Diretor: Darren Aronofsky
Atores principais: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Brian Gleeson, Domhnall Gleeson, Kristen Wiig
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ugn1gqGl7rs
Nota: 6,0
Nota: 6,0
Genial e banal, filme é exagerado, perturbador, e de resultado discutível
Ame-o ou odeie-o. O polêmico e misterioso "filme de terror" do diretor e escritor Darren Aronofsky chega nos cinemas nacionais. Acostumado a fazer filmes psicologicamente intensos, onde sofremos mentalmente e sensorialmente com seus personagens (em especial Réquiem para um Sonho e Cisne Negro), Mãe! é sua mais nova obra seguindo este estilo.
Na história vemos um casal que vive isoladamente em uma grande casa (interpretados por Javier Bardem e Jennifer Lawrence) até que eles recebem a visita de um desconhecido e inconveniente casal mais velho, interpretado por Ed Harris e Michelle Pfeiffer.
Os personagens de Harris e Pfeiffer abusam em muito da boa vontade da personagem de Lawrence, e surpreendentemente o personagem de Bardem é conivente com tudo isto. Aparentemente o homem e o casal mais velho possuem uma sinistra ligação. O que está realmente acontecendo?
O que descrevi até agora é também tudo que aprendemos sobre Mãe! antes de sua exibição, através de trailers e notícias. A impressão é que temos um história de suspense/terror envolvendo estes quatro personagens.
Entretanto, ao assistirmos o filme percebemos que fomos consideravelmente enganados. Toda a trama que citei é apenas o primeiro ato de Mãe!. Quando o segundo ato se apresenta, não demora muito para percebermos que estamos diante de uma enorme história metafórica, repleta de alegorias.
Aliás, conforme o filme vai se aproximando do final, as metáforas (ou se preferir, os delírios do diretor) aumentam cada vez mais em número, caos e violência. Eis aí, a meu ver, o grande problema de Mãe! Diante de algo tão perturbador, tão bizarro e tão obviamente fora do mundo real, acabei ficando bem menos sensível aos sofrimentos da personagem de Jennifer Lawrence.
Mais ainda... quando enfim entendi o que estava acontecendo, fiquei decepcionado por estar diante de algo tão trivial. Mesmo as críticas que o filme faz perderam força, já que também são bem comuns sob a camada artística que as esconde na história.
Fui muito vago? Pois é, não posso dizer mais nada sobre a trama sem dar spoilers. Portanto, para entender melhor o título que dei a este post, e saber mais do que concluí sobre o filme, leiam depois do final do texto o PS onde explico as principais metáforas de Mãe!.
Em termos técnicos, o filme é muito bom, embora não seja fora de série. Gostei bastante do quanto som e tomadas de câmera contribuíram com o clima de suspense. Em termos de atuações, o quarteto principal está muito bem, principalmente Michelle Pfeiffer. Jennifer Lawrence é bastante exigida e corresponde muito bem. Entretanto, ao mesmo tempo que ela foi excelente, não dá para deixar de reparar que sua atuação é inferior a de Natalie Portman em Cisne Negro.
Mãe! definitivamente não é um filme para qualquer um. Sendo totalmente metafórico, muitas pessoas saem decepcionadas e perdidas quando tudo termina. Mãe! é um daqueles filmes que possuem tantas camadas de dicas e insinuações que dá pra se discutir sobre ele por semanas. Entretanto, me frustra que desta vez os "enigmas" que ficam para debater após assisti-lo são mais easter eggs sobre a produção do que debates sobre as idéias que o filme quer trazer. Sabem aquelas parábolas que Jesus conta na Bíblia? Então... elas possuem no máximo algumas páginas no total. Já aqui, Aronofsky investe numa superprodução e gasta quase duas horas para contar algo igualmente simples. Me soa como desperdício de recursos e até um pouco de exibicionismo do diretor. Nota: 6,0.
PS: entendendo o filme (não leia se não tiver visto o filme ainda). Javier Bardem é Deus, Jennifer Lawrence é a Mãe Natureza, Ed Harris é Adão, Michele Pfeiffer é a Eva, seus dois filhos são Caim e Abel. Então, quando você vê Ed Harris com um corte nas costas (a remoção da costela), ou um filho matando o outro, ou ainda, as insinuações de que Deus é egoísta e carente de nosso afeto, é de se lamentar tanta banalidade. Por outro lado, há genialidade quando o diretor Darren insere em sua história outra camada de interpretações, além do conto Bíblico. Por exemplo: a de que todo criador (ou escritor) necessita que as pessoas amem sua obra e que o ato de criar nunca termina; que as mulheres são sempre oprimidas e subjugadas desde o passado até hoje; nas críticas ao culto das celebridades; ou ainda, no choque ao constatarmos que todo aquele sentimento de indignação que passamos ao ver aquela trupe de convidados destruindo e barbarizando a casa da personagem de Jennifer Lawrence nada mais era que nós, humanos, destruindo o planeta Terra. Talvez esta seja a única lição interessante que o filme deixa.
Na história vemos um casal que vive isoladamente em uma grande casa (interpretados por Javier Bardem e Jennifer Lawrence) até que eles recebem a visita de um desconhecido e inconveniente casal mais velho, interpretado por Ed Harris e Michelle Pfeiffer.
Os personagens de Harris e Pfeiffer abusam em muito da boa vontade da personagem de Lawrence, e surpreendentemente o personagem de Bardem é conivente com tudo isto. Aparentemente o homem e o casal mais velho possuem uma sinistra ligação. O que está realmente acontecendo?
O que descrevi até agora é também tudo que aprendemos sobre Mãe! antes de sua exibição, através de trailers e notícias. A impressão é que temos um história de suspense/terror envolvendo estes quatro personagens.
Entretanto, ao assistirmos o filme percebemos que fomos consideravelmente enganados. Toda a trama que citei é apenas o primeiro ato de Mãe!. Quando o segundo ato se apresenta, não demora muito para percebermos que estamos diante de uma enorme história metafórica, repleta de alegorias.
Aliás, conforme o filme vai se aproximando do final, as metáforas (ou se preferir, os delírios do diretor) aumentam cada vez mais em número, caos e violência. Eis aí, a meu ver, o grande problema de Mãe! Diante de algo tão perturbador, tão bizarro e tão obviamente fora do mundo real, acabei ficando bem menos sensível aos sofrimentos da personagem de Jennifer Lawrence.
Mais ainda... quando enfim entendi o que estava acontecendo, fiquei decepcionado por estar diante de algo tão trivial. Mesmo as críticas que o filme faz perderam força, já que também são bem comuns sob a camada artística que as esconde na história.
Fui muito vago? Pois é, não posso dizer mais nada sobre a trama sem dar spoilers. Portanto, para entender melhor o título que dei a este post, e saber mais do que concluí sobre o filme, leiam depois do final do texto o PS onde explico as principais metáforas de Mãe!.
Em termos técnicos, o filme é muito bom, embora não seja fora de série. Gostei bastante do quanto som e tomadas de câmera contribuíram com o clima de suspense. Em termos de atuações, o quarteto principal está muito bem, principalmente Michelle Pfeiffer. Jennifer Lawrence é bastante exigida e corresponde muito bem. Entretanto, ao mesmo tempo que ela foi excelente, não dá para deixar de reparar que sua atuação é inferior a de Natalie Portman em Cisne Negro.
Mãe! definitivamente não é um filme para qualquer um. Sendo totalmente metafórico, muitas pessoas saem decepcionadas e perdidas quando tudo termina. Mãe! é um daqueles filmes que possuem tantas camadas de dicas e insinuações que dá pra se discutir sobre ele por semanas. Entretanto, me frustra que desta vez os "enigmas" que ficam para debater após assisti-lo são mais easter eggs sobre a produção do que debates sobre as idéias que o filme quer trazer. Sabem aquelas parábolas que Jesus conta na Bíblia? Então... elas possuem no máximo algumas páginas no total. Já aqui, Aronofsky investe numa superprodução e gasta quase duas horas para contar algo igualmente simples. Me soa como desperdício de recursos e até um pouco de exibicionismo do diretor. Nota: 6,0.
PS: entendendo o filme (não leia se não tiver visto o filme ainda). Javier Bardem é Deus, Jennifer Lawrence é a Mãe Natureza, Ed Harris é Adão, Michele Pfeiffer é a Eva, seus dois filhos são Caim e Abel. Então, quando você vê Ed Harris com um corte nas costas (a remoção da costela), ou um filho matando o outro, ou ainda, as insinuações de que Deus é egoísta e carente de nosso afeto, é de se lamentar tanta banalidade. Por outro lado, há genialidade quando o diretor Darren insere em sua história outra camada de interpretações, além do conto Bíblico. Por exemplo: a de que todo criador (ou escritor) necessita que as pessoas amem sua obra e que o ato de criar nunca termina; que as mulheres são sempre oprimidas e subjugadas desde o passado até hoje; nas críticas ao culto das celebridades; ou ainda, no choque ao constatarmos que todo aquele sentimento de indignação que passamos ao ver aquela trupe de convidados destruindo e barbarizando a casa da personagem de Jennifer Lawrence nada mais era que nós, humanos, destruindo o planeta Terra. Talvez esta seja a única lição interessante que o filme deixa.