segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Dupla Crítica Filmes Amazon Prime - Samaritano (2022) e O Cavaleiro Verde (2021)

Ambos os filmes deste artigo não são produções originais Amazon Prime, porém, tiveram seus direitos de transmissão comprados pela Amazon com exclusividade. Novamente em dose dupla, começo pelo novo filme de Stallone, que estreou no Brasil esta sexta-feira! E depois, um dos melhores filmes do Prime Video deste ano, que foi lançado nos primeiros meses de 2022 e trouxe aqui para vocês antes que fosse tarde demais ;)



Samaritano
(2022)
Diretor: Julius Avery
Atores principais: Sylvester Stallone, Javon 'Wanna' Walton, Pilou Asbæk, Dascha Polanco, Tiffany Cleary, Sophia Tatum, Moises Arias

Com tantos filmes de super-herói sendo feitos e por tantos atores e atrizes, chegou a vez de Sylvester ter o seu filme do gênero. Na história, ele vive como um aposentado e "escondido" Samaritano, um super-herói que o mundo acredita estar morto há décadas. Tudo muda, entretanto, quando o garoto Sam (Javon Walton) acaba se envolvendo com uma gangue de criminosos e "Joe" (o personagem de Stallone) acaba tendo que revelar alguns de seus poderes para salvá-lo.

Não é que Samaritano seja de todo ruim. É que simplesmente cansa ver o tanto que ele é um mais do mesmo. Aqui temos a velha história do herói aposentado que se recusa a aceitar o "chamado", um monte de furos de roteiro, dezenas de vilões malvados unidimensionais que parecem ter saído de um filme B oitentista... Talvez a "novidade", é que o vilão principal do filme é uma cópia barata e muito mal feita do personagem Bane de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2014). Aliás, muito tentou se copiar deste filme, tudo de maneira bem ruim.

Samaritano tem uma certa reviravolta no final, que até poderia tornar o filme menos padrão. Infelizmente, entretanto, o diretor não é competente a ponto de esconder essa reviravolta do espectador (eu a previ já na metade do filme) e, uma vez revelada, ela poderia ter sido melhor explorada.

O que se salva em Samaritano é o carisma de Sylvester Stallone, e mais nada. Nem sua atuação é boa... todos sabemos que ele não é um grande ator, mas Sly já atuou muito melhor em dezenas de outras oportunidades. E o resto... é um mais do mesmo que é produzido a toque de caixa desde os anos 80... Nota: 5,0.



O Cavaleiro Verde (2021)
Diretor: David Lowery
Atores principais: Dev Patel, Alicia Vikander, Joel Edgerton, Sarita Choudhury, Sean Harris, Kate Dickie, Ralph Ineson

Ao contrário de Samaritano, este O Cavaleiro Verde até chegou a ser lançado em cinemas (porém praticamente apenas em países de língua inglesa), e ainda assim seu lançamento para o streaming foi simultâneo. A história, que já foi contada por Hollywood algumas vezes, se baseia em um poema do século XIV de nome Sir Gawain e o Cavaleiro Verde. Sir Gawain, um sobrinho do Rei Arthur, aliás é um personagem bastante controverso na literatura, já que aparece em várias obras da época, só que em algumas é retratado como alguém corajoso e valoroso, e em outras é mostrado como alguém completamente oposto, covarde e pecador.

A história deste O Cavaleiro Verde segue de maneira bem fiel ao poema que lhe serviu de inspiração, com exceção do final, um pouco modificado. Uma opção "estranha" do roteiro deste filme é que apenas Sir Gawain tem seu nome citado ao longo de toda história... por exemplo em nenhum momento é falado que estamos diante do Rei Arthur (o personagem só é chamado de "Rei").

Em termos técnicos, O Cavaleiro Verde é bastante impressionante, com uma bela fotografia, bons figurinos, diferentes cenários, boa trilha sonora... tudo se unindo para uma jornada crível por um mundo medieval (ainda que tenha sua parte de fantasia).

Ao trazer um narrador - e talvez aí esteja a parte que eu menos tenha gostado do filme - a primeira impressão é que O Cavaleiro Verde seja um "épico", o que é razoavelmente corroborado com o trailer divulgado para a obra. Entretanto, o que temos aqui está mais para um "road movie" (ou horse movie já que naquela época não haviam carros rs) com mais fracassos que heroísmos, dignos de uma história de Dom Quixote (que aliás não é nenhum demérito para a trama).

O Cavaleiro Verde não é um filme excepcional, mas ainda assim é um filme de muita qualidade e bem diferente do que eu esperava, me surpreendeu positivamente. Para quem se interessa por filmes de fantasia medieval e gosta de histórias que não seguem "padrões" de roteiro, este filme é bem recomendável. Nota: 7,5.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Crítica - Thor: Amor e Trovão (2022)

Título: Thor: Amor e Trovão ("Thor: Love and Thunder", Austrália / EUA, 2022)
Diretor: Taika Waititi
Atores principais: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Tessa Thompson, Taika Waititi
Nota: 5,0

Taika Waititi perde a mão neste filme desnecessário

Os dois primeiros filmes de Thor nos cinemas foram fracos, porém pelo menos tinham como qualidade a apresentação da mitologia Nórdica e o deslumbre visual do mundo de Asgard. Já para o terceiro filme, chegou o diretor Taika Waititi, que mudou a franquia completamente de tom, transformando-a em uma hilária comédia, o que pra mim funcionou muito bem. Porém neste quarto filme, novamente com Taika na direção, simplesmente não temos nenhuma destas qualidades. A mitologia nórdica é praticamente ignorada (já também lembrando que a bela Asgard foi destruída no filme anterior), e se o filme é novamente uma comédia, desta vez é sem graça: as piadas são exageradas e não fazem parte da trama, simplesmente são jogadas na tela... uma sucessão infinita de gags e memes aleatórios.

Na história da vez, surge o vilão Gorr (Christian Bale), em sua missão vingativa contra todos os deuses do Universo. Ao resolver atacar Nova Asgard, que fica no planeta Terra, o vilão chama a atenção de Thor (Chris Hemsworth), que corre para defender os humanos e lá, coincidentemente, reencontra seu amor Jane Foster (Natalie Portman) em seu próprio drama pessoal. A dupla acaba frustrando os planos de Gorr apenas parcialmente, e se une com Valquíria (Tessa Thompson) e Korg (Taika Waititi) para caçar e derrotar Gorr pelo universo.

Thor: Amor e Trovão obviamente conta com uma grande produção, com bons efeitos visuais, boa música, e até tem alguns poucos bons momentos... algumas piadas engraçadas, e algumas cenas emocionantes de romance entre Thor e Jane... mas mesmo o clima entre os dois é estragado por outras cenas piegas ou de piadas muito ruins, além de ser pouco desenvolvido, tudo fica muito raso.

Raso, aliás, é a palavra de ordem em Thor: Amor e Trovão. Existem cenas de drama, e o filme até teria alguma história para contar... mas o roteiro resolve não se aprofundar em nada, simplesmente resolve jogar piadas para o espectador o tempo todo, sem critério nenhum. 

Thor: Amor e Trovão é uma produção tão desnecessária que ela simplesmente não acrescenta em nada a narrativa contada nos filmes do MCU. Pior, ela regride, pois desfaz eventos sofridos por Thor: depois de tantas aventuras, o protagonista já havia abandonado seu uniforme clássico e perdido o Mjolnir, e agora volta com os dois simplesmente "porque sim".

Ah, e assim como vários diretores queridinhos do mundo pop atual, Taika Waititi também tem sua horda de fãs. E os mesmos defendem o diretor neozelandês, alegando que seu ídolo só poderia ter feito um filme tão fraco porque "certamente sofreu restrições criativas do estúdio". Pois bem, mesmo que isto tenha acontecido, eu lembro a todos vocês que o personagem de Korg é interpretado justamente por Taika. E ele é a coisa mais chata, repetitiva e sem propósito em Thor: Amor e Trovão. Lamento, mas não há intervenção de estúdio que justifique isso, apenas ego e perda do senso de humor. Nota: 5,0


PS: seguindo a tradição dos filmes de heróis da Marvel, há duas cenas pós-créditos.

PS2: a filha do vilão Gorr é interpretada pela filha na vida real de Chris Hemsworth, India Rose, de 10 anos. E os filhos gêmeos de Chris, Sasha e Tristan (de 8 anos) também fazem ponta no filme, em uma breve cena do Thor criança, e como parte do enorme grupo das crianças Asgardianas.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Crítica - O Predador: A Caçada (2022)

Título: O Predador: A Caçada ("Prey", EUA, 2022)
Diretor: Dan Trachtenberg
Atores principaisAmber Midthunder, Dakota Beavers, Dane DiLiegro, Stormee Kipp, Michelle Thrush
Nota: 7,0

Uma boa reapresentação para as novas gerações

Predador é mais uma dentre várias boas franquias dos anos 80 que foram destruídas nas décadas seguintes por péssimas continuações. Nos cinemas tivemos os filmes de 1987, 1990, 2010 e 2018, além de dois péssimos filmes crossover com a franquia Alien (em 2004 e 2007). Mas agora em 2022, e pela primeira vez fora das telonas e direto para a TV (e aqui no Brasil já disponível através da Disney Star+), depois de muito tempo os fãs voltam a ter motivos para sorrir.

Em O Predador: A Caçada a história se passa novamente no norte americano, porém a mais de 300 anos no passado, no longínquo ano de 1719. Desta vez os desafios do caçador alienígena são nativos Comanche e colonizadores Franceses.

A trama é um bocado parecida com a do primeiro filme, porém aqui temos uma protagonista feminina, a jovem Naru (Amber Midthunder), que é uma atualização/acréscimo muito interessante ao filme; afinal, agora não se trata apenas da luta contra um adversário desconhecido e alienígena (literalmente); temos também em paralelo a luta de uma pessoa do gênero feminino lutando contra o preconceito da tribo para se afirmar como guerreira e mulher.

Tecnicamente O Predador: A Caçada é muito bom. Sua fotografia é excelente e o restante dos elementos, como som, paisagens, figurino... tudo nos traz uma ótima qualidade de ambientação; temos a sensação de estarmos no passado junto com a tribo de Naru vivenciando o ataque do Predador. E o fato de boa parte das cenas serem noturnas só aumentam os méritos da direção de Dan Trachtenberg (que também fez Rua Cloverfield, 10, o qual gosto muito e recomendo).

Como curiosidade, os atores principais são todos descendentes de nativos americanos, o que é bem bacana; porém não deixa de ser um pouco "estranho" ver todos os indígenas falando em um inglês perfeito o tempo todo... nem uma palavra é falada em comanche. Ou seja, o cuidado com a precisão histórica e em respeitar a cultura nativa é seguida até a metade...

O Predador: A Caçada é certamente o melhor filme da franquia desde a versão original de 87. Que seja um recomeço para mais bons filmes do gênero. Nota: 7,0.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #012 - Tudo o que você aprendeu sobre Frankenstein nos filmes, TV e quadrinhos está errado!!!

Acabo de ler o clássico da literatura mundial Frankenstein ou o Prometeu Moderno, escrito pela escritora inglesa Mary Shelley em 1818 (e cuja "versão revisada e definitva" que conhecemos hoje foi publicada pela primeira vez em 1831).

Fiquei bastante surpreso com o quanto o livro é diferente do que eu imaginava... a imagem já "consolidada" de Frankenstein que temos hoje dentro da cultura pop (vejam três exemplos na foto acima) é tão distinta do original que vim aqui correndo compartilhar minhas descobertas para vocês!

Vamos começar pela parte mais óbvia e conhecida... Frankenstein não é o nome do monstro, e sim de seu criador. E Frankenstein, cujo primeiro nome era Victor, não era um "Doutor" nem vivia isolado em um castelo onde era servido pelo seu ajudante "Igor" (que não existe no livro). Victor era um simples estudante universitário, e sua criatura foi "feita" dentro de seu apartamento estudantil em Ingolstadt, Alemanha.

O monstro não tem nenhum nome no livro (é sempre chamado de "monstro", "criatura", ou algo similar) e ao contrário do que vemos na cultura pop atual, para minha grande surpresa na obra original ele é um ser muito inteligente e eloquente. Fisicamente o monstro possuía 2,50m de altura, força e resistência bem acima da humana, e seus braços e pernas são citados como "desproporcionais", embora sem o livro dar mais detalhes sobre isto.

E ao contrário da forma como reconhecemos a criatura de Frankenstein hoje em dia, a pele dele não era da cor verde e sim amarela, como a própria autora o descreve no capítulo 5 da obra: "(...) Sua pele amarela mal encobria os músculos e artérias da superfície inferior. Os cabelos eram de um negro luzidio e como que empastados. Seus dentes eram de um branco imaculado. E, em contraste com esses detalhes, completavam a expressão horrenda dois olhos aquosos, parecendo diluídos nas grandes órbitas em que se engastavam, a pele apergaminhada e os lábios retos e de um roxo enegrecido. (...)".

Pelo trecho acima, a criatura tinha uma aparência assustadora, não? Em outras passagens há insinuações de que os cabelos eram longos, e que seu sorriso era perverso. Seu rosto é dito como tão horrendo que ninguém tem coragem de olhar para ele, nem mesmo o próprio monstro. Por isso mesmo, ciente e ressentido de sua aparência, a criatura está sempre muito vestida, tentando se esconder, cobrindo principalmente sua face.

E então vamos ao momento culminante deste texto. Abaixo a imagem do que seria a "real" aparência do ser criado por Victor Frankenstein (que no caso, por estar em branco-e-preto, a parte da pele amarelada/transparente ainda terá que ficar sua imaginação, leitor).

A imagem acima foi retirada do livro Bernie Wrightson's Frankenstein, publicada em 1983 pela Marvel Comics, que nada mais é que o livro original de Mary Shelley acrescido de dezenas de ilustrações desenhadas por Bernie Wrightson, então importante ilustrador da DC e Marvel, co-criador do Monstro do Pântano.


Outra curiosidade. Sabia que o livro Frankenstein só foi escrito, porque em 1816 o Sol desapareceu?
Ou quase isso rs. Mas o fato é que 1816 foi um dos anos mais problemáticos registrados pela história humana. Neste ano o Hemisfério Norte não teve Verão, com a ano todo registrando temperaturas muito abaixo do normal, muitas geadas, e uma "neblina" encobrindo o Sol por muitos e muitos meses. Boa parte das colheitas foram perdidas e muita fome se espalhou pelo mundo todo. Acredita-se hoje que a causa deste fenômeno foi uma enorme erupção vulcânica no Monte Tambora (Indonésia) no ano anterior, a maior da era humana.

Pois então. Em julho de 1816, passando as férias em uma casa de lago, e cansados do atípico tempo frio e chuvoso que forçava o grupo de amigos escritores Lord Byron, John William Polidori, Percy Shelley e sua esposa Mary Shelley a ficarem trancados dentro do imóvel, eles resolveram, como passatempo, criar uma competição para escrever o conto de terror "mais assustador". Dos quatro, Mary Shelley foi a única que finalizou a história que começou a escrever... e adivinhem: é o livro de Frankenstein que conhecemos. Entretanto, este não foi o único escrito deste encontro que rendeu algum fruto: a história incompleta escrita por Lord Byron (de nome A Fragment) seria reaproveitada anos depois como inspiração para um conto de nome The Vampyre, escrita justamente por Polidori.


Já sabia das informações que contei neste artigo? Ou ficou tão surpreso como eu fiquei enquanto eu lia a obra máxima de Mary Shelley? Escreva nos comentários!




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

domingo, 31 de julho de 2022

Crítica - Lightyear (2022)

Título: Lightyear (idem, EUA, 2022)
Diretor: Angus MacLane
Atores principais (vozes)Chris Evans, Keke Palmer, Keira Hairston, Dale Soules, Taika Waititi, Peter Sohn, Uzo Aduba, James Brolin, Mary McDonald-Lewis, Efren Ramirez, Isiah Whitlock Jr.
Nota: 5,0

Este certamente NÃO é o Buzz Lightyear que todos conhecemos...

E mais uma vez vemos a Pixar/Disney fazendo um filme continuação que ninguém pediu, um puro caça-níqueis. A história da vez é Lightyear, uma prequela (mais ou menos) do personagem que co-estrela a franquia Toy Story, o patrulheiro espacial Buzz Lightyear.

A animação com um letreiro que contém um texto mais ou menos como este: "Em 1995 um menino chamado Andy ganhou um boneco Buzz Lightyear de aniversário. Era de seu filme favorito. Este é aquele filme.".

Quanta mentira...

Não há a menor possibilidade deste Lightyear agradar o pequeno Andy de 6 anos. Não tenha dúvida: uma criança só iria se empolgar com um filme divertido, colorido, repleto de aventuras; completamente deste desenho escuro, onde todos os personagens são adultos tentando superar seus medos ou traumas do passado. O grande "aventureiro" espacial Buzz passa o filme todo preso dentro de um planeta, seu "grande inimigo" Zurg não quer conquistar nada, e sua origem é decepcionante. Tanto que Lightyear não é um filme infantil, que ele baseia parte de seus conceitos em filmes sérios de ficção científica como principalmente Interestelar e Gravidade (e aliás, o faz de maneira ruim).

Em suma, a descaracterização do Buzz Lightyear que conhecemos de Toy Story é enorme. Pela imagem acima já vemos que estamos de algo bem deturpado, bem mais "sombrio". Mas vai além disso... o famoso lema "Ao infinito... e além!" é colocado em um contexto sem sentido, a roupa espacial de Buzz é totalmente subaproveitada (principalmente suas asas), e até o dublador original foi trocado (saiu Tim Allen e em seu lugar entrou Chris Evans, o que causou considerável revolta nos EUA).

Como um todo, é verdade, Lightyear não é uma catástrofe. Ele segue uma fórmula pra agradar públicos de amplas idades e justamente por isso traz uma história genérica de colonização espacial que já vimos centenas de vezes. Dá pra passar o tempo se você não tem nada melhor pra fazer em um dia frio chuvoso... e nada mais que isso. A única coisa que me fez sorrir no filme foi que a inteligência artificial da nave pilotada por Buzz se chama I.V.A.N., claramente uma homenagem à minha pessoa.

Se Lightyear não for "o" pior filme da Pixar/Disney que já vi até hoje, pelo menos empata como o pior junto com Carros 2 (2011). Ah, o filme possui 3 cenas pós-créditos, todas bem curtas. Nota: 5,0.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #011 - Indiana Jones e os Caçadores da Diarréia Perdida

Olhem para a icônica cena acima: surpreendente, engraçada, uma das melhores cenas de Indiana Jones de todos os tempos, vinda de Os Caçadores da Arca Perdida (1981).

O que nem todos sabem é que o desfecho da cena não estava no roteiro, foi um improviso de Harrison Ford. No momento das filmagens o ator - que juntamente de parte da equipe estava sofrendo de disenteria - já estava cansado e sob uma temperatura infernal; então ao invés de lutar contra o adversário com seu chicote e punhos (que era o previsto), em uma espécie de desabafo ele resolveu sacar o revolver para apressar as coisas e "matar" o oponente. Spielberg adorou o que viu e incorporou a cena no filme, que passou então para a posteridade.

No vídeo abaixo podemos ver Ford ensaiando para as cenas de luta planejadas, e posteriormente, o desfecho final que entrou pra história:

Para encerrar, saibam que essa não será a última vez que teremos a franquia Indiana Jones aqui na sessão de Curiosidades Cinema Vírgula... aguardem por futuras publicações. E vou mais além, há tanta coisa pra contar sobre Indy que para cada texto de curiosidade dele que eu escrever aqui, ao final eu irei trazer uma outra curiosidade bônus, ok? Então vamos a extra deste post!

  • Os insetos e animais peçonhentos dos 3 primeiros filmes eram reais, para tornar tudo mais verdadeiro. Foram usados mais de 2 mil ratos, mais de 6 mil cobras, e mais de 50 mil insetos! Ainda assim a quantidade de cobras trazidas para as cenas de Os Caçadores da Arca Perdida não foram suficientes, e então o cenário teve que ser completado com tiras de borracha. Para o quarto filme, a produção optou por insetos digitais... não é a toa que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) é disparado o pior filme dente eles...



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quinta-feira, 7 de julho de 2022

Lançamentos da franquia Asterix no Brasil e em todo o planeta!


Como é bom ver Asterix de volta! No Brasil temos neste mês de Julho, o lançamento (enfim!) do aqui inédito 38º volume das aventuras em quadrinhos do herói Gaulês, intitulado Asterix e a Filha de Vercingetorix. O livro já se encontra a venda nas livrarias.

Mas não é só o Brasil que tem motivos para comemorar neste mês. Vocês sabiam que ano passado o cachorrinho Ideiafix ganhou sua própria série de quadrinhos na França? Pois é. E agora em Julho a obra fará sua estréia em países como Argentina, Espanha, Hungria, Noruega, Polônia, Portugal e República Checa dentre outros. Na imagem acima temos a capa do volume 1 lusitano; e ao lado dela, temos a capa do volume 2 dos sortudos alemães. Sim, porque neste mês a Alemanha já vai ter o segundo volume publicado por lá, sendo que na França o inédito 3º volume será lançado no final deste ano.

Ainda sobre os quadrinhos de Ideiafix, algumas curiosidades... eles possuem algumas diferenças em relação aos quadrinhos de Asterix. Primeiro que a sua equipe criativa (roteiristas e desenhistas) não são os mesmos que fazem as novas edições de Asterix atuais... são times diferentes e desvinculados; segundo que as histórias do pequeno mascote se passam no ano 52 AC, ou seja, 2 anos antes das famosas aventuras do guerreiro Gaulês... e antes do cachorro chegar à famosa aldeia que todos conhecemos! E finalmente, o formato é diferente... se nos álbuns de Asterix geralmente temos uma única história de 48 páginas, aqui nas revistas de Ideiafix temos 3 histórias em 72 páginas.

Infelizmente, ainda não há qualquer previsão ou movimentação para as revistas de Ideiafix chegarem ao Brasil. Mas, tenho esperança que elas cheguem aqui nos próximos anos, até porque a Editora Record só bem recentemente passou a retomar as publicações de Asterix por aqui.

Lembrando: o Brasil ficou vários anos sem nenhuma editora publicando as histórias de Asterix, e com isto ficamos defasados em relação aos novos lançamentos... Ano passado a Record publicou o então inédito para nós volume 37 - Asterix e a Transitálica - e com o número 38 que chegou este mês só vão ficar faltando 3 publicações para alcançarmos tudo o que foi publicado: o volume 39 dos quadrinhos, e as 2 edições mais recentes dos "álbuns ilustrados". Na imagem abaixo vocês podem conferir a versão de Portugal destas três obras.



Gostaram das novidades? Comente aqui. E se você ainda não conhece Asterix, faça esse favor a você mesmo e toda sua família e comece a leitura!

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Crítica - Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022)

Título: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo ("Everything Everywhere All at Once", EUA, 2022)
Diretores: Daniel Kwan, Daniel Scheinert
Atores principaisMichelle Yeoh, Stephanie Hsu, Ke Huy Quan, James Hong, Jamie Lee Curtis
Nota: 8,0

Produção independente é tudo o que Matrix 4 queria ser e não conseguiu... e ainda mais!

Vamos fazer um exercício de imaginação: o que seria do filme Matrix de 1999, se ele tivesse sido feito nos tempos de hoje, se ao invés do visual cyberpunk ele tivesse um visual pendendo para os filmes de ação chineses, se nele fosse adicionada uma enxurrada de humor nonsense, se ao invés de elevar os filmes sobre "escolhidos" ele viesse para desconstruí-los, e pra finalizar... se ao invés de termos uma batalha do homem versus máquina, tivéssemos na verdade uma batalha do ser humano contra ele mesmo... seus próprios medos, angústias e preconceitos? Ufa, quanta coisa em um parágrafo só, não? Pois este filme existe e então parece apropriado que seu nome seja Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.

Desde que Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo começou a ser exibido pelo mundo em Março deste ano, sua recepção foi a melhor possível, muitos críticos afirmavam animados estarem diante do melhor filme do ano até então. E ainda que a obra tenha alguns problemas, entendo e concordo com a empolgação.

A história começa mostrando Evelyn Wang (Michelle Yeoh), uma imigrante chinesa que mora nos EUA e lá é dona de uma lavanderia. Sua vida está repleta de problemas: ela está cheia de dívidas, a beira do divórcio, tem problemas de relacionamento com a filha e também com seu pai idoso. É então que uma versão de outro universo de seu marido Waymond Wang (Ke Huy Quan) assume o corpo dele e a avisa que todo um Multiverso está em perigo e que ela, Evelyn, é a pessoa que pode salvar a todos. Com isso, de uma hora para outra (assim como fôra com Neo em Matrix), a vida de Evelyn muda radicalmente e ela passa a ser caçada por inimigos, tendo que aprender sobre a nova realidade em que se encontra para sobreviver.

Então temos um filme com muita ação, correria e... humor, muito humor absurdo. Mesmo tendo conceitos teoricamente complicados como universos paralelos, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo não é difícil de entender porque basicamente ele não se preocupa em explicar praticamente nada... É tão caótico que tudo acaba se explicando sozinho. Mas todas as piadas e caos, no final das contas, levam a um propósito bem definido. Ao contrário de Matrix, aqui o filme nos deixa uma mensagem, uma reflexão. O filme também nos emociona, e até sobra tempo para, em paralelo, debater sobre existencialismo e as diferenças entre cultura ocidental e oriental.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo foi dirigido e roteirizado pela jovem dupla que se apresenta como "Os Daniels". Eles tem uma carreira curta por enquanto, e são mais conhecidos pelo bom filme Um Cadáver Para Sobreviver (2016), que também mistura bastante humor nonsense (e humor sombrio) com drama. Portanto, este filme não é um passo totalmente inesperado vindo deles. Da parte dos atores, os principais foram todos bem, mas meu destaque vai para a Michelle Yeoh, como ela é boa! Que felicidade é ver ela protagonizando um grande filme!

Ainda que não seja um produto para "todas as idades" (só não seria para crianças, mas já funciona de adolescentes pra cima), Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo deve agradar uma boa variedade de público, já que nele temos ação, (muito) humor, drama, romance, filosofia... uma mistura bem grande de gêneros. Imagino que a obra só não agrade quem seja muito conservador, já que o filme é bem diferente do tradicional.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo me agradou bastante e também entra na minha lista dos melhores filmes que assisti neste ano. Mas não dou nota maior por dois motivos. Um é porque não há qualquer cuidado em explicar a mitologia do mundo criado, e isso me incomodou. E a outra é porque entendo que há momentos que o roteiro exagera no nonsense, ou até no drama. Sabe quando você está em um encontro e o clima está ótimo, e então alguém fala algo que estraga tudo? Pois é, entendo que o filme tem alguns destes momentos, o que é uma pena. De qualquer forma, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um filme muito bom, marcante, e que recomendo todos a não perder a oportunidade de ir no cinema conhecê-lo. Nota: 8,0

sábado, 11 de junho de 2022

Dupla Crítica Filmes Netflix - Arremessando Alto (2022) e O Soldado Que Não Existiu (2021)

Outro fim de semana chegou e se você quer ficar em casa, trago mais dois filmes Netflix para vocês conhecerem. O primeiro literalmente acabou de estrear, e o segundo estreou no Brasil mês passado. Vejam o que achei de ambos.



Arremessando Alto
 (2022)
Diretor: Jeremiah Zagar
Atores principais: Adam Sandler, Queen Latifah, Juancho Hernangomez, Ben Foster, Kenny Smith, Anthony Edwards

Outra produção Netflix capitaneada por Adam Sandler, Arremessando Alto é um filme que mostra o processo para jovens jogadores de basquete entrarem na NBA (aliás, que outra tradução de título de filme nojenta... ele se chama Hustle no original). Na história vemos o ex-jogador e olheiro internacional do Philadelphia 76ers, Stanley Sugerman (Sandler) encontrar nas ruas da Espanha o desconhecido Bo Cruz (Juancho Hernangomez) e tenta levá-lo para a NBA. Stanley vê no garoto sua chance de mudar de vida, porém contra ele há um dos donos do próprio 76ers (Ben Foster), e contra Bo há o calouro rival Kermit (Anthony Edwards).

A história é uma espécie de Rocky versão basquete (não a toa o filme se passa na Filadélfia, e também não tem nenhuma vergonha de assumir que está "homenageando" a obra de Stallone), com a principal diferença que aqui o foco não é no "lutador" e sim no seu "mentor", além de que as dificuldades são menores. Em suma, nada de muito original... o grande diferencial de Arremessando Alto é quantidade absurda de personalidades da NBA - sejam jogadores, técnicos ou dirigentes - que participam do filme. É algo muito impressionante... estamos falando de algo superior a 30 pessoas, e de várias gerações (dentre elas o brasileiro Leandrinho, que infelizmente não consegui encontrar em cena). Os dois jogadores principais do filme aliás, os "rivais" Hernangomez e Edwards, são jogadores em atividade na NBA, e eram companheiros de time no Minnesota Timberwolves enquanto o filme era feito.

Para quem gosta de NBA, só por mostrar um mundo bem real do basquete (e com algumas piadas internas bacanas), o filme vale a pena. Já para os "leigos" do esporte, o filme é um "drama motivacional" bem feito, porém clichê. Nota: 6,0.



O Soldado Que Não Existiu
 (2021)
Diretor: John Madden
Atores principaisColin Firth, Kelly Macdonald, Matthew Macfadyen, Penelope Wilton, Johnny Flynn, Jason Isaacs

Se o filme anterior nos trouxe uma história totalmente ficcional, no caso deste O Soldado Que Não Existiu temos o contrário, já que esta absurda aventura de fato aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. A trama nos mostra uma missão especial de espionagem em que os britânicos "criaram" um soldado morto com informações falsas para confundir os alemães, e com isso, ser possível desembarcar tropas no continente europeu de maneira inesperada.

Tudo o que me vêm sobre este O Soldado Que Não Existiu é aquela frase de "matar uma formiga com uma bazuca". Pois temos aqui uma história que é sim interessante para ser contada, porém ela não duraria nem 30 minutos. Porém para completar um filme inteiro, a produção gasta tempo mostrando os relacionamentos entre os personagens, o que não traz bons resultados. Da mesma maneira, temos atores excelentes, mas não precisava de tanto... não há grandes cenas exigindo isso. Se bem que - até contradizendo o que eu disse - é justamente a competência e carisma dos atores, principalmente de Colin Firth e Penelope Wilton que fazem que toda a trama paralela desnecessária em O Soldado Que Não Existiu não incomodar o espectador.

O diretor John Madden também faz sua parte em não deixar o filme enfadonho, deixando-o sempre em ritmo acelerado, e sempre mudando de cenário: ou seja, certamente tivemos um gasto considerável na produção de O Soldado Que Não Existiu. Precisava? Não... Mas o dinheiro foi usado e o importante é que ficou bom. Para quem curte História, espionagem, ou é fã de Colin Firth, o filme vale a pena assistir. Já se você não encaixar em nenhum destes perfis, bem... O Soldado Que Não Existiu se encaixaria mais como uma diversão despretensiosa tipo Sessão da Tarde. Nota: 6,0.

PS 1: na verdade o filme O Soldado Que Não Existiu não é uma produção original Netflix, porém seus direitos de exibição foram comprados por exclusividade por ela para todo o continente Americano.

PS 2: notem que o personagem interpretado por Johnny Flynn, e que sempre aparece na máquina de escrever, ou comentando sobre romances, é Ian Fleming... sim, ele mesmo, que após a Guerra seria o criador e escritor das histórias de James Bond.

Gosta de suspense e terror? Você deveria conhecer Locke & Key

Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...