terça-feira, 29 de março de 2016

Crítica - Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016)

TítuloBatman vs Superman: A Origem da Justiça ("Batman v Superman: Dawn of Justice", EUA, 2016)
Diretor: Zack Snyder
Atores principais: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jeremy Irons, Gal Gadot, Jesse Eisenberg
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=RtFFXs3nN40
Nota: 5,5
Filme corajoso, sombrio demais, com virtudes e muitos defeitos

Após quase 80 anos de espera para as telonas, enfim surge o filme que reúne os dois mais famosos super-heróis do planeta: Batman e Superman. Seu visual é bastante inspirado na clássica história de quadrinhos O Cavaleiro das Trevas (1986) - da qual algumas cenas foram copiadas quadro a quadro - porém aqui a história é bastante diferente: continuação direta do filme O Homem de Aço (2013), vemos um Batman (Ben Affleck) ressentido com a destruição que Superman (Henry Cavill) causou à Metrópolis e vemos Lex Luthor (Jesse Eisenberg) intervir com algumas ações que resultarão no histórico embate entre os dois heróis.

Batman vs Superman causou uma rara divisão de críticas: enquanto os fãs em geral gostaram do filme, a crítica especializada detestou, no que sinceramente acredito que não haveria este "ódio" se fosse um filme da Marvel. Para mim, nem oito nem oitenta: o filme é bem irregular, com seus vários altos e baixos. Passarei a apresentá-los a partir de agora, com um alerta: irei comentar várias coisas sobre a trama - o que pode ser um spoiler para alguns -  mas eu não revelarei NADA relevante além do que já foi contado nos vários trailers desta produção, ok?

Começo com uma constatação: o diretor Zack Snyder é ótimo em imagens, conceitos visuais... mas é bem ruim em desenvolvimento de personagens. Basta dizer que este é seu segundo filme com o Superman e ele ainda, em nenhum momento, mostra o Azulão como aquela pessoa inocente, otimista e bondosa que deveria ser. Seu Superman é sombrio e insosso.

Nada, entretanto, é pior que sua versão para Lex Luthor. Esta versão completamente surtada do vilão não me agrada, mas é até aceitável perto da seguinte pergunta: qual é sua motivação na história? Nos quadrinhos e filmes anteriores, Luthor quer matar Superman por um destes dois motivos: ou porque o herói sempre atrapalha seus planos, ou por inveja: Lex acha que ele deveria ser o "salvador da humanidade", e não o alienígena.

Batman vs Superman deixa bem claro não se tratar de nenhum destes casos. O que nos leva a terceira hipótese: Luthor quer matá-lo pois Superman é tão poderoso que representa um perigo para a humanidade. Se é esta a resposta, então por que Lex cria o monstruoso Apocalipse (que é mais forte e não pode ser controlado) para matar o Homem de Aço (que pode ser controlado)? Não faz o menor sentido... o que nos leva a conclusão que o Lex Luthor de Zack Snyder é apenas um doido varrido. Claro, Lex mostra uma grande inteligência no filme, mas fora isto, ele é responsável por vários furos de roteiro. Não bastando ser quase onisciente na história, a ridícula maneira com que ele cria o Apocalipse é provavelmente o ponto mais baixo de Batman vs Superman.

Por outro lado, ainda que com alguns problemas, as caracterizações de Batman (o verdadeiro protagonista da história) e da Mulher Maravilha agradam bastante. Aliás, a princesa amazona está excelente no filme. Ela é uma personagem feminina mais forte e mais interessante do que qualquer mulher que apareceu até hoje, por exemplo, nos filmes de super-herói da Marvel.

Se peca em personagens e roteiro, Batman vs Superman é bem melhor no visual e na ação. A cena em que Batman aparece pela primeira vez - onde a assistimos sob o ponto de vista de primeira pessoa de um policial de Gothan - é excelente! Essa sequencia é apenas uma de várias onde temos as câmeras posicionadas em ângulos bem incomuns e de tomadas aéreas bem interessantes.

As duas grandes lutas do filme também agradam bastante. O duelo do Batman contra o Superman é bem bacana, tendo como único defeito ser longo demais, ficando um pouco repetitivo. Já o duelo dos heróis com o Apocalipse também é bom (em contrapartida, poderia ser maior).

Apesar de todas as críticas que fiz até agora, Zack Snyder e seus roteiristas merecem um elogio: eles foram bastante corajosos, trazendo um filme bem diferente do senso comum. Por exemplo, a maneira com que ele lida com as identidades secretas é surpreendente (mesmo que eu não tenha gostado). Mas principalmente, o diretor faz sim de Batman vs Superman um mundo muito mais próximo do mundo real do que os outros filmes do gênero. Se Superman realmente existisse, a vida dele seria sim este inferno público. A mídia sensacionalista iria sim explorá-lo, incitar raiva (isso não lembra o momento atual de certo país que conhecemos?), e o kryptoniano iria sim passar toda a sua vida tendo que convencer uma considerável parcela do mundo de que não é uma terrível ameaça.

Mas como Batman vs Superman é repleto de altos e baixos, não seria diferente que até a tal "coragem dos idealizadores" tivesse falhas: ao contrário do filme anterior do Superman, o diretor e sua trupe desta vez fizeram questão de mostrar que nenhum inocente foi atingido, ao posicionar explicitamente as lutas em lugares desabitados (por falar em lugares, acho que Gothan virou bairro de Metrópolis, dado a bizarra rapidez que os personagens se deslocam entre elas). Além disto, tirando um pequeno corte na boca do Batman, não vemos sangue em mais nenhum momento da projeção.

Resumindo todos os altos e baixos, entendo que Batman vs Superman não é um filme feito para agradar todos os públicos. Acredito que ele agradará os fãs de quadrinhos, mas ainda assim, não os deixarão exultantes com o que vão ver. Já para o público "não fã", o cenário é pior, entendo que a maioria não vai gostar.

E tudo isto porque o filme é sombrio demais, os próprios heróis são sombrios demais. Por mais que o roteiro tente, os motivos que Batman e Superman tem para brigar entre eles não convencem (o motivo criado para o Superman é patético). Então, para tentar deixar o conflito mais crível, o roteiro transforma a dupla em pessoas intolerantes, distorcidas... fica difícil torcer para qualquer um dos heróis já que ambos estão errados (aliás, esse é o mesmo problema que a Marvel vai ter que enfrentar em Capitão América: Guerra Civil e quero só ver como eles vão resolvê-lo).

Por outro lado, tirando o início - que é bem monótono - assisti todo o resto do filme com bastante interesse, ele não me cansou apesar de suas 2h30min de projeção. Este é outro bom sinal de que as críticas que o filme vem levando são injustas e exageradas.

A conclusão é que apesar dos problemas Batman vs Superman não deixa de ser um filme interessante para os fãs; seu problema é ser muito irregular, trazendo defeitos difíceis de perdoar. E o filme traz um dilema difícil para os executivos da DC: seus filmes precisam mudar, serem menos sombrio para agradar o público; por outro, fazendo isto, pode-se quebrar a continuidade dos filmes criados até agora. É a resposta para esta questão que será o fator decisivo para o futuro de Batman, Superman e companhia a partir de agora. Nota: 5,5


PS: (adicionado em 07/04) após duas semanas de exibição, a bilheteria mundial de Batman vs Superman foi abaixo do esperado. Porém, é uma bilheteria lucrativa, alcançando centenas de milhares de dólares a mais do que o filme gastou. No Brasil, entretanto, os resultados são muito positivos. Com a marca de R$ 4 milhões de bilheteria ultrapassada, Batman vs Superman se tornou o filme mais lucrativo da Warner em terras brasileiras. Ou seja, não só teve maior bilheteria que antigos filmes do Batman, Superman, etc, como também supera cada um dos Harry Potter! Nunca duvidem da força dos heróis da DC no Brasil!

quinta-feira, 24 de março de 2016

Crítica - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho (2016)

Título: Zootopia: Essa Cidade é o Bicho ("Zootopia", EUA, 2016)
Diretores: Byron Howard, Rich Moore e Jared Bush
Atores principais (vozes): Ginnifer Goodwin, Jason Bateman, Idris Elba, Shakira
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=prct6AB5tR8
Nota: 7,0

Filme mistura animais fofinhos com trama policial

A mais nova animação da Walt Disney Animation Studios se passa em... Zootopia, uma cidade fictícia onde todos os personagens são animais antropomorfizados. Na trama, conhecemos a coelhinha Judy Hopps (Ginnifer Goodwin), que acaba de se formar policial, seu sonho desde criança. Apesar de todo o preconceito gerado por seu diminuto tamanho, ele se envolve na investigação mais importante da cidade - o sumiço de dezenas de cidadãos - e para isto conta com a ajuda do trambiqueiro raposo Nick Wilde (Jason Bateman).

Como se pode ver pelos trailers e pela imagem acima, os desenhos em Zootopia são bem bonitinhos, infantis. Mas o visual pode enganar um pouco: mesmo sendo um filme para todas as idades, a história é uma trama policial, e portanto, melhor compreendida por adultos. Além de tratar de uma investigação criminal, o roteiro trata pontos como discriminação e racismo.

Vou dizer mais uma vez: Zootopia é para todas as idades. Mas ainda assim é um desenho que não faz tanta força para fazer rir. A maior parte da graça no filme vem das adaptações do mundo humano para o mundo animal da cidade. Portanto, em Zootopia, a maior qualidade humorística vem de seu universo, não de piadas. A única piada realmente muito boa do roteiro é dada em uma longa cena que aparece INTEGRALMENTE no primeiro trailer do longa (ver o link acima). Uma pena entregar o melhor já na divulgação.

Se Zootopia carece de piadas (mas não de humor), também faltam sentimentos. Apesar de algumas tentativas para trazer drama ao enredo, nenhuma funciona adequadamente. Mas isto tudo não faz o roteiro ser ruim. Pelo contrário, ele está repleto de ação, aventura, reviravoltas... Definitivamente, estamos diante de um bom roteiro, que foge um bocado do comum e é uma das duas principais qualidades do filme. A história é quase irretocável... a meu ver só comete um erro: que é dar pistas fortes demais, perto do final do filme, de quem é o vilão da vez.

A segunda qualidade é a animação propriamente dita... o cuidado de toda a produção em humanizar os animais. A cidade foi cuidadosamente criada para comportar harmonicamente todos os diferentes tipos de bichos. E foram 18 meses estudando os animais reais para emular com perfeição seus movimentos e... pelos. Cada animal tem pelos de texturas, cores e tamanhos bem distintos e ficaram bem convincentes.

Contando com uma protagonista bastante carismática, Zootopia consegue manter um bom nível por toda a sua projeção, e talvez este seja seu grande "defeito": ele é bom o tempo todo mas em nenhum momento alcança o "ótimo". Nota 7,0


PS 1: a versão dublada perde um pouco da graça devido a personagem-cantora "Gazela" ter as vozes da Shakira no original. Menos mal que as músicas da Shakira no filme não são dubladas, porém também não são legendadas, o que não foi portanto a solução ideal.

PS 2: se não fosse John Lasseter (produtor e chefe criativo da Disney Animation e da Pixar), Zootopia poderia ser bem menos interessante: foi ele quem sugeriu para que os animais do desenho respeitassem as proporções reais de tamanho. Estas diferenças são responsáveis por muita coisa bacana de design de produção no filme.

PS 3: sabiam âncora do jornal da TV de Zootopia muda de acordo com o país onde é exibido? Abaixo segue como eles são em algumas nações. No Brasil o animal escolhido não é nenhum destes quatro: é um jaguar (e não vou mostrar aqui pra vocês irem vê-lo nos cinemas).



quinta-feira, 10 de março de 2016

Os 10 filmes que mais espero para 2016 (e +5 de bônus)


Seguindo outra tradição do Cinema Vírgula, agora que "os filmes do Oscar" já estrearam todos, posso fazer minha lista dos 10 filmes "restantes" que mais espero ainda para este ano. A maioria dos meus diretores preferidos não estão lançando filmes em 2016... então a lista está repleta de blockbusters. Mas isto não quer dizer que a lista não é boa! Confiram, os primeiros filmes já estreiam em Março!!


Batman Vs Superman: A Origem da Justiça ("Batman v Superman: Dawn of Justice")

Estréia: 24 de Março
Comentários: este é meu filme de super-herói mais aguardado do ano. Não só por ter dois de meus personagens preferidos (Batman e Superman), mas por tudo que ele representa para a DC Comics dentro da indústria do cinema: um fracasso aqui e todo seu plano cinematográfico pode ir por água abaixo. O filme também terá bastante espaço para a Mulher Maravilha e está repleto de pontas de outros super-heróis, já que ele também serve de base para o futuro filme da Liga da Justiça. A Warner exagerou nos trailers e já revelou praticamente tudo da trama... uma droga isto. De qualquer forma, é esperar para ver se todos os pedaços juntos formam ou não um grande resultado.




Ave, César! ("Hail, Caesar!")

Estréia:14 de abril
Comentários: sou bastante fã dos Irmãos Coen. Seus filmes de drama (recheados de humor negro e sarcasmo) são excepcionais. Porém, quando fazem comédias o resultado não tem sido tão bom... Não me empolgo com uma comédia deles desde E Aí, Meu Irmão, Cadê Você, de 2000. Será que agora vai? O filme está repleto de estrelas (George Clooney, Scarlett Johansson, Channing Tatum, Tilda Swinton, Joseph Fiennes, Frances McDormand e Josh Brolin dentre outros) e ao contrário do que a imagem acima pode induzir, não, não se trata de um filme do mundo Romano, e sim, de atores de Hollywood na década de 50.




Mogli - O Menino Lobo ("The Jungle Book")

Estréia: 14 de Abril
Comentários: a Disney promete uma revolução em termos de efeitos especiais, e é nisto que reside meu interesse no filme. Aqui temos a história de Mogli, novamente, mas em live-action. Apenas  o menino é um personagem de carne e osso; todos os demais (os animais), são feitos por computação gráfica. Tanto CGI assim pode resultar em uma tragédia ou em um espetáculo. Estou aguardando pela segunda opção.




Capitão América: Guerra Civil ("Captain America: Civil War")

Estréia: 28 de Abril
Comentários: uma espécie de "Vingadores 2,5", este filme promete a maior reunião de super-heróis da Marvel Comics até agora. O desafio é justamente colocar tanta gente junto de maneira orgânica e coesa. Diferentemente dos demais filmes da Marvel Studios, este Capitão América: Guerra Civil terá um tom menos humorístico e apresentará pela primeira vez o Homem-Aranha em seu universo. Empolgante!




Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos ("Warcraft")

Estréia: 9 de Junho
Comentários: os quadrinhos já encontraram seu lugar ao Sol nos cinemas, e formam uma indústria bilionária; já os videogames, ainda não. Até surgiram algumas adaptações razoáveis, porém nenhuma realmente boa e convincente. Warcraft tem a chance de mudar isto. Aumentando as chances do filme ser bom, o diretor é Duncan Jones (filho do músico David Bowie), um jovem que já dirigiu as ótimas ficções científicas Lunar (2009) e Contra o Tempo (2011). Por outro lado, o filme pode fracassar por ser grandioso demais. Repleto de seres fantásticos e batalhas épicas - ao estilo Senhor dos Anéis - será que os seus US$ 100 milhões de orçamento serão suficientes para efeitos visuais bons e críveis? Descobriremos em Junho.




Procurando Dory ("Finding Dory")

Estréia: 30 de Junho
Comentários: este é o filme de 2016 da Pixar, continuação de um dos seus maiores sucessos de público e crítica, Procurando Nemo (2003). Após as recentes derrapadas do estúdio, não estou tão confiante na produção, que tem boas chances de ser uma simples cópia do filme anterior. Mesmo assim, a Pixar ainda chama a minha atenção o suficiente para colocá-la no meu Top 10 de expectativas do ano.




Star Trek: Sem Fronteiras ("Star Trek Beyond")

Estréia: 21 de Julho
Comentários: Star Trek é uma de minhas franquias favoritas, e mesmo após trazer dois ótimos filmes para o cinema recentemente, a tal Jornada nas Estrelas volta repleto de incertezas e responsabilidades: trata-se da comemoração dos 50 anos da franquia e pela primeira vez pós reboot o filme não tem J.J. Abrams na direção (ele foi para Star Wars). Também pela primeira vez teremos uma história realmente inédita, que não é baseada em filmes anteriores. Ou seja, muita coisa nova em um filme que é essencial para a continuação da franquia. Ainda não há muitas informações sobre a trama, exceto que o ótimo Idris Elba será o vilão da vez.




Esquadrão Suicida ("Suicide Squad")

Estréia: 4 de Agosto
Comentários: além dos filmes "principais" de super-herói, a indústria do cinema descobriu que filmes "zoeiros" de personagens coadjuvantes também são altamente lucrativos, como por exemplo Guardiões das Galáxias e Deadpool. Esta é a tentativa da DC Comics de também abocanhar parte deste novo filão. O filme aposta em grandes nomes, como Margot Robbie, Will Smith, Jared Leto e Viola Davis. Por falar em Leto, ele será a nova versão do Coringa, sucedendo o falecido Heath Ledger. Estariam personagem e ator a altura do desafio? Pelo menos em termos de loucura, é provável: adepto da metodologia de "se tornar" o personagem enquanto atua, nos bastidores Jared presenteou Margot Robbie com um rato e uma carta de amor; durante um período em que ele não estava nas gravações, Leto enviou ao estúdio uma carcaça de um porco como presente ao elenco.




Sully ("Sully")

Estréia: 01 de Dezembro
Comentários: Clint Eastwood já dirigiu ótimos filmes, mas em suas últimas tentativas não foi tão genial. Desta vez, entretanto, ele tem um reforço de peso: dirige pela primeira vez o grande Tom Hanks. A história é sobre o piloto que em 2009 salvou a vida de 155 pessoas ao aterrissar emergencialmente seu avião no Rio Hudson. O filme deverá ira além da aterrissagem heroica, e também mostrar o que aconteceu após o evento, onde o piloto foi alvo de investigações que ameaçaram sua carreira.




Star Wars - Rogue One ("Rogue One: A Star Wars Story")

Estréia: 15 de Dezembro
Comentários: é o primeiro derivado de Star Wars, em um filme sobre a tentativa de roubo dos planos da Estrela da Morte. Ou seja, ele se passa antes do Episódio IV. Depois de reimaginar a história do Episódio IV em seu Episódio VII, está na hora da Disney provar que consegue fazer algo realmente inédito em termos de Star Wars. Será que consegue? Os boatos dão conta de que Darth Vader estará de volta as telonas, o que tornaria tudo mais empolgante.



Bônus: +5 filmes que "quase" entraram na minha lista. Saiba porquê

Zootopia ("Zootopia") - Estréia 17/03 - essa animação da Disney repleta de animais antropomorfizados me pareceu bem engraçada, certamente vou assistir. Ainda assim, como já coloquei a Dory na lista, optei por deixar esta animação de fora.

Rua Cloverfield, 10 ("10 Cloverfield Lane") - Estréia: 07/04 - Uma "continuação" do ótimo Cloverfield (2008). Bem, na realidade, não é bem uma continuação pois o filme é sobre os mesmos eventos da história original, agora sob o ponto de vista de uma estranha família. O trailer é bem assustador. Por que o filme não está na lista acima? Porque ele é um grande mistério, pouco se sabe sobre o mesmo, então é difícil dizer se ele será bom ou não.

X-Men: Apocalipse ("X-Men - Apocalypse") - Estréia: 19/05 - Fiquei tão decepcionado com X-Men: Dias de um Futuro Esquecido que estou mais cético em relação a este filme. Mas a Fox investe pesado no mesmo, veremos o que vai acontecer.

Silence - Novo filme de Martin Scorcese, sobre dois jesuítas católicos que desembarcaram no Japão do Séc XVII para tentar catequizá-los. Como não é garantido que ele fará sua estréia em 2016, fica fora da lista.

The House That Jack Built - outro filme do dinamarquês Lars von Trier, e que pra variar deve gerar polêmica: a história de um serial killer sob o ponto de vista do mesmo. Assim como Silence, não é garantido que ele saia em 2016, ficando também fora da lista.

terça-feira, 8 de março de 2016

Crítica - Kung Fu Panda 3 (2016)

TítuloKung Fu Panda 3 ("Kung Fu Panda 3", China / EUA, 2016)
Diretores: Alessandro Carloni, Jennifer Yuh
Atores principais (vozes): Jack Black, Angelina Jolie, Dustin Hoffman, J. K. Simmons, Jackie Chan, Lucy Liu, Seth Rogen, David Cross, Bryan Cranston, Kate Hudson, James Hong
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=q75bGipJzIg
Nota: 6,0
Franquia volta a melhorar e encerra a trilogia com dignidade

Após um bom filme inicial e um segundo filme burocrático e apenas mediano, o simpático urso Po volta as telas com Kung Fu Panda 3. Na história, acontecem duas coisas relevantes: Po finalmente conhece seu pai biológico, o panda Li; e também conhece um vilão muito malvado - o búfalo de nome Kai - que volta do mundo dos mortos para dominar o universo. Claro que está nas mãos do "escolhido" Po salvar a pátria mais uma vez.

A trama, portanto, é bem simples e clichê, e lhe falta lógica em alguns momentos (por exemplo nas lutas, a relação de poder entre os adversários não faz o menor sentido). Mas o que não falta de jeito nenhum são piadas e bom humor. Sem nenhum exagero, quase o filme todo é feito de piadas. E apesar do enorme número de gracinhas, elas não cansam e entretém; o que é um enorme ponto positivo para o filme.

Desenhos e músicas praticamente não evoluíram ao longo da franquia - o que mostra certo comodismo - mas isto não é tão ruim já que a série Kung Fu Panda já tinha bons gráficos e som originalmente. A única novidade áudio-visual aqui são as cenas no "mundo espiritual", com belas cores vivas, e ambientação bem oriental.

O mais importante, entretanto, é que o filme encerra a história de Po com dignidade. Tanto em termos de humor quanto emoção Kung Fu Panda 3 se despede de maneira apropriada. Algo que me deixa feliz é que a Dreamworks teve o bom senso de realmente terminar a franquia por aqui. Algo corajoso e raro neste mundo onde "dinheiro vale tudo" e são feitas infinitas continuações e reboots. Enquanto não surgir algum produtor muito ganancioso e idiota, o panda Po terá aqui a sua despedida derradeira, que merece ser conhecida por todos que tem simpatia pela franquia. Nota: 6,0

quinta-feira, 3 de março de 2016

Crítica - Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer (2015)

TítuloEu, Você e a Garota Que Vai Morrer ("Me and Earl and the Dying Girl", EUA, 2015)
Diretor: Alfonso Gomez-Rejon
Atores principais: Thomas Mann, RJ Cyler, Olivia Cooke
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=djL-sKoC3oI
Nota: 8,0
Belíssimo filme adolescente sobre amizade e dor

Mais uma excelente produção que não chega aos cinemas brasileiros. Filme que chegou em nosso país neste mês de fevereiro (através de streamings como Youtube ou Telecine On), em um primeiro momento, o filme Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer pode parecer ser apenas uma versão indie do sucesso A Culpa é Das Estrelas. Ambos os filmes são baseados em livros e a história é sobre uma garota adolescente com câncer.

Entretanto, Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer é bem mais complexo que A Culpa é Das Estrelas, e as diferenças entre eles são muito grandes. Para começar, aqui não temos um romance. É um filme sobre amizade. Greg (Thomas Mann) até pode ter se apaixonado em algum momento pela moribunda Rachel (Olivia Cooke), mas o sentimento dele por ela vai além disto. E a esquisita amizade de Earl (RJ Cyler) com os dois também é bastante explorada.

Outra grande diferença de Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer é seu formato não convencional, mais "descolado", mais bem humorado, e que possui algumas semelhanças com os filmes do diretor Wes Anderson. O filme é narrado por Greg, que dialoga com o expectador, divide o filme em capítulos, conta com vários personagens exóticos, e por exemplo ilustra algumas metáforas com cenas de animação stop-motion.

É bastante satisfatório perceber que embora o filme se passe no mundo adolescente dos high school (colegial) e tenha todos os personagens clichês do gênero, o roteiro fuja do lugar comum. O trio principal (Greg, Earl e Rachel) é bem menos estereotipado que os demais alunos; ou seja eles estão inseridos em um mundo clichê sem serem clichês.

Há muitas sub-tramas coexistindo de maneira natural dentro de Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer. Ao mesmo tempo que vemos o drama da doença de Rachel, vemos por exemplo os dramas da vida de Greg que vão além do relacionamento entre eles dois. O filme consegue encaixar temas como o amadurecimento; e antes mesmo de conviver com a garota Greg já era uma pessoa infeliz, com dificuldade para fazer amigos.

Greg, Rachel e Earl, todos possuem claramente problemas, mas vemos todos eles sobre o ponto de vista de Greg (o verdadeiro protagonista). Ao dar mais destaque aos "bobos" problemas de um garoto branco de classe média-alta, o filme acaba se tornando irônico e auto-crítico.

Como bônus, aprendemos que Greg e Earl refilmam em casa filmes clássicos do cinema. Do Laranja Mecânica de Kubrick vem o "Laranja Meiacânica", e assim vai. Embora sejam exibidos apenas pequenos flashes destas produções caseiras, o pouco que vemos já diverte bem qualquer cinéfilo.

Além de bons roteiro e atuações, Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer também agrada tecnicamente. A fotografia - imagens bastante coloridas - é bem bonita, e a trilha sonora é leve, e bem gostosa de ouvir.

Se todos os elogios que teci até agora não te convenceram, saibam que o final é tocante... e além de despertar bastante a emoção, ele também desperta seu raciocínio. Sabem aqueles filmes, onde no final todas as peças se encaixam e você sente aquele prazer intelectual de ver que o quebra-cabeças foi montado com perfeição? Pois é. O mesmo ocorre aqui, com a diferença que você nem sabia que havia algum quebra-cabeça nele (risos). Aliás, o encerramento do filme é consideravelmente diferente do encerramento do livro. Mas como o autor do livro (Jesse Andrews) também assina o roteiro do filme, não dá para falar que houve distorção da obra original.

Duplamente vencedor no Festival de Sundance de 2015 (Melhor Drama eleito pelo Público e pelo Grande Juri), Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer é diferente e belíssimo. Nesta enxurrada atual de filmes adolescentes que temos nos cinemas - grande parte de qualidade duvidosa - este sim deveria ser um filme que os jovens (e pessoas de todas as idades) deveriam assistir. Nota: 8,0

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cobertura Oscar 2016 - Os principais filmes + Os palpites para os vencedores


Neste domingo, dia 28 de fevereiro, teremos a cerimônia de premiação da 88ª edição do Academy Awards, popularmente conhecido como "Oscar". E como já é tradição deste blog, vamos aos meus comentários e palpites.

Antes, revendo o caminho traçado até agora, segue abaixo a lista de filmes com múltiplas indicações, ordenados por número total das mesmas. Notem que TODOS os filmes tiveram sua crítica publicada no Cinema Vírgula!
Quem vai levar? Quem merece levar?

Ao contrário dos dois últimos anos, onde tínhamos um "grande favorito", desta vez o Oscar está mais equilibrado, o que deve trazer mais surpresas. Mas eu não vou me intimidar com as chances de erro mais altas e palpitar em 8 das categorias. A ordem apresentada é a provável ordem em que os prêmios aparecerão na cerimônia. Confiram:

Melhor Ator Coadjuvante
- Quem vai levar: Sylvester Stallone (Creed)
- Em quem eu votaria: Sylvester Stallone (Creed)
- Comentários: Esta é a primeira categoria de atores que comento, e direi algo que vale para as 4 categorias de atores da cerimônia: Spotlight - Segredos Revelados e A Grande Aposta são filmes com vários atores/atrizes indicados, mas na prática, são filmes onde a força está no conjunto da atuação. É difícil e quase injusto dizer que um foi melhor que o outro nestes filmes, já que são todos igualmente importantes e bons nas respectivas tramas.
Dito isto, não seria injusto que Mark Ruffalo e Christian Bale ganhassem. Mas os verdadeiros favoritos são Mark Rylance e Sylvester Stallone. Destes dois, acho que Sly leva. E seria muito muito justo. A atuação dele não é excepcional, mas: 1) não deve nada para as atuações dos seus concorrentes. 2) sua atuação é o ápice de 40 anos de evolução com seu personagem Rocky. Se Stallone não vencer aqui, que é o primeiro prêmio da noite, vou passar toda a cerimônia emburrado.

Melhor Animação
- Quem vai levar: Divertida Mente
- Em quem eu votaria: O Menino e o Mundo
- Comentários: se a Academia pisou na bola em várias categorias, não foi o caso aqui onde ela merece ser bastante elogiada. Os cinco filmes são bons e principalmente, são muito diferentes entre si, trazendo bastante variedade à disputa. De todos os concorrentes, o brasileiro O Menino e o Mundo é sem dúvida o melhor. Mas mesmo tendo recebido vários prêmios importantes no exterior, infelizmente as chances de Divertida Mente não levar são praticamente nulas. Para ver como é difícil, basta dizer que Divertida Mente também foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original. De qualquer forma, O Menino e o Mundo é Brasil, e torcerei pra ele muito mais do que numa Copa do Mundo.

Melhor Atriz Coadjuvante
- Quem vai levar: Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
- Em quem eu votaria: Kate Winslet (Steve Jobs)
- Comentários: Gostei bastante da atuação das indicadas, menos da de Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados). As favoritas são Alicia Vikander e Kate Winslet, mas acho que a primeira leva, por nunca ter vencido (Winslet já venceu um) e por seu filme ter chamado mais atenção. Não é em quem eu voltaria, entretanto. Para mim Kate foi a melhor das cinco. Curiosidade: justamente devido aquilo que disse anteriormente de "atuação conjunta", a coitada da Rachel McAdams de longe possui menos tempo em cena que as outras concorrentes.

Melhor Roteiro Adaptado
- Quem vai levar: A Grande Aposta
- Em quem eu votaria: A Grande Aposta
- Comentários: Vencedor de todas as premiações até aqui, o roteiro de A Grande Aposta é o grande favorito. Também votaria nele, não necessariamente por ser o melhor, mas principalmente por ser o mais complexo e o mais difícil de ser realizado. O roteiro que mas gostei foi o do O Quarto de Jack. Entretanto, como comentei na minha crítica, ele é irregular em alguns pontos, por isto perdeu meu voto.

Melhor Roteiro Original
- Quem vai levar: Spotlight - Segredos Revelados
- Em quem eu votaria: Ex Machina: Instinto Artificial
- Comentários: É a mesma coisa da categoria anterior: Spotlight - Segredos Revelados venceu todas as premiações até aqui e levará o prêmio fácil, fácil. Entretanto, a análise da minha preferência muda. Meus preferidos são os roteiros de Spotlight - Segredos Revelados, Ex Machina: Instinto Artificial e Divertida Mente. Respectivamente, o mais difícil, o mais inteligente, e o mais ousado dentre os 10 roteiros da noite. Meu coração optou para o mais inteligente e menos valorizado: Ex Machina.

Melhor Diretor
- Quem vai levar: Alejandro G. Iñárritu (O Regresso)
- Em quem eu votaria: George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
- Comentários: a disputa vai ficar entre Iñárritu e Miller, mas o primeiro deverá vencer pois levou os prêmios mais importantes até agora. Entendo que também há um problema de timingO Regresso esteve nos cinemas recentemente e está fresco na memória de todos. Já Mad Max 4, que estreou no começo de 2015, já está mais "esquecido" na mídia. Meu voto, entretanto, iria para George Miller. Ambos fizeram grande trabalho (e muito esforço, ficando meses em locações inóspitas para minimizar o uso de efeitos especiais), mas Mad Max 4 é disparado o melhor do ano. Sem falar que Iñárritu já levou seu Oscar ano passado e está cada vez mais arrogante. Curiosidade: a última vez que um diretor ganhou 2 Oscars em 2 anos consecutivos aconteceu em 1949-1950. O contemplado foi Joseph L. Mankiewicz.

Melhor Atriz
- Quem vai levar: Brie Larson (O Quarto de Jack)
- Em quem eu votaria: Cate Blanchett (Carol)
- Comentários: esta é uma das categorias mais disputadas da noite, porém a jovem Brie Larson leva vantagem por ter sido quem ganhou mais prêmios ao longo do ano. Não assisti os filmes de Charlotte Rampling e Jennifer Lawrence mas vi as performances das outras três candidatas. Delas, para mim a melhor foi Cate Blanchett, que curiosamente é a única das 5 a não ter vencido nenhum prêmio neste ano nos principais festivais. A favorita Brie Larson, embora tenha atuado muito bem, fica em terceiro na minha preferência (a segunda seria Saoirse Ronan).

Melhor Ator
- Quem vai levar: Leonardo DiCaprio (O Regresso)
- Em quem eu votaria: Leonardo DiCaprio (O Regresso)
- Comentários: dos cinco indicados, apenas não vi a atuação de Bryan Cranston. De qualquer forma, no fundo a briga ficará entre Eddie Redmayne e Di Caprio. A meu ver, nenhum dos dois entregou neste ano uma grande atuação, e não estão entre seus melhores trabalhos. Independente disto, vai dar Leonardo DiCaprio. Primeiro, porque ele ganhou todos os prêmios de ator mais importantes deste ano. E segundo, porque o mundo inteiro quer que ele ganhe enfim seu Oscar. Com a atual fama da Academia de ser racista e impopular, eles certamente vão querer melhorar sua imagem. É este mesmo motivo que me faz ter mais esperança no Oscar do Stallone.

Melhor Filme
- Quem vai levar: Spotlight - Segredos Revelados
- Em quem eu votaria: Mad Max: Estrada da Fúria
- Comentários: Desde que os Oscars passaram a ter "até 10 indicados" para Melhor Filme, em 2009, esta é certamente a safra mais fraca de escolhidos que já vi. Só como exemplo, os 5 filmes que postei crítica no mês passado (Steve Jobs, Creed: Nascido para Lutar, Sicario: Terra de Ninguém, Sr. Sherlock Holmes e Os Oito Odiados) são superiores a vários da lista de Melhor Filme escolhida pelos votantes. Lamentável.

Dos oito concorrentes, apenas quatro deles possuem chances reais de levar o prêmio: O RegressoMad Max: Estrada da Fúria são os favoritos. Já Spotlight - Segredos ReveladosA Grande Aposta correm por fora. Na minha opinião, Mad Max 4 é disparado o melhor filme do ano, mas infelizmente, deverá ganhar apenas prêmios técnicos (e com muita sorte leva o de Diretor). Portanto, faria sentido eu dizer que o vencedor será O Regresso. MAS, optei por fazer nesta categoria a minha aposta mais ousada. Acho que vai dar Spotlight. Minha justificativa? Conforme já expliquei ano passado, a votação para Melhor Filme é diferente, não são votos diretos (clique aqui e veja a parte final deste post). Então, quando há muito equilíbrio entre filmes, costuma vencer não quem teve mais votos, e sim, quem tem menos rejeição: é exatamente um filme como Spotlight. Será que estou certo? Veremos rs.


Não percam!
Repetindo, a cerimônia do Oscar será domingo dia 28. Embora a cerimônia comece as 22h30, o canal TNT irá iniciar suas transmissões já a partir das 20h30, mostrando o famoso "tapete vermelho" com os famosos chegando para a festa. A TV aberta terá transmissão da Globo, que entretanto deverá perder o início da cerimônia e só começar a transmitir após o término do BBB.

E vocês? Quem acham que vai ganhar? Para quem vocês estão torcendo? Deixem seus palpites aqui nos comentários e depois veremos quem acertou mais. Participem!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Crítica - O Quarto de Jack (2015)

TítuloO Quarto de Jack ("Room", Canada / Irlanda, 2015)
Diretor: Lenny Abrahamson
Atores principais: Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers, Joan Allen, William H. Macy
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=IeM5qJp2v8Y
Nota: 7,0
Ainda que irregular, filme é emocionante e brilhantemente angustiante

O Quarto de Jack é uma história sobre um menino de 5 anos, Jack (Jacob Tremblay), que passou toda sua vida dentro de um quarto, em cativeiro, junto com sua mãe (Brie Larson). Entendo que para curtir melhor o filme, o ideal seria não saber de mais nada da trama além do que acabei de dizer. Entretanto, para poder fazer esta crítica, terei que expor fatos além disto. Portanto, decida se vale ou não a pena ler meu texto antes de ver o filme. De qualquer forma, não estarei dando spoilers relevantes e eu comentarei muito menos da trama que o próprio trailer, que revela quase tudo.

Indicado para 4 Oscars, dentre eles o do Melhor Filme, O Quarto de Jack é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito pela irlandesa Emma Donoghue (que também assina o roteiro). A grande novidade desta história é que Jack e mãe escapam da "prisão" no meio do filme; portanto, boa parte do mesmo é sobre as descobertas e adaptação de Jack no "gigantesco mundo além do quarto".

Existem três coisas que em O Quarto de Jack que são excelentes. Primeiro, as atuações de Brie Larson e Jacob Tremblay. O maior destaque fica para o menino - que tinha 8 anos nas filmagens - e atua como gente grande.

O segundo grande ponto positivo é simplesmente tudo o que acontece enquanto os dois estão confinados dentro do quarto. O suspense é bem construído, o sentimento de opressão e angústia é palpável; comportamento e motivações de mãe e filho são críveis, e é impossível não se emocionar e não se importar com a dupla.

Finalmente, toda a parte do roteiro dedicado a mostrar os "estranhamentos" de Jack ao conhecer o mundo exterior é muito bem elaborada. É uma experiência única parar para pensar sob o ponto de vista do garoto.

Fora destas qualidades, entretanto, O Quarto de Jack possui consideráveis problemas de roteiro e ritmo. Primeiro, que a maneira em que a dupla é libertada é algo quase "mágico", de tão rápido e inverossímil. Mas, principalmente, a história não sabe como se encerrar de maneira apropriada. Ok, Jack saiu do quarto e está se maravilhando com o mundo: o que mais podemos mostrar a partir disto? O roteiro não encontrou esta resposta, mas ainda assim insistiu em mais de meia hora de filme. É então que entram alguns dramas muito exagerados que também não me convenceram (a jornalista fazer aquelas perguntas tão malvadas para uma vítima bem protegida por advogados é uma delas). Já o problema no ritmo de O Quarto de Jack é que seu clímax ocorre na metade da projeção.

De qualquer forma, esquecendo o racional e se importando com a emoção, O Quarto de Jack impressiona. Devido principalmente a boa direção do irlandês Lenny Abrahamson, nos sentimos tão angustiados quanto os personagens, e alguns momentos, é preciso fazer algum esforço para não soltar lágrimas. Isto tudo sem absolutamente nenhum pieguismo ou trilha sonora exagerada (viu, Spielberg?).

O Quarto de Jack traz para as telas uma boa experiência emocional e uma história bem diferente. Alias, o diretor Lenny Abrahamson tem se envolvido em projetos incomuns. Seu filme anterior foi o estranho Frank. Abrahamson merece que continuemos acompanhando seu trabalho. Nota: 7,0

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Crítica - A Garota Dinamarquesa (2015)

TítuloA Garota Dinamarquesa ("The Danish Girl", Alemanha / Bélgica / Dinamarca / EUA / Reino Unido, 2015)
Diretor: Tom Hooper
Atores principais: Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Amber Heard, Matthias Schoenaerts, Ben Whishaw
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=vjq2FgjpXow
Nota: 5,0
Uma grande história real mal aproveitada

Com quatro indicações ao Oscar, A Garota Dinamarquesa é um filme baseado no romance homônimo de David Ebershoff e que conta a história real de Einar Wegener, a primeira pessoa do mundo que comprovadamente realizou uma cirurgia de troca de sexo.

Situada nos anos de 1920 em Copenhagen, Dinamarca, conhecemos a vida do casal de pintores Einar Wegener (Eddie Redmayne) e Gerda (Alicia Vikander). Após um episódio em que Gerda pede para Einar se vestir de mulher para servir de modelo para sua pintura, o marido vai progressivamente (re)descobrindo sua feminilidade oprimida ao longo dos anos.

Os fatos históricos tinham tudo para fazer de A Garota Dinamarquesa um drama de primeira: ser uma "mulher em corpo de homem" já é algo polêmico e alvo de preconceitos atualmente. Imaginem há 90 anos atrás! Fora isto, há o fato de Gerda estar lutando pelo reconhecimento artístico no mesmo tempo que seu marido começa a mudar e o casamento começa a desabar.

Porém, mesmo com temas tão ricos, A Garota Dinamarquesa não consegue abordá-los de maneira interessante. Primeiro, o filme é intimista demais. Quase todo ele possui cenas dentro de casa com apenas Einar e Gerda interagindo entre eles, e com excesso de closes no rosto dos atores. Os diálogos, me desculpem, são cotidianos demais, até bobos... e em nenhum momento emocionam.

Na verdade, desde o começo, A Garota Dinamarquesa foi vendido como tendo grande atrativos a atuação dos atores principais Eddie Redmayne e Alicia Vikander. E de fato, a atuação dos atores parece ser o alvo principal do diretor Tom Hooper. Ambos atuam muito bem, porém nenhum dos dois tem uma performance espetacular. Mais ainda: são tantos closes nas reações dos rostos da dupla que a importância da atuação de ambos decai por excesso. Ver os mesmos trejeitos de sempre nos atores cansa. Neste aspecto, a bela Vikander é menos repetitiva. Já Redmayne... deve ter feito a mesma carinha sorrindo e olhando pra baixo umas 200 vezes ao longo do filme.

Tecnicamente a produção tem suas qualidades. Tanto fotografia quanto figurino são muito bonitos. Bonitos até demais... parece que estamos diante de uma fantasia, e não de um drama. Falando nisto, é impressionante como a maioria do tempo a dupla principal está feliz, sorridente. O drama realmente é colocado de lado em A Garota Dinamarquesa. Como outro exemplo disto, há várias cenas com Redmayne sozinho, feliz, se encantando com as roupas femininas ou com sua transformação.

Bastante elogiado pelos críticos como cinema, A Garota Dinamarquesa por outro lado foi bastante criticado pela imprecisão histórica dos fatos. A explicação para isto é simples: o filme optou por ser fiel ao livro, este uma simples romantização parcialmente baseada no que aconteceu de verdade. De minha parte, independente da sua precisão, entendo que a história é mal contada. Faltou focar mais na mesma e muito menos nos atores. Nota: 5,0

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Crítica - Deadpool (2016)

TítuloDeadpool ("Deadpool", Canadá / EUA, 2016)
Diretor: Tim Miller
Atores principais: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, T.J. Miller, Ed Skrein, Stefan Kapicic, Brianna Hildebrand
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=rW-44KuoAdA
Nota: 8,0
O filme de super-herói mais divertido de todos os tempos

Deadpool é um marco histórico para os filmes de super-herói ao ser um filme que respeita o personagem original por mais "diferente e politicamente incorreto" que ele seja. Piadas e trocadilhos o tempo todo? Confere. Muita violência? Confere. Muitos palavrões e linguajar impróprio? Confere. Quebra da Quarta Parede? Confere. Zoação com outros filmes e personagens da cultura pop? Confere. Muita diversão? Confere!

A história, de origem, mostra um Wade (Ryan Reynolds) com câncer terminal. Eis que uma organização nada bem intencionada resolve salvá-lo dando lhe super-poderes. O que Wade não esperava era que a "cura" o transformasse em um ser horroroso, todo deformado. Ao querer vingar de seus "médicos", ele se torna Deadpool. Claro que os vilões raptam sua namorada Vanessa (a brasileira Morena Baccarin) para conter a vingança... Ou seja, o roteiro não tem nada de original... Diferente mesmo é seu personagem principal!

Famoso nos quadrinhos por ser completamente insano e brincalhão, são estas características de Deadpool que são muito bem adaptadas para dentro das telonas que fazem o filme ser ótimo. Deadpool surpreendeu e se tornou a maior abertura de um filme com censura 18 anos na história dos EUA (no Brasil a censura é de 16 anos).

Parte deste sucesso vem do esforço do ator Ryan Reynolds. O ator canadense fez um enorme esforço de marketing promovendo o filme. Chegou até a fazer um vídeo exclusivo para a Comic Con brasileira. Toda esta campanha mostrou para os fãs que o filme que viria estava no caminho certo. Sabendo estar na sua "grande e última" chance no mundo dos super-heróis Reynolds se esforçou também debaixo das câmeras. Aceitou passar boa parte do filme com o rosto coberto pela máscara do seu uniforme (muitas estrelas não aceitam isto) e fez questão de ser ele mesmo - mesmo mascarado - atuando na maior quantidade de cenas possíveis.

Também sendo diferente ao trazer uma história não-linear, há pouco para se criticar em Deadpool. Um ponto fraco é seu final clichê. E há também algumas piadas que não funcionam, principalmente por repetição. De qualquer forma, para um filme que passa todo o seu tempo querendo fazer rir, é natural que algumas (poucas) gracinhas não sejam bem sucedidas. Outro ponto de atenção é o grande número de piadas envolvendo o universo dos super-heróis: quem não está familiarizado com isto poderá perder boa parte do entretenimento.

Na verdade, o grande "problema" do filme foi a Fox, que, conservadora, investiu apenas US$ 58 milhões na produção. O diretor Tim Miller - em sua estréia como diretor de longas - especialista em efeitos especiais, fez um ótimo trabalho em produzir efeitos de computador aceitáveis com tão pouco dinheiro. Com mais verba, o mutante Colossus poderia ser muito mais crível, e as lutas ao longo da projeção mais ousadas e diversificadas.

Por outro lado, ironicamente, a falta de dinheiro pode ser sido o que salvou Deadpool. Com tão pouco dinheiro em vista, o diretor teve mais liberdade que o normal para um estreante, e o filme pode evitar as interferências de produtores idiotas.

Outro ponto a se lamentar foi a tradução para o português feita nos cinemas. Alguns palavrões foram "amenizados", mas o pior mesmo foram alguns casos de mudar a tradução por simplesmente menosprezar a inteligência do espectador. Por exemplo, uma piada literalmente sobre "quebrar a quarta parede" foi traduzida como "ficarmos bem juntinhos". Vergonhoso.

Sendo tudo o que os fãs do polêmico personagem queriam, Deadpool chega para ser o mais engraçado filme de super-herói de todos, e acho que seus recordes de bilheteria estão apenas começando. Nota 8,0.


PS: após todos os créditos, há duas cenas extras bem curtas, que basicamente fazem propaganda sobre o futuro Deadpool 2. São engraçadinhas, e fazem plágio do filme Curtindo a Vida Adoidado (1986).

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...