quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Crítica - Bacurau (2019)

TítuloBacurau (idem, Brasil / França, 2019)
Diretores: Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles
Atores principais: Barbara Colen, Thomas Aquino, Wilson Rabelo, Sônia Braga, Udo Kier, Karine Teles, Silvero Pereira, Rubens Santos
Uma experiência bem desagradável

Laureado este ano com o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, sendo então o segundo filme nacional a conquistar este título (o primeiro foi O Pagador de Promessas (1962), do Saltense Anselmo Duarte), Bacurau tem sido bastante elogiado pela crítica especializada, porém dificilmente atingindo nota máxima. E não é difícil entender o porquê. Bacurau é um filme "estranho" e irregular, com vários altos e baixos. Mas independente de seus prós e contras, a experiencia de assisti-lo não é nada agradável, seja pelas constantes cenas de miséria e violência, ou por suas mais de 2 horas de duração em um ritmo insuportavelmente lento.

Esta produção franco-brasileira mistura drama, ação, terror, humor, fantasia e até um pouco de ficção científica, pois sua história se passa "no futuro". E, sem nenhuma dúvida o ponto alto de Bacurau são suas imagens. A fotografia é excelente e o filme entrega diversas cenas memoráveis.

Infelizmente, para falar do que não gostei em Bacurau, serei obrigado a revelar parte da trama (mas não o seu final). Quem não quiser spoiler nenhum, sugiro pular deste parágrafo aqui para o último.

A história do filme é sobre o pequeno vilarejo (fictício) pernambucano de nome Bacurau. Aos poucos, fatos cada vez mais sinistros afetam a cidadezinha e então os moradores são atacados por um grupo de turistas estadunidenses, que em estilo parecido ao Predador, viajam pelo mundo matando humanos por esporte/diversão. O roteiro de Bacurau usa esta situação bizarra para discutir política e fazer diversas críticas sociais. A história entrega uma mensagem forte e atual de amor à terra natal, de que os pobres são heroicos e têm força, e de resistência à todos os "ricos" que se preocupam apenas com os próprios interesses.

A ideia é boa, consideravelmente original, e com isto Bacurau ganha pontos positivos. O problema é que esta ideia está longe de ser bem implementada: os (poucos) diálogos são bem ruins, o roteiro tem furos e exageros, vários atores são bem fracos e os personagens são absurdamente estereotipados... fora a lentidão do filme, já comentada anteriormente.

Mas o que mais me desagradou foi a maneira com que a dupla de diretores/roteiristas Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles apresentam o "verdadeiro brasileiro". Nossos heróis são criminosos que ingerem alucinógenos, decapitam os inimigos, andam pelados pela rua sem pudor nenhum, e fazem sexo a toda hora, de maneira bem banal. Li opiniões de ativistas de esquerda louvando essa imagem. Para mim, entretanto, é uma maneira antiquada, preconceituosa e ofensiva de expor o Brasil para o mundo.

Bacurau é um filme chato para se assistir, mas ainda assim interessante devido suas imagens, discussões sociais, e por ser bem diferente do comum. E, de maneira bastante contraditória, é uma história que traz um chocante futuro que pode sim acontecer, mas que foi escrito por mentes que aparentam terem estacionado há pelo menos meio século. Nota: 6,0

sábado, 7 de setembro de 2019

Crítica - It: Capítulo Dois (2019)

TítuloIt: Capítulo Dois ("It Chapter Two", Canadá / EUA, 2019)
Diretor: Andy Muschietti
Atores principais: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Hader, Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone, Andy Bean, Bill Skarsgård
Uma continuação fraca e cansativa

É comum nos cinemas que as continuações sejam inferiores aos filmes originais. Mas me parece que no caso de filmes de terror, esta lei tem mais força. Por exemplo, os ótimos A Bruxa de Blair (1999), O Chamado (2002) e Invocação do Mal (2013) tiveram todos péssimas sequencias. E... infelizmente, este também é o caso de It: Capítulo Dois.

Na história, passada em 2016, e exatamente 27 anos após os eventos do primeiro filme, o palhaço Pennywise (Bill Skarsgård) volta a atacar na pequena Derry, e então os 7 integrantes do "Clube dos Perdedores" voltam a se reunir para cumprir a promessa de se juntarem para matar o monstro se ele um dia retornasse.

Com o sucesso de crítica e público do filme anterior, It: Capítulo Dois contou com o dobro do orçamento e conseguiu trazer para o elenco duas importantes estrelas de Hollyhood: Jessica Chastain e James McAvoy. Apesar disto, nem eles foram suficientes para fazer o filme melhorar.

It: Capítulo Dois conta com o mesmo diretor, e também com o mesmo diretor de fotografia do filme anterior. Enquanto o segundo volta a fazer um trabalho excelente - com isso parece até que as duas obras foram filmadas "juntas", de tão belas e idênticas visualmente - o mesmo não se pode afirmar do primeiro. Parece que Andy Muschietti esqueceu importantes lições sobre filmes de terror. It: Capítulo Dois é bem menos assustador que It: A Coisa, principalmente porque aqui temos pouco "mistério": os monstros são vistos na claridade, por inteiro, e aí perde-se o clima de suspense. Isto sem contar com as várias piadinhas ao longo da história, que também enfraquecem o clima de medo. Os únicos momentos que se têm algum susto são quando temos cenas do palhaço atacando de surpresa com o volume repentinamente estridente e no alto; ou seja, através do recurso mais banal e fraco dos filmes de terror. Isto estava presente no primeiro filme, mas com moderação. Aqui em It: Capítulo Dois isso acontece mais de dez vezes, até cansa.

Mas nada cansa mais do que a história em si - sua duração (2h 39min) - e o fato dela teimar em evoluir. Dividido em três atos, no primeiro descobrimos que o integrantes do "Clube dos Perdedores" esqueceram de quase tudo o que aconteceu no filme anterior - o que gera, aliás, alguns furos de roteiro - e ficam o tempo todo brigando entre si. Chato. No segundo ato, cada personagem se relembra de algum episódio assustador envolvendo eles sozinhos contra o Pennywise do passado, ou seja, quando ainda eram crianças (com isto, voltam os atores do primeiro filme). Então, ao invés da história avançar, ela retrocessa, já que se os personagens estão vivos hoje, não importa o que aconteceu no passado... que tensão há nisso?

Finalmente no terceiro ato It: Capítulo Dois melhora, e finalmente o filme se aproxima da qualidade do It: A Coisa. Agora tendo a batalha final contra Pennywise, novamente em seu covil, temos alguns bons diálogos e algumas boas cenas de terror. Ainda assim, se este segmento do filme é interessante, seu desfecho é quase patético.

Mal realizado, It: Capítulo Dois esquece do medo e dos dramas psicológicos apresentados no primeiro filme e seu resultado mais parece o esforço de se entregar uma continuação rapidamente para ganhar mais dinheiro independentemente de sua qualidade. Uma pena, mais uma franquia que se encerra em baixa. Nota: 5,0


PS1: aparentemente nem todos desgostaram tanto do filme como eu: Stephen King elogiou bastante o It: Capítulo Dois publicamente e inclusive ele faz uma ponta na produção, fazendo o papel de um dono de loja de penhores.

PS2: com It: Capítulo Dois o conteúdo do livro em que os dois filmes se baseou se encerra. O livro também conta com o Clube dos Perdedores enfrentando Pennywise duas vezes, uma como crianças e outra como adultos. A principal diferença é que no livro as duas fases acontecem respectivamente em  1957 e 1984.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Crítica - Stan e Ollie - O Gordo e o Magro (2018)

TítuloStan e Ollie - O Gordo e o Magro (Stan & Ollie, Canada / EUA / Reino Unido, 2018)
Diretor: Jon S. Baird
Atores principais: Steve Coogan, John C. Reilly, Shirley Henderson, Nina Arianda, Rufus Jones, Danny Huston
Ótima interpretação sobre dois ótimos intérpretes

Mais um filme muito bom que merecia alcançar os cinemas brasileiros e não conseguiu. Stan e Ollie - O Gordo e o Magro chegou no Brasil poucos meses atrás, apenas através da compra via serviços de streaming como Youtube, Looke, etc.

A dupla composta pelo americano Oliver Hardy e o inglês Stan Laurel (conhecida no Brasil como "O Gordo e o Magro") deixou sua marca na história sendo um dos nomes mais populares da comédia do início de Hollywood. Atuando juntos da década de 1920 até a década de 1950, a dupla era tão talentosa que conseguiu fazer a transição do cinema mudo para o cinema sonoro sem perder a qualidade de seu humor.

Os reprises de seus filmes eram comuns na TV brasileira até meados dos anos 80. Depois disso eles "sumiram" da vida tupiniquim e se você tiver menos de 30 anos, muito provavelmente não os conhece. Stan e Ollie - O Gordo e o Magro é uma boa oportunidade para corrigir isto.

O filme se passa em 1953, onde a velha dupla, já sem dinheiro e sem saúde, realizou suas últimas performances juntos em uma breve turnê por teatros europeus. A história contada no filme é bem próxima dos fatos reais - pelo menos é o que se acredita - já que Hardy e Laurel eram bem reservados e jamais se pronunciaram sobre esta época para qualquer veículo de mídia.

Não vou contar mais sobre a trama, mas posso garantir que se trata de uma história muito triste, bela e comovente sobre o final da vida e a amizade. Me emocionei bastante nos minutos finais. Vale o alerta: este filme não é uma comédia, e sim um drama.

A "cereja do bolo" certamente é a atuação da dupla principal Steve Coogan (Stan) e John C. Reilly (Oliver). É muito impressionante o quanto eles conseguiram ficar "iguais" à dupla original. Desde a aparência física, como as expressões faciais, os trejeitos... tudo inacreditavelmente parecido com os verdadeiros Gordo e Magro.

O filme só não ganha nota maior porque se arrisca pouco, principalmente no roteiro. O filme certamente poderia se aprofundar mais em alguns dramas, mostrar mais cenas de Stan e Ollie em ação como comediantes, ou ainda, contar um pouco mais da história de ambos antes de 1953. Ainda assim, Stan e Ollie - O Gordo e o Magro é uma homenagem muito bonita e merecida a esta dupla genial. Nota: 7,0


PS: algumas das cenas do filme são refilmagens idênticas de performances da dupla verdadeira. Por exemplo, há esta propaganda que quem assistiu o filme certamente irá se lembrar.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Dupla Crítica: MIB: Homens de Preto - Internacional (2019) e Brightburn - Filho das Trevas (2019)


Duas produções envolvendo alienígenas e super-seres que chegaram ao Brasil meses atrás e que só agora tive tempo para publicar minha análise por aqui. A primeira se trata do reboot da franquia Homens de Preto, que fez muito sucesso no fim dos anos 90 e já teve 3 filmes. A segunda é uma obra inédita, mas não tão original, da história de um "Superman do mal". Já tivemos algumas versões similares a isto nos quadrinhos... entretanto é a primeira vez que temos uma visão desta história contada nas telonas. Confiram ambas as críticas!


MIB: Homens de Preto - Internacional (2019)
Diretor: F. Gary Gray
Atores Principais: Chris Hemsworth, Tessa Thompson, Kumail Nanjiani, Rebecca Ferguson, Rafe Spall, Emma Thompson, Liam Neeson

Em uma época em que os reboots empesteiam os cinemas pelo mundo,  não é nenhuma surpresa que Homens de Preto ganhe o seu. A princípio a aposta tinha boa chance de dar certo, ao trazer como os dois novos agentes protagonistas o carismático Chris Hemsworth e a competente Tessa Thompson, dois atores jovens que fazem sucesso nos filmes de super-heróis da Marvel.

Mas a dupla esteve longe de salvar MIB: Homens de Preto - Internacional: com uma história sem nenhum propósito, repleta de furos, e que mais parece um filme B de James Bond do que qualquer filme sobre ETs, o novo MIB é intragável. Aliás, o roteiro é tão ruim que conseguiu fazer Chris Hemsworth ser irritante, com um personagem muito burro e arrogante que tenta fazer rir o tempo todo e não consegue.

Aparentemente os envolvidos com o filme sabiam que não tinham roteiro, e então a tentativa para agradar veio através de centenas de piadinhas (que não funcionam) e muuuuitos efeitos especiais e personagens bizarros. Porém estes não acrescentam nada à trama e nem são lá muito bem feitos, já que o filme não teve um orçamento tão grande se comparado aos blockbusters atuais (US$ 110 milhões).

Mesmo não investindo muita grana na produção do filme, a Sony bem que tentou fazer deste reboot um sucesso, já que investiu mais dinheiro em marketing (US$ 120 milhões) do que fazendo seu produto. Por exemplo, em alguns países o filme foi alterado para receber uma pequena participação especial de uma personalidade local. O Brasil foi um dos países contemplados com essa ação e quem faz uma ponta em MIB 4 nos nossos cinemas é... Sérgio Mallandro.

Mas quando o produto é ruim, é difícil ele ser salvo pela propaganda. Os US$ 260 milhões arrecadados em bilheteria não são valores baixos, mas o filme sequer se pagou com estes números. E eu acho que é muito que bem feito! Quando os executivos de Hollywood vão aprender a se preocupar em trazer bons roteiros? Nota: 4,0.


Brightburn - Filho das Trevas (2019)
Diretor: David Yarovesky
Atores principais: Elizabeth Banks, David Denman, Jackson A. Dunn, Matt Jones, Meredith Hagner, Emmie Hunter, Gregory Alan Williams

Não é a primeira vez que alguém pensa em contar nos cinemas a história de um Superman malvado. Mas é a primeira vez que alguém consegue realizá-lo. Um dos responsáveis por esta façanha foi James Gunn (Guardiões da Galáxia), que atuou como produtor e trouxe para roteiristas o seu irmão Brian e seu primo Mark. Por motivos de licenciamento - já que a DC Comics não tem nada a ver com esta produção - ao invés de um Clark Kent e um Superman temos um Brandon Breyer e um Brightburn.

A idéia é certamente interessante, mas em Brightburn... é pessimamente executada. A história é muito ruim, quase inexistente; mas o que realmente inexiste é o desenvolvimento de personagens. O "superboy" Brandon (Jackson A. Dunn) teve uma boa educação, sempre foi bonzinho, e, de uma hora pra outra, ganha seus poderes e vira malvado. O mais perto de explicação para seu comportamento seria que o garoto estivesse "possuído" pela sua nave. Ou seja, nem coragem de fazer ele mau de verdade o filme teve.

E após o garoto virar mau e invencível com um piscar de olhos, o filme descamba para um terror trash, repleto de sangue, rostos dilacerados... cenas de puro mal gosto. Se Brightburn pelo menos tivesse alguma qualidade como filme de terror até vai lá... mas nem isto, pois o espectador não chega a sentir medo ou suspense. As mortes são tão fáceis e rápidas que você as assiste passivamente, sem emoção, assim como são as expressões da maioria dos atores do filme...

Somando o currículo do diretor e dos dois roteiristas, juntos o trio possui apenas 2 longa metragens na carreira. Junta-se a isso um baixo orçamento e atores ruins... as chances de Brightburn dar certo não eram as melhores. O que aprendemos aqui é que da família Gunn só mesmo o James tem talento... e ele mesmo teve seu filme queimado comigo ao produzir algo tão ruim como isso. Nota: 3,0.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Crítica - Era Uma Vez em... Hollywood (2019)

TítuloEra Uma Vez em... Hollywood ("Once Upon a Time... in Hollywood", China / EUA / Reino Unido, 2019)
Diretor: Quentin Tarantino
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Emile Hirsch, Margaret Qualley, Timothy Olyphant, Dakota Fanning, Austin Butler, Al Pacino
Uma ode saudosista à Hollywood do fim dos anos 60

Eis que chega aos cinemas o 9º filme de Tarantino como diretor. Estamos na Hollywood de 1969 e ao misturar fatos e personagens reais com fictícios, para aproveitar melhor o filme é necessário saber um pouco do contexto histórico da época.

É importante saber o básico de quem foram Charles Mason e Sharon Tate, de que estamos nos últimos anos do movimento hippie, e principalmente, que TV e Cinema passavam por grandes mudanças. Com uma população cada vez mais urbanizada, programas de faroeste e show de variedades estavam em decadência; já nos cinemas as grandes super produções começavam a ser substituídas por filmes autorais e mais baratos, de uma nova geração de diretores como Martin Scorcese, Francis Ford Copolla, e o próprio Roman Polanski, que aparece no filme.

É nesse contexto que conhecemos a ex-estrela de Westerns na TV, o ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), e seu ex-dublê (e melhor amigo) Cliff Booth (Brad Pitt) buscando novas oportunidades de emprego. É então que eles se envolvem indiretamente com o grupo da Família Manson, dentre outras pequenas histórias envolvendo bastidores do mundo dos filmes e seriados da época.

Era Uma Vez em... Hollywood traz um dos roteiros mais fracos e simples dentre os filmes de Tarantino. Não há grandes diálogos ou acontecimentos. Ainda assim, o roteiro é bom e acima da média.

É certamente o filme mais pessoal e menos violento de Quentin. E aliás, por muitos momentos esta "violência" é substituída por um ingênuo otimismo e amor ao mundo das celebridades, amor este personificado principalmente em Sharon Tate (Margot Robbie). Robbie convence com seu encantamento e felicidade em todos os momentos em tela.

A homenagem de Tarantino pela Hollywood do final dos anos 60 é escancarada com quase uma centena de referências a filmes, seriados, propagandas e músicas da época. Por falar em músicas, a trilha sonora - como em todo filme do diretor - é excelente, e se bobear este é o filme que traz uma maior quantidade de músicas diferentes.

Se o roteiro não é o ponto principal do filme, por outro lado Tarantino compensa com uma grande qualidade técnica, através de uma fotografia excelente e tomadas em movimento muito belas e bem feitas. A maneira com que ele cria o clima de tensão e suspense em algumas cenas é magistral. E, claro, não podemos deixar de elogiar o cuidado com que o diretor tem com seus atores/personagens.

DiCaprio e Brad Pitt estão excelentes em Era Uma Vez em... Hollywood. Carismáticos, engraçados, mudanças repentinas de emoções... somente pela dupla o filme já vale muito a pena.

Era Uma Vez em... Hollywood é provavelmente o filme mais mainstream de Tarantino, ainda que ele mantenha todas suas características autorais. É também provavelmente seu filme mais lento e contemplativo, sendo isto o que entendo ser o ponto fraco deste filme. Com vários altos e poucos baixos, Era Uma Vez em... Hollywood é obrigatório para todo fã de cinema. Nota: 7,0


PS 1: o filme traz uma cena pós créditos com DiCaprio fazendo uma propaganda e, em seguida, aparece um inusitado "áudio pós créditos" (que sequer foi legendado aqui no Brasil). O áudio (real) é de Adam West em um concurso ocorrido em 1966 para uma rádio, onde ele promovia o seu seriado do Batman.

PS 2: é muito provável que vocês já tenham visto notícias da polêmica envolvendo a maneira com que Bruce Lee é representado no filme. Tarantino mostra Lee como uma pessoa bem arrogante, o que causou a ira da família do ex-lutador. Mas poderia ser pior. Pelo roteiro original, o personagem de Brad Pitt iria ter uma luta demorada contra Bruce Lee, sendo que o personagem de Pitt iria massacrá-lo. Mas Pitt foi contra esta ideia, por respeito a Lee, e então juntamente com o responsável pela coreografia da luta eles convenceram Tarantino a deixar a luta como ficou no filme... curta e sem vencedores.

domingo, 30 de junho de 2019

Evangelion chegou na Netflix. Aprenda porque este Anime é tão importante e você deve assistí-lo


Neon Genesis Evangelion é uma Anime japonês de 1995, composto por 26 episódios, escrito e dirigida por Hideaki Anno. A produção chegou por completo semana passada na Netflix nacional e neste texto eu apresento a vocês esta obra que é obrigatória para quem gosta de ficção científica, animes e tokusatsu's.

O enredo
No universo de Evangelion aprendemos que no ano 2000 uma explosão gigantesca aconteceu na Antártida, no que oficialmente foi a queda de um gigantesco meteoro. Como consequência deste evento, grandes tsunamis, erupções de vulcão, e vários outros efeitos climáticos fizeram a população humana cair pela metade, mudando para sempre nossa civilização.

15 anos depois, o planeta - em especial a cidade de Tóquio-3 - começa a ser atacada por monstros gigantes, denominados "Anjos". Com as armas tradicionais falhando no combate contra estas criaturas, são criados então os gigantes EVAs, robôs que só podem serem pilotados por crianças bem especiais. Na foto acima vemos os EVAs e seus três principais pilotos: Shinji Ikari, Rei e Asuka. Cabe a eles salvarem a humanidade.

Porque é tão importante
Acreditem se quiser, mas os tais filmes de "monstros e robôs gigantes" chegaram a fracassar e ter imagem ruim mesmo no Japão, e isto acontecia no início dos anos 90. Neon Genesis Evangelion foi um estrondoso sucesso que salvou o gênero da extinção, e até hoje muitos filmes e desenhos deste tipo são criados todos os anos no Oriente e no Ocidente.

Neon Genesis Evangelion tem batalhas de robôs vs monstros muito bacanas; até porque cada Anjo que aparece é completamente diferente do anterior, tanto em design quanto em poderes, deixando tudo mais emocionante e imprevisível.

Porém, Evangelion não é apenas um filme de monstros. É uma baita ficção científica, abordando temas frequentes do gênero como: mundo pós-apocalíptico, sobrevivência da humanidade, excesso poder de grandes corporações, sentido da vida, questionamento à religiões e profecias. E mais ainda, o foco do Anime não são os monstros, mas seus complexos personagens, que estão sempre lutando contra a solidão, e tentam de alguma maneira se encontrar dentro do mundo que vivem.

Neon Genesis Evangelion tem algumas características não tão comuns em Animes, como por exemplo, personagens femininos bastante fortes e independentes (e isso em 1995!), e uma quase ausência de humor: Evangelion é bem sério, emocionalmente pesado, e com poucos alívios cômicos. A se lamentar, a sexualização feminina tão comum nos Mangás e Animes não foi eliminada. Mas isto não compromete o resultado final desta grande obra.

O conturbado desfecho
Neon Genesis Evangelion teve um desfecho bem diferente do esperado pelos fãs, com muita reflexão e pouca ação (boa parte do mesmo se passa dentro dos pensamentos de Shinji). Mesmo com grandes elogios da crítica especializada, acho que o final de Evangelion causou no Japão uma revolta maior do que tivemos recentemente com Lost ou Game of Thrones (risos).

Por isto mesmo, apenas dois anos após o encerramento da série (1997), surgiram dois filmes para trazer outro desfecho. Ambos filmes também se encontram na Netflix.

O primeiro filme se chama Neon Genesis Evangelion: Death & Rebirth. Composto de duas partes, a primeira resume (em muito) os 24 primeiros episódios sem alterações relevantes; e a segunda parte traz o início de um novo desfecho, cujas cenas futuramente entraram no começo do filme seguinte, The End of Evangelion. Na verdade a versão que chegou na Netflix é a Evangelion: Death (True)² que, basicamente, retira de Death & Rebirth toda a segunda parte "rebirth", ou seja, você não vai assistir aqui todas as cenas que seriam repetidas no filme seguinte (portanto, esta edição é melhor!).

O segundo filme, de nome The End of Evangelion, começa imediatamente após os eventos do 24º episódio, e então temos outra versão dos episódios 25 e 26, agora estendida (84 minutos) e bem modificada. De certa forma, The End of Evangelion mostra tudo o que foi exibido nos episódios 25 e 26, porém sob perspectiva "externa"... ou seja, o que aconteceu "realmente" com o mundo, sem a perspectiva de dentro da cabeça do protagonista.

Por um lado, Hideaki Anno satisfez aos fãs trazendo enfim bastante ação e lutas com os EVAs, e respondeu várias perguntas que ficaram sem respostas. Entretanto, The End of Evangelion é bem mais difícil de compreender, e suas últimas cenas trazem uma mudança essencial em relação ao final da série original: enquanto no anime Shinji recebe uma conclusão "otimista", no filme o protagonista têm uma conclusão "pessimista". Seria esta mudança uma maneira do diretor/escritor se "vingar" dos fãs chatos?

Particularmente, prefiro o desfecho original, dos episódios 25 e 26 do anime. Ainda assim, ambos desfechos se complementam e devem ser assistidos.

Um novo Evangelion em HD
Em 2007 Evangelion voltou às manchetes com o projeto Rebuild of Evangelion, que consiste em contar toda a série em 4 filmes, agora com desenhos todos modernizados e em HD. Hideaki Anno não voltou para a direção, mas continua sendo o único roteirista. O quarto e último filme do projeto está previsto para 2020... e adivinhem... promete outro desfecho inédito. Rebuild of Evangelion conta  com alguns personagens inéditos, e seu terceiro filme, Evangelion: 3.0 You Can (Not) Redo, já tem uma trama bem diferente do que vimos no anime. Portanto, o novo desfecho para este Evangelion é completamente inesperado.

E também temos Mangás!
Evangelion também saiu em Mangá (encerrado apenas em 2014 e felizmente publicado na íntegra aqui no Brasil, em 28 edições: as 20 primeiras pela Conrad e as 8 últimas pela editora JBC) e tem como curiosidade ser a visão do designer da série original, Yoshiyuki Sadamoto. Ou seja, mais uma vez temos diferenças em relação ao Anime; porém aqui as diferenças se refletem ao longo de toda a história e não apenas no desfecho.

Também foram publicados no Japão mais 3 spin-offs em Mangá, todos eles com temática completamente diferente da obra original. O mais relevante destes 3 títulos também foi publicado no Brasil, com o nome de Neon Genesis Evangelion: The Iron Maiden 2nd. Trazido aqui na íntegra pela editora Conrad em 12 volumes, se trata de uma espécie de comédia romântica contando a vida dos protagonistas dentro da escola, como colegiais.


Gostaram da matéria? Convencidos a assistir Evangelion? Segue abaixo mais algumas fotos do anime:







Obs.: este texto foi atualizado e expandido em 15/08/2019.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Dupla Crítica - Hellboy (2019) e Shazam! (2019)

Enquanto o novo Homem-Aranha não chega nos cinemas, aproveito para matar o débito que tinha com filmes de super-heróis de 2019: duas produções bem recentes que sendo boas ou não, são tão diferentes que merecem ser conhecidas. Confira as críticas!


Hellboy (2019)
Diretor: Neil Marshall
Atores principaisDavid Harbour, Milla Jovovich, Ian McShane, Sasha Lane, Daniel Dae Kim

Após dois filmes bem recebidos pela crítica e que deram lucro (mesmo sem bilheterias muito grandes), alguns "jênios" de Hollywood resolveram mudar ator principal e diretor. Saem Ron Perlman - ator carismático que ama Hellboy por ser o papel de sua vida - e Guillermo del Toro - diretor talentoso vencedor de dois Oscares - para entrar respectivamente David Harbour e Neil Marshall, uma dupla com carreira mediana na TV e completos desconhecidos no cinema.

Portanto, o reboot de Hellboy tinha boas chances de não funcionar... e de fato, não apenas fracassou como foi pior do que qualquer expectativa mais pessimista: fracasso completo de público e crítica, não há quem tenha gostado deste novo filme.

Hellboy é um personagem que veio dos quadrinhos, que aliás são ótimos; e ironicamente, dentre os três filmes de Hellboy já feitos é justo este que teve o roteiro mais fiel às HQs. Eis aqui, então, um ótimo exemplo de que mesmo usando um bom material original, tudo pode ser perder na adaptação para as telas.

Absolutamente tudo é feito errado neste Hellboy: personagens sem nenhum carisma, iluminação, montagem, coreografia das lutas, até a paleta de cores fracassa! A trilha sonora é simplesmente horrorosa, e é ela a principal responsável por fazer Hellboy alternar cenas de "Filme B" com cenas de videoclipe de Heavy Metal. Depois de 30 minutos assistindo, já não via a hora de ir embora pra casa.

É simplesmente lamentável que uma franquia tão bacana simplesmente se encerre devido à ganância e incompetência. Porém, isto acontece em Hollwood com certa frequência... E sim, aposto no "encerre"... duvido que Hellboy se recupere desta tragédia. Nota: 3,0.


Shazam! (2019)
Diretor: David F. Sandberg
Atores principais: Zachary Levi, Mark Strong, Asher Angel, Jack Dylan Grazer, Djimon Hounsou, Faithe Herman, Grace Fulton

Pode se dizer que Shazam! é uma das apostas mais arriscadas da DC Comics nos últimos tempos. Após uma sequencia de filmes "tradicionais" que alternaram moderados fracassos com moderados sucessos, a concorrente da Marvel resolveu investir numa comédia (talvez para seguir um sucesso da rival, os Guardiões da Galáxia).

Entretanto, de maneira que me surpreendeu bastante, Shazam! não tem tanta comédia assim. Com exceção das cenas em que ele aprende seus poderes - e vemos várias delas no trailer - em geral há bastante drama no filme... como por exemplo o fato de que o protagonista Billy Batson (Asher Angel) ser um órfão que nunca conseguiu pais adotivos decentes, ou ainda que o vilão Doutor Silvana (Mark Strong) teve uma vida inteira de frustrações e tristezas.

A história de Shazam! tem alguns momentos bons e emocionantes, todos eles relacionados com o grupo "infantil" da trama. Os mesmos elogios não podem ser feitos aos atores adultos: Zachary Levi e Mark Strong estão bem canastrões; Levi é incapaz de passar a imagem de um "adulto em corpo de criança"... ele é apenas... idiota.

Shazam! acaba sendo um filme de público bem específico: se tivesse mais comédia, poderia agradar mais as crianças; se tivesse uma história menos simplória, poderia agradar os adultos. Porém, na prática Shazam! é um drama/aventura adolescente que deverá agradar apenas o público com pouco mais de 10 anos.

Shazam! poderia ter sido um filme de muito mais sucesso - e agradar bem mais este que vos escreve - se fosse feito na década de 90 ou nos anos 2000. Mas depois de tantos filmes ótimos da Marvel nas últimas duas décadas, ainda que seja um filme "legal", Shazam! soa muito ultrapassado. Nota: 5,0.

sábado, 22 de junho de 2019

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

TítuloI Am Mother (idem, Austrália, 2019)
Diretor: Grant Sputore
Atores principais: Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, Rose Byrne, Tahlia Sturzaker
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=iVMUv5KJF64 (obs: vai te dar alguns spoilers)
Nota: 7,5

Ótima história de ficção científica, que merecia maior refinamento

Se na maioria dos seus filmes originais a Netflix ainda derrapa bastante, pelo menos no gênero de ficção científica ela nos oferece ocasionalmente excelentes surpresas. Isso aconteceu ano passado com o ótimo e perturbador Aniquilação, e se repete agora com este muito bom I Am Mother ("Eu sou Mãe", em tradução livre).

Na trama, no primeiro minuto aprendemos que a humanidade como conhecemos se extinguiu. E então um protegido prédio de "reinício da humanidade" é ligado. Nele, um robô em formato humano, que se autodenomina "Mãe", pega um embrião humano congelado, e o faz nascer como bebê, acompanhando e cuidando de seu desenvolvimento. Os anos passam, e já como adolescente a "Filha" (Clara Ruggard) começa a questionar o mundo que vive... E aumentando ainda mais os conflitos, robô e filha encontram a "Mulher" (Hillary Swank), que aparece ferida vindo do mundo exterior. Sua chegada é o gatilho para vários conflitos.

Como toda boa obra de ficção científica, I Am Mother questiona valores atuais e nos faz pensar sobre o futuro: Seria a humanidade intrinsecamente ruim? O que é uma mãe? Um robô pode ser uma mãe? Uma inteligência artificial pode ter sentimentos? Tudo isso se encontra no filme, o que é ótimo, e certamente nos leva a pensar.

Entretanto, I Am Mother traz todos estes questionamentos de maneira superficial; mais do que qualquer coisa, temos um filme de suspense, com pitadas de ação e praticamente nenhum tempo para reflexão. É aí que I Am Mother perde pontos.

Não que esta falta de profundidade prejudique o filme de maneira significativa, ou que a direção de Grant Sputore (que estréia como roteirista e diretor) não seja boa. Pelo contrário, a história é instigante e as cenas de suspense são muito bem executadas... enquadramento, trilha sonora, tudo funciona muito bem! Porém faltou a I Am Mother ir além das imagens: o que a "Filha" realmente estava pensando, sentindo? E quanto a "Mulher"? A talentosíssima Hillary Swank fica subaproveitada no filme... Nenhum personagem recebe um aprofundamento decente.

Outro ponto que poderia ser melhor desenvolvido são as "surpresas" no roteiro: a história conta com várias (e algumas excelentes) reviravoltas, porém o filme dá tantas dicas do que vai acontecer que adivinhamos as cenas seguintes sem muitos choques. Pelo menos a maior das surpresas é realmente boa e inesperada.

Um exemplo definitivo para esta falta de refinamento é a excelente metáfora feita com o cachorro, que é tão rápida que é muito difícil perceber durante o filme (só a entendi depois, lendo textos na Internet). O final de  I Am Mother, alias, é bom, diferente, porém de não tão fácil entendimento. Após este texto, em meu "PS", explico estes dois pontos para não dar spoiler aqui.

I Am Mother é outra grata surpresa de ficção científica no catálogo da Netflix. Ainda que lhe falte um pouco de "emoção" e desenvolvimento, seu resultado final é bem acima da média, trazendo reflexões e surpresas assustadoras. Certamente irá empolgar qualquer fã do gênero. Nota: 7,5


PS: (cuidado, não leia se não quiser spoilers)
No final do filme, descobrimos que a "Mulher" é a criança número 1, e que até o fim de sua vida se mostrou demasiado egoísta. Já a "Filha" provou se preocupar com o próximo acima de tudo, e é por isso que a "Mãe" se retira da estação para que a "Filha" cuide de reiniciar a humanidade; até este momento a "Mãe" está convencida que sua "Filha" é uma humana digna (e bem melhor que os outros humanos) para a tarefa.

A tal metáfora com o cão, é que embora nós os amemos verdadeiramente, somos nós quem decidimos o que é bom ou não para eles...  não importa o que eles querem... nós sabemos o que é para seu "bem" ou "não". E é exatamente esta postura que a "Mãe" tem com a humanidade. Ela nos ama. Mas nós somos seus bichos de estimação. Chocante, não?

domingo, 16 de junho de 2019

Crítica Netflix - Mistério no Mediterrâneo (2019)

TítuloMistério no Mediterrâneo ("Murder Mystery", EUA, 2019)
Diretor: Kyle Newacheck
Atores principais: Adam Sandler, Jennifer Aniston, Luke Evans, Gemma Arterton, Luis Gerardo Mendez, Dany Boon, Shiori Kutsuna, Adeel Akhtar, John Kani
Uma agradável paródia sobre os livros de detetive

Estreou há apenas dois dias Mistério no Mediterrâneo, o quinto dos seis filmes que Adam Sandler têm sob contrato com a Netflix para estrelar no canal. Dos que eu assisti, este é até agora o melhor deles (aqui no Cinema Vírgula também escrevi sobre o primeiro feito, The Ridiculous 6).

Na trama o policial Nick Spitz (Adam Sandler) e sua esposa Audrey (Jennifer Aniston) estão em um avião em direção à Europa quando são convidados por Charles Cavendish (Luke Evans) para passar uns dias no iate de seu tio bilionário Malcolm Quince, que irá se casar com a jovem Suzi (Shioli Kutsuna). Não demora muito para assassinatos acontecerem no navio e então, a dupla tenta descobrir o assassino para deixarem de serem suspeitos.

Com Audrey sendo fã de livros policiais de detetive, esta comédia (que nem tem romance) foca em parodiar estes tipos de livro. A própria estrutura do enredo lembra muito os livros de Agatha Christie, por exemplo.

Não há muito foco na investigação em que a dupla realiza, mas pelo menos há foco o suficiente para o espectador se perguntar: "quem é o vilão?". Tirando as piadas bobas de Sandler de sempre, há algumas piadas relativas ao universo das aventuras de detetive que são boas. A quebra de expectativa acontece algumas vezes e sempre de maneira muito positiva.

Não espere do filme grandes atuações, mas com exceção de Adam Sandler, os demais atores principais são carismáticos e divertem com seus exageros.

Sem grandes atrativos, mas uma experiência agradável de comédia, Mistério no Mediterrâneo vai ser tão xingado pela crítica como foram (justamente) os demais filmes Netflix de Sandler. Mas este pelo menos diverte. Nota: 6,0

Gosta de suspense e terror? Você deveria conhecer Locke & Key

Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...