sábado, 28 de outubro de 2017

Crítica - Thor: Ragnarok (2017)

TítuloThor: Ragnarok ("Thor: Ragnarok", EUA, 2017)
Diretor: Taika Waititi
Atores principais: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Idris Elba, Jeff Goldblum, Tessa Thompson, Karl Urban, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Taika Waititi
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=UvNnqWLruXA
Nota: 8,0
Disparado o melhor filme de Thor, ainda que em modo "Os Trapalhões"

Os indícios estavam lá: trailers repletos de piadinhas, um diretor especializado em comédias (o neozelandês Taika Waititi). Após dois filmes apenas medianos, com história sombria e paleta de cores que praticamente só tinha cinzas, Thor: Ragnarok é mais do que qualquer outra coisa uma comédia de ação. E a boa notícia: a mudança de estilo funcionou!

Na história, a deusa da morte Hela (Cate Blanchett) desperta e decide conquistar Asgard, casa de nosso herói. Após ser "jogado" no planeta "lixo" Sakaar após o primeiro embate com a vilã, Thor é obrigado a virar um gladiador, onde encontra seu amigo Hulk (Mark Ruffalo). A missão de Thor passa a ser escapar do planeta e convencer Hulk a ajudá-lo a salvar seu povo.

O primeiro ato do filme, onde são apresentados todos os personagens da trama, chega a ser um bocado sério e sombrio. Por isto mesmo, as piadas que aparecem nesta etapa de Thor: Ragnarok mais incomodam do que agradam, pois estragam o clima de ameaça que o herói precisa enfrentar.

Porém no segundo ato, quando Thor cai no planeta Sakaar, aí o filme descamba de vez para o humor. Thor e Hulk se comportam como verdadeiros trapalhões: infantis, idiotas e desastrados. E a dupla está bem acompanhada nas palhaçadas: o vilão Grão-Mestre (Jeff Goldblum), o gladiador estúpido Korg (Taika Waititi)... todos os personagens do planeta Sakaar não se levam a sério.

Por mais que o parágrafo anterior parece que eu esteja criticando Thor: Ragnarok, não estou. Ao se assumir de vez como comédia o filme é divertidíssimo, e o humor acontece de forma orgânica e eficiente. Thor: Ragnarok é sério concorrente ao filme mais engraçado da Marvel até agora, disputando cabeça a cabeça com os dois filmes dos Guardiões da Galáxia.

Thor: Ragnarok também é bem mais "leve" que os filmes anteriores em seu som e imagem. Cenários e vestimentas bastante coloridos, além de uma trilha sonora muito boa, que mistura música clássica, música eletrônica, e ainda, utiliza a canção The Immigrant Song do Led Zeppelin DUAS vezes, com cenas em câmera lenta que remetem a um clipe musical.

E o filme não é só competente na comédia. Thor: Ragnarok também é muito bem feito em termos de cenas de ação. Há sim alguns trechos do filme em que o excesso de efeitos especiais simultâneos na tela atrapalham; mas em geral a ação funciona muito bem. A luta de Thor contra Hulk é ótima; e as lutas com Hela são muito boas também.

Certamente outro ponto a se destacar em Thor: Ragnarok é a qualidade dos atores. A extraordinariamente talentosa e premiada Cate Blanchett é outra ótima aquisição para o Universo Cinematográfico Marvel. E não bastando a constelação de atores e atrizes com destaque no filme (ver a grande lista no "atores principais" no começo da página), desta vez a Marvel / Disney realmente esbanjou, trazendo também para pequenas pontas atores como Benedict Cumberbatch, Sam Neill e Matt Damon.

Até mesmo o roteiro de Thor: Ragnarok merece elogios. Além das boas piadas, a interpretação dos roteiristas para o Ragnarok (o fim do mundo da Mitologia Nórdica, que inclui uma grande batalha que destruiria Asgard e resultaria na morte de diversos deuses) foi uma grata surpresa.

O filme, entretanto, também tem suas falhas. Fora os deslizes do primeiro ato, o seu maior defeito é a longa  - e desnecessária - duração da história dentro do planeta Sakaar. Várias cenas e coadjuvantes poderiam ser cortados, evitando algumas repetições dentro do filme, e principalmente, as exageradas 2h e 10min de duração no total.

Para quem gosta de ação e comédia, é realmente difícil não gostar de Thor: Ragnarok. Entre os possíveis desgostosos do filme, entretanto, listo as pessoas que não conhece previamente os personagens (e acertadamente a história não gasta tempo (re)apresentando-os), e os puristas que não aceitam ver os ultra-sérios Hulk e Thor dos quadrinhos virarem "comediantes". Bem... eu até sinto um pouco de pena do Hulk e Thor dado tanta transformação... Mas, azar deles. O que importa é que me diverti muito! Nota: 8,0


PS: mantendo a tradição dos filmes Marvel, Thor: Ragnarok também traz suas cenas pós-créditos. São duas: a primeira altera um pouco o desfecho do filme e já promove o futuro Vingadores: Guerra Infinita (2018). Já a segunda cena é um dos piores e mais inúteis pós-créditos dos filmes da editora até agora.

PS2: dentre suas comédias, o diretor/escritor/ator/comediante Taika Waititi tem como a mais famosa até agora o filme O que Fazemos nas Sombras (2014), o qual recomendo. Se trata de uma comédia que apresenta um falso documentário sobre vampiros no mundo atual. Diferente e divertido. O filme esteve nos cinemas brasileiros em 2015 e se encontra disponível para assistir na Netflix. Aliás, semana passada Taika anunciou estar planejando estender O que Fazemos nas Sombras em uma franquia: será desenvolvido um spin-off baseado nas aventuras sobrenaturais dos dois policiais do filme; e também, um seriado de TV.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Star Trek: Discovery + The Orville: análise de 2 séries Sci-Fi que estrearam em 2017


Duas séries que bebem da mesma fonte: O Jornada nas Estrelas de Kirk e Spock. Ambas estrearam este ano e acabam de passar pela metade de sua primeira temporada. Após eu ter assistido os seis primeiros episódios de cada uma delas, eis minhas impressões até agora:


The Orville (2017)

Seth MacFarlane, o criador de American Dad, Family Guy e Ted nunca escondeu ser fã de Star Trek e de assuntos relacionados a exploração espacial. Não a toa ele também foi o produtor e desenhista do excelente e obrigatório Cosmos (2014).

Graças a sua fama, MacFarlane conseguiu estrear seu primeiro seriado live-action, The Orville, que nasceu para ser uma comédia parodiando fortemente Jornada nas Estrelas.

Na série, o próprio Seth é o ator protagonista, sendo o Capitão Ed Mercer da nave Orville. Adrianne Palicki como a primeira oficial Kelly, e o fraco ator Scott Grimes como o piloto Malloy completam o trio principal do seriado.

Em seus dois primeiros episódios The Orville foi o que se esperava de uma produção de Seth MacFarlane: uma comédia nonsense de humor duvidoso. Eu já estava desistindo do seriado... porém a partir do 3o episódio a série acertou a mão. Deixou de focar na comédia e passou a focar em questões filosóficas, científicas, morais... tudo como todo bom episódio de Jornada nas Estrelas deveria ser. As piadas continuam, claro... mas são esporádicas.

The Orville, portanto tem sido para mim algo acima do esperado. Do terceiro episódio em diante as histórias tem sido realmente interessantes. A série, entretanto, ainda tem seus defeitos: por ser uma produção de baixo orçamento os efeitos especiais são apenas razoáveis e o elenco, em geral, bem fraco. E até o roteiro - seu ponto forte - ainda tem o que melhorar, ao trazer as vezes um excesso de "ingenuidade" e alguns Deus ex machina.

The Orville é exibido pela FOX estadunidense e ainda não estreou oficialmente no Brasil.


Star Trek: Discovery (2017)

A mais nova encarnação da franquia Star Trek se passa cronologicamente 10 anos antes das aventuras da USS Enterprise de Kirk e Spock. Em sua história, o Império Klingon e a Federação dos Planetas disputam territórios mas ainda não se enfrentam, em uma espécie de guerra fria.

Até que um dia a nave USS Shenzhou acaba por acidente despertando um antigo artefato Klingon. As ações decorrentes deste encontro acabam escalando para um grande confronto entre Federação e Klingons. A partir daí a primeira guerra entre estes dois grupos rivais começa de verdade.

Star Trek: Discovery começou apresentando uma característica diferente das demais séries da franquia, que em geral focam em um grupo de personagens. Aqui temos pela primeira vez algo próximo de um único protagonista, a oficial Michael Burnham (Sonequa Martin-Green).

Falando como um "espectador comum", Star Trek: Discovery é um bom seriado. Sua produção é excelente (os melhores efeitos especiais e design de produção que uma série Star Trek já teve, disparadamente), seus atores principais são muito bons (a protagonista  Sonequa é excelente atriz, além de ser muito bonita), e suas histórias são sólidas e interessantes.

Entretanto, como TrekkerStar Trek: Discovery me traz várias ressalvas. A principal delas é que a série até agora focou-se única e exclusivamente no assunto "guerra". Não há exploração, não há muita ficção científica... guerra (e os dilemas morais e éticos decorrente da mesma) são os únicos pontos abordados.

Outros problemas decorrem da falta de continuidade em relação aos demais seriados. Estamos 10 anos antes das aventuras da Série Original, e ainda assim a nave Discovery apresenta inovações tecnológicas que nem a Enterprise da Nova Geração - cronologicamente séculos no futuro - possuía; o visual dos Klingons é muito mais "bruto e animalesco" do que em qualquer outra encarnação da franquia; e finalmente, a protagonista Michael é apresentada como filha adotiva de Sarek, o que a torna irmã de Spock. Oras: sendo ela irmã (e humana) do orelhudo, não é estranho que o fato não tenha sido comentado em quase uma centena de episódios e filmes que Spock participou? É muito forçado.

Star Trek: Discovery é exibido todas as segundas-feiras na Netflix brasileira.


Conclusão: tanto The Orville quanto Star Trek: Discovery possuem seus problemas de estréia, mas são bons seriados. Enquanto o primeiro possui o "verdadeiro espírito" da franquia, o segundo possui uma qualidade de produção muito maior. O sonho de qualquer Trekker é que no futuro ambos acertem suas arestas e unam o espírito de The Orville com a qualidade técnica de Discovery.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Dupla Crítica Filmes Netflix: Onde está Segunda? (2017) e Jerry Before Seinfeld (2017)


Mais dois filmes produção Netflix e recém chegados aqui no Brasil. Confiram as críticas!


Onde está Segunda? (2017)
Diretor: Tommy Wirkola
Atores principais: Noomi Rapace, Glenn Close, Willem Dafoe, Marwan Kenzari, Christian Rubeck, Pål Sverre Hagen, Cassie Clare

Daqui algumas décadas a superpopulação na Terra é tão dramática que a sobrevivência da humanidade depende da drástica lei de "uma criança por casal". Caso pais possuam mais de um filho, estes vivem até alguns poucos anos, para então serem capturados e mantidos congelados na esperança de serem acordados em um futuro em que o problema esteja resolvido. Neste contexto, Terrence (Willem Dafoe) vê sua filha morrer ao dar luz a 7 meninas gêmeas. Para evitar que as netas sejam congeladas, ele secretamente as esconde e as fazem viver perante a sociedade como se fossem uma única pessoa. Então, quando adultas (todas interpretadas por Noomi Rapace) uma das irmãs sai para trabalhar as Segundas-feiras, outra sempre as Terças-feiras, e assim sucessivamente. Tudo parece funcionar até o dia em que a irmã da Segunda desaparece.

Onde está Segunda? possui furos de roteiro grotescos. Ainda assim, é um filme de ação tão competente, traz uma trama de ficção científica tão atual e interessante, que não consegui deixar de gostar muito dele.

Se o roteiro falha na lógica, é muito bem sucedido em trazer tensão e reviravoltas. Nunca sabemos o que vai acontecer com cada uma das irmãs em cada cena. Noomi Rapace mais uma vez mostra muito talento e versatilidade, e consegue mandar muito bem tanto como atriz dramática como atriz de ação. A nota que darei a seguir é até inferior ao quanto que gostei do filme. Nota: 7,0



Jerry Before Seinfeld (2017)
Diretor: Michael Bonfiglio
Atores principais: Jerry Seinfeld

Fruto de um contrato de exclusividade assinado recentemente com a Netflix, o comediante Jerry Seinfeld volta a se apresentar nos palcos, neste filme que mistura documentário com sua mais recente apresentação de stand up comedy.

No final das contas, Jerry Before Seinfeld mostra pouco documentário  (onde Jerry conta sobre sua infância e sua vida de comediante iniciante, muito antes do sucesso daquela que seria a melhor sitcom de todos os tempos: Seinfeld) e bem mais do seu show, rodado no clube The Comic Strip, em Nova York.

Se você é fã de Seinfeld, vai gostar de conhecer mais "causos" da vida do artista, e rir um pouco de seu stand up - que infelizmente repete algumas piadas que já apareceram no seriado. Já quem nunca assistiu Jerry na vida, irá se deparar com algumas poucas piadas muito boas, e outras, em geral, apenas na média.

Resumindo, independente de qual dos dois tipos de público que você seja, não vai achar Jerry Before Seinfeld algo fora de série, mas é o suficiente para passar o tempo se divertindo. Nota: 6,0

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Crítica - Blade Runner 2049 (2017)

TítuloBlade Runner 2049 (idem, Canadá / EUA / Reino Unido, 2017)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Ryan Gosling, Harrison Ford, Ana de Armas, Robin Wright, Jared Leto, Sylvia Hoeks, Dave Bautista, Carla Juri, Edward James Olmos
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=86XtZMgFziI
Nota: 7,0
Continuação expande e honra o filme original

Como fazer uma continuação de Blade Runner (1982) - uma das maiores obras de ficção científica de todos os tempos - sem produzir uma grande decepção? O diretor canadense Denis Villeneuve encontrou a resposta misturando bom senso e humildade. Sabendo que ele jamais conseguiria superar a trilha sonora de Vangelis, ou mesmo o discurso final de Roy Batty / Rutger Hauer, Villeneuve acertadamente optou por trazer uma história totalmente nova (que não é um reboot), em um filme que possui o mesmo estilo visual e musical da obra original, mas sem tentar copiá-las.

O resultado é uma continuação digna e de ótima qualidade, ainda que não se compare a obra prima da década de 80. Blade Runner 2049 expande o filme original em todos os sentidos, tanto físico (várias novas localidades, vistas aéreas, vários novos personagens), como também na mitologia, explicando em bem mais detalhes o distópico mundo futurista deste universo.

Na história, exatos 30 anos após os eventos do primeiro filme, "K" (Ryan Gosling) é um Blade Runner replicante que durante uma de suas investigações acaba encontrando evidências do que pode ter sido o primeiro bebê gerado via reprodução de outro ser artificial. Então, em uma corrida contra o tempo (mas naquele ritmo mega-lento e contemplativo de Blade Runner, claro), "K" tenta encontrar o bebê antes do empresário maligno Niander Wallace (Jared Leto).

Se no primeiro filme vemos um mundo com os olhos do "humano" Rick Deckard, desta vez conhecemos um futuro sob o ponto de vista de um replicante, "K". Com isto, o dilema principal da franquia - seriam os replicantes seres conscientes e dignos dos mesmos direitos que nós? - ganha nova roupagem. Vemos os replicantes sofrendo preconceito, agindo passivamente como escravos, e em eterna crise existencial. Aliás, o tal dilema acontece em dose dupla, pois "K" se relaciona com um programa de computador que igualmente tenta encontrar sentido para a vida e evitar a própria morte.

O roteiro de Blade Runner 2049 é bastante interessante, possui algumas reviravoltas e surpresas bem bacanas, porém o filme cai um pouco de qualidade em seu ato final. As discussões filosóficas são abandonadas e o encerramento do filme vai mais para o lado da ação. Para piorar, o desfecho a meu ver é um pouco inverossímil e piegas.

Tecnicamente, o grande destaque de Blade Runner 2049 é a imagem. Fotografia e design de produção são excelentes, criando cenas de deixar o espectador boquiaberto. Curiosamente, se no filme original os espaços são apertados, claustrofóbicos, neste filme há varias tomadas e localidades com espaços bem amplos. Em termos de atuações, não há nenhum grande destaque; nem para o ótimo, nem para  o ruim.

Blade Runner 2049 é um filme muito bom, e deverá no mínimo satisfazer o fã do filme original, ainda que continue sendo uma obra difícil para o "público comum" apreciar. Apos um começo e meio bastante animador, ele me decepcionou em seu final, o que baixou consideravelmente sua nota. Mas se mesmo assim ele leva Nota: 7,0, este é realmente um filme que vale a pena ser conhecido.

sábado, 30 de setembro de 2017

Crítica - Mãe! (2017)

TítuloMãe! ("Mother!", EUA, 2017)
Diretor: Darren Aronofsky
Atores principais: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Brian Gleeson, Domhnall Gleeson, Kristen Wiig
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=ugn1gqGl7rs
Nota: 6,0
Genial e banal, filme é exagerado, perturbador, e de resultado discutível

Ame-o ou odeie-o. O polêmico e misterioso "filme de terror" do diretor e escritor Darren Aronofsky chega nos cinemas nacionais. Acostumado a fazer filmes psicologicamente intensos, onde sofremos mentalmente e sensorialmente com seus personagens (em especial Réquiem para um Sonho e Cisne Negro), Mãe! é sua mais nova obra seguindo este estilo.

Na história vemos um casal que vive isoladamente em uma grande casa (interpretados por Javier Bardem e Jennifer Lawrence) até que eles recebem a visita de um desconhecido e inconveniente casal mais velho, interpretado por Ed Harris e Michelle Pfeiffer.

Os personagens de Harris e Pfeiffer abusam em muito da boa vontade da personagem de Lawrence, e surpreendentemente o personagem de Bardem é conivente com tudo isto. Aparentemente o homem e o casal mais velho possuem uma sinistra ligação. O que está realmente acontecendo?

O que descrevi até agora é também tudo que aprendemos sobre Mãe! antes de sua exibição, através de trailers e notícias. A impressão é que temos um história de suspense/terror envolvendo estes quatro personagens.

Entretanto, ao assistirmos o filme percebemos que fomos consideravelmente enganados. Toda a trama que citei é apenas o primeiro ato de Mãe!. Quando o segundo ato se apresenta, não demora muito para percebermos que estamos diante de uma enorme história metafórica, repleta de alegorias.

Aliás, conforme o filme vai se aproximando do final, as metáforas (ou se preferir, os delírios do diretor) aumentam cada vez mais em número, caos e violência. Eis aí, a meu ver, o grande problema de Mãe! Diante de algo tão perturbador, tão bizarro e tão obviamente fora do mundo real, acabei ficando bem menos sensível aos sofrimentos da personagem de Jennifer Lawrence.

Mais ainda... quando enfim entendi o que estava acontecendo, fiquei decepcionado por estar diante de algo tão trivial. Mesmo as críticas que o filme faz perderam força, já que também são bem comuns sob a camada artística que as esconde na história.

Fui muito vago? Pois é, não posso dizer mais nada sobre a trama sem dar spoilers. Portanto, para entender melhor o título que dei a este post, e saber mais do que concluí sobre o filme, leiam depois do final do texto o PS onde explico as principais metáforas de Mãe!.

Em termos técnicos, o filme é muito bom, embora não seja fora de série. Gostei bastante do quanto som e tomadas de câmera contribuíram com o clima de suspense. Em termos de atuações, o quarteto principal está muito bem, principalmente Michelle Pfeiffer. Jennifer Lawrence é bastante exigida e corresponde muito bem. Entretanto, ao mesmo tempo que ela foi excelente, não dá para deixar de reparar que sua atuação é inferior a de Natalie Portman em Cisne Negro.

Mãe! definitivamente não é um filme para qualquer um. Sendo totalmente metafórico, muitas pessoas saem decepcionadas e perdidas quando tudo termina. Mãe! é um daqueles filmes que possuem tantas camadas de dicas e insinuações que dá pra se discutir sobre ele por semanas. Entretanto, me frustra que desta vez os "enigmas" que ficam para debater após assisti-lo são mais easter eggs sobre a produção do que debates sobre as idéias que o filme quer trazer. Sabem aquelas parábolas que Jesus conta na Bíblia? Então... elas possuem no máximo algumas páginas no total. Já aqui, Aronofsky investe numa superprodução e gasta quase duas horas para contar algo igualmente simples. Me soa como desperdício de recursos e até um pouco de exibicionismo do diretor. Nota: 6,0.



PS: entendendo o filme (não leia se não tiver visto o filme ainda). Javier Bardem é Deus, Jennifer Lawrence é a Mãe Natureza, Ed Harris é Adão, Michele Pfeiffer é a Eva, seus dois filhos são Caim e Abel. Então, quando você vê Ed Harris com um corte nas costas (a remoção da costela), ou um filho matando o outro, ou ainda, as insinuações de que Deus é egoísta e carente de nosso afeto, é de se lamentar tanta banalidade. Por outro lado, há genialidade quando o diretor Darren insere em sua história outra camada de interpretações, além do conto Bíblico. Por exemplo: a de que todo criador (ou escritor) necessita que as pessoas amem sua obra e que o ato de criar nunca termina; que as mulheres são sempre oprimidas e subjugadas desde o passado até hoje; nas críticas ao culto das celebridades; ou ainda, no choque ao constatarmos que todo aquele sentimento de indignação que passamos ao ver aquela trupe de convidados destruindo e barbarizando a casa da personagem de Jennifer Lawrence nada mais era que nós, humanos, destruindo o planeta Terra. Talvez esta seja a única lição interessante que o filme deixa.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Dupla Crítica terror espacial: Vida (2017) e Alien: Covenant (2017)


Dois filmes que estrearam no Brasil no primeiro semestre de 2017, mas que só agora irei dar meus pitacos. O Cinema está carente há tempos de um bom filme de terror espacial. Será que algum dos dois filmes abaixo conseguiu resolver o problema? Confiram!


Vida (2017)
Diretor: Daniel Espinosa
Atores principais: Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson, Ryan Reynolds, Hiroyuki Sanada, Ariyon Bakare

Filme de terror espacial contando com alguns dos atuais "atores da moda", que é o caso do trio Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson e Ryan Reynolds. Na verdade, Vida não é um filme ruim. O problema é que não encontramos nele absolutamente nada de novo, só um mais do mesmo.

Na trama, seis astronautas de nações diversas são os habitantes da Estação Espacial Internacional, onde recebem para estudo uma célula viva vinda de Marte. Conforme o tempo se passa, a célula vai se tornando em um organismo cada vez mais complexo, até colocar em risco toda a tripulação.

Vida não deixa de ser um plágio mais "limpo" (com corredores brancos e iluminados) do excelente Alien - O Oitavo Passageiro (1979). Porém além da imensa falta de originalidade, aqui a criatura alienígena consegue ser bem menos assustadora e muito mais inverossímil do que sua inspiração. O filme até prende a atenção em algumas sequencias, mas não impressiona em nenhum momento. Nota: 5,0



Alien: Covenant (2017)
Diretor: Ridley Scott
Atores principais: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride

Se Vida não agradou por imitar demais os filmes da franquia Alien, ironicamente foi ao tentar trazer algo novo justamente para esta mesma franquia de terror espacial que o diretor Ridley Scott se perdeu absurdamente.

Scott retornou à série que o consagrou com o fraco Prometheus (2012), que pelo menos começou com uma premissa interessante: aparentemente a humanidade fora criada pelos Engenheiros, uma estranha e avançada raça alienígena que deixou na Terra pistas para serem encontrados. Então um grupo de cientistas parte em inédita expedição em busca do planeta de nossos criadores. O problema é que o final não só é assustadoramente ruim, como incompleto... já que o filme não termina.

Eis então que vem Alien: Covenant, que conforme esperado, é uma continuação direta do filme de 2012. Aprendemos isto porque os personagens que encerram Prometheus são citados, e aprendemos qual foi o destino dos mesmos. Além disto, sabem o que é continuado do filme anterior? Nada. Absolutamente nada. Após entregar um filme ruim que não tem final e prometer as explicações na continuação... Ridley Scott ignora tudo o que fez para contar uma trama nova. Um desrespeito inacreditável com o espectador.

Ah sim... se a trama nova fosse boa ainda vá lá. Porém Alien: Covenant tem um roteiro péssimo. A fotografia, design de produção, e o clima de suspense... tudo isto - assim como em Prometheus - são muito bons. Mas o restante... o roteiro não só é repleto de clichês, como também consegue fazer de Alien: Covenant o filme da franquia onde os Aliens são os menos assustadores e os mais irrelevantes.

Ah sim... Ridley Scott ainda planeja uma continuação para Alien: Covenant. Pelo bem do que sobrou do respeito à franquia, que não consiga fazê-la. Nota: 4,0

domingo, 10 de setembro de 2017

Crítica - It: A Coisa (2017)

TítuloIt: A Coisa ("It", EUA, 2017)
Diretor: Andy Muschietti
Atores principais: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Sophia Lillis, Jeremy Ray Taylor, Finn Wolfhard, Wyatt Oleff, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer, Nicholas Hamilton
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=UllUiLEXB_g
Nota: 7,0
Produção e personagens são a força de It: A Coisa

Adaptação de um dos mais extensos e famosos livros de Stephen King (A Coisa, de 1986), e bastante elogiado por público e crítica no exterior, chega aos cinemas brasileiros o filme It: A Coisa. Mesmo sendo a primeira adaptação desta obra para os Cinemas, ela já é bem conhecida no Brasil devido à minissérie de 1990 que já foi exibida várias vezes nas TVs nacionais.

Na história, que acontece em 1988 na pequena cidade estadunidense de Derry (local fictício, presente em outras obras de King), crianças começam a desaparecer misteriosamente. Com o sumiço de seu irmão mais novo, Bill (Jaeden Lieberher) tenta investigar o ocorrido e não demora muito para que ele e seus amigos do "Clube dos Perdedores" descubram que um palhaço demoníaco está agindo na cidade em busca de vítimas.

It: A Coisa é - para o bem ou para o mal - um reflexo da cultura dos anos 80. Portanto, temos aqui um terror pouco interessado em explicações e com muitos adolescentes mortos. E como pano de fundo para a história, um bando de jovens "perdedores" sofrendo bullying dos valentões da escola: tema ultra comum nas produções desta década.

A produção para It: A Coisa é excepcional. Ótima fotografia, bons efeitos especiais, ótimo design de produção (cenário, ambientação, objetos decorativos, etc). E, não se pode deixar de citar, a excelente caracterização do palhaço Pennywise (Bill Skarsgård), muito mais assustadora do que sua versão de 90.

E por falar em assustar, ironicamente é neste quesito que It: A Coisa falha. E o principal motivo é que o filme mostra demais o seu monstro (o que é ruim, já que o que mais assusta é o desconhecido). Há outras causas (que citarei adiante), mas apesar de Pennywise não assustar tanto, as cenas finais em seu covil conseguem ao menos trazer com sucesso um pouco da tensão e medo que o filme promete.

It: A Coisa também traz um roteiro com algum conteúdo (se levarmos em conta ser um filme do gênero de terror). Por exemplo, é bacana constatar que alguns dos pais são tão maus quanto o palhaço-vilão; ou ainda, é legal ver adolescentes encontrando seu "primeiro amor" de uma maneira crível.

O elenco como um todo não é bom, porém seu trio principal Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher e Sophia Lillis (respectivamente Pennywise, Bill e a corajosa Bev Marsh) mandam muito bem. Cada um dos três entregam grandes atuações que sustentam o filme facilmente.

Há um personagem que me incomodou bastante: Richie (interpretado por Finn Wolfhard, curiosamente o ator adolescente mais famoso da produção, que fez o Mike Wheeler da série Stranger Things). Agindo como uma espécie de Jar Jar Binks, o personagem fala muito, e sempre fazendo piadas. É tanta idiotice dita por ele o tempo todo que isto quebra um pouco da tensão do filme. A meu ver se Richie tivesse participação reduzida o filme poderia ser mais interessante e assustador.

Somando prós e contras, It: A Coisa é um filme bem feito que deverá agradar até mesmo quem não é fã do gênero. Aliás, os fãs de terror provavelmente irão reclamar da falta de sustos... mas ainda assim é uma excelente oportunidade para que estes assistam um "terror das antigas" com uma produção de qualidade impensável para quem via estes clássicos nos anos oitenta. Nota: 7,0.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Crítica - Atômica (2017)

TítuloAtômica ("Atomic Blonde", Alemanha / EUA / Suécia, 2017)
Diretor: David Leitch
Atores principais: Charlize Theron, James McAvoy, Eddie Marsan, John Goodman, Toby Jones, James Faulkner, Roland Møller, Sofia Boutella, Bill Skarsgård
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=CpF1ejZeLsE
Nota: 7,0
Bom filme de ação e espionagem com um plano-sequência exepcional

Baseado em uma Graphic Novel de 2012, Atômica mostra uma semana da agente secreta do MI6 Lorraine Broughton (Charlize Theron) em ação em Berlin, 1989, onde a cidade vive a iminência da derrubada de seu famoso Muro. Sua missão, entretanto, não é fácil. Ela precisa recuperar um microfilme que contém a identidade de todos os espiões soviéticos da atualidade, incluindo a do desconhecido Satchel, agente duplo que traiu a Coroa há alguns anos. Para ajudá-la nesta missão quase suicida, ela se une a David Percival (James McAvoy), agente inglês responsável por Berlin.

Com o grande quantidade de filmes de espionagem sendo produzida atualmente, como Atômica se diferencia? Bem, a começar que temos enfim neste gênero uma protagonista mulher. E que mulher! Lorraine/Charlize protagoniza ótimas cenas de ação que não ficam devendo para qualquer personagem masculino. A bela Charlize, aliás, dispensou dublês em suas cenas e encerrou as filmagens literalmente com dezenas de hematomas e dois dentes quebrados.

Outro diferencial em Atômica é sua trilha sonora. Com a preocupação da produção em marcar a história no tempo (ou seja, mostrar como era o mundo em 1989), o filme traz uma extensa - e excelente - trilha sonora de músicas agitadas da década de 80.

Como filme de espionagem, Atômica é completo: bastante adrenalina, boas cenas de luta (que aliás, não acontece à toa: o diretor David Leitch, aqui dirigindo seu primeiro longa metragem, também foi dublê e diretor de dublês de franquias como Bourne e The Matrix), algumas intrigas, reviravoltas e suspense. É muito bacana ver, por exemplo, que passamos o filme todo sem saber se Percival (McAvoy), afinal de contas está ou não do lado dos "mocinhos".

O ponto alto do filme é o espetacular plano-sequência de ação com cerca de 8 minutos de duração. Rodado em um prédio alemão real, dentro de pequenos apartamentos e vários lances de escadas, esta tomada se encontra facilmente entre as melhores cenas de ação realizadas nos últimos anos. Vemos sem corte de câmera lutas incessantes e nos sentimos, mais do que nunca, como se estivéssemos dentro do filme presenciando toda aquela violência. Este genial plano-sequência só tem um defeito: não é real. A cena em si tem vários cortes, unidos principalmente através de CGI. Ainda assim, o resultado final é perfeito, e os cortes, absolutamente indetectáveis.

A pesar contra o filme, o roteiro de Atômica é fraco e faz pouco sentido - mesmo sendo bem sucedido em manter o clima de suspense - e possui alguns coadjuvantes clichês e de qualidade duvidosa.

Para quem gosta de filmes de ação e espionagem, Atômica é diversão garantida. E é mais um exemplo que as mulheres merecem também seu espaço em filmes de ação. Nota: 7,0.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Crítica - Bingo: O Rei das Manhãs (2017)

TítuloBingo: O Rei das Manhãs (Brasil, 2017)
Diretor: Daniel Rezende
Atores principais: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Cauã Martins, Ana Lúcia Torre, Tainá Müller, Augusto Madeira
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=4xHP9tiS6NM
Nota: 7,0
Divertido, diferente, completo e interessante. Mas peca na veracidade histórica

Dois patinhos na lagoa... 22! Justiça de Goiás... 38! Bingo!

Não... não é deste tipo de bingo que estou falando. Aqui, Bingo é o nome que os produtores de Bingo: O Rei das Manhãs tiveram que chamar seu personagem principal para não ferir os direitos autorais do palhaço Bozo.

A história é baseada na vida de Arlindo Barreto (que no filme teve o nome alterado para Augusto Mendes), provavelmente o mais conhecido dentre os intérpretes brasileiros do palhaço Bozo. O Barreto real interpretou o famoso personagem da TV entre os anos de 1982 a 1987, até ser demitido em definitivo devido seus problemas com álcool e drogas.

Na trama, Augusto (Vladimir Brichta) é um ator das pornochanchadas nacionais que, de maneira um pouco acidental, acaba contratado para ser o palhaço Bingo, cujo programa revoluciona a TV brasileira. Porém Augusto não consegue lidar com a fama e os problemas familiares e se perde em vícios, desperdiçando a carreira.

Em seus pontos principais, a história de Augusto Mendes é quase igual a de Arlindo Barreto. Os acontecimentos do parágrafo anterior descrevem tanto o ator real quanto o da ficção. Porém, nos detalhes, realidade e ficção se separam bem mais do que eu gostaria.

Dentre as diferenças principais, na vida real Arlindo Barreto não foi o primeiro intérprete do Bozo nacional; e também não foi o gênio que bolou as boas idéias do programa. Mais ainda, os dramas de sua mãe Marta (Ana Lúcia Torre) e seu filho Gabriel (Cauã Martins) são muito mais exagerados do que aconteceram realmente. A própria esposa de Augusto no filme é uma mistura das duas ex-esposas reais de Arlindo Barreto, e como consequência praticamente todas as cenas com ela são inventadas.

Outro problema são as várias inconsistências temporais, como por exemplo o início muito cedo nas drogas, ou ainda, as provocações dele com a Xuxa em uma época onde ela nem sonhava ainda em ir para a Globo. Para compensar, entretanto, há cenas "doidas", como por exemplo a maneira com que ele conseguiu o emprego, ou várias de suas brincadeiras no palco, que são bem verídicas.

Excluindo as inconsistências históricas, entretanto, Bingo: O Rei das Manhãs é um ótimo filme. O roteiro consegue misturar drama e humor de maneira muito eficiente, praticamente impecável. A trilha sonora - repleta de sucessos nacionais e internacionais dos anos 80 - é tão bacana que acaba conseguindo "mergulhar" o espectador no passado com até mais eficiência do que os bons cenários.

O elenco também é ótimo e ajuda muito a produção. No caso específico do protagonista Vladmir Brichta, ele infelizmente não convence quando faz o papel do pai amoroso. Entretanto, quando ele interpreta um personagem enlouquecido, e principalmente, quando ele interpreta o Bozo (Bingo), a atuação é excepcional. Sua transformação no Bozo é tão incrível que por si só já vale o ingresso.

Daniel Rezende - reconhecido editor (inclusive recebeu indicação ao Oscar pela edição/montagem de Cidade de Deus em 2003) - estréia como diretor com bastante competência. A montagem e planejamento das cenas, a condução dos atores, tudo muito bem feito. O único deslize são algumas poucas "tentativas de fazer Arte" (como por exemplo as longas cenas de tomadas panorâmicas sobrevoando cidades que não acrescentam nada à narrativa), mas que de maneira nenhuma comprometem o seu trabalho.

Bingo: O Rei das Manhãs é um filme bem diferente, que garante risos e comoções, e agradará tanto aqueles que querem relembrar a TV brasileira da década de 80 quanto quem vai conhecê-la pela primeira vez. A história de Bingo é bastante interessante. Pena que é menos real que deveria. Nota: 7,0.


PS: inicialmente o ator escalado para fazer Bingo era Wagner Moura, que teve que desistir do papel para filmar o seriado Narcos, da Netflix, e ele mesmo indicou Vladmir Brichta como seu substituto. A Warner resolveu fazer um vídeo para brincar com o fato. Ficou bem engraçado. Confiram clicando aqui!

PS 2: gostei bastante do filme e o recomendo a todos sem hesitar. Entretanto, a crítica especializada nacional em geral gostou ainda mais do filme! Por exemplo, a crítica Isabela Boscov afirmou na Revista Veja que Bingo: O Rei das Manhãs é o melhor filme nacional desde Cidade de Deus.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

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