Diretor: Ritesh Batra
Atores principais: Irrfan Khan, Nimrat Kaur, Nawazuddin Siddiqui
Sutil e sensível, filme indiano discorre sobre relacionamentos e sociedade
Confesso que pouco conheço o cinema indiano. E um eventual "estranhamento" ao assistir Lunchbox não aconteceu já que o filme tem considerável aproximação com o cinema ocidental. Metade do filme é falado em inglês (a outra metade, em hindi); o ator principal, Irrfan Khan, já atuou em diversos filmes de Hollywood, como por exemplo: Quem Quer Ser um Milionário? (2008), As Aventuras de Pi (2012) e O Espetacular Homem-Aranha (2012); e a atriz principal, Nimrat Kaur, embora menos conhecida, participou de toda a 4a temporada do seriado Homeland.
A idéia inicial do diretor e roteirista Ritesh Batra - em seu primeiro longa metragem - era fazer um documentário sobre os dabbawala, entregadores de um famoso sistema indiano de transporte de marmitas. Funciona assim: um trabalhador sai para trabalhar, enquanto neste tempo alguém de sua família faz seu almoço. Então os dabbawala passam em sua residência, pegam a marmita caseira e as levam ao trabalhador em seu local de trabalho.
Mas o conceito original logo mudou, e ao invés de documentar os dabbawala o filme se tornou um romance. Na história, somos apresentados a Saajan (Irrfan Khan), viúvo, um sério e respeitável contador que se encontra a um mês da aposentadoria. Devido a um engano dos dabbawala, ele começa a receber as marmitas que a jovem e infeliz Ila (Nimrat Kaur) prepara para seu marido. Em pouco tempo eles começam a trocar confidências através de bilhetes diários.
Sutileza e sensibilidade são as palavras chave de Lunchbox. Conforme vamos conhecendo a vida dos protagonistas, de maneira bastante sutil o roteiro apresenta uma infinidade de situações e sentimentos: amor, solidão, abandono, competição, velhice, juventude, depressão, amizade, pobreza, modernidade, etc. Pouco se fala sobre estes assuntos... mas pela simples iteração entre os personagens, ou apenas um olhar... isto já basta para entendermos o que eles estão sentindo.
Também de forma sutil, aprendemos um pouco sobre a cultura indiana. Por exemplo, que casamentos ainda possuem dotes, que o transito é mesmo caótico, e que lá - pelo menos para Ila - o país dos sonhos é o Butão, onde "seu verdadeiro PIB é a felicidade".
Com pouca variação de cenário, cenas filmadas a curta distância em ambientes fechados, o custo para fazer Lunchbox foi baixo: apenas 1 milhão de dólares. Isto não diz, de maneira nenhuma, que tecnicamente o filme é ruim; pelo contrário, a fotografia é boa, o som é bom, e a trilha incidental (usada em algumas vezes para fazer piadas) em geral acerta no tom, refletindo principalmente o estado de espírito de Saajan.
Em um determinado momento, após tanto reclamar de ser ignorada pelo marido, Ila recebe de Saajan a proposta para "fugirem juntos". O fato dela considerar esta idéia sem qualquer estranhamento me pareceu inverossímil; é uma das poucas coisas que não gostei em Lunchbox. A outra coisa que não gostei foi o final, abrupto, que deixa a conclusão em aberto. Entretanto, apesar da minha desaprovação, reconheço que o final é condizente com o restante do filme, e portanto, não o prejudica em nada.
Contada de maneira devagar, Lunchbox apresenta uma boa história, repleta de acontecimentos cotidianos. Sucesso de crítica (levou o prêmio de melhor filme do público em Cannes 2013), é uma pena que ele foi praticamente ignorado no Brasil. Chegou por aqui em fevereiro deste ano, em poucas salas, e vejam só, a distribuidora sequer teve o cuidado de traduzir o nome do filme para o Português. Nota: 7,0
A idéia inicial do diretor e roteirista Ritesh Batra - em seu primeiro longa metragem - era fazer um documentário sobre os dabbawala, entregadores de um famoso sistema indiano de transporte de marmitas. Funciona assim: um trabalhador sai para trabalhar, enquanto neste tempo alguém de sua família faz seu almoço. Então os dabbawala passam em sua residência, pegam a marmita caseira e as levam ao trabalhador em seu local de trabalho.
Mas o conceito original logo mudou, e ao invés de documentar os dabbawala o filme se tornou um romance. Na história, somos apresentados a Saajan (Irrfan Khan), viúvo, um sério e respeitável contador que se encontra a um mês da aposentadoria. Devido a um engano dos dabbawala, ele começa a receber as marmitas que a jovem e infeliz Ila (Nimrat Kaur) prepara para seu marido. Em pouco tempo eles começam a trocar confidências através de bilhetes diários.
Sutileza e sensibilidade são as palavras chave de Lunchbox. Conforme vamos conhecendo a vida dos protagonistas, de maneira bastante sutil o roteiro apresenta uma infinidade de situações e sentimentos: amor, solidão, abandono, competição, velhice, juventude, depressão, amizade, pobreza, modernidade, etc. Pouco se fala sobre estes assuntos... mas pela simples iteração entre os personagens, ou apenas um olhar... isto já basta para entendermos o que eles estão sentindo.
Também de forma sutil, aprendemos um pouco sobre a cultura indiana. Por exemplo, que casamentos ainda possuem dotes, que o transito é mesmo caótico, e que lá - pelo menos para Ila - o país dos sonhos é o Butão, onde "seu verdadeiro PIB é a felicidade".
Com pouca variação de cenário, cenas filmadas a curta distância em ambientes fechados, o custo para fazer Lunchbox foi baixo: apenas 1 milhão de dólares. Isto não diz, de maneira nenhuma, que tecnicamente o filme é ruim; pelo contrário, a fotografia é boa, o som é bom, e a trilha incidental (usada em algumas vezes para fazer piadas) em geral acerta no tom, refletindo principalmente o estado de espírito de Saajan.
Em um determinado momento, após tanto reclamar de ser ignorada pelo marido, Ila recebe de Saajan a proposta para "fugirem juntos". O fato dela considerar esta idéia sem qualquer estranhamento me pareceu inverossímil; é uma das poucas coisas que não gostei em Lunchbox. A outra coisa que não gostei foi o final, abrupto, que deixa a conclusão em aberto. Entretanto, apesar da minha desaprovação, reconheço que o final é condizente com o restante do filme, e portanto, não o prejudica em nada.
Contada de maneira devagar, Lunchbox apresenta uma boa história, repleta de acontecimentos cotidianos. Sucesso de crítica (levou o prêmio de melhor filme do público em Cannes 2013), é uma pena que ele foi praticamente ignorado no Brasil. Chegou por aqui em fevereiro deste ano, em poucas salas, e vejam só, a distribuidora sequer teve o cuidado de traduzir o nome do filme para o Português. Nota: 7,0