Diretor: Peter Jackson
Atores principais: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Luke Evans, Aidan Turner
Peter Jackson deixou o pior para o fim
Após três longos anos, eis que se encerra a trilogia Hobbit. Uma trilogia que conta a história de uma grande ganância. Não da ganância do anão Thorin, que conhecemos lendo o livro de Tolkien de mesmo nome; e sim, da ganância de Peter Jackson e da Warner Bros., em transformar uma história que caberia em apenas um filme (ou em dois, vai...), em três enormes caça-niqueis.
Se o grande pecado dos filmes anteriores de Hobbit foi acrescentar e inventar muita coisa desnecessária, em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos este defeito é maior do que nunca. Restando menos de 15% do livro O Hobbit para se contar no 3o filme, não é surpresa que aqui o roteiro praticamente inexiste. Alguns poucos diálogos, pouca história. E batalhas. Batalhas, batalhas e mais batalhas.
É triste constatar que toda aquela saga paralela (que não consta nos livros) de Gandalf e Radagast enfrentando Sauron é resolvida neste filme de maneira abrupta: tudo termina em 5 minutos. Ou seja, até o único ponto "extra livro Hobbit" que poderia acrescentar algo à trama, falha.
E por falar em "abrupto", lembram que o 2o filme também termina subitamente, se encerrando imediatamente antes do dragão Smaug atacar a aldeia humana? Pois é. Isto também é resolvido muito muito rapidamente em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, o que me faz concluir que este desfecho deveria estar no filme anterior, e não aqui. Aliás, a batalha contra Smaug é decepcionante: o dragão aparece pouco, apenas à longas distâncias, e as imagens são demasiadamente saturadas de vermelho, dando um clima muito artificial ao que estamos assistindo.
Ah, já que o filme é só luta e batalhas, estas partes são boas, não? Não necessariamente. Há algumas lutas "mano-a-mano" que são bem feitas e agradam bastante. Este é o primeiro ponto positivo que posso falar de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Mas é só... as batalhas "em grupo" são muito exageradas... Testemunhamos muitas cenas absurdas, como por exemplo, uma criança sacar uma espada e com um só golpe matar Orcs vestidos de armadura completa. Ou então, um anão nocautear vários Orcs com o triplo de seu tamanho dando cabeçadas. Aliás, haja Orcs vestindo armadura completa neste filme... porém basta acertá-los com um golpe - qualquer golpe - que eles caem mortos. O ferreiro que criou estas armaduras faz da ACME a empresa mais confiável do mundo...
E o que falar sobre o Legolas? Tudo o que ele faz nas batalhas é tão impossível, tão exagerado, que Peter Jackson foi obrigado a inserí-lo via computação gráfica... e bem mal feita. Fica muito claro que ele é uma animação, não um ator.
Mas o filme também tem alguns pontos positivos. Há algumas poucas cenas bonitas, sentimentais, que comovem. Notem que nem todas as cenas "emotivas" funcionam. Apenas aquelas cujos personagens nos importamos, basicamente Gandalf (Ian McKellen), Thorin (Richard Armitage) e Bilbo (Martin Freeman). Nem mesmo as cenas com Bard (Luke Evans) e Tauriel (Evangeline Lilly) convencem muito. Pelo menos dá para dizer do quinteto que acabo de citar que eles atuam bem, e são principalmente quem dão credibilidade ao filme.
A trilha sonora é mais uma vez elogiável, bonita, entretanto, com os dois poréns de que também mais uma vez ela é muito parecida com a dos filmes anteriores, e de que é utilizada em excesso, prejudicando a narrativa.
Os demais pontos positivos de Hobbit 3 são visuais. O figurino, os cenários, as paisagens, tudo incrivelmente perfeito, deslumbrante, irretocável (ah, o mesmo pode se dizer da Tauriel). Se no Senhor dos Anéis maquiagens e vestimentas já impressionavam pelo realismo, aqui elas são ainda melhores.
Aliás, Peter Jackson abusa dos planos longos, do filmar à longa distância, dando destaque às belas paisagens e ao palácio dentro da montanha. Há várias cenas aéreas onde os personagens ficam minúsculos ao meio de tanta grandeza. É como se ele mostrasse que a ambientação do universo de Tolkien fosse maior que suas histórias ou personagens. E muito infelizmente, em Hobbit 3 ela é. Por outro lado, esta maneira de filmar permitiu bons efeitos 3D, portanto, vale a pena assistir o filme neste formato.
Sendo de longe o pior dos seis filmes filmados por Peter Jackson dentro do universo de Tolkien, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos finaliza a trilogia Hobbit de maneira bem insatisfatória. Se na conclusão da trilogia do Senhor dos Anéis o sentimento que prevaleceu foi um misto de satisfação e saudosismo (afinal, aquela bela obra acabara), o sentimento final para a trilogia Hobbit é apenas de alívio. Um alívio de que não irei mais gastar meu tempo com algo tão comercial e sem conteúdo. Nota 5,0.
PS: parabéns a Peter Jackson pela façanha de superar George Lucas ao criar um personagem mais inútil e chato que Jar Jar Binks em Star Wars. Trata-se do lacaio Alfrid, interpretado pelo ator Ryan Gage.
PS 2: fechei a trilogia assistindo Hobbit 1 e Hobbit 3 a 48 fps (ou se preferir, em HFR), e fiquei feliz ao constatar que Peter Jackson evoluiu no uso desta tecnologia a cada filme. Aquela sensação de "velocidade acelerada", que descrevi quando assisti o 48 fps pela primeira vez acontece em raros e breves momentos. Se critico o diretor Neozelandês pela atrocidade que foi adaptar Hobbit em três filmes, tenho que elogiá-lo por trazer o 48 fps "de volta" para o cinema. É um aspecto técnico que no futuro, quem sabe, poderá causar uma pequena revolução. E os méritos serão de Peter Jackson, claro.
Se o grande pecado dos filmes anteriores de Hobbit foi acrescentar e inventar muita coisa desnecessária, em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos este defeito é maior do que nunca. Restando menos de 15% do livro O Hobbit para se contar no 3o filme, não é surpresa que aqui o roteiro praticamente inexiste. Alguns poucos diálogos, pouca história. E batalhas. Batalhas, batalhas e mais batalhas.
É triste constatar que toda aquela saga paralela (que não consta nos livros) de Gandalf e Radagast enfrentando Sauron é resolvida neste filme de maneira abrupta: tudo termina em 5 minutos. Ou seja, até o único ponto "extra livro Hobbit" que poderia acrescentar algo à trama, falha.
E por falar em "abrupto", lembram que o 2o filme também termina subitamente, se encerrando imediatamente antes do dragão Smaug atacar a aldeia humana? Pois é. Isto também é resolvido muito muito rapidamente em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, o que me faz concluir que este desfecho deveria estar no filme anterior, e não aqui. Aliás, a batalha contra Smaug é decepcionante: o dragão aparece pouco, apenas à longas distâncias, e as imagens são demasiadamente saturadas de vermelho, dando um clima muito artificial ao que estamos assistindo.
Ah, já que o filme é só luta e batalhas, estas partes são boas, não? Não necessariamente. Há algumas lutas "mano-a-mano" que são bem feitas e agradam bastante. Este é o primeiro ponto positivo que posso falar de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Mas é só... as batalhas "em grupo" são muito exageradas... Testemunhamos muitas cenas absurdas, como por exemplo, uma criança sacar uma espada e com um só golpe matar Orcs vestidos de armadura completa. Ou então, um anão nocautear vários Orcs com o triplo de seu tamanho dando cabeçadas. Aliás, haja Orcs vestindo armadura completa neste filme... porém basta acertá-los com um golpe - qualquer golpe - que eles caem mortos. O ferreiro que criou estas armaduras faz da ACME a empresa mais confiável do mundo...
E o que falar sobre o Legolas? Tudo o que ele faz nas batalhas é tão impossível, tão exagerado, que Peter Jackson foi obrigado a inserí-lo via computação gráfica... e bem mal feita. Fica muito claro que ele é uma animação, não um ator.
Mas o filme também tem alguns pontos positivos. Há algumas poucas cenas bonitas, sentimentais, que comovem. Notem que nem todas as cenas "emotivas" funcionam. Apenas aquelas cujos personagens nos importamos, basicamente Gandalf (Ian McKellen), Thorin (Richard Armitage) e Bilbo (Martin Freeman). Nem mesmo as cenas com Bard (Luke Evans) e Tauriel (Evangeline Lilly) convencem muito. Pelo menos dá para dizer do quinteto que acabo de citar que eles atuam bem, e são principalmente quem dão credibilidade ao filme.
A trilha sonora é mais uma vez elogiável, bonita, entretanto, com os dois poréns de que também mais uma vez ela é muito parecida com a dos filmes anteriores, e de que é utilizada em excesso, prejudicando a narrativa.
Os demais pontos positivos de Hobbit 3 são visuais. O figurino, os cenários, as paisagens, tudo incrivelmente perfeito, deslumbrante, irretocável (ah, o mesmo pode se dizer da Tauriel). Se no Senhor dos Anéis maquiagens e vestimentas já impressionavam pelo realismo, aqui elas são ainda melhores.
Aliás, Peter Jackson abusa dos planos longos, do filmar à longa distância, dando destaque às belas paisagens e ao palácio dentro da montanha. Há várias cenas aéreas onde os personagens ficam minúsculos ao meio de tanta grandeza. É como se ele mostrasse que a ambientação do universo de Tolkien fosse maior que suas histórias ou personagens. E muito infelizmente, em Hobbit 3 ela é. Por outro lado, esta maneira de filmar permitiu bons efeitos 3D, portanto, vale a pena assistir o filme neste formato.
Sendo de longe o pior dos seis filmes filmados por Peter Jackson dentro do universo de Tolkien, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos finaliza a trilogia Hobbit de maneira bem insatisfatória. Se na conclusão da trilogia do Senhor dos Anéis o sentimento que prevaleceu foi um misto de satisfação e saudosismo (afinal, aquela bela obra acabara), o sentimento final para a trilogia Hobbit é apenas de alívio. Um alívio de que não irei mais gastar meu tempo com algo tão comercial e sem conteúdo. Nota 5,0.
PS: parabéns a Peter Jackson pela façanha de superar George Lucas ao criar um personagem mais inútil e chato que Jar Jar Binks em Star Wars. Trata-se do lacaio Alfrid, interpretado pelo ator Ryan Gage.
PS 2: fechei a trilogia assistindo Hobbit 1 e Hobbit 3 a 48 fps (ou se preferir, em HFR), e fiquei feliz ao constatar que Peter Jackson evoluiu no uso desta tecnologia a cada filme. Aquela sensação de "velocidade acelerada", que descrevi quando assisti o 48 fps pela primeira vez acontece em raros e breves momentos. Se critico o diretor Neozelandês pela atrocidade que foi adaptar Hobbit em três filmes, tenho que elogiá-lo por trazer o 48 fps "de volta" para o cinema. É um aspecto técnico que no futuro, quem sabe, poderá causar uma pequena revolução. E os méritos serão de Peter Jackson, claro.