domingo, 27 de novembro de 2022

Crítica Amazon Prime - O Peso do Talento (2022)

Título: O Peso do Talento ("The Unbearable Weight of Massive Talent", EUA, 2022)
Diretor: Tom Gormican
Atores principais: Nicolas Cage, Pedro Pascal, Tiffany Haddish, Sharon Horgan, Paco León, Neil Patrick Harris, Lily Mo Sheen
Nota: 6,0

Nicolas Cage como Nicolas Cage é surpreendentemente comedido

Nicolas Cage tem uma carreira extensa e curiosa. Ele começou a ter relevância em meados dos anos oitenta, com Peggy Sue - Seu Passado a Espera (1986) e Arizona Nunca Mais (1987), mas foi nos anos 90 onde o ator virou uma grande estrela, ao conseguir seu Oscar por Despedida em Las Vegas (1996), e também ao estrelar filmes dos mais diversos tipos de gêneros, como por exemplo ação (A Rocha (1996), A Outra Face (1997) e Con Air - A Rota da Fuga (1997)), romance (Cidade dos Anjos (1998)) e suspense (8 Milímetros (1999)).

Nos anos 2000, Cage ainda fazia filmes de primeiro escalão, mas já não trazia muito retorno de bilheteria. Seus maiores sucessos foram com a franquia A Lenda do Tesouro Perdido (2004 e 2007). Posteriormente, já bastante endividado, o ator passou os anos 2010 fazendo muitos filmes de qualidade duvidosa... alguns sequer chegavam aos cinemas, saindo direto para o DVD. O que importava para Nicolas era trabalhar e receber, não importando a produção... e com isso, seus personagens malucos e excêntricos aumentaram bastante, contribuindo com sua fama de atuações "exageradas".

Nicolas Cage chegou a ser um dos atores mais bem pagos de Hollywood. Porém, não soube administrar seu dinheiro. Comprou ilha, castelos, dezenas de propriedades de luxo e não pagou os impostos devidos por isso. Ter divorciado algumas vezes também não ajudou muito na equação. Mas parece que os anos 2020 são de um bem vindo ressurgimento em sua carreira. Com um casamento novo (seu quinto), e filha recém-nascida, agora Cage volta a chamar atenção mundial com um filme em que interpreta a si mesmo: O Peso do Talento.

Na trama temos Cage "interpretando" o ator Nicolas Cage, que está constantemente tentando encontrar novos papéis para retomar sua carreira e a fama. É então que a realidade começa a dar espaço para a ficção: temos aqui um Cage sozinho e divorciado, mas que tenta sem sucesso se manter presente na vida de sua filha Addy (Lily Sheen). Aqui ele também está endividado, também por manter uma vida extravagante... porém com preocupações mais básicas... das dívidas não afetarem a vida da filha e a ex-esposa Olivia (Sharon Horgan). Eis então que o ator recebe uma proposta inusitada: por um milhão de dólares, participar da festa de aniversário de um fã bilionário, Javi Gutierrez (Pedro Pascal). E as surpresas/delírios não pararam por aí... com Javi sendo investigado pela CIA, Nicolas é forçado a agir como espião...

Eis então o paradoxo de O Peso do Talento: temos nele uma trama simplesmente insana e absurda, que por outro lado traz um Nicolas Cage bem "sóbrio", com poucos momentos de exagero de emoção. Ao longo da história, vários filmes de Cage são citados, além de algumas de suas "cenas memoráveis", mas nada é mostrado... é como se estivéssemos diante de uma produção feita por um fã do ator, porém com sérias restrições orçamentárias...

Quando O Peso do Talento saiu nos festivais, a atuação de Nicolas Cage foi aclamada, e era dita como uma das melhores do ano. Sinceramente, embora ele esteja bem (e como sempre), não vi nada muito especial. Achei também que iria rir muito com este filme, o que não aconteceu. Porém, a história traz diversas boas piadas, que assim como a atuação de "Nick" neste filme, são... comedidas... apenas me fizeram sorrir.

Em suma, O Peso do Talento não é nada do que eu esperava, mas ao mesmo tempo não deixa de ser um entretenimento decente para nos lembrar que Nicolas Cage ainda pode e deve ser melhor aproveitado em filmes. Nota: 6,0

sábado, 5 de novembro de 2022

Crítica - Não! Não Olhe! (2022)

Título: Não! Não Olhe! ("Nope", Canadá / EUA / Japão, 2022)
Diretor: Jordan Peele
Atores principais: Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Brandon Perea, Michael Wincott, Steven Yeun, Wrenn Schmidt
Nota: 6,0

Jordan Peele muda sua fórmula e entrega seu filme mais fraco

O terceiro longa metragem do diretor Jordan Peele começa muito bem, com uma cena dramaticamente muito forte, tensa. Imediatamente depois, ele presta uma inusitada homenagem aos primórdios do cinema e já desfere fortes críticas sociais, contra o racismo e ao uso de animais em filmes.

A seguir, a história contada em Não! Não Olhe! continua interessante, onde vemos incursões crescentes de uma entidade alienígena na fazenda dos jovens irmãos Haywood - "OJ" (Daniel Kaluuya) e "Em" (Keke Palmer) - enquanto, em paralelo, é contada em flasbacks sobre um terrível acidente em um set de filmagem em uma sitcom, ocorrido décadas atrás.

Então mais ou menos no meio do filme todo o véu de mistério é revelado, e Não! Não Olhe! começa a piorar e entra em uma decrescente de qualidade até seu final. Descobrimos qual é a motivação da "entidade alienígena", o que aconteceu no incidente de muitos anos atrás, e qual a relação entre eles (pequena, aliás). No meu artigo anterior a esta crítica, eu comento sobre 3 diretores, dentre eles Jordan Peele, e dele reclamo que seus filmes são ótimos, até a parte da "revelação final", que é decepcionante... Pois bem; em Não! Não Olhe! o diretor mudou totalmente sua fórmula, fazendo sua "revelação" no meio, que não é ruim... porém, é seu filme que se torna ruim a partir dela.

Além do óbvio problema que todo filme de terror sofre quando seu mistério é revelado, que é o fato de que tudo que é conhecido perde sua capacidade de assustar, as regras montadas no universo desenvolvido por Peele até então começam a mudar, perdendo um pouco de sentido e credibilidade.

Na média, Não! Não Olhe! não deixa de ser um filme interessante e bem sucedido no clima de terror e suspense, mas por desandar do meio pro fim, é o mais fraco de Peele até agora. Ao contrário dos seus outros filmes até então, onde de memorável ficaram cenas de horror, aqui ficam cenas de homenagem aos bastidores de produção de TV e cinema, principalmente no que se trata de filmagens, ou sendo mais específico, ao ato de coletar imagens. Ou ainda, ficará na lembrança aquilo que o filme não mostra, que são os incidentes e abusos com animais (se interessar, leia o PS abaixo). Nota: 6,0


PS - verdade vs ficção: para ler isso aqui, recomendo ter assistido o filme antes, pois irei dar vários spoilers.

Sobre o "a primeira série de fotografias animadas" serem de um homem negro em um cavalo não é totalmente confirmado. De fato, Eadweard Muybridge e suas filmagens com cavalos foram pioneiros no quesito, mas o nome dos jóqueis das seqüências de fotos são desconhecidos. Foram várias sessões de fotos para as "filmagens". A primeira de todas bem sucedida (e que não aparece no filme Não! Não Olhe!) é a da esquerda na imagem abaixo, e a identidade do cavaleiro "pode" ter sido G. Domm (não é comprovado). O cavalo, se sabe ser Sallie Gardner. As imagens que aparecem no filme (à direita) são muito mais aperfeiçoadas, após anos de experimentos de Muybridge, e novamente não se têm idéia do nome de quem está cavalgando, só se sabe o nome do cavalo. Aqui pelo menos há a certeza que o jóquei é afro-americano, mas na primeira animação nem isso se sabe.


Já quanto ao incidente com o chimpanzé, ele é levemente inspirado no mais grave incidente conhecido com este tipo de animal, ocorrido nos EUA em 2009. Leia aqui a triste história, se quiser saber mais. Porém, o acidente real não teve nenhuma ligação com qualquer seriado de TV.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Especial Halloween: os filmes de Jordan Peele, Robert Eggers e Ari Aster (Oito dicas de filmes!)


Hoje é sexta-feira... mas não dia 13. E daqui apenas 3 dias será 31 de Outubro... o Dia das Bruxas (ou Halloween). Para comemorar a data, apresento para vocês o trabalho de três jovens diretores estadunidenses, que estão entre os mais "badalados" no universo de filmes de Terror da atualidade.

Portanto, aqui você ficará conhecendo OITO filmes para para assistir e entrar no clima de Halloween. Confira!


Ari Aster

Começando com o mais novo da turma (36 anos), Ari Aster é também, dos três desta matéria, o que até agora criou filmes mais próximos do terror "clássico". Suas histórias não envolvem "monstros" mas envolvem rituais e um bocado de sobrenatural. Por enquanto, seus trabalhos incluem Hereditário (2018) e Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019), onde Ari é o diretor e roteirista de ambos.

Na história de Hereditário, após a morte da avó, eventos estranhos começam a acontecer com Charlie (Milly Shapiro), uma menina que sempre foi "diferente". Achei o filme "ok", vale mesmo a pena pela excelente atuação de Toni Collette. Clique no trailer para saber mais.

Já em Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019) temos a história de um grupo de universitários que vai até a Suécia em uma pequena aldeia participar de um ritual pagão milenar. Por um lado, o filme perde vários pontos porque entendo que há diversas "forçadas de barra" no roteiro. Por outro, o filme é bem diferente e é bastante (bastante mesmo!) perturbador. Portanto, vale a experiência para quem curte terror. Clique aqui para ver o trailer.


Robert Eggers

Robert Eggers, de 39 anos, antes de se aventurar como diretor de filmes e roteirista, também fez trabalhos de Direção de Arte e em Design de Produção. Talvez por isso seus filmes são os melhores tecnicamente desta lista, principalmente na parte visual. Uma fotografia muito bonita e acima da média é uma característica presente em todos seus filmes até agora.

Como diretor e roteirista, Eggers já fez A Bruxa (2015), O Farol (2019) e O Homem do Norte (2022)

Começando... um Halloween não poderia deixar de ter um filme de bruxa certo? Pois então falemos de A Bruxa, que no caso, conta a história de uma jovem camponesa (a sempre ótima atriz Anya Taylor-Joy, aqui bem mais nova de que em O Gambito da Rainha) e sua família, que nos anos 1600, aparentemente começam a ser influenciados por forças misteriosas vindas de uma escura floresta. Um filme que não traz "sustos" mas tem uma atmosfera bem tensa e perturbadora. Veja aqui o trailer.

Já em O Farol temos um filme sem elementos sobrenaturais... se trata de um terror psicológico, e é um filmaço, para mim o melhor de todos deste texto. Contando com nomes famosos como Robert Pattinson e Willem Dafoe, para saber mais a respeito deste título, você pode ler a minha crítica completa clicando aqui, ou assistindo o trailer, clicando aqui.

Finalmente, falando sobre O Homem do Norte, um épico sobre a mitologia Viking lançado este ano nos cinemas de todo o mundo: é o filme menos "terror" que estou citando no artigo, mas ainda assim, traz elementos de mitologia e sobrenatural. Classifico-o como um filme de guerra medieval "fantasioso e sombrio", onde o diretor falha nas batalhas (as coreografias são bem ruins e pouco críveis). Ainda assim, é um filme acima da média que vale a pena ser conferido. Confira seu trailer.


Jordan Peele

O mais "velho" da turma, com 43 anos, Peele é o diretor e roteirista de Corra! (2017), Nós (2019) e Não! Não Olhe! (2022). Cada um de seus filmes possui um tema bem diferente dos demais, flertam com um pouco de ficção científica, abordam criticas sociais, e, sendo um afrodescendente, o diretor costuma também dar espaço para atores negros serem os protagonistas, o que é muito bom (e infelizmente raro).

Dentre os 3 diretores que trouxe aqui, Jordan é de longe quem mais fez sucesso de público até agora, com cada um de seus filmes superando 200 milhões de dólares em bilheteria. Mas se ele é o queridinho do público, ainda não me convenceu.

Vejam: seus filmes chamam bastante minha atenção, pois do que vi até agora, eles trazem atuações espetaculares, clima de tensão e terror simplesmente sensacionais... o problema são os desfechos... os finais foram pra mim um balde de agua fria. Lembrando que essa é minha opinião dos dois primeiros filmes dele, já que ainda não assisti seu mais recente lançamento, o Não! Não Olhe! (é o único filme deste artigo que ainda não vi... afinal também tenho direito de reservar um filme de terror pra ver no Halloween né? rs. Mas não se preocupem que vou assisti-lo E publicar sua crítica na próxima semana).

Em Corra! temos um jovem afro americano visitando os pais de sua namorada branca pela primeira vez, e em muito pouco tempo coisas muito estranhas começam a acontecer na interação entre eles. Este é outro filme que já escrevi crítica (leia aqui) e você pode também ver seu trailer clicando aqui.

Nós, de certa forma, é meio que uma mistura de filme de zumbis com "invasores de corpos". Uma coisa interessante dele são as considerações morais que os personagens fazem. Seu trailer pode ser assistido aqui.

E finalmente, encerrando a lista de filmes e este artigo, temos o (por enquanto) desconhecido para mim Não! Não Olhe!. Ele saiu de cartaz dos cinemas há bem pouco tempo, e só sei que tem alguma coisa sobre invasores do espaço rs. Confiram o misterioso trailer que nos revela quase nada.


Curtiram a lista? Que filmes já conheciam? Qual filme você vai assistir para se preparar para o Halloween? Qual dos 3 é seu diretor preferido? Deixem a resposta nos comentários!

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #013 - Surpreendente!!! Indiana Jones e Goonies em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (e saiba aonde mais em 2023)


Reconhecem o garoto da foto acima? Se trata de Ke Huy Quan, ator vietnamita que estreou em Hollywood com 13 anos, no filme Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984). Quan interpretou o garoto Short Round, que auxilia Indiana na aventura, e encerra o filme com a icônica frase "Very Funny", que décadas depois viraria meme.


Após o sucesso inicial, Ke Huy Quan emplacaria mais um, também nos cinemas: ele seria o garoto inventor "Dado" do clássico filme infantil oitentista Os Goonies (1985). Lembraram do genial apetrecho "Papa-perigo" por aí? rs.

A história do nosso pequeno ator herói continua: depois ele iria para a TV, no mundo das sitcoms, fazendo Together We Stand (por 2 temporadas) e Head of the Class (também 2 temporadas), sendo que só esta última chegou ao Brasil, sob nome de Uma Turma Genial. Porém após estes dois programas, Ke Huy Quan conseguiu fazer uma pequena ponta em um episódio de Contos da Cripta, em 1991, e outra pequena ponta em um filme pequeno no ano seguinte. E ficou nisso. Quan foi outro dentre muitos a ser abandonado pela TV e Cinema.

Ke Huy Quan ainda tentou por alguns anos algum trabalho para se manter na carreira de ator. Mas, sem sucesso, desistiu da atuação. Se formou em Cinema, e por também ser mestre em artes marciais, passou as últimas décadas fazendo trabalhos como coordenador de dublês, coreógrafo de lutas, ou diretor assistente. Dividiu seu tempo entre trabalhos nos EUA e na Ásia. Como filmes mais famosos desta fase, ele participou da criação das coreografias das lutas de X-Men: O Filme (2000) e O Confronto (2001). Parecia que o destino de Quan seria ficar apenas nos bastidores...


E então, em 2022, "os Daniels" (os diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert) redescobriam Ke Huy Quan, convenceram-no a sair da "aposentadoria" e o trouxeram para co-estrelar o excelente filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. E não só foi gratificante ver o ator de volta (aliás, quando vi o filme não sabia quem ele era, só fui descobrir semanas depois de tê-lo visto nos cinemas), como constatar o quanto ele é bom atuando! Quan mostra suas habilidades dramáticas, sua versatilidade, e também, suas habilidades marciais (em uma épica cena mostrando o quanto uma pochete pode ser mortal rs). 


Felizmente não fui só eu que fiquei bastante empolgado com a aparição de Ke Huy Quan em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. Tanto que, uma coisa bacana aconteceu depois, e esta "coisa" proporcionou um emocionante reencontro entre ele e Harrison Ford após 38 anos!! (veja foto abaixo).

Sabem qual o motivo deste reencontro? Acabando com o mistério então: ambos estavam na D23 EXPO, evento deste Setembro de 2022 da Disney, onde ela anuncia as novidades para o ano seguinte... 2023, de todas suas franquias (Marvel, Star Wars, Pixar, Indiana Jones, etc). E Ke Huy Quan foi anunciado como parte integrante do elenco da segunda temporada do seriado de Loki.


E aí?? Sabiam que ator mirim de Indiana Jones e Goonies havia feito sua volta triunfal após 3 décadas??? Escreva nos comentários!!




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 10 de setembro de 2022

Aos fãs de Agatha Christie: teremos novo livro de Miss Marple na próxima semana


Depois de Hercule Poirot, que desde 2014 já teve quatro novos livros escritos por Sophie Hannah (Os Crimes do Monograma, Caixão Fechado, O Mistério dos Três Pedaços e The Killings at Kingfisher Hill - este último ainda inédito no Brasil), chegou enfim a vez da personagem feminina mais famosa da já falecida Agatha Christie receber autorização para ter novas histórias publicadas. Neste dia 13 de Setembro teremos o lançamento simultâneo em vários países do mundo (o Brasil ainda não é um deles, infelizmente) do livro cujo nome, no original, é Marple: Twelve New Mysteries, com a simpática detetive Jane Marple voltando em ação em histórias inéditas.

Se trata de um livro com 12 novos contos, cada um escrito por uma escritora consagrada diferente (todas britânicas ou estadunidenses), que são: Naomi Alderman, Leigh Bardugo, Alyssa Cole, Lucy Foley, Elly Griffiths, Natalie Haynes, Jean Kwok, Val McDermid, Karen M. McManus, Dreda Say Mitchell, Kate Mosse e Ruth Ware.

Particularmente, achei bem interessante esta idéia de 12 escritoras distintas, e a maioria de fato já publicou obras de romances policiais... porém também há dentre elas escritoras de outros tipos de gênero, como ficção científica... algumas sequer publicaram obras policiais; e uma delas até já escreveu livros de não-ficção(!). Fico bem curioso para ver qual visão e qual "enigma" cada uma vai trazer para a personagem.

De resto é ver quando o livro chega traduzido para o Brasil. Pra mim, será compra certa!


PS: explicando a imagem desta publicação, no canto esquerdo temos a capa do livro na sua versão original inglesa, e no canto direito, três dentre as muitas atrizes (já foram mais de 10) que já interpretaram Miss Marple na TV ou Cinema. Na esquerda temos Helen Hayes (1983-85), à direita Joan Hickson (1984-92) e abaixo, Geraldine McEwan (2004-08).

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Dupla Crítica Filmes Amazon Prime - Samaritano (2022) e O Cavaleiro Verde (2021)

Ambos os filmes deste artigo não são produções originais Amazon Prime, porém, tiveram seus direitos de transmissão comprados pela Amazon com exclusividade. Novamente em dose dupla, começo pelo novo filme de Stallone, que estreou no Brasil esta sexta-feira! E depois, um dos melhores filmes do Prime Video deste ano, que foi lançado nos primeiros meses de 2022 e trouxe aqui para vocês antes que fosse tarde demais ;)



Samaritano
(2022)
Diretor: Julius Avery
Atores principais: Sylvester Stallone, Javon 'Wanna' Walton, Pilou Asbæk, Dascha Polanco, Tiffany Cleary, Sophia Tatum, Moises Arias

Com tantos filmes de super-herói sendo feitos e por tantos atores e atrizes, chegou a vez de Sylvester ter o seu filme do gênero. Na história, ele vive como um aposentado e "escondido" Samaritano, um super-herói que o mundo acredita estar morto há décadas. Tudo muda, entretanto, quando o garoto Sam (Javon Walton) acaba se envolvendo com uma gangue de criminosos e "Joe" (o personagem de Stallone) acaba tendo que revelar alguns de seus poderes para salvá-lo.

Não é que Samaritano seja de todo ruim. É que simplesmente cansa ver o tanto que ele é um mais do mesmo. Aqui temos a velha história do herói aposentado que se recusa a aceitar o "chamado", um monte de furos de roteiro, dezenas de vilões malvados unidimensionais que parecem ter saído de um filme B oitentista... Talvez a "novidade", é que o vilão principal do filme é uma cópia barata e muito mal feita do personagem Bane de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2014). Aliás, muito tentou se copiar deste filme, tudo de maneira bem ruim.

Samaritano tem uma certa reviravolta no final, que até poderia tornar o filme menos padrão. Infelizmente, entretanto, o diretor não é competente a ponto de esconder essa reviravolta do espectador (eu a previ já na metade do filme) e, uma vez revelada, ela poderia ter sido melhor explorada.

O que se salva em Samaritano é o carisma de Sylvester Stallone, e mais nada. Nem sua atuação é boa... todos sabemos que ele não é um grande ator, mas Sly já atuou muito melhor em dezenas de outras oportunidades. E o resto... é um mais do mesmo que é produzido a toque de caixa desde os anos 80... Nota: 5,0.



O Cavaleiro Verde (2021)
Diretor: David Lowery
Atores principais: Dev Patel, Alicia Vikander, Joel Edgerton, Sarita Choudhury, Sean Harris, Kate Dickie, Ralph Ineson

Ao contrário de Samaritano, este O Cavaleiro Verde até chegou a ser lançado em cinemas (porém praticamente apenas em países de língua inglesa), e ainda assim seu lançamento para o streaming foi simultâneo. A história, que já foi contada por Hollywood algumas vezes, se baseia em um poema do século XIV de nome Sir Gawain e o Cavaleiro Verde. Sir Gawain, um sobrinho do Rei Arthur, aliás é um personagem bastante controverso na literatura, já que aparece em várias obras da época, só que em algumas é retratado como alguém corajoso e valoroso, e em outras é mostrado como alguém completamente oposto, covarde e pecador.

A história deste O Cavaleiro Verde segue de maneira bem fiel ao poema que lhe serviu de inspiração, com exceção do final, um pouco modificado. Uma opção "estranha" do roteiro deste filme é que apenas Sir Gawain tem seu nome citado ao longo de toda história... por exemplo em nenhum momento é falado que estamos diante do Rei Arthur (o personagem só é chamado de "Rei").

Em termos técnicos, O Cavaleiro Verde é bastante impressionante, com uma bela fotografia, bons figurinos, diferentes cenários, boa trilha sonora... tudo se unindo para uma jornada crível por um mundo medieval (ainda que tenha sua parte de fantasia).

Ao trazer um narrador - e talvez aí esteja a parte que eu menos tenha gostado do filme - a primeira impressão é que O Cavaleiro Verde seja um "épico", o que é razoavelmente corroborado com o trailer divulgado para a obra. Entretanto, o que temos aqui está mais para um "road movie" (ou horse movie já que naquela época não haviam carros rs) com mais fracassos que heroísmos, dignos de uma história de Dom Quixote (que aliás não é nenhum demérito para a trama).

O Cavaleiro Verde não é um filme excepcional, mas ainda assim é um filme de muita qualidade e bem diferente do que eu esperava, me surpreendeu positivamente. Para quem se interessa por filmes de fantasia medieval e gosta de histórias que não seguem "padrões" de roteiro, este filme é bem recomendável. Nota: 7,5.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Crítica - Thor: Amor e Trovão (2022)

Título: Thor: Amor e Trovão ("Thor: Love and Thunder", Austrália / EUA, 2022)
Diretor: Taika Waititi
Atores principais: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Tessa Thompson, Taika Waititi
Nota: 5,0

Taika Waititi perde a mão neste filme desnecessário

Os dois primeiros filmes de Thor nos cinemas foram fracos, porém pelo menos tinham como qualidade a apresentação da mitologia Nórdica e o deslumbre visual do mundo de Asgard. Já para o terceiro filme, chegou o diretor Taika Waititi, que mudou a franquia completamente de tom, transformando-a em uma hilária comédia, o que pra mim funcionou muito bem. Porém neste quarto filme, novamente com Taika na direção, simplesmente não temos nenhuma destas qualidades. A mitologia nórdica é praticamente ignorada (já também lembrando que a bela Asgard foi destruída no filme anterior), e se o filme é novamente uma comédia, desta vez é sem graça: as piadas são exageradas e não fazem parte da trama, simplesmente são jogadas na tela... uma sucessão infinita de gags e memes aleatórios.

Na história da vez, surge o vilão Gorr (Christian Bale), em sua missão vingativa contra todos os deuses do Universo. Ao resolver atacar Nova Asgard, que fica no planeta Terra, o vilão chama a atenção de Thor (Chris Hemsworth), que corre para defender os humanos e lá, coincidentemente, reencontra seu amor Jane Foster (Natalie Portman) em seu próprio drama pessoal. A dupla acaba frustrando os planos de Gorr apenas parcialmente, e se une com Valquíria (Tessa Thompson) e Korg (Taika Waititi) para caçar e derrotar Gorr pelo universo.

Thor: Amor e Trovão obviamente conta com uma grande produção, com bons efeitos visuais, boa música, e até tem alguns poucos bons momentos... algumas piadas engraçadas, e algumas cenas emocionantes de romance entre Thor e Jane... mas mesmo o clima entre os dois é estragado por outras cenas piegas ou de piadas muito ruins, além de ser pouco desenvolvido, tudo fica muito raso.

Raso, aliás, é a palavra de ordem em Thor: Amor e Trovão. Existem cenas de drama, e o filme até teria alguma história para contar... mas o roteiro resolve não se aprofundar em nada, simplesmente resolve jogar piadas para o espectador o tempo todo, sem critério nenhum. 

Thor: Amor e Trovão é uma produção tão desnecessária que ela simplesmente não acrescenta em nada a narrativa contada nos filmes do MCU. Pior, ela regride, pois desfaz eventos sofridos por Thor: depois de tantas aventuras, o protagonista já havia abandonado seu uniforme clássico e perdido o Mjolnir, e agora volta com os dois simplesmente "porque sim".

Ah, e assim como vários diretores queridinhos do mundo pop atual, Taika Waititi também tem sua horda de fãs. E os mesmos defendem o diretor neozelandês, alegando que seu ídolo só poderia ter feito um filme tão fraco porque "certamente sofreu restrições criativas do estúdio". Pois bem, mesmo que isto tenha acontecido, eu lembro a todos vocês que o personagem de Korg é interpretado justamente por Taika. E ele é a coisa mais chata, repetitiva e sem propósito em Thor: Amor e Trovão. Lamento, mas não há intervenção de estúdio que justifique isso, apenas ego e perda do senso de humor. Nota: 5,0


PS: seguindo a tradição dos filmes de heróis da Marvel, há duas cenas pós-créditos.

PS2: a filha do vilão Gorr é interpretada pela filha na vida real de Chris Hemsworth, India Rose, de 10 anos. E os filhos gêmeos de Chris, Sasha e Tristan (de 8 anos) também fazem ponta no filme, em uma breve cena do Thor criança, e como parte do enorme grupo das crianças Asgardianas.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Crítica - O Predador: A Caçada (2022)

Título: O Predador: A Caçada ("Prey", EUA, 2022)
Diretor: Dan Trachtenberg
Atores principaisAmber Midthunder, Dakota Beavers, Dane DiLiegro, Stormee Kipp, Michelle Thrush
Nota: 7,0

Uma boa reapresentação para as novas gerações

Predador é mais uma dentre várias boas franquias dos anos 80 que foram destruídas nas décadas seguintes por péssimas continuações. Nos cinemas tivemos os filmes de 1987, 1990, 2010 e 2018, além de dois péssimos filmes crossover com a franquia Alien (em 2004 e 2007). Mas agora em 2022, e pela primeira vez fora das telonas e direto para a TV (e aqui no Brasil já disponível através da Disney Star+), depois de muito tempo os fãs voltam a ter motivos para sorrir.

Em O Predador: A Caçada a história se passa novamente no norte americano, porém a mais de 300 anos no passado, no longínquo ano de 1719. Desta vez os desafios do caçador alienígena são nativos Comanche e colonizadores Franceses.

A trama é um bocado parecida com a do primeiro filme, porém aqui temos uma protagonista feminina, a jovem Naru (Amber Midthunder), que é uma atualização/acréscimo muito interessante ao filme; afinal, agora não se trata apenas da luta contra um adversário desconhecido e alienígena (literalmente); temos também em paralelo a luta de uma pessoa do gênero feminino lutando contra o preconceito da tribo para se afirmar como guerreira e mulher.

Tecnicamente O Predador: A Caçada é muito bom. Sua fotografia é excelente e o restante dos elementos, como som, paisagens, figurino... tudo nos traz uma ótima qualidade de ambientação; temos a sensação de estarmos no passado junto com a tribo de Naru vivenciando o ataque do Predador. E o fato de boa parte das cenas serem noturnas só aumentam os méritos da direção de Dan Trachtenberg (que também fez Rua Cloverfield, 10, o qual gosto muito e recomendo).

Como curiosidade, os atores principais são todos descendentes de nativos americanos, o que é bem bacana; porém não deixa de ser um pouco "estranho" ver todos os indígenas falando em um inglês perfeito o tempo todo... nem uma palavra é falada em comanche. Ou seja, o cuidado com a precisão histórica e em respeitar a cultura nativa é seguida até a metade...

O Predador: A Caçada é certamente o melhor filme da franquia desde a versão original de 87. Que seja um recomeço para mais bons filmes do gênero. Nota: 7,0.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #012 - Tudo o que você aprendeu sobre Frankenstein nos filmes, TV e quadrinhos está errado!!!

Acabo de ler o clássico da literatura mundial Frankenstein ou o Prometeu Moderno, escrito pela escritora inglesa Mary Shelley em 1818 (e cuja "versão revisada e definitva" que conhecemos hoje foi publicada pela primeira vez em 1831).

Fiquei bastante surpreso com o quanto o livro é diferente do que eu imaginava... a imagem já "consolidada" de Frankenstein que temos hoje dentro da cultura pop (vejam três exemplos na foto acima) é tão distinta do original que vim aqui correndo compartilhar minhas descobertas para vocês!

Vamos começar pela parte mais óbvia e conhecida... Frankenstein não é o nome do monstro, e sim de seu criador. E Frankenstein, cujo primeiro nome era Victor, não era um "Doutor" nem vivia isolado em um castelo onde era servido pelo seu ajudante "Igor" (que não existe no livro). Victor era um simples estudante universitário, e sua criatura foi "feita" dentro de seu apartamento estudantil em Ingolstadt, Alemanha.

O monstro não tem nenhum nome no livro (é sempre chamado de "monstro", "criatura", ou algo similar) e ao contrário do que vemos na cultura pop atual, para minha grande surpresa na obra original ele é um ser muito inteligente e eloquente. Fisicamente o monstro possuía 2,50m de altura, força e resistência bem acima da humana, e seus braços e pernas são citados como "desproporcionais", embora sem o livro dar mais detalhes sobre isto.

E ao contrário da forma como reconhecemos a criatura de Frankenstein hoje em dia, a pele dele não era da cor verde e sim amarela, como a própria autora o descreve no capítulo 5 da obra: "(...) Sua pele amarela mal encobria os músculos e artérias da superfície inferior. Os cabelos eram de um negro luzidio e como que empastados. Seus dentes eram de um branco imaculado. E, em contraste com esses detalhes, completavam a expressão horrenda dois olhos aquosos, parecendo diluídos nas grandes órbitas em que se engastavam, a pele apergaminhada e os lábios retos e de um roxo enegrecido. (...)".

Pelo trecho acima, a criatura tinha uma aparência assustadora, não? Em outras passagens há insinuações de que os cabelos eram longos, e que seu sorriso era perverso. Seu rosto é dito como tão horrendo que ninguém tem coragem de olhar para ele, nem mesmo o próprio monstro. Por isso mesmo, ciente e ressentido de sua aparência, a criatura está sempre muito vestida, tentando se esconder, cobrindo principalmente sua face.

E então vamos ao momento culminante deste texto. Abaixo a imagem do que seria a "real" aparência do ser criado por Victor Frankenstein (que no caso, por estar em branco-e-preto, a parte da pele amarelada/transparente ainda terá que ficar sua imaginação, leitor).

A imagem acima foi retirada do livro Bernie Wrightson's Frankenstein, publicada em 1983 pela Marvel Comics, que nada mais é que o livro original de Mary Shelley acrescido de dezenas de ilustrações desenhadas por Bernie Wrightson, então importante ilustrador da DC e Marvel, co-criador do Monstro do Pântano.


Outra curiosidade. Sabia que o livro Frankenstein só foi escrito, porque em 1816 o Sol desapareceu?
Ou quase isso rs. Mas o fato é que 1816 foi um dos anos mais problemáticos registrados pela história humana. Neste ano o Hemisfério Norte não teve Verão, com a ano todo registrando temperaturas muito abaixo do normal, muitas geadas, e uma "neblina" encobrindo o Sol por muitos e muitos meses. Boa parte das colheitas foram perdidas e muita fome se espalhou pelo mundo todo. Acredita-se hoje que a causa deste fenômeno foi uma enorme erupção vulcânica no Monte Tambora (Indonésia) no ano anterior, a maior da era humana.

Pois então. Em julho de 1816, passando as férias em uma casa de lago, e cansados do atípico tempo frio e chuvoso que forçava o grupo de amigos escritores Lord Byron, John William Polidori, Percy Shelley e sua esposa Mary Shelley a ficarem trancados dentro do imóvel, eles resolveram, como passatempo, criar uma competição para escrever o conto de terror "mais assustador". Dos quatro, Mary Shelley foi a única que finalizou a história que começou a escrever... e adivinhem: é o livro de Frankenstein que conhecemos. Entretanto, este não foi o único escrito deste encontro que rendeu algum fruto: a história incompleta escrita por Lord Byron (de nome A Fragment) seria reaproveitada anos depois como inspiração para um conto de nome The Vampyre, escrita justamente por Polidori.


Já sabia das informações que contei neste artigo? Ou ficou tão surpreso como eu fiquei enquanto eu lia a obra máxima de Mary Shelley? Escreva nos comentários!




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