa assistir um filme norueguês que alterna áudio de quatro idiomas (Norueguês, Francês, Inglês e Sueco) e descobrir o que aconteceu, afinal de contas, com estes seis “malucos” que resolveram arriscar a vida em nome da ciência e da fama. Nota: 7,0.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dupla-Crítica: "Hitchcock" (2012) e "Detona Ralph" (2012)


Depois de longa ausência, voltei. Estava de férias, o que se transformou em férias do meu blog também. Para compensar um pouco a falta de novidades, duas novas críticas em um post só.


Crítica – Hitchcock (EUA, 2012)

Hitchcock era um dos títulos de 2013 que mais ansiava por assistir. Porém, embora o filme seja bastante divertido, não pude deixar de sentir certa decepção com seu resultado final.

Baseado no livro “Alfred Hitchcock and the Making of Psycho”, o filme segue a escrita e nos mostra, dentre toda a carreira do diretor inglês, apenas o período da filmagem de uma de suas obras primas, Psicose (1960).

Todas as curiosidades e dificuldades para a filmagem de Psicose estão no filme, de maneira bem humorada e divertida. Mesmo assim, o tema principal da história é a relação do excêntrico diretor (interpretado por Anthony Hopkins) com sua esposa Alma Reville (Helen Mirren). Aliás, o foco em Alma é tão grande que ela chega a aparecer mais na tela que o próprio Hitchcock.

Portanto o que vemos aqui é uma história sobre “atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. E de fato, não há dúvidas que se Alma não estivesse ao lado do Mestre do Suspense, este dificilmente alcançaria algum sucesso, dado seu terrível temperamento. Porém em Hitchcock este “apoio” é exagerado, chegando também na parte técnica do trabalho do diretor.

Do que a História conta, Alma Reville – que era roteirista de profissão – ajudava seu marido revisando os roteiros e as edições dos filmes. Dizem que ela era ótima para encontrar erros cenográficos e erros de continuidade. Mas neste filme, foi dado a ela uma importância tão grande que, antes dela participar ativamente da edição de Psicose, o filme era “horrível, um caos”. Isto sem falar de várias decisões técnicas mostradas ao longo da trama, que são atribuídas a Alma ao invés do marido. Um exagero. Divertido, instrutivo, mas não tão crível, Hitchcock leva nota 6,0.


Crítica – Detona Ralph (EUA, 2012)

Assisti ao Oscar sem saber se torcia ou não para Valente (que gostei bastante) levar o prêmio de Melhor Animação. Isto porque muitos amigos meus haviam assistido Detona Ralph e cravado que o filme era excelente, a melhor animação do ano.

O tempo passou, Valente venceu o Oscar, e agora que enfim assisti Detona Ralph, posso opinar que foi uma premição justa. Embora Ralph seja um bom filme, Valente é superior.

É impossível não classificar esta animação da Disney como sendo sua versão de Toy Story para jogos de videogame. O conceito – dos personagens terem vida própria quando os humanos não estão por perto – é idêntico.

E é justamente esta falta de originalidade o problema de Detona Ralph. Não há nada de realmente novo na trama. A história passa pelos nossos olhos em “modo automático”, sem nenhuma grande supresa, nenhum grande drama.

Como ponto positivo, são vários os personagens reais de videogames que participam do longa (parabéns a todas produtoras da jogos que deixaram seus personagens aparecerem), e as diversas piadas relacionadas a games (e a evolução dos games) espalhadas ao longo do filme são bem engraçadas. Um exemplo destas “piadinhas”... personagens dos jogos 2D andar e pensar em 2D mesmo quando eles “são eles mesmo”.

Assim como no filme Hitchcock, que comentei acima, aqui também uma mulher rouba a cena. A menininha Vanellope é extremamente carismática e acaba também sendo mais importante que o personagem que dá nome ao título do filme (porém ao contrário de Hitchcock, aqui isto é feito de maneira positiva).

Bastante divertido, Detona Ralph perde pontos por não emocionar ou surpreender. Em termos técnicos e de história, a Pixar continua soberana. Dreamworks e Disney (que assina Detona Ralph e é dona da própria Pixar) ainda tem bastante o que aprender. Nota 6,0.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Argo e As Aventuras de Pi são os vencedores de um Oscar equilibrado e bastante político




Minha grande dúvida da noite – sobre quem venceria o Oscar de Melhor Filme: Argo ou Lincoln – foi respondida com apenas 2 minutos de cerimônia, quando o host Seth Macfarlane disse para Ben Affleck dentre suas piadas iniciais, algo como: “não se preocupe... a Academia já sabe que fez besteira” (em referência a sua não-indicação como Melhor Diretor).

Dito e feito, Argo venceu, e venceu levando apenas três estatuetas (Filme, Roteiro e Ator); perdendo em número para As Aventuras de Pi, que foi quem mais levou: quatro. Reflexo de um Oscar equilibrado, sem grande destaque, onde as premiações ficaram espalhadas para diversos filmes.

Mesmo eu tendo errado o palpite em varias categorias, o Oscar foi em geral sem grandes surpresas. Eu particularmente só me surpreendi duas vezes: com Christoph Waltz (Django Livre) levando por Melhor Ator Coadjuvante, e Ang Lee (As Aventuras de Pi) vencendo por Melhor Diretor. E foram gratas surpresas. Afinal, como escrevi anteriormente, levou quem eu achei que mais mereceu.

Tive outra grata surpresa por Tarantino levar o Oscar de Melhor Roteiro Original. Não pelo prêmio em si, pois ele era um dos favoritos. Mas por constatar pela reação da platéia em quanto ele é querido em Hollywood. Não tinha idéia.

Em termos dos prêmios técnicos, dos filmes que vi, tudo pareceu bem justo. Argo tinha a melhor edição, e levou; As Aventuras de Pi tinha melhor Fotografia, Efeitos Especiais e Trilha Sonora. Levou todos. Da parte técnica, acho que a única premiação contestável foi o Melhor Direção de Arte. O favorito era Anna Karenina, que não vi e ainda não estreou no Brasil.

Mesmo com esta “injustiça”, Spielberg e seu Lincoln foram os grandes perdedores da noite. Das doze indicações, levou duas. A citada anteriormente, e mais a merecida vitória de Daniel Day Lewis por Melhor Ator. Lewis fez história. É o primeiro a conseguir três troféus nesta categoria.

Também um pouco injusto, mas sem surpresa, foi a vitória de Jennifer Lawrence como Melhor Atriz. Pelo menos, gosto bastante dela, e a jovem de Kentucky foi uma das poucas que deu um discurso realmente emocionado.

Mas quem se emocionou mesmo foi Ben Affleck. Numa mistura de surpresa, revolta e desabafo, ele fez um discurso desconexo, falando muito rapidamente sobre muita coisa, e de cara fechada.

As grandes decepções da noite? Não foram as premiações, mas novamente a cerimônia em si. Seth Macfarlane foi muito melhor apresentador que James Franco. Se mostrou, pelo menos, bastante sorridente e empolgado o tempo todo. Mas isto não é lá grande qualidade. Em geral ele não foi bem. Suas piadas... decepcionantes. Algumas boas e muitas piadas ruins, de mau gosto.

Outro problema foram os musicais. Com apresentações em excesso – que se confundiam com as apresentações dos indicados de Melhor Canção – a festa ficou ainda mais longa e confusa.

E para fechar, foi nada menos que a Primeira Dama estadunidense Michelle Obama quem anunciou o Oscar de melhor filme. Para que misturar Cinema com patriotismo? É lamentável. Pelo menos, foi uma opção totalmente condizente com a preferência por Argo. Se auto vangloriar pela política externa de seu país foi a mensagem final passada pela Academia.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 (É hoje!) - Qual o melhor filme?


É hoje. Domingo, dia 24/02. A 85ª cerimônia do Oscar, que pela primeira vez vai se chamar "The Oscars" ao invés de "The Academy Awards". A cerimônia se iniciará as 21h30, e por aqui teremos transmissão pela TNT (desde as 20h30) e pela TV Globo somente após o lamentável BBB.

Se você leu meu post anterior, sabe que só faltou eu dar um palpite, o mais importante deles, de melhor filme. Lá vai!

Melhor Filme
- Quem deve levar: Lincoln
- Em quem eu votaria: As Aventuras de Pi

Este ano, mais uma vez, consegui assistir 7 dos 9 indicados à Melhor Filme. Abaixo, segue a lista dos filmes que assisti. Do que mais gostei ao que menos gostei. Entre parênteses, o número total de indicações que cada um recebeu.

Lincoln (12)
Amor (5)
Argo (7)

Ficaram faltando portanto: A Hora Mais Escura (5) e Indomável Sonhadora (4).

Primeiro, vou comentar sobre quem deverá ser o vencedor. Apesar de 9 nomes, entendo que somente três possuem chance de vencer: Lincoln, Argo, e com chances remotíssimas, A Hora Mais Escura.

Argo é um bom filme, mas não vejo nada de especial nele... por isto torço para que ele perca. Porém, Lincoln e A Hora Mais Escura sofrem maior rejeição. Lincoln é muito bom, mas foi criticado dentro dos EUA por seus erros históricos. Já A Hora Mais Escura sofreu rejeição no mundo todo, por se tratar da caçada a Osama Bin Laden. Porém, pior mesmo, foram as críticas pelas cenas de tortura presentes no filme. Para alguns, são bastante exageradas. E o governo estadunidense ficou indignado, negando veementemente que chegaram a Osama via informações coletadas torturando pessoas.

Este é portanto o grande trunfo de Argo. Ser simpático a todos. Apenas uma vez na história um filme ganhou tantos prêmios quanto Argo antes do Oscar e não levou o prêmio de Melhor Filme (Apolo 13, em 1995). Em contrapartida, também só uma vez na história um diretor não foi indicado entre os 5 melhores e viu seu filme vencer o prêmio de Melhor Filme (Conduzindo Miss Daisy, em 1990).

Qual das duas raridades acontecerá pela 2a vez hoje? Eu espero que seja Lincoln pois ele é melhor. Mas a explicação de eu ter escolhido Lincoln no meu palpite não foi emotiva e sim racional: ele recebeu bem mais indicações que Argo.

Finalmente, sobre quem eu acho que mereceria ganhar. Os filmes indicados deste ano são muito bons, entretanto, encontrei em todos pelo menos algum defeito relevante que me impede de reconhecer em qualquer um deles uma obra prima.

As Aventuras de Pi, meu preferido, é o que menos errou. De defeitos, apenas a irregular utilização do 3D e as desnecessárias quebras de narrativa ao longo da história.

Mesmo assim, é um filme belíssimo. Literalmente, aliás. Me perdoem os concorrentes (dentre eles os fãs de Hobbit), mas para mim será um crime se As Aventuras de Pi não levar os Oscars de Melhores Efeitos Visuais e de Melhor Fotografia.

Aliás, também acho que Pi merece levar o Oscar de Melhor Trilha Sonora. No final das contas, acho que ele leva estas 3 categorias pra casa. Merecidos prêmios técnicos; porém, não acredito que ele vá levar nenhum dos prêmios principais.

E para aumentar a expectativa...
 ... do evento de hoje a noite, indico este belo vídeo que mostra em 4 minutos todos os 84 vencedores do Oscar de Melhor Filme até hoje. É um teaser fantástico: http://vimeo.com/60050642

E vocês? Quais são seus palpites?
Deixo aberto os comentários do blog para que vocês também dêem seus palpites. Vamos lá! Será interessante ver quem acerta mais! Abraços e até o Oscar!

Gosta de suspense e terror? Você deveria conhecer Locke & Key

Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...