segunda-feira, 20 de abril de 2020

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Milagre da Cela 7 (2019) e Coffee & Kareem (2020)


Dois filmes que estrearam recentemente na Netflix brasileira e que estão sendo bastante elogiadas pelos sites de entretenimento. Será que são bons mesmo? Confiram o que eu achei.


O Milagre da Cela 7 (2019)
Diretor: Mehmet Ada Öztekin
Atores principais: Aras Bulut Iynemli, Nisa Sofiya Aksongur, Deniz Baysal, Celile Toyon Uysal, Ilker Aksum, Mesut Akusta

Antes de qualquer outra informação, O Milagre da Cela 7 não é baseado em história real; ele é uma versão de um filme de ficção Sul-coreano de mesmo nome de 2013. Além desta versão Turca e da versão original, há mais duas versões de 2020 deste mesmo filme, um de Brunei e outro da Indonésia.

Em O Milagre da Cela 7, o camponês Memo (Aras Bulut Iynemli) é acusado injustamente da morte de uma criança, que morreu afogada. Sendo a criança a filha de um cruel militar de alta patente, Memo é condenado a morte sem passar por qualquer processo de justiça.

Os primeiros 40 minutos de O Milagre da Cela 7 são de pura tristeza e tormento. Muito difícil de assistir, sequer consegui de assistir tudo de uma vez. Depois deste primeiro ato o filme fica menos "cruel" para quem assiste e melhora consideravelmente, também por acrescentar à trama outros personagens - alguns deles interessantes - que convivem com Memo na prisão.

A história do filme é realmente bonita e emocionante. Ela também dá várias "pequenas lições", como por exemplo, a profundidade do Amor entre pais e filhos, ou ainda a bênção que é ter um filho. Mais ainda, o filme mostra que a bondade, alegria, paz, contaminam quem está ao seu redor: a maneira com que você age influencia o ambiente. Ah, e por falar em paz, o filme também traz algo  que vale a pena ressaltar para nós ocidentais, que são alguns trechos que mostram que no Islamismo a paz e bondade também são pregadas.

O melhor do filme é a atuação de Aras Iynemli, ele rouba a cena e convence como sendo deficiente mental. Por outro lado, O Milagre da Cela 7 peca por ser melodramático demais. A trilha sonora é insuportavelmente melancólica, e o filme, quase sem exceção, é um sofrimento só. Devido a tanta tristeza, a nota que dou para o filme cai consideravelmente. Há várias maneiras de mostrar dor sem ser piegas, e vários personagens do filme mereciam (e deveriam) serem melhor desenvolvidos. Ainda assim se você quer um filme bonito e pra chorar, esse aqui está mais que recomendado! Nota 7,0.


Coffee & Kareem (2020)
Diretor: Michael Dowse
Atores principaisEd Helms, Taraji P. Henson, Terrence Little Gardenhigh

Só assisti esta comédia policial porque estava sendo muito bem recomendada por diversos sites nacionais "rivais". Resolvi acreditar neles... e me decepcionei.

Na história, Coffee (Ed Helms) é um policial fracassado que namora Vanessa "escondido". Porém Kareem, o filho dela, descobre e resolve se vingar... Porém o plano do garoto dá errado e ele passa a ser perseguido por traficantes e policiais corruptos. É então que para salvar suas próprias vidas, Coffee e Kareem se unem para sobreviver.

Eu sinceramente já cansei há anos de ver Ed Helms no mesmo papel sem graça: a do bobalhão inocente. Quando ele ficou famoso sendo o idiota Andy no seriado The Office ele estava de fato engraçado. Mas depois disto, repetir a mesma persona sem parar por quase 15 anos já encheu.

Para piorar, não é só ele que desagrada. O tal Kareem é um personagem negro exageradamente estereotipado e que fala 8 palavrões a cada 5 palavras. E isso durante o filme todo, sem tréguas. Há um ponto, entretanto, em que Coffee & Kareem merece elogios, e é justamente ele que evita que o filme seja uma tragédia: apesar de ser uma comédia policial, o filme surpreende em várias cenas, ao fazer algo totalmente diferente dos clichês do gênero; apesar de vários problemas, o roteiro traz situações novas e isto é muito bom.

Ainda que não seja tão ruim e melhorar progressivamente ao longo da história, Coffee & Kareem não me agradou. Somando prós e contras, é um filme mediano. Nota: 5,0.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Mr. Bean + Dr. House = Blackadder


Saudações, amigos e amigas! Hoje apresento a vocês uma desconhecida e antiga sitcom, que está na minha lista de melhores séries de comédia de todos os tempos! Trata-se de Blackadder, seriado inglês que teve 4 temporadas de 6 episódios/cada; sendo originalmente exibida pelo canal BBC One, entre os anos de 1983 a 1989. Como grande destaque, ela traz como estrelas os atores de Mr. Bean e Dr. House ANTES deles ficarem mundialmente famosos com estes personagens!

Blackadder se trata de uma comédia baseada em momentos históricos da história de Inglaterra. Cada temporada se passa em uma época específica, e com elenco variado. A única constante nas quatro temporadas se trata da dupla composta pelo um protagonista de nome Edmund Blackadder (sempre interpretado por Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean) e um "lacaio" de nome Baldrick (sempre interpretado pelo engraçadíssimo Tony Robinson). Em cada temporada Rowan e Tony interpretam um descendente diferente das famílias Blackadder e Baldrick, respectivamente.

Blackadder não somente trouxe um humor inteligente (e algumas vezes bem idiota rs), ácido e sarcástico, como também contou com um elenco de comediantes britânicos da mais alta qualidade. Dentre seus outros integrantes mais famosos está presente Hugh Laurie (o famoso Dr. House, na 3ª e 4ª temporadas), Stephen Fry (da 2ª à 4ª temporadas), e Tim McInnerny (1ª, 3ª e 4ª temporadas).

A primeira temporada se passa em 1485, na Idade Média britânica, onde Rowan interpreta o Príncipe Edmund (e se intitula "The Black Adder", daí o nome do programa), segundo filho do Rei Richard IV.

A segunda temporada se passa durante o reinado da Rainha Elizabeth I (1558–1603), sendo que Rowan agora interpreta o "Lord Blackadder", um personagem da nobreza, bisneto do Black Adder da primeira temporada. Ele vive em constante disputa com seu rival "Lord Melchett" (Stephen Fry), para ser visto com bons olhos pela rainha.

Já a terceira temporada se passa na Inglaterra durante o reinado de George III, por volta do ano 1900. O país é governado por um idiota Príncipe Regente (interpretado por Hugh Laurie) e Mr. Bean faz o papel do seu mordomo, Edmund Blackadder. Stephen Fry interpreta o Duque de Wellington, que mais uma vez vive brigando com Edmund, atrapalhando seus planos.

Finalmente, a quarta e última temporada se passa no ano de 1917, dentro da Primeira Guerra Mundial. Rowan Atkinson interpreta o Capitão Blackadder, cujo único propósito é fugir de batalhas e se manter vivo. Tony Robinson interpreta o Soldado Baldrick, Hugh Laurie interpreta o Tenente George, e Stephen Fry interpreta o General Melchett.

Notem, pela descrição das temporadas, que a cada encarnação o representante da Família Blackadder se encontra numa situação pior que a do seu antecessor rs, mesmo sendo este personagem geralmente o mais inteligente dentre seu grupo.

Após as 4 temporadas, Blackadder também teve nos anos seguintes mais 3 especiais de TV, todos eles revisitando personagens das temporadas da série.

Não é tão fácil encontrar Blackadder para assistir, mas se você fuçar pela Internet, vai encontrar. Pra quem curte Comédia, História, e quiser ver "Mr. Bean" e "Dr. House" em personagens completamente diferentes, este excelente seriado é imperdível!

terça-feira, 7 de abril de 2020

Dupla Crítica animações - Sonic: O Filme (2020) e Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (2020)


Mais duas animações para apresentar. E desta vez são novíssimas! Ambas estavam em cartaz nos cinemas antes deles serem fechados pela quarentena. Portanto, dá pra conhecê-los com calma por aqui, e se interessar, assim que eles voltarem a serem apresentados, correr pros cinemas (ou comprá-los via streaming)! Seguem as críticas!


Sonic: O Filme (2020)
Diretor: Jeff Fowler
Atores principais: Ben Schwartz (vozes), Jim Carrey, James Marsden, Tika Sumpter, Natasha Rothwell, Adam Pally, Neal McDonough

Para um filme que tinha tudo pra dar errado, Sonic é surpreendentemente divertido e bom! No começo de 2019, quando as primeiras imagens do filme foram reveladas, uma enxurrada de (justas) críticas vieram do mundo inteiro: estávamos diante de algo muito mais próximo de um "homem-Sonic" do que o Sonic propriamente dito. Então, o desenho do personagem foi totalmente refeito e o filme adiado em alguns meses. O Sonic final ganhou olhos maiores, pêlos mais lisos e coloridos: o resultado ficou aceitável.

Talvez os fãs se decepcionem com o fato de que Sonic é o único personagem animado deste live-action, que se passa no planeta Terra. O filme conta com uma história bem clichê, mas ainda assim que prende a atenção do espectador. E, principalmente: tem vários bons momentos de humor ao longo de todo o filme. Acabei rindo muito mais do que imaginava.

Outra boa notícia em Sonic é a presença de Jim Carrey como o vilão Ivo Robotnik: com um personagem totalmente surtado, o ator pôde se soltar e ser bastante insano, sendo então bastante divertido. Sonic é um filme apenas legal, que mostra pouco do universo da sua franquia, mas ainda assim me divertiu e é muito acima de qualquer expectativa após sua terrível produção inicial. E a melhor notícia talvez seja o "gancho" no pós-créditos: se tivermos um Sonic 2, ele estará certamente acompanhado da raposa Tails. Nota: 6,0.


Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (2020)
Diretor: Dan Scanlon
Atores principais (vozes): Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, and Octavia Spencer, Mel Rodriguez, Kyle Bornheimer

Depois de 3 anos sem um filme "original", apenas continuações, a Pixar voltou com um título novo. Em Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica temos um mundo cheio de seres de fantasia, como elfos, centauros, fadas, ciclopes... mas que abandonaram a mágica séculos atrás e passaram a confiar apenas na tecnologia - como nós - tendo luz elétrica, carros, aviões, etc.

Já a história é sobre dois irmãos adolescentes, os elfos Ian e Barley, que perderam o pai quando eram muito crianças e mal se lembram dele. Até que através de um artefato mágico eles têm a chance de "ressuscitar" o pai por um dia. O problema é que para o artefato funcionar eles precisam correr contra o tempo para encontrar uma pedra que sirva como "combustível", e temos então um road movie.

A trama é bastante emocionante em termos de amor em família e amor entre irmãos: confesso que não consegui segurar algumas lágrimas enquanto assistia. Porém, tirando este "alto" do filme, o restante da história não empolga. A aventura não é forte nem original em cenas de ação, tenta fazer piadas mas pouco faz rir, e o mais decepcionante... não consegue usufruir do universo criado para o filme.

Ainda assim, é um filme bom o suficiente para passar o tempo e tirar os lenços da gaveta. Um dos filmes mais fracos da Pixar, mas que ainda diverte. Nota: 5,0

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Publicação 400: 15 recomendações de filmes pré-Cinema Vírgula

É com muita satisfação que chego a 400 publicações no meu blog! O Cinema Vírgula começou ha 8 anos atrás, em Janeiro de 2012, e até hoje segue firme e forte, como um prego na areia! rs

Muitas pessoas me pedem para indicar filmes, então em agradecimento optei por montar uma lista com filmes que recomendo. Como alguns podem ter percebido, aqui no Cinema Vírgula eu só faço críticas de filmes que são lançamentos; desta maneira os filmes anteriores ao meu blog nunca tiveram seu espaço...

... Mas isto muda agora! A minha lista abaixo (por ordem alfabética de nome), traz 15 filmes que gosto muito e que foram lançados em até 15 anos antes do Cinema Vírgula nascer, ou seja, entre 1997 a 2011. Vamos então a esta lista "incomum" (rs) e bem variada!


Bastardos Inglórios (2009)
Eu adoro os filmes do Quentin Tarantino e então um deles tinha que estar na lista. E este em específico entra no meu Top 3 deste diretor. Seu filme sobre a Segunda Guerra Mundial é provavelmente o mais engraçado dentre todos que ele já fez, e conta com atuações e personagens muito marcantes. De quebra, o filme apresentou o ator Christoph Waltz para o mundo, graças a seu fantástico e inesquecível coronel nazista Hans Landa.


Boa Noite, e Boa Sorte (2005)
Para quem gosta de política, e/ou história, e/ou jornalismo, este filme é imperdível. Baseado em uma história real dos anos 50, o filme mostra tudo relacionado à importante transmissão exibida pela CBS do jornalista Edward R. Murrow entrevistando o então senador Joseph McCarthy, o principal líder do "caça-as-bruxas contra o comunismo".
O filme traz os bastidores do "antes" e do "depois" da famosa transmissão, e a própria entrevista (incluindo cenas da transmissão real). Como bônus, o filme é em branco-e-preto com uma fotografia maravilhosa, e ainda traz inserções de comerciais de TV reais da época... é cada coisa absurda que anunciavam...


Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças (2004)
Esta caótica e surpreendente história, cheia de reviravoltas, mistura romance, drama e ficção científica. A trama acompanha Joel (Jim Carrey), que contratou uma empresa para apagar algumas de suas memórias, e agora começa a ficar perturbado e curioso a respeito do que foi removido.
O filme traz os protagonistas principais Carey e Kate Winslet com atuações espetaculares, além de também proporcionar uma fotografia belíssima e colorida. E, algo que me cativou bastante, é que apesar de todo caos e desespero, o filme consegue ser uma belíssima (e até inocente) história de amor.


A Bruxa de Blair (1999)
Não sou fã de filmes de terror, mas este aqui eu gosto... e muito. Sendo uma produção praticamente caseira (com orçamento de ridículos US$ 60.000), A Bruxa de Blair causou frisson no mundo do cinema devido ao boato de que suas imagens eram mesmo reais, ou seja, que eram as últimas imagens de pessoas que haviam desaparecido/morrido de verdade. Tudo mentirinha... era tudo atuação, mas a "propaganda" foi muito bem feita, com os atores propositalmente se escondendo do público por meses após a exibição nos cinemas.
Filmado em branco e preto por câmeras "na mão", o filme não é fácil de assistir, principalmente em seu primeiro terço, onde basicamente só temos entrevistas desinteressantes. Por isto mesmo a maioria das pessoas que conheço NÃO gosta do filme. Porém conforme a história vai se aproximando do final, o clima de tensão e desespero é  marcante e assustador. Sempre falo que os últimos 5 minutos deste filme foram uma das experiências mais fortes de tensão que já tive nos cinemas.


Corra Lola, Corra (1998)
Filme alemão, pouco conhecido, mas que me divertiu muito. A história do filme é basicamente a seguinte: Lola (Franka Potente) precisa ir correndo do local A para o local B em 30 minutos, caso contrário seu namorado morre. Parece chato? Pois é... mas o bacana é COMO esta história é contada.
Primeiro, o filme é contado em "tempo real", com Lola literalmente correndo pelas ruas sob músicas eletrônicas bem bacanas e agitadas. Mas - você pode perguntar - se o filme é em tempo real ele só tem 30 minutos? É nisto que está a genialidade do filme: são 3 versões de 30 minutos da mesma história! Dependendo das decisões que Lola toma em cada uma das versões, vemos consequências diferentes acontecendo... e estas mudanças incluem os personagens com que Lola interage: em uma das versões você julga que um personagem é de um jeito, mas nas outras, você vê que é completamente diferente do esperado. Um tapa na cara de quem julga apenas pela aparência. Genial!


Os Excêntricos Tenenbaums (2001)
Wes Anderson é outro de meus diretores favoritos (aliás, você já leu este meu post de 2014, onde listei meus diretores preferidos naquele momento?), e portanto tem que estar nesta lista também. Não é "o" meu filme preferido dele, porém é o que lhe tornou famoso, e também é bom!
Como sempre nos filmes de Wes, ele conta com uma enorme quantidade de atores e atrizes famosos - vários deles comediantes - e com uma fotografia e enquadramento de imagem bem peculiares. Basicamente aqui temos uma boa comédia, que é história de uma família bastante esquisita e disfuncional... até que eles precisam se unir para superar uma crise. Cada personagem é bastante "esquisito e perturbado", e chega a ser bonito e comovente ver que mesmo dentro de tanta falta de contato e normalidade, quando o problema é realmente grave, os familiares conseguem se ajudar entre eles.


Filhos da Esperança (2006)
Muito antes de Alfonso Cuarón ficar mundialmente famoso com os espetaculares planos-sequência de Gravidade (2013), e receber merecidamente vários Oscars por isto, ele fez este brilhante Filhos da Esperança.
Aqui temos uma ficção-científica pós apocalíptica bem pessimista, onde todas as mulheres humanas, por motivo desconhecido, pararam de gerar filhos. A história do filme é boa, vale a pena ser assistida, mas não é espetacular.... O que se destaca mesmo são 3 grandes planos-sequência de ação, que são incríveis, dignos de aplaudir em pé. Depois deste filme tivemos vários filmes premiadíssimos abusando de planos sequencia, como por exemplo o próprio Gravidade, Birdman e 1917. Mas na minha modesta opinião, esta tão bem vinda e recente "modinha" começou aqui.


Fonte da Vida (2006)
Para mim é a obra máxima do ótimo Darren Aronofsky, e um filme que entra no meu top 10 da vida. Com poucos minutos de filme o espectador já ficará boquiaberto com as belíssimas e coloridas imagens, seja do espaço, ou de praias e florestas. Porém a história de Fonte de Vida consegue a façanha de ser ainda melhor que seu visual.
A trama traz 3 histórias em paralelo, em 3 épocas bem distantes no tempo: uma no tempo das grandes navegações, outra no tempo "presente", e outra em um futuro distante, no espaço sideral. Todas as histórias têm em comum a busca por encontrar a vida eterna, no caso através de uma árvore "mágica" que aparenta dar esta propriedade à quem consumi-la.
Se prepare para uma emocionante e tensa jornada que discute nossa mortalidade e o sentido da vida como um todo.


O Grande Truque (2006)
Esqueçam a trilogia Batman, o filme A Origem, ou mesmo o filme Interestelar: pois de todos os filmes até agora de Christopher Nolan, este aqui é certamente o melhor, sua obra-prima.
A história, que se passa na Londres de 1890, mostra uma doente disputa entre o Wolverine e o Batman... ou melhor, entre dois famosos mágicos: Robert (Hugh Jackman) e Alfred (Christian Bale). A rivalidade entre eles vai além do mundo profissional, chegando até a questões familiares.
O Grande Truque mistura drama e ficção cientifica com alguns poucos fatos reais, traz muita coisa interessante sobre o "mundo dos mágicos", chegando por exemplo a revelar como é feito alguns de seus truques. Contando com uma fotografia espetacular, e algumas reviravoltas simplesmente estarrecedoras, o roteiro é simplesmente genial, mas não posso contar o porquê aqui para não dar spoilers rs.


Herói (2002)
Desde 2001, quando O Tigre e o Dragão (2000) surpreendeu e levou nada menos que 10 indicações ao Oscar, os filmes chineses de artes marciais - cujos personagens são especiais e podem inclusive voar em curtas distâncias - passaram a ser conhecidos no Ocidente, principalmente na primeira década deste século. De todos os filmes do gênero que chegaram até nós, o que mais gostei foi esse Herói.
Herói conta uma história ocorrida na China ha quase 2000 anos atrás. Nela, o guerreiro Sem Nome (Jet Li) solicita uma audiência com o Rei da província de Qin, para informá-lo que ele conseguiu matar os assassinos Broken Sword, Flying Snow e Moon, trio que recentemente tentou assassinar o governante e estava foragido. Curioso, mas ainda incrédulo, o Rei permite que Sem Nome se aproxime e lhe conte sua história. O filme então passa a ser, portanto, a narrativa de Sem Nome explicando cada um dos três duelos fatais.
Herói traz fotografia e coreografia nas batalhas superiores a O Tigre e o Dragão, mesmo sendo uma produção mais "barata", com menos cenários e tomadas mais fechadas. Belíssimo! E ainda, de quebra, traz um desfecho muito surpreendente.


Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo (2003)
Ainda que tenha recebido merecidas 10 indicações ao Oscar (pois é um filmaço), Mestre dos Mares é um grande injustiçado no sentido que é pouco conhecido pelo grande público. A história é focada em personagens da marinha britânica, e ambientado durante as Guerras Napoleônicas: trata-se de uma mistura de 3 livros (de uma coleção total de 20 volumes) do escritor Patrick O'Brian.
É justamente esta mescla de aventuras que faz Mestre dos Mares ser tão único: o filme mistura cenas que envolvem batalhas navais, discussões políticas, exploração em ilhas... um monte de assuntos diversos que ainda assim andam juntos de maneira bem coesa e divertida.
Contando com os atores Russell Crowe e Paul Bettany em atuações muito boas, o filme possui bela fotografia, ótima trilha sonora, e pra quem gosta de filmes de "piratas" (embora não haja piratas aqui) e/ou filmes de História, Mestre dos Mares é uma excelente pedida!


Onde os Fracos Não Têm Vez (2007)
Sabe aquela lista dos meus diretores favoritos, que já citei anteriormente? Pois os Irmãos Coen também fazem parte dela, e por isto, precisavam ter um filme deles nesta lista também. Indicado a 8 Oscars (inclusive ao de Melhor Filme, que venceu), Onde os Fracos Não Têm Vez foi o filme que apresentou efetivamente o ator espanhol Javier Bardem para Hollywood, com seu assustador e inesquecível personagem, o assassino Anton Chigurh.
Como todo filme dos irmãos Coen, este é repleto de ironias, sarcasmo e violência. A história de Onde os Fracos Não Têm Vez traz o cidadão "comum" Llewelyn (Josh Brolin) sendo perseguido por um assassino profissional de alto nível. O mais bacana deste filme é que ele consegue te colocar na pele de Llewelyn... é como você estivesse fugindo ao lado dele o tempo todo, com grande realismo! Muito impressionante!
Ah, um alerta para o público feminino: até hoje não conheci nenhuma mulher que tenha gostado deste filme. Fica o desafio pra vocês, meninas, quebrarem esta barreira. Ou não rs.


A Vila (2004)
Certamente A Vila não é o melhor filme de M. Night Shyamalan, mas eu gosto bastante dele por dois motivos: primeiro porque ele quebra a fórmula padrão deste diretor, fazendo a "grande revelação bombástica" da trama não no final do filme, mas em seu meio. E segundo porque eu acho que a história entre os personagens principais Ivy (Bryce Dallas Howard) e Lucius (Joaquin Phoenix) é tão ingênua e inocente (no bom sentido) e heróica, que acabo me comovendo.
A Vila não agradou em nada a crítica especializada, mas se você não tem coração de pedra, recomendo dar uma chance para ele.


Wall-E (2008)
Ahhhhh os filmes maravilhosos da Pixar, em uma época que ela ainda não havia sido contaminada pela Disney... Wall-E é realmente especial. Principalmente pela sua coragem em ter sua primeira metade inteira sem nenhum diálogo! E isto não é ruim não... é genial!!
Apenas com gestos e olhares (nem precisando do resto do rosto, já que o protogonista Wall-E só tem olhos e mais nada), o filme consegue contar sua história inicial de maneira brilhante, comovente, com muita sensibilidade. É como se tivéssemos os melhores momentos dos filmes de Charlie Chaplin trazidos pra cá. Maravilhoso!
Em sua segunda metade, Wall-E começa a interagir com humanos e com isto aparecem os diálogos... o filme cai de qualidade mas ainda assim permanece acima da média, e traz importantes alertas sobre ecologia e sociedade.


Zatoichi (2003)
Mais um filme oriental de artes marciais, porém este aqui é Japonês. Zatoichi é um personagem famoso na cultura pop japonesa, criado na década de 60, e desde então já protagonizou dezenas de filmes e algumas séries de TV. E o ápice artístico deste personagem é atingido neste espetacular filme de Takeshi Kitano, que por este trabalho venceu o Leão de Ouro do Festival de Veneza como diretor.
Lembram do filme Kill Bill, que aliás eu adoro? Pois Zatoichi chega a ser melhor, embora com abordagem diferente. O filme também mistura bastante humor com violência, mas também faz brincadeiras com a trilha sonora, incorporando sons ambientes em música e dança.
O personagem principal, Zatoichi, é um massagista cego que por sua vez é secretamente um espadachim do mais alto nível. Aqui ele já está velho, aposentado... porém ao chegar em um vilarejo devastado por duas gangues em conflito, ele resolver ajudar a indefesa população. Excelente pedida para quem gosta de artes marciais e filmes mais "artísticos".

terça-feira, 31 de março de 2020

Star Trek: Picard (2020) - Crítica da Primeira Temporada


Antes, um pouco de história: o ano de 2005 foi um ano triste para os trekkers, com o cancelamento do mediano Enterprise. Afinal, era a pela primeira vez desde 1987 que a franquia Star Trek deixava de ter conteúdo inédito (leia-se: seriados) exibido nas TVs.

Depois de mais de 10 anos de ausência, surgiu uma nova tentativa, com Star Trek: Discovery em 2017. Com efeitos visuais excelentes e um começo promissor, o seriado me decepcionou bastante ao trazer basicamente um único assunto (uma guerra entre a Federação e os Klingons), além de um grupo de personagens absolutamente chatos e desinteressantes. O resultado é que não consegui ir além do começo 2a temporada. O seriado ainda continua em produção, com a 3a temporada prevista ainda para 2020.

Então chegamos a Star Trek: Picard, que estreou poucos meses atrás, e que tem como maior atração o retorno de Patrick Stewart em seu papel mais famoso, o capitão (e posteriormente Almirante) Jean-Luc Picard, o que não acontecia desde 2002 com o filme Nêmesis.

Já começo pelo veredito: Star Trek: Picard é melhor que Star Trek: Discovery. Mas ainda assim é outro seriado da franquia que, no melhor dos casos, posso classificá-lo como "mediano".

Na história da vez, que ocupa todos os 10 episódios da primeira temporada, Picard sai de sua aposentadoria para salvar Dahj, uma androide visualmente idêntica aos humanos, que está sendo caçada por uma seita secreta de Romulanos, os Zhat Vash, que querem assassiná-la. Curiosamente, Star Trek: Picard traz para dentro do cânone um fato futuro citado no filme reboot "Star Trek" (2009), que é a destruição do planeta Romulus por uma supernova: achei um toque bacana, ao reforçar a coesão que existe entre os universos pré e pós reboot.

A premissa não é de todo ruim, já que no final da trama conduz a um interessante debate sobre o quanto as vidas artificiais são mesmo "vidas", e se são tão importantes como a vida biológica. Discussão, entretanto, já abordada diversas vezes por Picard e sua trupe dentro do universo de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

Mas o maior problema da trama nem é sua qualidade, ou sua falta de originalidade, e sim, seu tamanho: embora a temporada tenha 10 episódios, para a história que apresentaram metade disso já era suficiente.

E ironicamente, até daria para a produção de Star Trek: Picard "enrolar" na trama sem prejudicar o seriado... afinal, a série traz alguns novos personagens bem interessantes, e até tentam desenvolvê-los... mas o fazem de maneira muito chata e repetitiva. Tramas paralelas verdadeiramente interessantes com os personagens coadjuvantes "poderiam" tornar a história melhor.

Outro ponto que me incomodou é como Picard volta... Primeiro porque ele retorna velho, fisicamente limitado... e embora isto faça parte da "velhice", não é algo que encaixa bem na franquia, que sempre tem um otimista foco no futuro. Mas principalmente, a maior falha é que Jean-Luc está exageradamente ingênuo. Ocorrem alguns acontecimentos na trama que fariam o "verdadeiro" Picard bem desconfiado do que lhe apresentam; mas nesta série ele parece aceitar tudo.

O que melhor funciona em Star Trek: Picard é a sua nostalgia, quando ele reencontra seus antigos amigos. Não a toa, o melhor episódio da primeira temporada é justamente quando ele reencontra Riker (Jonathan Frakes) e Deanna Troi (Marina Sirtis). A participação da antiga personagem Sete de Nove (Jeri Ryan) também é bastante legal. Mas, em outras palavras, a única maneira que vejo para alguém gostar desta temporada, é necessariamente ter acompanhado e gostado de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

Não gostei do desfecho dado à Picard na conclusão da série. A conclusão é emocionante (as vezes até demais, sendo piegas), aceitável, mas o destino de Jean-Luc não. Em contrapartida outro personagem antigo recebe sua conclusão - desta vez uma boa, que é um dos pontos altos da série - e retifica uma bobagem do filme Nêmesis.

Star Trek: Picard já teve uma 2a temporada anunciada e, apesar de todos os problemas aqui citados, tenho otimismo de que será uma boa temporada: a série e seus personagens ainda têm bastante potencial.

E que a 2a temporada resgate o que eu considero o "principal" em Star Trek: a exploração espacial, a busca pelo desconhecido, pela aventura... mal vimos isto em Star Trek: Discovery e em Star Trek: Picard. Tristemente, o seriado atual que mais se aproxima dos tempos dourados da franquia é um que não faz parte do universo de Jornada nas Estrelas: falo de The Orville, que também terá sua 3a temporada ainda este ano.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Poço (2019) e Jóias Brutas (2019)


Outros dois filmes de produção Netflix, um que estreou semana passada, e outro do começo de 2020.  Em comum, ambos são filmes "pesados" e polêmicos, além de que os dois foram sucesso de visualizações na plataforma. Mas isso não significa que você que está lendo aqui já assistiu ambos rs.  Portanto, apresento a vocês O Poço e Jóias Brutas!


O Poço (2019)
Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia
Atores principais: Ivan Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Juan, Emilio Buale, Alexandra Masangkay, Zihara Llana

O Poço é um filme espanhol que mistura suspense, ficção cientifica e terror. O filme se passa numa espécie de prisão muito bizarra: uma torre subterrânea com centenas de salas, uma sala por andar, e cada andar com apenas 2 pessoas.

O problema é como os alimentos são distribuídos aos detentos: através de uma enorme plataforma, inicialmente repleta de comida da mais alta qualidade, que vai descendo andar por andar, mas nunca sendo renovada. O que significa se você está nos primeiros andares, comerá como um rei; se estiver lá pelo 50o andar, comerá o resto do resto; se estiver abaixo do 100o andar, não irá comer mais absolutamente nada, já que certamente não sobrou nenhum alimento. Piorando (ou não) o cenário, ao término de cada mês todas as pessoas são aleatoriamente remanejadas para outros andares. Então é muito comum você estar no topo em um mês, e nos andares mais baixos no outro. E vice-versa.

Eu diria que O Poço é uma mistura do clássico cult Cubo (1997) com o famoso filme coreano Expresso do Amanhã (2013), porém superior a ambos. É superior ao Cubo pois consegue passar uma sensação de "morte iminente" de maneira muito mais forte, porém visualmente de maneira menos explícita. E é superior ao Expresso do Amanhã por conseguir fazer sua metáfora sobre duelo de classes de maneira muito mais visceral e realista.

Há muito debate sobre qual a mensagem que O Poço quer passar: seria uma crítica ao capitalismo? Ou uma crítica aos governos e políticos em geral? Eu não vou tanto nestas interpretações e simplifico meu entendimento com uma afirmação: sempre que houver uma sociedade dividida em diferentes classes, teremos conflitos e péssimos comportamentos, e em todas as classes.

Ah, e não posso deixar de comentar que há algumas "pistas" no filme que me fizeram pensar que nada do que vimos aconteceu no mundo real... neste caso, o filme se passaria dentro de algo como o Inferno ou Purgatório. E esta é só mais uma interpretação possível.

O Poço não é um filme "agradável" de assistir, já que é um "soco no nosso estômago", mas ainda assim é excelente, muito bem feito, seu clima de tensão e suspense te gruda na frente da tela até sabermos como o filme irá se concluir. A conclusão aliás, é satisfatória porém um pouco mais "em aberto" do que eu gostaria. Não sou contra finais abertos (aliás até os aprecio, já que eles geram discussões posteriores), mas mesmo assim eu adicionaria alguns minutos após o final para dar algumas explicações.

Em uma época de quarentena onde pessoas vão ao supermercado e egoisticamente acabam com toda a comida, máscaras e álcool gel disponíveis, O Poço é um filme atualíssimo e que nos traz muita reflexão. Nota: 8,0


Jóias Brutas (2019)
Diretores: Benny Safdie, Josh Safdie
Atores principaisAdam Sandler, Julia Fox, Kevin Garnett, The Weeknd, Idina Menzel, Paloma Elsesser, Lakeith Stanfield, Eric Bogosian, Keith Williams Richards, Judd Hirsch

Jóias Brutas é um suspense policial de ritmo frenético, eletrizante. Na história, acompanhamos a vida de Howard Ratner (Adam Sandler), um joalheiro endividado devido seu incontrolável vício em apostas. O filme começa quando ele obtém uma valiosa pedra Opala bruta, cuja venda poderá resolver seus problemas financeiros.

O filme é violento, sarcástico, de roteiro caótico, o que faz todo sentido já que isto reflete totalmente os pensamentos do personagem principal.

Jóias Brutas ficou famoso no meio cinematográfico pela expectativa de que este seria o filme que daria a Sandler uma indicação ao Oscar na atuação. E ainda que ele tenha vencido vários prêmios com este seu desempenho, não rolou... a indicação não veio e o ator expressou publicamente seu desgosto.

Em minha opinião, Adam Sandler manda bem no papel, convence com sua atuação. Ainda assim, fiquei um pouco decepcionado: não considero sua interpretação muito "difícil"; basicamente, ele passa 2h demonstrando apenas uma emoção, que é estar alucinado/bravo xingando as pessoas.

E é exatamente pelo personagem principal ser tão "desagradável" que entendo que Jóias Brutas não é para qualquer público: alguns vão gostar, e outros odiar. No meu caso, pra variar, ficou no meio termo. Achei um filme bom e interessante, mas sem me empolgar. Nota: 6,5.

sábado, 14 de março de 2020

Dupla Crítica - O Farol (2019) e Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (2020)


Mais dois filmes que estrearam nos cinemas brasileiros em 2020 e que ainda não tinham aparecido no Cinema Vírgula. E um deles, a meu ver, merecia ter ganho múltiplas indicações ao Oscar, o que injustamente não aconteceu. Confira ambas as críticas!


O Farol (2019)
Diretor: Robert Eggers
Atores Principais: Robert Pattinson, Willem Dafoe, Valeriia Karaman, Logan Hawkes

O jovem diretor e escritor Robert Eggers de (atuais) 36 anos chamou bastante a atenção do mundo com seu longa metragem de estréia, o terror A Bruxa (2015). Particularmente, não gostei do filme, mas ganhou meu respeito por ser diferente do padrão atual.

Quatro anos depois, agora contando com atores mais talentosos e famosos, Robert volta com O Farol, filmado em preto-e-branco e com a tela numa proporção mais "quadrada" (em 19:16), resolução dos cinemas entre os anos 1926 e 1932. E ele voltou com uma obra muito melhor e impressionante!

Na história, situada pouco antes dos anos 1900, o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) chega em uma ilha isolada para ajudar o velho faroleiro Thomas Wake (Willem Dafoe) com seu trabalho. Não demora muito para que, devido o isolamento, a dupla começe a se estranhar. E a tensão entre ambos só piora com os constantes delírios de Ephraim e o comportamento misterioso de Thomas.

De certa forma, O Farol me lembrou um bocado do filme Mãe (2017), de Darren Aronofsky. Ambos são visualmente fantásticos e perturbadores, trazem grandes atuações, terror psicológico, e contam uma história simplória porém repleta de metáforas e símbolos. Porém O Farol consegue ser bem superior; primeiro por focar mais na história do que na própria produção, segundo porque todas suas metáforas e símbolos PODEM não ser metáforas... ao contrário de Mãe, onde tudo é didaticamente explícito sem deixar dúvidas, na história de O Farol tudo está em aberto: estamos diante da história de dois deuses da mitologia grega (veja a explicação no final deste post), ou de dois marinheiros comuns da vida real? O quanto do filme é delírio e o quanto são fatos que ocorreram? Quão mentiroso é o personagem de Willem Dafoe? Não sabemos nenhuma destas respostas, e é nisso que o filme se torna ainda melhor.

Misturando conceitos de conceitos de Edgar Allan Poe, Psicologia e Mitologia Grega, O Farol é outro filme bem diferente e um pouco difícil de assistir; mas agora sim Robert Eggers me convenceu: já estou ansioso para ver seu próximo filme. Nota: 8,0.


Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (2020)
Diretora: Cathy Yan
Atores principais: Margot Robbie, Rosie Perez, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Ewan McGregor, Ella Jay Basco, Chris Messina

Aves de Rapina estreou e fez considerável barulho; porém não pelo filme em si, mas sim porque foi um fracasso de público e crítica. Sendo que o culpado pela falta de público foi o "nome" do filme (por ser muito grande e não focar só na Arlequina) e o culpado pelas avaliações ruins foi o "machismo".

E discordo de ambas as afirmações acima, feitas pela dona Warner, claro: Aves de Rapina foi mal de público e crítica porque é um filme no máximo mediano, com um roteiro genérico e raso, e personagens muito mal condizidos e aproveitados.

Há um ponto positivo em Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa: as cenas de luta. Elas parecem bem reais e certamente exigiram bastante de todas as atrizes, o que leva minha admiração e respeito. Mas por melhor atriz que você seja, não dá para fazer milagre com um roteiro tão ruim.

Roteiro, alias, escrito por uma mulher: Christina Hodson; cujo "melhor" e mais conhecido trabalho foi o roteiro de Bumblebee (2018). Sério, gente? Um filme tão importante quanto esse para o público feminino e para o Universo DC dos cinemas, e a Warner traz a pessoa que escreveu Bumblebee? Aí não dá...

Ironicamente, a principal falha do filme é justamente ser mais "Arlequina" do que "Aves de Rapina". A srta Harley Quinn não nasceu para ser protagonista (aliás, o próprio personagem fala isto no filme), e então ela deveria dividir o espaço igualmente com as demais heroínas no filme, o que não acontece. Rosie Perez, como Renee Montoya até aparece um pouco; mas já o que fazem com Mary Elizabeth Winstead (Caçadora) e Jurnee Smollett-Bell (Canário Negro) causa um misto de pena e revolta.

Pelo menos o filme possui um ritmo bem acelerado e é bem humorado, o que torna a experiencia de assistí-lo próximo do agradável. Aves de Rapina não chega a ser uma enorme "bomba", mas mais uma vez é uma enorme oportunidade disperdiçada pela Warner. Nota: 5,0.



PS - explicação sobre o filme "O Farol": uma possível interpretação para o filme é que o personagem de Dafoe seja o deus grego Proteu; já o personagem de Pattinson seria o deus Prometeu.

domingo, 8 de março de 2020

Especial Dia Internacional da Mulher: Lucille Ball e seu enorme legado para a cultura POP


Se você possui menos de 30 anos, dificilmente reconhecerá o seriado (e a protagonista) da imagem acima. Se trata de uma sitcom dos anos 50 de nome I Love Lucy, e a atriz... é Lucille Ball.

Para o grande público, "Lucy" sempre será a esposa de classe média inocente e muito atrapalhada do seriado. Mas o que poucos sabem é que Lucille Ball revolucionou a TV e chegou a ser a mulher mais poderosa da TV estadunidense em seu tempo. Nada mais apropriado então, neste Dia Internacional da Mulher, conhecer um breve resumo de sua história e seu legado.

Nascida em Agosto de 1911 como Lucille Désirée Ball, esta nova iorquina iniciou sua carreira de atriz na Broadway nos início dos anos 30, década onde também faria pequenas pontas em alguns filmes. Já na década de 40 ela assinaria com a MGM, fazendo dezenas de filmes e alcançando fama nacional, ainda que só conseguisse ser protagonista em "filmes B". "Lucy" também passou por diversos programas de rádio, e em 1948 ela fez um enorme sucesso com o programa My Favorite Husband, da rádio CBS.

I Love Lucy
Não demorou muito para que a CBS quisesse levar seu sucesso dos rádios para a TV. Porém, para fechar contrato, Lucille Ball bateu o pé e disse que só aceitaria o programa se ele fosse co-protagonizado por seu marido, o cubano Desi Arnaz. Porém os executivos da CBS não acreditavam que o público aceitasse um casal formado por uma tradicional ruiva americana e um cubano de forte sotaque latino.

A dupla não desistiu: com dinheiro próprio, fundaram a primeira produtora independente da TV, a Desilu Productions ("Desi" do marido + "Lu" de Lucille...  quanta criatividade não?) e gravaram um episódio piloto. E mais uma vez, a CBS não se convenceu. Então Lucille e Desi resolveram promover seu potencial seriado fazendo um tour pelos EUA apresentando os personagens em teatros. Com o sucesso da turnê, enfim a CBS aceitaria fazer o programa com a dupla: em 1951 estreava nas TVs o seriado I Love Lucy.


Durante suas 6 temporadas, I Love Lucy venceu 5 Emmys e foi "o" programa de TV mais assistido nos EUA por 4 anos. Lucille Ball se consagraria como grande comediante não somente pelas piadas do seu seriado, mas principalmente pelas suas "caretas" e comédia física.

Fazendo História
I Love Lucy foi mais do que um grande sucesso comercial. Ele foi revolucionário. Para começar, ela e Desi formaram o primeiro casal inter-racial da TV dos EUA. Aliás, quando seu programa estreou, Lucille tinha 40 anos, na época uma idade muito alta em mulheres para os padrões de Hollywood. No ano seguinte Lucy engravidaria na vida real e o casal convenceu a CBS a levar a gravidez para as telinhas, com ela se tornando então a primeira atriz na história da TV a interpretar uma gestante estando grávida de verdade.

Mas I Love Lucy também mudou a maneira como se fazia seriados nos EUA: sendo avessos a se mudarem de sua casa em Los Angeles para Nova York (onde as principais séries de TV eram feitas na época, e no caso das sitcoms, todas "ao vivo"), Lucille e Desi resolveram pagar do próprio bolso para fazer o show em LA e gravarem os episódios em fitas de filme: uma criativa maneira para garantir a exibição por todo país com qualidade nas imagens. Por serem eles mesmos seus próprios financiadores, a Desilu recebeu como "compensação" da CBS ter os direitos do seriado.


E não para por aí: o formato tradicional (até hoje) das sitcoms, onde os atores ficam em um pequeno cenário, filmado por múltiplas câmeras e diante de uma platéia real de fãs foi inaugurado por I Love Lucy! O seriado foi filmado por 3 câmeras simultâneas, o que permitia cortes e edição por ângulos diversos. Antes de I Love Lucy o padrão era ter câmera única e sem platéia nenhuma.

Em uma tacada só Lucille Ball e sua produtora iniciaram o processo que mudou o local de produção, o modo de produção, e a maneira de distribuição dos seriados estadunidenses.

Jornada nas Estrelas
Em 1960 Lucille encerraria seu casamento de 20 anos com Desi Arnaz e compraria a participação do ex-marido na Desilu por US$ 2,5 milhões, se tornando então a primeira mulher da história a ser dona única e CEO de uma produtora grande de TV.

Com seu estúdio procurando por ideias inovadoras para seriados, em 1964 lhe foi apresentado o Jornada nas Estrelas (Star Trek), de Gene Roddenberry. Acreditando no potencial da série, Lucille foi contra a opinião da Diretoria de seu estúdio e autorizou a caríssima produção de um episódio piloto, a ser apresentado para a emissora NBC. Infelizmente a NBC recusou o programa, mas de modo surpreendente, aceitou uma segunda tentativa. Eis então que mais uma vez Ball foi contra a opinião de sua Diretoria e bancou a produção do segundo piloto, este enfim aceito pela NBC.


Em 1967 - após a exibição apenas da primeira temporada de Star Trek - "Lucy" venderia 100% de seu estúdio para a Paramount Pictures, por US$ 17 milhões (130 milhões nos padrões atuais). Mas sua imprescindível contribuição para Jornada nas Estrelas já estava feita.

Ah, e lembra de que 1964 a Desilu procurava por novas idéias de seriado? Pois eles também encontraram e criaram Missão: Impossível. Assim como Jornada nas Estrelas, Missão: Impossível também estreou nas TVs em 1966; e também se tornou um enorme sucesso mundial.

Curiosidade: além da Desilu, sabem o que mais Jornada nas Estrelas e Missão: Impossível têm em comum? Leonard Nimoy! Pois é: assim que Star Trek foi cancelado, o eterno Spock foi para o Missão Impossível, onde participou de 2 temporadas.


As últimas décadas... e a despedida
Após a venda de seu estúdio, Lucille também pretendia se despedir de seu segundo seriado de sucesso, The Lucy Show, que durou de 1962 a 68 e já não contava com a participação de Desi Arnaz. Porém, com a promessa de ter seus dois filhos reais no elenco (Lucie Arnaz e Desi Arnaz Jr.), Lucille voltou para a TV no mesmo ano com uma nova sitcom, de nome Here's Lucy. Com 6 temporadas, o seriado foi exibido entre 1968 a 1974.

Here's Lucy também foi muito bem de audiência, porém durante sua quinta temporada, em 1973, o seriado já não aparecia entre os 15 programas mais assistidos da TV dos EUA: era a primeira vez que isto acontecia com qualquer um dos programas de "Lucy" como protagonista. Tendo passado mais de 20 anos fazendo esta personagem, Lucille quis encerrar seu programa aí mesmo; porém foi convencida pela CBS a fazer mais uma - e última - temporada.

Após o fim de Here's Lucy, Ball continuou presente na TV até 1985, porém fazendo apenas pequenas apresentações ou sendo a apresentadora de especiais de comédia. Em 1986 viria seu último ato: a comédia Life with Lucy, onde ela retornaria com sua personagem máxima pela última vez, aos 74 anos. Infelizmente o programa foi um fracasso de audiência e teve apenas 13 episódios.

A grande Lucille Ball morreria em Abril de 1989, aos 77 anos, apenas 1 mês depois de sua última aparição pública - no Academy Awards (o "Oscar") de mesmo ano - onde o público todo se levantou e a aplaudiu em pé. Muitíssimo merecido! Obrigado por tudo, Lucille!


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Dupla Crítica animações - Klaus (2019) e Frozen 2 (2019)

Hoje vamos de animações. A primeira estreou na Netflix em Dezembro de 2019 e a segunda estreou nos cinemas brasileiros em Janeiro deste ano. Ou seja, não são mais tããão recentes assim, mas estava devendo mais criticas pra vocês. Seguem meus comentários!


Klaus (2019)
Diretores: Sergio Pablos, Carlos Martínez López
Atores principais (vozes): Jason Schwartzman, J.K. Simmons, Rashida Jones, Will Sasso, Norm MacDonald, Joan Cusack

Uma produção espanhola, original Netflix, mas com inglês no idioma original. Pelo nome do filme imaginei que fosse mais uma história de sempre de origem do Papai Noel; porém para minha surpresa, Klaus traz várias novidades.

Excluindo algumas poucas "licenças narrativas" presentes em qualquer desenho animado, Klaus surpreende ao inventar uma origem "real" para o Papai Noel, sem magias ou milagres: a lenda do Papai Noel é nada menos que a junção do trabalho de um carteiro e de um lenhador/marceneiro.

O resultado é uma história nova, bonita, engraçada e até "fofa"... recomendado para a família toda assistir, dos mais velhos aos pequerruchos, principalmente em época de Natal. Nota: 7,0.

Frozen 2 (2019)
Diretores: Chris Buck, Jennifer Lee
Atores principais (vozes): Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff, Sterling K. Brown, Evan Rachel Wood, Alfred Molina

Para um filme que teve um enorme sucesso, até demorou mais que o normal para sair sua continuação. Somente após 6 anos, Frozen voltou aos cinemas. E não voltou bem.

Para começar, provavelmente inspirados na música Let it Go do primeiro filme, que virou um hit mundial, Frozen 2 tem ainda mais músicas que o filme original, dá quase para dizer que esta animação é um musical. Porém, se aqui as músicas são em maior número, elas são piores e algumas sem qualquer propósito narrativo; é como se estivéssemos vendo uma sequencia clipes musicais sem uma história por trás. Outra possível explicação para o excesso de músicas é o roteiro... ou melhor, a falta de qualidade do mesmo. Com uma história sem pé nem cabeça sobre os quatro elementais, somado a uma "lenda" importantíssima de que nunca ouvimos falar no filme anterior, talvez a solução foi lotar o filme de músicas para preencher espaços que o roteiro não conseguiu.

Felizmente nem tudo falha em Frozen 2: visualmente a animação continua belíssima, com paisagens deslumbrantes, Olaf continua engraçado, e, "o" ponto alto do filme anterior foi pelo menos mantido: a bela relação entre as irmãs Elsa e Anna. A dupla continua a emocionar, e isto já vale o filme. Outra qualidade de Frozen 2 foi dar um desfecho melhor à Elsa, já que no primeiro filme o destino da personagem ainda não era totalmente satisfatório. Nota: 5,0.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...