segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Crítica - Blade Runner 2049 (2017)

TítuloBlade Runner 2049 (idem, Canadá / EUA / Reino Unido, 2017)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Ryan Gosling, Harrison Ford, Ana de Armas, Robin Wright, Jared Leto, Sylvia Hoeks, Dave Bautista, Carla Juri, Edward James Olmos
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=86XtZMgFziI
Nota: 7,0
Continuação expande e honra o filme original

Como fazer uma continuação de Blade Runner (1982) - uma das maiores obras de ficção científica de todos os tempos - sem produzir uma grande decepção? O diretor canadense Denis Villeneuve encontrou a resposta misturando bom senso e humildade. Sabendo que ele jamais conseguiria superar a trilha sonora de Vangelis, ou mesmo o discurso final de Roy Batty / Rutger Hauer, Villeneuve acertadamente optou por trazer uma história totalmente nova (que não é um reboot), em um filme que possui o mesmo estilo visual e musical da obra original, mas sem tentar copiá-las.

O resultado é uma continuação digna e de ótima qualidade, ainda que não se compare a obra prima da década de 80. Blade Runner 2049 expande o filme original em todos os sentidos, tanto físico (várias novas localidades, vistas aéreas, vários novos personagens), como também na mitologia, explicando em bem mais detalhes o distópico mundo futurista deste universo.

Na história, exatos 30 anos após os eventos do primeiro filme, "K" (Ryan Gosling) é um Blade Runner replicante que durante uma de suas investigações acaba encontrando evidências do que pode ter sido o primeiro bebê gerado via reprodução de outro ser artificial. Então, em uma corrida contra o tempo (mas naquele ritmo mega-lento e contemplativo de Blade Runner, claro), "K" tenta encontrar o bebê antes do empresário maligno Niander Wallace (Jared Leto).

Se no primeiro filme vemos um mundo com os olhos do "humano" Rick Deckard, desta vez conhecemos um futuro sob o ponto de vista de um replicante, "K". Com isto, o dilema principal da franquia - seriam os replicantes seres conscientes e dignos dos mesmos direitos que nós? - ganha nova roupagem. Vemos os replicantes sofrendo preconceito, agindo passivamente como escravos, e em eterna crise existencial. Aliás, o tal dilema acontece em dose dupla, pois "K" se relaciona com um programa de computador que igualmente tenta encontrar sentido para a vida e evitar a própria morte.

O roteiro de Blade Runner 2049 é bastante interessante, possui algumas reviravoltas e surpresas bem bacanas, porém o filme cai um pouco de qualidade em seu ato final. As discussões filosóficas são abandonadas e o encerramento do filme vai mais para o lado da ação. Para piorar, o desfecho a meu ver é um pouco inverossímil e piegas.

Tecnicamente, o grande destaque de Blade Runner 2049 é a imagem. Fotografia e design de produção são excelentes, criando cenas de deixar o espectador boquiaberto. Curiosamente, se no filme original os espaços são apertados, claustrofóbicos, neste filme há varias tomadas e localidades com espaços bem amplos. Em termos de atuações, não há nenhum grande destaque; nem para o ótimo, nem para  o ruim.

Blade Runner 2049 é um filme muito bom, e deverá no mínimo satisfazer o fã do filme original, ainda que continue sendo uma obra difícil para o "público comum" apreciar. Apos um começo e meio bastante animador, ele me decepcionou em seu final, o que baixou consideravelmente sua nota. Mas se mesmo assim ele leva Nota: 7,0, este é realmente um filme que vale a pena ser conhecido.

sábado, 30 de setembro de 2017

Crítica - Mãe! (2017)

TítuloMãe! ("Mother!", EUA, 2017)
Diretor: Darren Aronofsky
Atores principais: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Brian Gleeson, Domhnall Gleeson, Kristen Wiig
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=ugn1gqGl7rs
Nota: 6,0
Genial e banal, filme é exagerado, perturbador, e de resultado discutível

Ame-o ou odeie-o. O polêmico e misterioso "filme de terror" do diretor e escritor Darren Aronofsky chega nos cinemas nacionais. Acostumado a fazer filmes psicologicamente intensos, onde sofremos mentalmente e sensorialmente com seus personagens (em especial Réquiem para um Sonho e Cisne Negro), Mãe! é sua mais nova obra seguindo este estilo.

Na história vemos um casal que vive isoladamente em uma grande casa (interpretados por Javier Bardem e Jennifer Lawrence) até que eles recebem a visita de um desconhecido e inconveniente casal mais velho, interpretado por Ed Harris e Michelle Pfeiffer.

Os personagens de Harris e Pfeiffer abusam em muito da boa vontade da personagem de Lawrence, e surpreendentemente o personagem de Bardem é conivente com tudo isto. Aparentemente o homem e o casal mais velho possuem uma sinistra ligação. O que está realmente acontecendo?

O que descrevi até agora é também tudo que aprendemos sobre Mãe! antes de sua exibição, através de trailers e notícias. A impressão é que temos um história de suspense/terror envolvendo estes quatro personagens.

Entretanto, ao assistirmos o filme percebemos que fomos consideravelmente enganados. Toda a trama que citei é apenas o primeiro ato de Mãe!. Quando o segundo ato se apresenta, não demora muito para percebermos que estamos diante de uma enorme história metafórica, repleta de alegorias.

Aliás, conforme o filme vai se aproximando do final, as metáforas (ou se preferir, os delírios do diretor) aumentam cada vez mais em número, caos e violência. Eis aí, a meu ver, o grande problema de Mãe! Diante de algo tão perturbador, tão bizarro e tão obviamente fora do mundo real, acabei ficando bem menos sensível aos sofrimentos da personagem de Jennifer Lawrence.

Mais ainda... quando enfim entendi o que estava acontecendo, fiquei decepcionado por estar diante de algo tão trivial. Mesmo as críticas que o filme faz perderam força, já que também são bem comuns sob a camada artística que as esconde na história.

Fui muito vago? Pois é, não posso dizer mais nada sobre a trama sem dar spoilers. Portanto, para entender melhor o título que dei a este post, e saber mais do que concluí sobre o filme, leiam depois do final do texto o PS onde explico as principais metáforas de Mãe!.

Em termos técnicos, o filme é muito bom, embora não seja fora de série. Gostei bastante do quanto som e tomadas de câmera contribuíram com o clima de suspense. Em termos de atuações, o quarteto principal está muito bem, principalmente Michelle Pfeiffer. Jennifer Lawrence é bastante exigida e corresponde muito bem. Entretanto, ao mesmo tempo que ela foi excelente, não dá para deixar de reparar que sua atuação é inferior a de Natalie Portman em Cisne Negro.

Mãe! definitivamente não é um filme para qualquer um. Sendo totalmente metafórico, muitas pessoas saem decepcionadas e perdidas quando tudo termina. Mãe! é um daqueles filmes que possuem tantas camadas de dicas e insinuações que dá pra se discutir sobre ele por semanas. Entretanto, me frustra que desta vez os "enigmas" que ficam para debater após assisti-lo são mais easter eggs sobre a produção do que debates sobre as idéias que o filme quer trazer. Sabem aquelas parábolas que Jesus conta na Bíblia? Então... elas possuem no máximo algumas páginas no total. Já aqui, Aronofsky investe numa superprodução e gasta quase duas horas para contar algo igualmente simples. Me soa como desperdício de recursos e até um pouco de exibicionismo do diretor. Nota: 6,0.



PS: entendendo o filme (não leia se não tiver visto o filme ainda). Javier Bardem é Deus, Jennifer Lawrence é a Mãe Natureza, Ed Harris é Adão, Michele Pfeiffer é a Eva, seus dois filhos são Caim e Abel. Então, quando você vê Ed Harris com um corte nas costas (a remoção da costela), ou um filho matando o outro, ou ainda, as insinuações de que Deus é egoísta e carente de nosso afeto, é de se lamentar tanta banalidade. Por outro lado, há genialidade quando o diretor Darren insere em sua história outra camada de interpretações, além do conto Bíblico. Por exemplo: a de que todo criador (ou escritor) necessita que as pessoas amem sua obra e que o ato de criar nunca termina; que as mulheres são sempre oprimidas e subjugadas desde o passado até hoje; nas críticas ao culto das celebridades; ou ainda, no choque ao constatarmos que todo aquele sentimento de indignação que passamos ao ver aquela trupe de convidados destruindo e barbarizando a casa da personagem de Jennifer Lawrence nada mais era que nós, humanos, destruindo o planeta Terra. Talvez esta seja a única lição interessante que o filme deixa.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Dupla Crítica terror espacial: Vida (2017) e Alien: Covenant (2017)


Dois filmes que estrearam no Brasil no primeiro semestre de 2017, mas que só agora irei dar meus pitacos. O Cinema está carente há tempos de um bom filme de terror espacial. Será que algum dos dois filmes abaixo conseguiu resolver o problema? Confiram!


Vida (2017)
Diretor: Daniel Espinosa
Atores principais: Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson, Ryan Reynolds, Hiroyuki Sanada, Ariyon Bakare

Filme de terror espacial contando com alguns dos atuais "atores da moda", que é o caso do trio Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson e Ryan Reynolds. Na verdade, Vida não é um filme ruim. O problema é que não encontramos nele absolutamente nada de novo, só um mais do mesmo.

Na trama, seis astronautas de nações diversas são os habitantes da Estação Espacial Internacional, onde recebem para estudo uma célula viva vinda de Marte. Conforme o tempo se passa, a célula vai se tornando em um organismo cada vez mais complexo, até colocar em risco toda a tripulação.

Vida não deixa de ser um plágio mais "limpo" (com corredores brancos e iluminados) do excelente Alien - O Oitavo Passageiro (1979). Porém além da imensa falta de originalidade, aqui a criatura alienígena consegue ser bem menos assustadora e muito mais inverossímil do que sua inspiração. O filme até prende a atenção em algumas sequencias, mas não impressiona em nenhum momento. Nota: 5,0



Alien: Covenant (2017)
Diretor: Ridley Scott
Atores principais: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride

Se Vida não agradou por imitar demais os filmes da franquia Alien, ironicamente foi ao tentar trazer algo novo justamente para esta mesma franquia de terror espacial que o diretor Ridley Scott se perdeu absurdamente.

Scott retornou à série que o consagrou com o fraco Prometheus (2012), que pelo menos começou com uma premissa interessante: aparentemente a humanidade fora criada pelos Engenheiros, uma estranha e avançada raça alienígena que deixou na Terra pistas para serem encontrados. Então um grupo de cientistas parte em inédita expedição em busca do planeta de nossos criadores. O problema é que o final não só é assustadoramente ruim, como incompleto... já que o filme não termina.

Eis então que vem Alien: Covenant, que conforme esperado, é uma continuação direta do filme de 2012. Aprendemos isto porque os personagens que encerram Prometheus são citados, e aprendemos qual foi o destino dos mesmos. Além disto, sabem o que é continuado do filme anterior? Nada. Absolutamente nada. Após entregar um filme ruim que não tem final e prometer as explicações na continuação... Ridley Scott ignora tudo o que fez para contar uma trama nova. Um desrespeito inacreditável com o espectador.

Ah sim... se a trama nova fosse boa ainda vá lá. Porém Alien: Covenant tem um roteiro péssimo. A fotografia, design de produção, e o clima de suspense... tudo isto - assim como em Prometheus - são muito bons. Mas o restante... o roteiro não só é repleto de clichês, como também consegue fazer de Alien: Covenant o filme da franquia onde os Aliens são os menos assustadores e os mais irrelevantes.

Ah sim... Ridley Scott ainda planeja uma continuação para Alien: Covenant. Pelo bem do que sobrou do respeito à franquia, que não consiga fazê-la. Nota: 4,0

domingo, 10 de setembro de 2017

Crítica - It: A Coisa (2017)

TítuloIt: A Coisa ("It", EUA, 2017)
Diretor: Andy Muschietti
Atores principais: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Sophia Lillis, Jeremy Ray Taylor, Finn Wolfhard, Wyatt Oleff, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer, Nicholas Hamilton
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=UllUiLEXB_g
Nota: 7,0
Produção e personagens são a força de It: A Coisa

Adaptação de um dos mais extensos e famosos livros de Stephen King (A Coisa, de 1986), e bastante elogiado por público e crítica no exterior, chega aos cinemas brasileiros o filme It: A Coisa. Mesmo sendo a primeira adaptação desta obra para os Cinemas, ela já é bem conhecida no Brasil devido à minissérie de 1990 que já foi exibida várias vezes nas TVs nacionais.

Na história, que acontece em 1988 na pequena cidade estadunidense de Derry (local fictício, presente em outras obras de King), crianças começam a desaparecer misteriosamente. Com o sumiço de seu irmão mais novo, Bill (Jaeden Lieberher) tenta investigar o ocorrido e não demora muito para que ele e seus amigos do "Clube dos Perdedores" descubram que um palhaço demoníaco está agindo na cidade em busca de vítimas.

It: A Coisa é - para o bem ou para o mal - um reflexo da cultura dos anos 80. Portanto, temos aqui um terror pouco interessado em explicações e com muitos adolescentes mortos. E como pano de fundo para a história, um bando de jovens "perdedores" sofrendo bullying dos valentões da escola: tema ultra comum nas produções desta década.

A produção para It: A Coisa é excepcional. Ótima fotografia, bons efeitos especiais, ótimo design de produção (cenário, ambientação, objetos decorativos, etc). E, não se pode deixar de citar, a excelente caracterização do palhaço Pennywise (Bill Skarsgård), muito mais assustadora do que sua versão de 90.

E por falar em assustar, ironicamente é neste quesito que It: A Coisa falha. E o principal motivo é que o filme mostra demais o seu monstro (o que é ruim, já que o que mais assusta é o desconhecido). Há outras causas (que citarei adiante), mas apesar de Pennywise não assustar tanto, as cenas finais em seu covil conseguem ao menos trazer com sucesso um pouco da tensão e medo que o filme promete.

It: A Coisa também traz um roteiro com algum conteúdo (se levarmos em conta ser um filme do gênero de terror). Por exemplo, é bacana constatar que alguns dos pais são tão maus quanto o palhaço-vilão; ou ainda, é legal ver adolescentes encontrando seu "primeiro amor" de uma maneira crível.

O elenco como um todo não é bom, porém seu trio principal Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher e Sophia Lillis (respectivamente Pennywise, Bill e a corajosa Bev Marsh) mandam muito bem. Cada um dos três entregam grandes atuações que sustentam o filme facilmente.

Há um personagem que me incomodou bastante: Richie (interpretado por Finn Wolfhard, curiosamente o ator adolescente mais famoso da produção, que fez o Mike Wheeler da série Stranger Things). Agindo como uma espécie de Jar Jar Binks, o personagem fala muito, e sempre fazendo piadas. É tanta idiotice dita por ele o tempo todo que isto quebra um pouco da tensão do filme. A meu ver se Richie tivesse participação reduzida o filme poderia ser mais interessante e assustador.

Somando prós e contras, It: A Coisa é um filme bem feito que deverá agradar até mesmo quem não é fã do gênero. Aliás, os fãs de terror provavelmente irão reclamar da falta de sustos... mas ainda assim é uma excelente oportunidade para que estes assistam um "terror das antigas" com uma produção de qualidade impensável para quem via estes clássicos nos anos oitenta. Nota: 7,0.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Crítica - Atômica (2017)

TítuloAtômica ("Atomic Blonde", Alemanha / EUA / Suécia, 2017)
Diretor: David Leitch
Atores principais: Charlize Theron, James McAvoy, Eddie Marsan, John Goodman, Toby Jones, James Faulkner, Roland Møller, Sofia Boutella, Bill Skarsgård
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=CpF1ejZeLsE
Nota: 7,0
Bom filme de ação e espionagem com um plano-sequência exepcional

Baseado em uma Graphic Novel de 2012, Atômica mostra uma semana da agente secreta do MI6 Lorraine Broughton (Charlize Theron) em ação em Berlin, 1989, onde a cidade vive a iminência da derrubada de seu famoso Muro. Sua missão, entretanto, não é fácil. Ela precisa recuperar um microfilme que contém a identidade de todos os espiões soviéticos da atualidade, incluindo a do desconhecido Satchel, agente duplo que traiu a Coroa há alguns anos. Para ajudá-la nesta missão quase suicida, ela se une a David Percival (James McAvoy), agente inglês responsável por Berlin.

Com o grande quantidade de filmes de espionagem sendo produzida atualmente, como Atômica se diferencia? Bem, a começar que temos enfim neste gênero uma protagonista mulher. E que mulher! Lorraine/Charlize protagoniza ótimas cenas de ação que não ficam devendo para qualquer personagem masculino. A bela Charlize, aliás, dispensou dublês em suas cenas e encerrou as filmagens literalmente com dezenas de hematomas e dois dentes quebrados.

Outro diferencial em Atômica é sua trilha sonora. Com a preocupação da produção em marcar a história no tempo (ou seja, mostrar como era o mundo em 1989), o filme traz uma extensa - e excelente - trilha sonora de músicas agitadas da década de 80.

Como filme de espionagem, Atômica é completo: bastante adrenalina, boas cenas de luta (que aliás, não acontece à toa: o diretor David Leitch, aqui dirigindo seu primeiro longa metragem, também foi dublê e diretor de dublês de franquias como Bourne e The Matrix), algumas intrigas, reviravoltas e suspense. É muito bacana ver, por exemplo, que passamos o filme todo sem saber se Percival (McAvoy), afinal de contas está ou não do lado dos "mocinhos".

O ponto alto do filme é o espetacular plano-sequência de ação com cerca de 8 minutos de duração. Rodado em um prédio alemão real, dentro de pequenos apartamentos e vários lances de escadas, esta tomada se encontra facilmente entre as melhores cenas de ação realizadas nos últimos anos. Vemos sem corte de câmera lutas incessantes e nos sentimos, mais do que nunca, como se estivéssemos dentro do filme presenciando toda aquela violência. Este genial plano-sequência só tem um defeito: não é real. A cena em si tem vários cortes, unidos principalmente através de CGI. Ainda assim, o resultado final é perfeito, e os cortes, absolutamente indetectáveis.

A pesar contra o filme, o roteiro de Atômica é fraco e faz pouco sentido - mesmo sendo bem sucedido em manter o clima de suspense - e possui alguns coadjuvantes clichês e de qualidade duvidosa.

Para quem gosta de filmes de ação e espionagem, Atômica é diversão garantida. E é mais um exemplo que as mulheres merecem também seu espaço em filmes de ação. Nota: 7,0.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Crítica - Bingo: O Rei das Manhãs (2017)

TítuloBingo: O Rei das Manhãs (Brasil, 2017)
Diretor: Daniel Rezende
Atores principais: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Cauã Martins, Ana Lúcia Torre, Tainá Müller, Augusto Madeira
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=4xHP9tiS6NM
Nota: 7,0
Divertido, diferente, completo e interessante. Mas peca na veracidade histórica

Dois patinhos na lagoa... 22! Justiça de Goiás... 38! Bingo!

Não... não é deste tipo de bingo que estou falando. Aqui, Bingo é o nome que os produtores de Bingo: O Rei das Manhãs tiveram que chamar seu personagem principal para não ferir os direitos autorais do palhaço Bozo.

A história é baseada na vida de Arlindo Barreto (que no filme teve o nome alterado para Augusto Mendes), provavelmente o mais conhecido dentre os intérpretes brasileiros do palhaço Bozo. O Barreto real interpretou o famoso personagem da TV entre os anos de 1982 a 1987, até ser demitido em definitivo devido seus problemas com álcool e drogas.

Na trama, Augusto (Vladimir Brichta) é um ator das pornochanchadas nacionais que, de maneira um pouco acidental, acaba contratado para ser o palhaço Bingo, cujo programa revoluciona a TV brasileira. Porém Augusto não consegue lidar com a fama e os problemas familiares e se perde em vícios, desperdiçando a carreira.

Em seus pontos principais, a história de Augusto Mendes é quase igual a de Arlindo Barreto. Os acontecimentos do parágrafo anterior descrevem tanto o ator real quanto o da ficção. Porém, nos detalhes, realidade e ficção se separam bem mais do que eu gostaria.

Dentre as diferenças principais, na vida real Arlindo Barreto não foi o primeiro intérprete do Bozo nacional; e também não foi o gênio que bolou as boas idéias do programa. Mais ainda, os dramas de sua mãe Marta (Ana Lúcia Torre) e seu filho Gabriel (Cauã Martins) são muito mais exagerados do que aconteceram realmente. A própria esposa de Augusto no filme é uma mistura das duas ex-esposas reais de Arlindo Barreto, e como consequência praticamente todas as cenas com ela são inventadas.

Outro problema são as várias inconsistências temporais, como por exemplo o início muito cedo nas drogas, ou ainda, as provocações dele com a Xuxa em uma época onde ela nem sonhava ainda em ir para a Globo. Para compensar, entretanto, há cenas "doidas", como por exemplo a maneira com que ele conseguiu o emprego, ou várias de suas brincadeiras no palco, que são bem verídicas.

Excluindo as inconsistências históricas, entretanto, Bingo: O Rei das Manhãs é um ótimo filme. O roteiro consegue misturar drama e humor de maneira muito eficiente, praticamente impecável. A trilha sonora - repleta de sucessos nacionais e internacionais dos anos 80 - é tão bacana que acaba conseguindo "mergulhar" o espectador no passado com até mais eficiência do que os bons cenários.

O elenco também é ótimo e ajuda muito a produção. No caso específico do protagonista Vladmir Brichta, ele infelizmente não convence quando faz o papel do pai amoroso. Entretanto, quando ele interpreta um personagem enlouquecido, e principalmente, quando ele interpreta o Bozo (Bingo), a atuação é excepcional. Sua transformação no Bozo é tão incrível que por si só já vale o ingresso.

Daniel Rezende - reconhecido editor (inclusive recebeu indicação ao Oscar pela edição/montagem de Cidade de Deus em 2003) - estréia como diretor com bastante competência. A montagem e planejamento das cenas, a condução dos atores, tudo muito bem feito. O único deslize são algumas poucas "tentativas de fazer Arte" (como por exemplo as longas cenas de tomadas panorâmicas sobrevoando cidades que não acrescentam nada à narrativa), mas que de maneira nenhuma comprometem o seu trabalho.

Bingo: O Rei das Manhãs é um filme bem diferente, que garante risos e comoções, e agradará tanto aqueles que querem relembrar a TV brasileira da década de 80 quanto quem vai conhecê-la pela primeira vez. A história de Bingo é bastante interessante. Pena que é menos real que deveria. Nota: 7,0.


PS: inicialmente o ator escalado para fazer Bingo era Wagner Moura, que teve que desistir do papel para filmar o seriado Narcos, da Netflix, e ele mesmo indicou Vladmir Brichta como seu substituto. A Warner resolveu fazer um vídeo para brincar com o fato. Ficou bem engraçado. Confiram clicando aqui!

PS 2: gostei bastante do filme e o recomendo a todos sem hesitar. Entretanto, a crítica especializada nacional em geral gostou ainda mais do filme! Por exemplo, a crítica Isabela Boscov afirmou na Revista Veja que Bingo: O Rei das Manhãs é o melhor filme nacional desde Cidade de Deus.

domingo, 13 de agosto de 2017

10 filmes que ainda aguardo em 2017

Estou indo aos cinemas menos que gostaria neste ano... mas no mínimo estes 10 filmes listados abaixo eu irei assistir! Eis a lista dos 10 filmes que ainda serão lançados nos cinemas brasileiros em 2017 e mais chamam a minha atenção:


24 de agosto

  • A Torre Negra: mesmo que as primeiras críticas lá fora não estejam favoráveis, o filme é encabeçado por dois grandes atores: Idris Elba e Matthew McConaughey, e é a primeira tentativa de adaptação para os cinemas daquela que é uma das franquias de livros mais bem sucedidas do escritor Stephen King.
  • Bingo - O Rei das Manhãs: o único nacional da minha lista, Bingo irá misturar fatos reais e fantasia, baseando na história do ator Arlindo Barreto, um dos primeiros intérpretes do palhaço Bozo, que se viciou em drogas e hoje é pastor evangélico. O filme promete humor, drama, e bastidores do mundo da TV nacional nos anos 80.

31 de agosto

  • Atômica: tem a Charlize Theron como protagonista. Sendo uma das minhas atrizes preferidas tanto pelo talento quanto beleza, já é o suficiente para eu conferir rs. De quebra tem o também talentoso James McAvoy como co-estrela.

07 de setembro

  • It - A Coisa: outra obra de Stephen King, agora a refilmagem de uma história de terror das mais famosas. Se basearmos no marketing do filme até agora, ele será bastante assustador. Fico com um pé atrás de que ele não foi pensado como filme "único", e sim, sendo a primeira parte de duas. Mas vou conferir!

21 de setembro

  • Mãe!: dirigido e escrito por um de meus diretores favoritos - Darren Aronofsky - seu novo projeto é o mais próximo do gênero de Terror que ele já fez. Conta também com grandes atores: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris e Michelle Pfeiffer.

05 de outubro

  • Blade Runner 2049: o grande desafio da vida do diretor Denis Villeneuve, facilmente um dos melhores diretores da atualidade: fazer uma bem sucedida continuação do filme cult de ficção científica Blade Runner. Dentre os atores estão Ryan Gosling, Harrison Ford voltando com seu papel do caçador Deckard, e Jared Leto. Imperdível!

26 de outubro

  • Thor: Ragnarok: embora os filmes do Thor estejam facilmente entre os mais fracos do Universo Cinematográfico Marvel, fazê-lo como uma grande ópera espacial pode dar certo desta vez (afinal, já funcionou duas vezes com Guardiões da Galáxia). Ter a ultra talentosa Cate Blanchett como a vilã é outro grande atrativo.

16 de novembro

  • Liga da Justiça: ver enfim os maiores super-heróis do planeta reunidos em um único filme já é um grande evento por si só. E ver se a DC Comics vai continuar evoluindo após o ótimo Mulher Maravilha - ou se vai voltar a decepcionar - é um grande enigma que serve também de atrativo.

23 de novembro

  • Assassinato no Expresso do Oriente: mais uma refilmagem deste grande livro policial da escritora Agatha Christie. O que esta versão se diferencia das outras? Vários atores e atrizes bacanas juntos. Dentre eles: Penélope Cruz, Willem Dafoe, Judi Dench, Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Kenneth Branagh e... Daisy Ridley.

14 de dezembro

  • Star Wars - Os Últimos Jedi: se tem a Daisy Ridley como Rey, já é obrigação assistir rs. Mas além disto, o filme vai enfim dar espaço para Luke Skywalker aparecer, e promete responder várias das questões levantadas pelo filme anterior. Além disto, será a última vez que veremos Carrie Fisher interpretando Léia. Para qualquer fã de Star Wars, filme mais que imperdível!

E vocês? Algum filme que sentiram falta na minha lista? Escrevam nos comentários!

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crítica - Dunkirk (2017)

TítuloDunkirk ("Dunkirk", EUA / França / Países Baixos / Reino Unido, 2017)
Diretor: Christopher Nolan
Atores principais: Fionn Whitehead, Aneurin Barnard, Mark Rylance, Tom Hardy, Kenneth Branagh, Tom Glynn-Carney, Jack Lowden, Harry Styles
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=hDfPdL50VNc
Nota: 7,0
Belo, diferente, mas muito, muito barulhento

Em seu primeiro filme que não é 100% ficção, o cineasta Christopher Nolan nos mostra as praias de Dunquerque (Dunkirk em Português), na França, no ano de 1940 e em plena 2ª Guerra Mundial, onde cerca de 400 mil homens Ingleses, Frances e Belgas estavam cercados pelas tropas Alemãs e prestes a serem exterminados.

Vemos então, através de 3 histórias diferentes (e também 3 perspectivas distintas: na água, terra e ar), os eventos da histórica Operação Dínamo, evacuação quase milagrosa que salvou mais de 300 mil soldados.

As 3 histórias são interessantes (embora entreguem pouco conteúdo), e revelam algumas surpresas quando se encontram; além do curioso fato de não serem temporalmente lineares entre elas.

A abordagem de Nolan para a guerra não deixa de ser interessante: os horrores das batalhas estão bastante presentes, mesmo com pouco sangue na tela. Outro ponto bacana foi sua maneira de mostrar como as pessoas são insignificantes diante de batalhas tão grandes: praticamente nenhum personagem de Dunkirk tem seu nome apresentado durante a projeção. Isto também faz que os personagens mal tenham tempo para ganhar alguma personalidade. Apenas os atores Kenneth Branagh e Mark Rylance conseguem fugir desta regra, de tão bons que são atuando.

Como sempre nos filmes deste diretor britânico, a fotografia é belíssima. Mesmo com um diretor de fotografia "novo" (Nolan trocou o estadunidense Wally Pfister pelo suíço Hoyte Van Hoytema desde Interestelar (2014)), as imagens são grandiosas e feitas para impressionar no formato IMAX. Se aproveitando do fato de que boa parte das cenas serem na praia, temos imagens que são como pinturas de tirar o fôlego. O mesmo pode ser dito das batalhas aéreas em "primeira pessoa", deslumbrantes!

Porém, apesar de todas as qualidades acima, Dunkirk tem um problema gravíssimo em seu ritmo: o filme simplesmente não tem um "clímax"... ou melhor, ele é inteiramente um único e gigantesco clímax. Do primeiro ao último de seus 106 minutos de duração, tudo em Dunkirk é épico, repleto de tensão, com uma trilha incidental absurdamente alta e barulhenta.

Sem variações de ritmo e sem descanso para os ouvidos, assistir Dunkirk se torna uma experiência desagradável em alguns momentos. É muito barulho o tempo todo, e além disto, cada uma das 3 narrativas se desenvolve de maneira tão lenta que chega a cansar. Dunkirk é uma provação para mente e ouvidos.

Dunkirk continua confirmando minha teoria de que desde A Origem (2010), Christopher Nolan ficou com a idéia de que quanto mais grandioso e épico for um filme, melhor. Porém, nisto Nolan está equivocado... é só ver o que as irmãs Wachowski fizeram em O Destino de Júpiter (2015) pensando da mesma maneira. Nolan continua trazendo um cinema interessante e diferente, belíssimo visualmente, mas está se perdendo nos excessos. Desta vez entregou um filme que é bom, mas que não é nada fácil de assistir. Nota: 7,0

sábado, 29 de julho de 2017

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

TítuloEm Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017)
Diretor: Edgar Wright
Atores principais: Ansel Elgort, Kevin Spacey, Jon Hamm, Eiza González, Lily James, Jamie Foxx, CJ Jones, Jon Bernthal
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=TJrKYWPBTrc
Nota: 8,0
 Tudo o que Velozes e Furiosos e La La Land queriam ser e não conseguiram...
em um único filme

Um dos aspectos que mais valorizo em um filme é o quanto ele é diferente, inovador. E este é o caso do surpreendente Em Ritmo de Fuga. Na história, Baby (Ansel Elgort) é o motorista de fuga de uma gangue de assaltantes, em um filme repleto de ação. Portanto... nada novo até aí. O que torna Em Ritmo de Fuga diferente é o uso da música: Baby ouve músicas altas com seu fone de ouvido o tempo todo, sem parar, e nós espectadores ouvimos tudo junto com ele. Parafraseando seu diretor, Edgar Wright, o filme é "dirigido pela música". Em vários momentos Baby dança junto com sua trilha sonora em situações das mais inusitadas; ou ainda, em outras cenas, a ação acompanha o ritmo da música tocada... como por exemplo, os disparos em um tiroteio acompanhando as batidas da trilha musical.

Por mais estranho ou cansativo que a descrição acima pode parecer, o resultado é ótimo. Ver Baby em seu "mundo sonoro particular" dançando e ouvindo música o tempo todo enquanto tudo ao seu redor explode de ação em um ritmo frenético é uma experiência bastante agradável.

Comentando as comparações entre filmes que fiz no subtítulo acima, Em Ritmo de Fuga também possui manobras e perseguições de carro malucas, personagens "machões / fodões", mas diferentemente da franquia Velozes e Furiosos, aqui as cenas de ação são mais críveis, menos exageradas, muito melhor filmadas (sem aquele excesso absurdo de cortes de cenas), e com atores que sabem atuar de verdade. Já em relação a La La Land... ok, Em Ritmo de Fuga não é um musical. Entretanto, ambos possuem como destaques principais muita música e um casal de jovens inocentes, sonhadores e apaixonados. La La Land - que até é um bom filme - tentou modernizar os musicais do passado. E que para mim, fracassou neste quesito. O primeiro tem um apelo para o público mais velho; já o segundo, para o público mais jovem. É Em Ritmo de Fuga que consegue, afinal, trazer uma maneira nova e atualizada para desfrutar músicas no Cinema.

E que músicas! A trilha sonora é excelente, e mesmo sendo em sua maioria músicas mais agitadas, há também algumas canções mais lentas. No geral, entretanto, são todos ritmos bem dançantes. Ah sim: se em La La Land muitas músicas são de Jazz, aqui temos uma variação muito maior, cobrindo lançamentos do último meio século, e alternando entre diversos estilos de Rock, R&B, Soul e Pop.

Em Ritmo de Fuga não é só som. A fotografia tem alguns bons momentos, principalmente em algumas cenas de plano sequência. As cenas de ação também são muito boas e o roteiro com várias surpresas... é como se fosse um roteiro de Tarantino sem o destaque para os diálogos.

Em Ritmo de Fuga é minha maior surpresa positiva nos Cinemas deste ano até agora. E que com este filme o jovem diretor/roteirista Edgar Wright ganhe um maior e merecido reconhecimento. Você acha que não conhece seu trabalho? Pois Wright por exemplo também dirigiu Todo Mundo Quase Morto e Scott Pilgrim Contra o Mundo, e foi o roteirista de Homem-Formiga e As Aventuras de Tintim dentre outros. Mais um nome para acompanharmos mais de perto. Nota: 8,0

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...