quarta-feira, 3 de julho de 2013

Reflexões sobre Game of Thrones - A 3a temporada... e os planos para o final da série


Olá pessoal! Uma pausa nos filmes... vamos falar de TV. A 3ª temporada de Game of Thrones já acabou há algumas semanas... mas ainda é tempo de fazer algumas considerações sobre ela.

(obs: meu texto abaixo possui spoilers muito muito leves da 2ª e 3ª temporadas, acho que dá para se ler sem risco, mas fica o aviso)

A 3a temporada se encerrou e mais uma vez foi excelente. Game of Thrones é certamente um dos melhores seriados da atualidade!

Tywin Lannister
Para mim o grande destaque deste ano foi a atuação do inglês Charles Dance como Tywin Lannister. Claro, ele está presente desde o começo da série, mas só agora ganhou mais minutos na tela. E os méritos não são só do ator... o escritor George R. R. Martin também tem muitos méritos ao criar um dos “vilões” mais interessantes dos últimos tempos. Já nasceram clássicos os sensacionais “duelos verbais” entre Tywin e seu filho anão Tyrion nesta temporada. Mesmo sendo Tywin sendo claramente a pessoa “eticamente errada” da discussão, e Tyrion uma pessoa bem inteligente, nada disto impede que seu filho perca sempre o debate... e de lavada!

A 1ª temporada adaptou o primeiro livro da série As Crônicas de Gelo e Fogo; a segunda temporada adaptou o 2º livro. E agora, pela primeira vez, um livro foi quebrado em duas temporadas: para o 3º livro da série, A Tormenta de Espadas, teremos sua adaptação equivalente para a 3ª e 4ª temporadas do seriado na TV.

Em minha opinião, o processo de adaptação dos livros feito pela HBO é muito bom. O seriado é bastante fiel ao texto de George R. R. Martin. Mesmo assim, as duas primeiras temporadas acabaram “ignorando” vários detalhes da trama, e isto por dois motivos: primeiro porque realmente há história demais pra ser mostrada... os livros são extensos e bem detalhados. E segundo, que para “balancear” em tempo de aparição os distintos núcleos de atores dentro da série, algumas passagens foram “inventadas/estendidas”... como o caso das cenas com a Daenerys Targaryen.

Era de se esperar que agora, com 2 anos por livro, o primeiro problema seria resolvido... e de fato, o problema diminuiu. Porém, o segundo problema aumentou, o que é uma pena. Agora tivemos mais coisas “inventadas”. Por exemplo, as diversas cenas de tortura do Theon Greyjoy não existem nos livros... lá só é citado que Theon foi torturado e ponto final.

Tudo pelo visual

A cicatriz. E ao fundo, a bela Lena Headey <3<3
Uma das maiores distorções da adaptação da HBO é, digamos assim, a parte visual. A fotografia, cenário, figurino do seriado... tudo é de primeira linha. E é bom até demais... cenários que seriam bem mais decadentes nos livros, aparecem de forma bem mais "arrumada" na TV. Além disto, os produtores de Game of Thrones fazem questão de “embelezar” o seriado com várias mulheres nuas e vários homens sem camisa. Isto até tem nos livros, mas não na frequência do seriado.

Como curiosidade, outro “embelezamento”... no 2ª livro, Tyrion perde o nariz! Mas na TV, ele apenas ganha uma estilosa cicatriz no rosto.

Concluindo... (e os planos para o final da série)

Com (muitas) virtudes e (poucos) defeitos, após 3 anos meu interesse na série continua aumentando. Agora  se inicia meu angustiante processo de esperar por quase 10 meses para ver a próxima temporada.

A série As Crônicas de Gelo e Fogo será finalizada em 7 livros, tendo sido 5 os livros publicados até então. O livro 5 foi publicado em 2011 e a previsão para o livro 6 é que ele saia em 2014.

Uma preocupação, portanto, para o pessoal da TV é que se o seriado alcançar os livros, ele teria que ser interrompido até que o livro seguinte saísse. Mas no ritmo atual, não parece haver risco disto ser um problema até o livro 6. Mas para o livro 7 (sairia quando? Em 2018?), é algo a se preocupar... Porém para o livro 7 há um outro risco bem mais mórbido. George R. R. Martin, com seus atuais 64 anos pode muito bem passar desta para a melhor antes de escrever o livro final. Mas não se preocupem, ele já resolveu este problema.

O escritor estadunidense tomou a decisão de exigir de seus herdeiros que jamais deixassem alguém continuar a história escrevendo os livros em seu lugar. Mas ao mesmo tempo, não deixará seus fãs órfãos: Martin contou aos produtores da série Game of Thrones – em linhas gerais – o final para cada personagem. Desta maneira, com a benção do próprio autor, mesmo se ele não conseguir concluir os livros o seriado da TV terá sim um final "oficial" de qualquer maneira.

Dificilmente vamos ver estes cinco numa mesma cena...

sábado, 29 de junho de 2013

Crítica - O Homem de Aço (2013)

Título: O Homem de Aço ("Man of Steel", Canadá / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Zack Snyder
Atores principais: Henry Cavill, Michael Shannon, Amy Adams, Diane Lane, Kevin Costner, Laurence Fishburne, Russell Crowe
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=dnxSnDUdQUY
Nota: 7,5.

Repleto de surpresas, novo Superman impressiona e renova o gênero de filmes de super-herói

O ano era 1978, e o mundo do entretenimento mudou devido a Superman - o Filme. Primeiro filme onde o gênero de super-heróis pôde ser levado a sério, o filme do diretor Richard Donner revolucionou pelo bom roteiro, ótima trilha sonora e, principalmente, porque pela primeira vez a humanidade pode assistir de forma crível (para os padrões da época) um homem voar.

O tema virou moda e na sequência tivemos vários filmes de super-heróis.. .só que de baixa qualidade, enfraquecendo o gênero. Até que a partir do ano 2000, coube a X-Men e Homem-Aranha resgatarem o gênero com outro patamar. E o boom causado por eles continua até hoje. Agora temos tantos filmes de herói por ano que o gênero já começa a se esgotar...

Mas, quem diria, coube ao Superman voltar a ser salvador da história e renovar o gênero mais uma vez, agora com O Homem de Aço. Seguindo direção contrária aos filmes herói-comédia de sua rival Marvel, o novo filme da DC tem um tom bastante realista. O que realmente aconteceria se a humanidade descobrisse um alienígena no planeta? O filme responde de maneira convincente. O que aconteceria se dois super-seres brigassem de verdade? O filme mostra. As (muitas) cenas de ação são belíssimas visualmente, e repito, bastante realistas. Não só pelos efeitos especiais, mas pelos danos colaterais que as batalhas proporcionam. Fazia muito tempo que as lutas em filme de super-herói não me empolgavam tanto como aqui.

Na história de O Homem de Aço, temos mais uma vez a origem de Superman recontada. Vemos Krypton, sua explosão, e o crescimento de Clark Kent (Henry Cavill) na Terra. E, finalmente, a invasão de nosso planeta pelo também kryptoniano general Zod (Michael Shannon). A trama é bastante similar com o da graphic novel Superman: Earth One, escrita em 2010 por J. Michael Straczynski. Porém no filme temos muitas (e surpreendentes) alterações na história tradicional do “Azulão”: a maneira que ele conhece Lois Lane (a bela Amy Adams), a maneira que ele começa no Planeta Diário, o conceito de "kryptonita"... tudo muda bastante, mas sem desagradar. Tem tanta coisa diferente que pela primeira vez um filme do Superman não tem Jimmy Olsen!

Mesmo sendo o principal (e primeiro) super-herói da cultura pop, é verdade que nem todos gostam do Superman. Suas “crises existenciais” o fazem parecer um “chorão” para alguns. Porém, o diretor Zack Snyder e os roteiristas (dentre eles se encontra Christopher Nolan - diretor e roteirista dos últimos 3 Batman) conseguiram fazer uma história emocionalmente consistente, tornando os problemas de Clark Kent compreensíveis.

Aliás a filmagem de Zack Snyder me surpreendeu. Enfim – e felizmente – ele abandonou as cenas de slow motion e mudou tanto suas características que em várias cenas parece que quem estaria no comando é o diretor Terrence Malick.

Os atores também são dignos de elogios. Henry Cavill atua bem... convence como “adolescente reclamão”, convence como adulto, convence como Superman, convence como o tímido Clark Kent. O resto do estrelado elenco:  Amy Adams (Lois), Diane Lane (Martha Kent), Kevin Costner (Jonathan Kent), Laurence Fishburne (Perry White) e Russell Crowe (Jor-El), todos estão muito bem, muito confortáveis com o papel que lhes foi dado.

A trilha sonora também entra na lista das coisas boas do filme.  As melodias de Hans Zimmer são agitadas, metálicas, e em completa sintonia com o clima de O Homem de Aço.

Porém mesmo com tantas qualidades, o novo reboot do Superman também comete seus erros. O primeiro é uma premissa básica do roteiro... lamento, mas o tal codex e o plano de Jor-El para ele não fazem o menor sentido. Outro ponto é que o lado "humano" e "bondoso" do Superman é pouco explorado... embora isto faça coerência com o tom "alienígena" do filme, esta ausência me decepcionou um pouco.

Aliás, falando em como o Superman é representado, que infelicidade (e arriscada) foi a decisão de comparar Superman com Jesus Cristo. O filme é claro ao mostrar que assim como o Filho de Deus, o kryptoniano precisa se sacrificar pela humanidade. E a metáfora é insistida várias vezes, por exemplo com a idade de Clark no filme (33 anos), com a cena dentro da igreja, e também, pelo seu voo em forma de cruz em momento crucial da passagem desta mensagem. Apesar da comparação, o filme não toca no assunto religião; menos mal... ainda assim a comparação foi burra e desnecessária.

E finalmente, talvez o maior dos defeitos de O Homem de Aço é o excesso de heroísmo. Não basta só o Superman ser herói... temos que aguentar também vários humanos (sobra até pro Perry White) fazendo cenas de heroísmo. Aliás, o kryptoniano é tão herói, tão herói, que além de fazer dezenas de cenas heroicas o clímax do filme é absurdamente longo, o que faz o desfecho da história enfraquecer bastante. E pior, é tanto tempo ininterrupto de ação, que todo o desenvolvimento dramático do personagem, suas motivações (até sua comparação com Cristo), tudo é basicamente descartado neste momento.

É uma pena que O Homem de Aço apresente estes problemas, pois do contrário estaria entre um dos melhores filmes de herói já feitos... mas não é o caso. Ainda assim, ele fica na história como um filme muito bom que teve coragem de renovar as produções do gênero. Digo isto pelas pequenas surpresas de roteiro e caracterização de personagens, pelo nível altíssimo de qualidade nas cenas de ação, pelo realismo, e pela qualidade do elenco. Superman voltou enfim a ter o filme que ele merece. Nota: 7,5.

PS: o 3D do filme não apresenta problemas, mas não acrescenta muita coisa, portanto, prefira a opção 2D, mais barata.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crítica - Universidade Monstros (2013)

Título: Universidade Monstros ("Monsters University", EUA, 2013)
Diretor: Dan Scanlon
Atores principais (vozes): Billy Crystal, John Goodman
Nota: 6,0


“A Pixar não é mais a mesma. Mas ainda é boa em nos fazer divertir”

Em seu passado áureo e independente, o genial estúdio de animação Pixar se recusava a lançar continuações já que sabidamente isto iria acarretar em queda de qualidade. A única exceção foi o ótimo Toy Story (o que aliás é compreensível, já que Toy Story de certa forma é uma metáfora do desnvolvimento da animação do estúdio).

Mas em 2006 veio a Disney, comprou a Pixar e rapidamente quebrou a regra. Fez Carros 2 (o mais fraco de todos os filmes da Pixar) e agora, Universidade Monstros, continuação – ou melhor, prequel – de Monstros S.A., de 2001.

O filme mostra como os monstros Mike e Sullivan se conheceram e passaram os dias na faculdade, antes de virarem a eficiente dupla de “Assustadores profissionais”.

Em termos de roteiro, Universidade Monstros é uma grande decepção. Originalidade zero. Temos a história de “calouro estadunidense” de sempre... a emoção do primeiro dia na universidade, as fraternidades, o fato dos personagens principais serem os “esquisitos e não-populares tentando provar seu valor”. Curiosamente, no final o filme se redime... há uma certa surpresa e originalidade do meio da trama para o fim.

E se o roteiro não é lá grande coisa, a solução é focar no humor. Muito humor. Universidade Monstros não para um minuto com suas piadas (sejam físicas ou não) e trocadilhos. São centenas de piadinhas. Ruins, mais ou menos, e também algumas muito boas. No resultado final, eles te convencem pelo cansaço: não dá pra negar, no todo o filme é engraçado e divertido.

Outra coisa que a Pixar continua fazendo bem é criar personagens. Os novos amigos de Mike e Sullivan são no mínimo interessantes; já a temida diretora da universidade, é realmente assustadora (leia meu PS no final).

Ainda que abaixo do “selo de qualidade Pixar”, Universidade Monstros é um bom entretenimento e serve bem para distrair. Enquanto a Pixar me conseguir fazer rir, não deixarei de acompanhá-la. Nota 6,0.

PS 1: se em roteiro a Pixar não é mais a mesma, pelo menos tecnicamente continua a impressionar. O curta O Guarda Chuva Azul, exibido antes do filme é visualmente muito impressionante. Nem parece desenho, de tão perfeita sua simulação do mundo real. Veja na imagem abaixo.

PS 2: não recomendo o filme para crianças muito pequenas. Como se trata de uma história de “aprender a fazer sustos”, ela pode assustar um pouco... principalmente em se tratando da diretora da universidade. Na sessão onde assisti, havia uma criança com cerca de 5 anos que chorou de medo em boa parte da história (e nada dois pais saírem do cinema). E além desta criança – que até poderia ser um caso a parte – ouvi mais duas crianças resmungando que queriam embora porque não gostaram.


sábado, 22 de junho de 2013

Crítica - Depois da Terra (2013)

Título: Depois da Terra ("After Earth", EUA, 2013)
Diretor: M. Night Shyamalan
Atores principais: Jaden Smith, Will Smith
Nota: 3,0

“Filme chato de Shyamalan, péssima história de Will Smith”

De um lado, M. Night Shyamalan. Diretor indiano que brilhou em 1999 com O Sexto Sentido e que por mais quatro filmes, agradou. Então surgiram os péssimos A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008). De 1999 até 2008 todos seus filmes foram baseados em conceitos originais próprios; o que não aconteceu com seu filme seguinte, O Último Mestre do Ar (2010), mas que também foi bem ruim.

De outro lado, Will Smith. Bom ator, que costuma estar em bons filmes, mas em fase egocêntrica (ele recusou ser Django em Django Livre de Tarantino, pois para ele Dr. King Schultz era a estrela do filme... e Will só aceitaria filmes onde “ele” fosse o o personagem principal).

Porém Will Smith abriria mão do estrelismo para uma causa “nobre”: dar uma chance a seu filho Jaden Smith para obter um “status” de onde ele não dependesse mais do pai em Hollywood... É assim que surge Depois da Terra.

Smith se torna ator-produtor e contrata pessoalmente Shyamalan - de quem é fã – para dirigir e roteirizar sua primeira criação (história) para um filme, o qual – claro – faz de seu filho o grande protagonista.

De todo este contexto as chances de sair algo bom eram baixas. Mas para que ser preconceituoso, não é mesmo? Me arrisquei a assistir Depois da Terra e... o filme é mesmo bem ruim. Além de chato, sem emoção, seu maior problema é o péssimo roteiro, repleto de absurdos.

Pelo enredo, a humanidade deixou o planeta Terra há 1000 anos, após devastá-lo, e se mudou para outro sistema planetário chamado “Nova Prime”. Porém seus planetas já são habitados por outra raça alienígena, muito avançada, que resolve então exterminar os humanos criando um monstro cego, que porém “enxerga medo” (!?!?). É assim que surgem os Rangers: um grupo militar composto de pessoas treinadas a não ter medo para defender a humanidade dos monstros.

Cypher Raige (Will Smith) é o líder e o mais grandioso de todos os Rangers. Ele e seu filho, Kitai Raige (Jaden Smith) estão juntos em uma nave no espaço quando, devido a um acidente, eles caem no planeta “mais próximo” - que sabe-se como não era nenhum outro planeta do próprio sistema Nova Prime, e sim - a Terra.

E tem mais. A Terra voltou a ser um paraíso verde (1000 anos fazem milagre), e então aprendemos que neste meio tempo “toda a vida do planeta evoluiu para matar humanos”, o que é realmente impressionante, já que os humanos nem estavam mais lá para que estas vidas se reagissem contra a gente (!?!?).

Na queda, apenas pai e filho sobrevivem; sendo que o pai fica seriamente ferido e o filho sai sozinho enfrentar os perigos do planeta em busca de um sinalizador que é a única coisa que poderá levá-los de volta para a casa. Esta é a premissa de Depois da Terra. E a jornada de Kitai pelo planeta tem outros tantos absurdos que nem preciso mais citar.

Fora o roteiro, o filme tem problemas graves de ritmo – a história é constantemente interrompida por flashbacks – tanto do pai, quanto do filho. Os flashbacks de Cypher não contribuem em absolutamente nada à trama; já as de Kitai até são relevantes... o problema é que são sempre os mesmos!

Os erros não param aí. Visualmente o filme até poderia ser elogiado (a nova Terra é muito bonita)... isto se os efeitos especiais não fossem tão artificiais. O excesso de closes nos dois Smith – claramente para ressaltar a atuação de ambos - também atrapalha.

Por falar em atuação, lembra que eu disse no começo que o filme é chato e sem emoção? Boa parte disto é reflexo da atuação de seus dois personagens principais. Will Smith atua bem, convence como “homem sem emoções que está no limite de não aguentar e mostrar que tem emoções”. O problema é que é a mesma interpretação “fria” o tempo todo.

Já seu filho Jaden... ok, ele não vai tão mal. Mas claramente lhe falta carisma e em várias as cenas ele não convence. Para piorar, com seus 14 anos a sua voz “em transição de criança para adulto” não ajuda: há momentos em que fica difícil entender o que ele disse.

No final das contas, Depois da Terra teve para mim sua utilidade. Me convenceu a desistir de vez de Shyamalan, e me fará evitar qualquer filme futuro de onde Will Smith seja um dos escritores. Nota: 3,0.

PS: Depois da Terra também gerou polêmica pois seu roteiro contém várias referências à Cientologia. Will Smith não nega ser seguidor da religião, mas nega que exista qualquer relação dela com este filme.

domingo, 16 de junho de 2013

Crítica - Se Beber, Não Case! Parte III (2013)

Título: Se Beber, Não Case! Parte III ("The Hangover Part III", EUA, 2013) 
DiretorTodd Phillips
Atores principais: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong
Nota: 5,0

“A mesma história pela 3a vez, no que só poderia ser um filme cansativo”

Se Beber, Não Case!, estúpida tradução para "The Hangover" (o título original), estreou em 2009 e surpreendeu pela qualidade. Bem engraçado e divertido, a saga de Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Alan (Zach Galifianakis) em busca de Doug (Justin Bartha) tinha também algo de diferente: ao iniciar o filme com uma cena completamente surreal e absurda, os espectadores puderam acompanhar junto com os protagonistas na tela a curiosa solução deste interessante enigma: o que diabos aconteceu para eles chegarem naquela situação?

O sucesso foi imediato. E a criação de uma continuação, idem. Dois anos depois surge Se Beber, Não Case! Parte II, uma cópia barata do primeiro filme; roteiro e estrutura absolutamente iguais à história original. Basicamente, as mesmas coisas sendo filmadas agora na Tailândia ao invés de Las Vegas. Com um agravante: seu humor baixou o nível, fazendo piadas grosseiras remetendo a sexo e escatologia.

Devido a recepção ruim pelo público, o diretor Todd Philips veio a público reconhecer "seu erro". Em sua opinião, a continuação foi mesmo parecida demais com seu antecessor, e o próximo filme, que encerraria uma trilogia, teria uma estrutura completamente diferente.

A promessa foi feita, mas não foi cumprida. É verdade que Se Beber, Não Case! Parte III não possui casamento, nem a cena-base surreal pós "ressaca" decorrente do consumo involuntário de drogas. Mesmo assim, isto não muda em nada a estrutura do roteiro: após poucos minutos já temos o trio correndo alucinadamente contra o tempo para "salvar/encontrar" Doug.

Após 3 filmes e mais de 5 horas acompanhando uma mesma história mais uma vez, o humor é trocado pelo cansaço. O medo e desespero de Stu; as insanidades de Alan, tudo isto deixa de fazer ir, apenas irritam.

Os roteiristas de Se Beber, Não Case! Parte III até chegaram ter a percepção de que seus personagens principais já não são mais engraçados, e por isto mesmo, desta vez praticamente transformaram o criminoso Mr. Chow (Ken Jeong) em protagonista. Mas não funciona: Mr. Chow não tem carisma, além de ser cruel. Ironicamente, foi deste personagem que dei a primeira risada assistindo o filme, já perto de seu final, quando ele canta I Believe I Can Fly.

A tão promissora franquia de comédia Se Beber, Não Case! Parte III termina de maneira melancólica, sendo mais um filme de ação e violência do que humor. A boa notícia é que a conclusão tenta mesmo por um ponto final na trilogia. Com sorte, não precisaremos ver um Parte IV. Nota: 5,0.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Crítica - Além da Escuridão - Star Trek (2013)

Título: Além da Escuridão - Star Trek ("Star Trek Into Darkness",  EUA, 2013)
Diretor: J.J. Abrams
Atores principais: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoe Saldana, Benedict Cumberbatch
Nota: 8,0

“Mais que um ótimo filme de aventura, um exemplo de reboot bem feito”

2009 foi o ano que Star Trek (ou Jornada nas Estrelas) teve o reboot de sua franquia nos cinemas, sob direção de J.J. Abrams. Divertidíssimo e sucesso de crítica apesar de alguns erros, teve como ponto de atenção o fato de ter desvirtuado consideravelmente o conceito da franquia, transformando-a em um filme de ação e comédia.

Quatro anos depois, a nova roupagem de Jornada nas Estrelas volta aos cinemas, e agora com um filme ainda melhor que o anterior, tendo desta vez corrigido os principais problemas da história passada.

Para começar, Além da Escuridão - Star Trek leva a vantagem por não ter que "perder tempo" estabelecendo o universo e os personagens do filme. Isto já foi feito no primeiro. Em Além da Escuridão  já começamos com uma alucinante cena de ação, cheia de ação e à estilo Piratas do Caribe. Mas não se engane. Tirando o começo da película, depois disto ainda teremos humor porém de maneira equilibrada. Em seu segundo filme, Star Trek é mais sombrio, mais sério, e retoma uma das principais características da franquia original: o debate de problemas contemporâneos sob o "disfarce" da ficção científica. Terrorismo, violência, amizade e obediência às regras são discutidas o tempo todo.

Mas não pense que você irá encontrar longos diálogos, tempo para pensar no que é debatido. É o contrário. Apesar de ter uma temática séria e consistente, não deixamos de ter um filme aceleradíssimo, com ação e correria ininterruptas.

É difícil comentar qualquer coisa sobre o enredo do filme sem dar spoilers. Mas vou tentar. Basicamente, em Star Trek 2 vemos a vingança de John Harrison (Benedict Cumberbatch) contra a Federação. E ele se mostrará um adversário formidável. Diga-se de passagem o personagem vivido por Cumberbatch é uma das melhores coisas do filme. Certamente um dos melhores "vilões" produzido pelo cinema nos últimos anos. Esta é outra vantagem em relação ao filme anterior, onde o vilão Nero (Eric Bana) não convenceu nem pela sua atuação, nem pela sua motivação.

Tecnicamente o filme também é bom, com ótimos efeitos especiais, boa fotografia, e trilha sonora que não compromete. Mas nem tudo é perfeito. Por exemplo, o roteiro ainda apresenta algumas situações  fisicamente absurdas; Além disto, os coadjuvantes praticamente sumiram do filme, que agora foca quase exclusivamente em Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto). Como principal exemplo disto, Chekov (Anton Yelchin) - que brilhou anteriormente com suas trapalhadas - desta vez foi praticamente ignorado. Em suma, a seriedade do roteiro foi conquistada limando os personagens secundários. O ideal seria que isto tivesse sido conquistado de maneira menos radical.

Com tantas qualidades, é uma pena que o filme decepcione em seu longo final, tanto em ritmo quanto roteiro. Pule para o próximo parágrafo se não quiser ver um spoiler:
(começo do spoiler)
O vilão, tão inteligente, é derrotado de maneira inverossímil; seguido de uma luta protagonizada por Spock que é longa, chata, e desnecessária. Já a conclusão é exagera no "final feliz", novamente beirando o absurdo; além da cena final ser um discurso de Kirk que pouco tem a ver com a trama. 
(fim do spoiler)

Finalmente, chegamos ao ponto mais polêmico de Além da Escuridão - Star Trek, ou seja, o próprio reboot da franquia. Mantendo a premissa de duas linhas temporais distintas e co-existentes (a do reboot e a da série clássica), temos que o segundo filme não deixa de ser uma revisão / refilmagem de cenas dos filmes clássicos de Jornada nas Estrelas.

Isto pode soar como algo ruim, preguiçoso... mas não é. Pelo contrário, é ótimo! J.J Abrams e os roteiristas conseguiram recriar algo de qualidade que é totalmente novo para uma nova geração de espectadores, e que ao mesmo tempo deixa várias referências para os fãs antigos da série. É muito divertido (e totalmente imprevisível) ver o que vai acontecer em seguida e que será diferente dos rumos da série original. Explorar as diferenças entre as duas linhas temporais distintas é um atrativo à parte que só é possível aqui, no novo conceito de Star Trek, que para mim se consolida como "exemplo bem feito" de reboot de franquias.

Ainda que você só consiga aproveitar 100% deste filme se conhecer os filmes clássicos (e o filme anterior, de 2009), Além da Escuridão - Star Trek mesmo assim deve entreter bastante os novos espectadores. A história é fechada, completa, e ganha o status de "ótimo filme de aventura", misturando bastante ação, drama, humor, ficção científica. Nota: 8,0.

PS: assisti o filme em 3D e não recomendo. Em geral, o 3D não é ruim. Mas não somente não temos nenhuma cena em que o 3D faça diferença, como também algumas poucas cenas (como por exemplo a do "ataque do helicóptero") possuem sérias distorções na imagem.

domingo, 12 de maio de 2013

Crítica - Homem de Ferro 3 (2013)


Título: Homem de Ferro 3 ("Iron Man 3", EUA, 2013)
DiretorShane Black
Atores principaisRobert Downey Jr., Guy Pearce, Ben Kingsley, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle
Nota: 6,0

“Carisma de Downey Jr é a grande virtude de um filme repleto de problemas”

Após dois bons filmes (e muito divertidos), Homem de Ferro 3 mudou de diretor (saiu Jon Favreau e entrou o praticamente estreante Shane Black - roteirista da série Máquina Mortífera) e surpreendeu ao tentar trazer mais drama e humanização aos seus personagens.

Mais do que nas outras vezes, o roteiro tenta mostrar que o egocêntrico herói Tony Stark (Robert Downey Jr.) se importa de verdade com as pessoas ao seu redor, que ele tem mesmo sentimentos; além disto, vemos críticas a assuntos menos light na tela, como por exemplo, terrorismo, panfletagem política, companhias de petróleo, etc.

Mas toda esta mudança - de abordagem e de diretor - se mostrou um belo equívoco. Homem de Ferro 3 é bem inferior aos dois filmes anteriores, repleto de problemas de ritmo e de roteiro (ressalto que o diretor também é o roteirista).

O tom mais "dramático" do filme nos rendem algumas poucas cenas belas, tocantes. E só. E o pior: sempre, absolutamente sempre, após uma sequencia séria, vem um alívio cômico. Chega a irritar. O filme não consegue fazer nada realmente sério sem que, logo em seguida, Stark apronte algo pastelão digno de Os Trapalhões. Cenas emocionantes, como a que o Homem de Ferro salva os passageiros de um avião em pleno ar, ou mesmo, quando a Pepper (Gwyneth Paltrow) acredita que Stark morreu... tudo se perde em meio a este humor gratuito e sem sentido.

E ainda há mais problemas no ritmo além deste. Toda hora a história é interrompida com lembranças ao "episódio em Nova York", que pra piorar, nem se refere ao Homem de Ferro 2, e sim, ao filme dos Vingadores.

Também não posso aplaudir a história central do filme. Vinda diretamente dos quadrinhos, o Homem de Ferro é obrigado a enfrentar "super-humanos" modificados pela tecnologia Extremis. Embora tenha certa explicação científica, o conceito não convence e é absurdo. Ironicamente, em relação a Extremis, o filme é bem fiel aos quadrinhos. Mas de que adianta ser fiel de algo originalmente ruim?

Para completar a lista de erros, o final é catastrófico. Quase literalmente, dado a enorme quantidade de coisas que explodem em cena.

(Pulem o parágrafo seguinte se não quiserem ler o final do filme)

A batalha final é digna de filme B. Além do vilão enrolar ao máximo para matar o presidente dos EUA, e contar todos seus planos, como um bom idiota clichê, temos um desfecho totalmente Deus ex machina, com Stark usando, do nada (ele passou o filme inteiro sem armaduras, dando uma de James Bond), dezenas de armaduras novinhas. O sentido disto? Vender brinquedos. Mais nada.

(Fim do spoiler)

Apesar de todas as críticas acima, Homem de Ferro 3 diverte bem em sua primeira hora de exibição. E isto se deve quase exclusivamente ao carisma e atuação de Robert Downey Jr. Afinal, seu personagem (e ele mesmo, as diferenças não são lá muito grandes entre eles) é inegavelmente interessante e divertido. Neste aspecto em específico, veja que incrível, Homem de Ferro 3 chega a superar seus dois antecessores.

Com inúmeros erros e final bem ruim, apesar de garantir diversão em vários momentos a sensação final é de um gosto amargo na boca. Nunca imaginei que iria dizer o que vou dizer agora: Jon Favreau, volte a ser o diretor! Nota: 6,0.

domingo, 24 de março de 2013

Crítica - Expedição Kon-Tiki (2012)

Título: Expedição Kon-Tiki ("Kon-Tiki", Noruega, 2012)
Diretores: Joachim Rønning, Espen Sandberg
Atores principais: Pål Sverre Hagen, Anders Baasmo Christiansen, Agnes Kittelsen
Nota: 7,0

“Interessante, principalmente por ser uma história real”

Seis europeus (cinco noruegueses e um sueco) resolvem provar que a Polinésia foi originalmente povoada pelos índios sul-americanos e não pelos asiáticos, conforme diz a ciência. Para isto, resolvem navegar 8000 km, do Peru à Polinésia, atravessando o Oceano Pacífico em cima de uma simples jangada.

A história acima, que mistura tantos continentes, soa improvável, diria até bizarra. Porém, é verídica e ocorreu em 1947. Esta aventura, denominada “Kon-Tiki” pelo seu idealizador, o explorador Thor Heyerdahl, é o tema deste filme norueguês de mesmo nome, Expedição Kon-Tiki, que foi inclusive um dos cinco filmes indicados a Melhor Filme Estrangeiro para o Oscar 2013.

Sóbrio e competente tecnicamente, a principal qualidade de Expedição Kon-Tiki é sua história, ou melhor, saber que é uma história real. Não se trata exatamente de uma história de naufrágio, mas é uma história de seis pessoas a deriva no mar. E embora os personagens não enfrentem nenhuma grande provação hollywoodiana, mesmo assim a história se mantém interessante justamente por contar algo que aconteceu de verdade. As adversidades encontradas são muito mais psicológicas e de relacionamento do que, por exemplo, “grandes tempestades e monstros do mar”.

O filme dá destaque demasiado para seu personagem principal, Thor Heyerdahl (Pål Sverre Hagen), e com isto não desenvolve suficientemente os demais coadjuvantes. Mesmo assim, o que nos é apresentado sobre os demais personagens é o mínimo suficiente para distinguirmos cada um individualmente, e entender seus conflitos.

Em outras palavras, em Kon-Tiki tudo é feito de maneira simplificada, mas sempre competente, sem atrapalhar no resultado final. Sem grandes emoções, mas muito longe de ser tedioso, não deixa de ser uma experiência curiosa assistir um filme norueguês que alterna áudio de quatro idiomas (Norueguês, Francês, Inglês e Sueco) e descobrir o que aconteceu, afinal de contas, com estes seis “malucos” que resolveram arriscar a vida em nome da ciência e da fama. Nota: 7,0.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dupla-Crítica: "Hitchcock" (2012) e "Detona Ralph" (2012)


Depois de longa ausência, voltei. Estava de férias, o que se transformou em férias do meu blog também. Para compensar um pouco a falta de novidades, duas novas críticas em um post só.


Crítica – Hitchcock (EUA, 2012)

Hitchcock era um dos títulos de 2013 que mais ansiava por assistir. Porém, embora o filme seja bastante divertido, não pude deixar de sentir certa decepção com seu resultado final.

Baseado no livro “Alfred Hitchcock and the Making of Psycho”, o filme segue a escrita e nos mostra, dentre toda a carreira do diretor inglês, apenas o período da filmagem de uma de suas obras primas, Psicose (1960).

Todas as curiosidades e dificuldades para a filmagem de Psicose estão no filme, de maneira bem humorada e divertida. Mesmo assim, o tema principal da história é a relação do excêntrico diretor (interpretado por Anthony Hopkins) com sua esposa Alma Reville (Helen Mirren). Aliás, o foco em Alma é tão grande que ela chega a aparecer mais na tela que o próprio Hitchcock.

Portanto o que vemos aqui é uma história sobre “atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. E de fato, não há dúvidas que se Alma não estivesse ao lado do Mestre do Suspense, este dificilmente alcançaria algum sucesso, dado seu terrível temperamento. Porém em Hitchcock este “apoio” é exagerado, chegando também na parte técnica do trabalho do diretor.

Do que a História conta, Alma Reville – que era roteirista de profissão – ajudava seu marido revisando os roteiros e as edições dos filmes. Dizem que ela era ótima para encontrar erros cenográficos e erros de continuidade. Mas neste filme, foi dado a ela uma importância tão grande que, antes dela participar ativamente da edição de Psicose, o filme era “horrível, um caos”. Isto sem falar de várias decisões técnicas mostradas ao longo da trama, que são atribuídas a Alma ao invés do marido. Um exagero. Divertido, instrutivo, mas não tão crível, Hitchcock leva nota 6,0.


Crítica – Detona Ralph (EUA, 2012)

Assisti ao Oscar sem saber se torcia ou não para Valente (que gostei bastante) levar o prêmio de Melhor Animação. Isto porque muitos amigos meus haviam assistido Detona Ralph e cravado que o filme era excelente, a melhor animação do ano.

O tempo passou, Valente venceu o Oscar, e agora que enfim assisti Detona Ralph, posso opinar que foi uma premição justa. Embora Ralph seja um bom filme, Valente é superior.

É impossível não classificar esta animação da Disney como sendo sua versão de Toy Story para jogos de videogame. O conceito – dos personagens terem vida própria quando os humanos não estão por perto – é idêntico.

E é justamente esta falta de originalidade o problema de Detona Ralph. Não há nada de realmente novo na trama. A história passa pelos nossos olhos em “modo automático”, sem nenhuma grande supresa, nenhum grande drama.

Como ponto positivo, são vários os personagens reais de videogames que participam do longa (parabéns a todas produtoras da jogos que deixaram seus personagens aparecerem), e as diversas piadas relacionadas a games (e a evolução dos games) espalhadas ao longo do filme são bem engraçadas. Um exemplo destas “piadinhas”... personagens dos jogos 2D andar e pensar em 2D mesmo quando eles “são eles mesmo”.

Assim como no filme Hitchcock, que comentei acima, aqui também uma mulher rouba a cena. A menininha Vanellope é extremamente carismática e acaba também sendo mais importante que o personagem que dá nome ao título do filme (porém ao contrário de Hitchcock, aqui isto é feito de maneira positiva).

Bastante divertido, Detona Ralph perde pontos por não emocionar ou surpreender. Em termos técnicos e de história, a Pixar continua soberana. Dreamworks e Disney (que assina Detona Ralph e é dona da própria Pixar) ainda tem bastante o que aprender. Nota 6,0.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...