terça-feira, 22 de junho de 2021

Crítica - Cruella (2021)

 
Título: Cruella (idem, EUA / Reino Unido, 2021)
Diretor: Craig Gillespie
Atores principais: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, John McCrea, Emily Beecham, Mark Strong, Kayvan Novak, Kirby Howell-Baptiste, Jamie Demetriou
Nota: 6,0

Um conto de fadas visualmente impressionante

Atualmente nos cinemas nacionais, e disponível via Disney+ daqui um mês, Cruella recicla a idéia que a empresa do Mickey já teve com Malévola, trazendo agora a vilã do clássico filme 101 Dálmatas (1961) como a heroína da vez.

Na história, que se passa bem antes dos eventos de 101 Dálmatas, aprendemos que Cruella (Emma Stone) era uma criança pobre de nome Estella, e que já nesta idade conheceu seus eternos capangas Horácio (Paul Walter Hauser) e Gaspar (Joel Fry). Ao realizar seu grande de sonho de ser uma estilista, trabalhando pela rica e famosa Baronesa (Emma Thompson), não demora muito para que a garota sofra nas mãos da chefe, descubra seus segredos sombrios, e resolva destroná-la no mundo da Moda.

As duas Emmas, como grande atrizes que são, estão muito bem em Cruella. Mas o maior atrativo do filme nem são elas, e sim, todo o visual desta produção. Seja devido a fotografia excelente, ou aos vários cenários incríveis, ou aos centenas de figurinos deslumbrantes. Visualmente Cruella é um conto de fadas de altíssimo nível. O filme também me agradou no uso da câmera, explorando constantemente ângulos diferentes e "impossíveis", e trazendo alguns planos-sequência bem bacanas.

Já em termos de roteiro Cruella não empolga. A história até divertida, mas é clichê, e falha ao ficar dando explicações no como Cruella virou a vilã que conhecemos no futuro. Há alguns momentos bem ruins, como por exemplo de onde surgiu o sobrenome "de Vil", em um trecho tão constrangedor como a explicação do sobrenome "Solo" de Han em Han Solo: Uma História Star Wars (2018). E por falar em copiar exemplos ruins, as pessoas não perceberem que Cruella e Estella são a mesma pessoa é tão bobo como não perceber que Clark Kent é o Superman. Essa "inocência" de roteiro da época de se amarrar cachorro com linguiça está presente em todo o filme.

Também me desagradou perceber no final que a história contada não é 100% fiel ao universo mostrado no 101 Dálmatas. Há algumas definições que contradizem a Cruella mostrada no clássico original.

Sendo apenas um bom passatempo e nada mais, Cruella deverá agradar mais os olhos do que a mente. Para quem quiser se perder em vestidos maravilhosos, mansões espetaculares, o filme é uma ótima pedida. Nota: 6,0.



PS: o filme tem uma cena extra importante logo no começo da apresentação dos créditos finais, não perca!

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #004 - O excêntrico Bill Murray

 

Se você leu meu artigo anterior, verá que fiz referência (mais uma vez neste blog) ao clássico filme de comédia dos anos 90, Feitiço do Tempo. Está na hora então de conhecermos um pouco mais sobre Bill Murray, o protagonista desta comédia romântica que foi muito copiada desde então.

Muitos nomes do showbiz vivem, além de seu talento, da fama proporcionada por seu comportamento incomum. E o ator / comediante Bill Murray, hoje com 70 anos e ainda na ativa, é certamente um deles.

Bill Murray se tornou famoso no final dos anos 70, através do programa de TV Saturday Night Live. Nos anos 80 ele participou de vários filmes de sucesso - sendo os principais deles os dois Os Caça-Fantasmas (1984 e 1989) - e sempre trabalhando com o diretor Ivan Reitman e o roteirista / diretor Harold Ramis. 

O auge de seu sucesso veio com Feitiço do Tempo (1993), dirigido por Ramis, e é deste filme a primeira da lista de "excentricidades" do ator. Vamos a elas?

  • Não muito animado em participar de Feitiço do Tempo, Murray evitava ao máximo qualquer contato com a produção, sendo um sacrifício para qualquer um entrar em contato com ele. Harold Ramis então sugeriu a Bill para que ele contratasse um assistente pessoal para tratar desses assuntos. Dito e feito, Bill Murray contratou um jovem surdo como assistente. Detalhe: ninguém da produção, nem mesmo Murray, sabia falar na linguagem de sinais. Como todos sabemos, o filme foi concluído com sucesso. Mas depois deste episódio Harold rompeu em definitivo com Bill e nunca mais trabalhou com ele.
  • E essa dificuldade de contato se mantém até hoje. Bill Murray não tem nenhum agente, relações públicas ou assistente. Ele tem um número de telefone comercial de onde recebe mensagens via correio de voz.
  • Seu temperamento instável já garantiu vários problemas no trabalho. Por exemplo durante a gravação do filme Nosso Querido Bob (1991), quando Richard Dreyfuss sugeriu a Murray mudar alguns diálogos, o ator retrucou ofendendo-o e atirando um enorme cinzeiro de vidro em sua direção. Na produção deste mesmo filme, Bill jogou a produtora do filme Laura Ziskin em um lago durante uma discussão.
  • Outro caso de discussão famoso ocorreu nas filmagens de As Panteras (2000), Bill Murray criticou diante de toda a equipe a qualidade de interpretação de Lucy Liu, que de tão irritada, chegou até a dar alguns socos no ator. Embora negado oficialmente por Lucy, o consenso é que este episódio realmente ocorreu, e de fato, Murray não foi convidado para repetir seu papel de Bosley na continuação As Panteras: Detonando (2003)... em seu lugar apareceu o ator Bernie Mac.

  • Mas Bill Muray não vive só de tretas, pelo contrário. Em 2014 o ator resolveu se intrometer na sessão de fotos de noivado de um casal de desconhecidos que viu em frente de uma Igreja, e uma das provas está na imagem acima. No mesmo ano, ele invadiu uma festa de despedida de solteiro e resolveu fazer um discurso, dando conselhos para o então desconhecido noivo.

  • No festival SXSW (South by Southwest) de 2010, Bill fez amizade com um dos bartenders, que o convidou para distribuir bebidas junto com ele, no que o ator aceitou empolgadamente. A partir daí Murray passou a preparar bebidas para os clientes. Detalhe: não importa qual o drink que a pessoa pedia, Bill Murray sempre entregava tequila.
  • Há vários relatos (e algumas fotos) de Bill Murray passeando por Nova York, aceitando aleatoriamente convites de cantar em Karaokês, ou aparecendo em restaurantes roubando batatas fritas de turistas.
  • Após o término de uma partida de basquete universitário que Murray assistia, um garoto apresentou a Bill a sua bisavó, que estava fazendo 94 anos, e por isso pediu a ele que tirasse uma foto com ela como presente. Murray então respondeu: "Não acha que deveríamos cantar parabéns para ela?". Então Bill Murray e o bisneto cantaram juntos o "Parabéns para você" completo para a aniversariante.

  • E, para encerrar: em 2016 Bill Murray estava em Washington para receber um prêmio, e resolveu invadir a conferencia de imprensa que estava acontecendo na Casa Branca. Os repórteres presentes entraram na brincadeira, começaram a chamar Murray de "Senhor Presidente", e fizeram uma sessão de perguntas aleatórias por alguns minutos.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

domingo, 6 de junho de 2021

Crítica Netflix - Dois Estranhos (2020)

 

Título: Dois Estranhos ("Two Distant Strangers", EUA, 2020)
Diretores: Travon Free, Martin Desmond Roe
Atores principais: Joey Bada$$, Andrew Howard, Zaria, Mona Sishodia
Nota: 8,0

Forte mensagem seguindo o movimento #BlackLivesMatter

Bastante inspirado no triste episódio de violência policial e racismo ocorrido nos EUA com a morte de George Floyd, Dois Estranhos junta este delicado e atual tema com o loop temporal da clássica comédia Feitiço do Tempo (1993). Mas aqui não há nada para se rir, muito pelo contrário.

Sendo um curta-metragem com 32 minutos de duração, Dois Estranhos é produção original Netflix e vencedora do Oscar de Melhor Curta-Metragem de 2021. Na história, o jovem negro Carter (Joey Bada$$) acorda na casa de Perri (Zaria) após uma noite de amor. Ao sair da casa da namorada, é abordado pelo policial Merk (Andrew Howard), que acaba o agredindo e matando-o. Então Carter acorda novamente na casa de Perri para o ciclo começar novamente...

Não posso dar muito mais detalhes da trama, pois o filme esconde várias surpresas. Gosto da solução encontrada por Carter para resolver o problema, das reviravoltas, e da mensagem final, até otimista.

Se a estrutura de loop temporal é algo clichê hoje em dia, pelo menos o curta consegue sair do senso comum, o que é muito bem vindo; além disto, e principalmente por isso, Dois Estranhos leva o espectador a se indignar e a refletir. Até por ser bem curto, é um filme que indico para todos assistirem. Nota: 8,0

domingo, 23 de maio de 2021

Crítica Netflix - Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (2021)

Título: Army of the Dead: Invasão em Las Vegas ("Army of the Dead", EUA, 2021)
Diretor: Zack Snyder
Atores principais: Dave Bautista, Ella Purnell, Omari Hardwick, Ana de la Reguera, Theo Rossi, Matthias Schweighöfer, Nora Arnezeder, Hiroyuki Sanada, Garret Dillahunt, Tig Notaro, Raúl Castillo, Huma Qureshi, Samantha Win, Richard Cetrone
Nota: 4,0

Zack Snyder entrega o que sabe. Mais pro mal do que pro bem

Embora já tenha começado sua carreira acumulando as funções de Diretor e Diretor de Fotografia, foi com sua Fotografia que Zack Snyder ficou inicialmente famoso e chamou a atenção de Hollywood. Seu primeiro longa-metragem foi Madrugada dos Mortos (2004), e quase duas décadas depois, Zack retorna ao gênero que um dia o lançou.

Em Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, Snyder é Diretor, Roteirista e Diretor de Fotografia. E se ao longo de sua carreira Zack Snyder sempre entregou imagens excepcionais, filmes medianos, e roteiros ruins, em seu novo lançamento o diretor estadunidense replicou à risca sua trajetória nos Cinemas: a Fotografia em seu novo filme é o único aspecto bom e admirável; tecnicamente a produção é ok, e o roteiro... meu Deus... pavoroso!

Não é só que o roteiro é péssimo e clichê; seus diálogos são sofríveis, a mitologia zumbi criada dentro do filme não faz sentido, e para variar, ele que tradicionalmente não sabe desenvolver seus personagens, mais uma vez lota o elenco desnecessariamente. É só ler na descrição acima e ver a absurda quantidade de atores e atrizes que dividem a cena.

Não há muito o que falar de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas... em resumo é uma espécie de Onze Homens e um Segredo zumbi onde tudo, menos a qualidade das imagens, é ruim. Até o elenco escalado é pavoroso... o nível é tão baixo que o protagonista Dave Bautista não é o pior em cena.

Ah, sim... e claro que em se tratando de Zack Snyder, o filme é longo: 2h e 28min. Então se prepare, o sofrimento ao vê-lo não acabará rápido. Menos mal que estando na Netflix, você pode pausar o filme quando quiser, e se aborrecer em doses homeopáticas. Nota: 4,0.

sábado, 22 de maio de 2021

Dupla Crítica Filmes Netflix - Fuja (2020) e O Informante (2019)


Bom dia, boa tarde, boa noite. Segue a critica de mais dois lançamentos da Netflix Brasil, e que curiosamente não são produções originais da empresa do logotipo vermelho... são filmes de outros estúdios cujos direitos de transmissão foram comprados posteriormente. Temos aqui dois suspenses... um que se aproxima do terror, e outro policial. Vamos a eles!



Fuja (2020)
Diretor: Aneesh Chaganty
Atores principais: Sarah Paulson, Kiera Allen

A história começa com uma Diane (Sarah Paulson) dando luz a um bebê. Algo dá errado, e a criança é levada a uma incubadora. Então as imagens param e aparece na tela a definição de algumas doenças. Novo corte: vemos nos dias de hoje a adolescente Chloe (Kiera Allen), filha de Diane, e sua vida de dificuldades e superação, devido a problemas como a paralisia das pernas e asma. Mãe e filha vivem bem, até que Chloe vê algo estranho em uma das medicações que toma... e a trama efetivamente começa.

Dentre os pontos fortes de Fuja, primeiro temos as boas atuações da dupla principal. Além disto, o clima de suspense / terror do filme é bem construído... embora as vezes até demais: algumas cenas que deveriam ser "normais" também recebem uma trilha sonora "assustadora", o que não faz muito sentido. Fuja, aliás, em geral abusa da trilha sonora para fazer seu suspense.

A história contada é sem dúvida interessante, e prende a atenção. Há um mistério a ser resolvido, e quando enfim descobrimos as explicações, embora não haja nenhum furo de roteiro, ele não faz muito sentido. E é nisso que Fuja perde muitos pontos. Entretanto quem está em busca de um filme de terror / suspense básico, Fuja não deverá decepcionar.

Curiosidade: a atriz Kiera Allen é cadeirante na vida real. Suas pernas paralisaram quando ela se aproximou dos 18 anos, e até hoje não se sabe o motivo. Keira é a segunda atriz verdadeiramente cadeirante a protagonizar um filme de terror / suspense. A pioneira foi Susan Peters, por O Signo de Aries (1948). Atriz de considerável fama em Hollywood, Susan perdeu o movimento das pernas em 1945, após levar um tiro acidental que a acertou no abdômen, atingindo a coluna cervical. Nota: 6,0.



O Informante (2019)
Diretores: Andrea Di Stefano
Atores principaisJoel Kinnaman, Rosamund Pike, Common, Mateusz Kosciukiewicz, Karma Meyer, Ana de Armas, Clive Owen, Eugene Lipinski

Confesso que não estava com vontade de ver O Informante após ler algumas críticas não muito favoráveis a ele. Porém, por ser fã da Rosamund Pike e quer avaliar melhor o trabalho de Joel Kinnaman como ator (que foi mal em Robocop (2014) e em Esquadrão Suicida (2016), mas sempre tive dúvida se a "culpa" não era dos filmes, que certamente não ajudaram), e acabei assistindo.

Bem, se Rosamund não decepciona, o mesmo não se pode dizer de Joel... de fato, ele é um ator no máximo mediano. Como protagonista em um papel de ex-presidiário e infiltrado em entre traficantes, Kinnaman é incapaz de convencer como "malvado". Se fosse na vida real em questão de minutos ele teria sido desmascarado pelos bandidos.

A história, baseada em um livro sueco de 2009 de nome Tre Sekunder (Três Segundos), é bem genérica. Temos vários clichês, e uma enfadonha "briga" entre o FBI e a Polícia de Nova York. Entretanto, para minha surpresa, o filme tem algumas reviravoltas e a trama melhora com o passar do tempo. Pena que o desfecho joga tudo isso fora sendo desanimador de tão previsível.

O Informante teve custos aproximados de US$ 60 milhões, mas é uma produção consideravelmente simples. Imagino que boa parte do dinheiro tenha sido gasto para trazer os vários nomes famosos que participam da produção. Nota: 5,0.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #003 - Darth Vader foi atleta Olímpico!!!!

Essa os fanáticos por Star Wars devem saber: quem foi o ator que interpretou Darth Vader na trilogia clássica? Foi David Prowse (1935-2020), o homem na foto acima. E ele foi medalhista olímpico? Não, embora tenha sido um atleta profissional antes de, já mais velho, virar ator.

Prowse, muito forte e com 1,92m de altura, foi primeiro fisiculturista e depois halterofilista. No halterofilismo chegou a representar a Inglaterra nos Jogos da Commonwealth de 1962, uma espécie de "Olimpíada" disputada apenas por países do "mundo britânico" (países da Grã Bretanha, além de suas colônias e ex-colônias).

Porém, o que poucos sabem é que a pessoa que vestia o traje de Darth Vader nas longas cenas de batalha com sabre de luz, tanto em O Império Contra-Ataca (1980) quanto em O Retorno de Jedi (1983) não era David, e sim, o grande Bob Anderson (1922-2012). Grande não pela estatura (embora tivesse 1,85m), mas sim pelo que fez dentro e fora dos cinemas.

Nascido Robert James Gilbert Anderson, o também inglês Bob Anderson foi soldado condecorado da Segunda Guerra Mundial, e disputou as Olimpíadas de Helsinque em 1952, fazendo parte da equipe britânica de esgrima. Ele e seu time terminaram em 5o lugar. Após disputar o Campeonato Mundial de esgrima de 53, Bob se aposentou definitivamente de campeonatos e teve sua primeira chance em Hollywwod ao ser contratado para fazer as coreografias de luta do filme Minha Espada, Minha Lei (1953), além de também treinar o ator principal Errol Flynn.

Bob Anderson, esse sim foi "o" cara!

Bob Anderson é certamente o mais famoso e importante coreógrafo e treinador de lutas de espadas da história do cinema estadunidense. Se como "dublê" a única atuação relevante foi a de Darth Vader, já como coreógrafo e treinador ele foi o nome responsável das espadas em filmes como Highlander: O Guerreiro Imortal (1986), Os Três Mosqueteiros (1993), Lancelot, o Primeiro Cavaleiro (1995), A Máscara do Zorro (1998) e A Lenda do Zorro (2005), Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003) e os três filmes da trilogia do Senhor dos Anéis (2001-2003)!!

E aí, conheciam a história de Bob Anderson? E de David Prowse? Para encerrar a homenagem, seguem mais fotos dos dois.

Mark Hamill antes de tomar uma "surra" de Bob Anderson


David Prowse (esq.) e Bob Anderson (dir.) em uma das últimas fotos juntos



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 15 de maio de 2021

Crítica Netflix - Oxigênio (2021)

Título: Oxigênio (Oxygène, EUA / França, 2021)
Diretor: Alexandre Aja
Atores principais: Mélanie Laurent, Malik Zidi, Marc Saez, Mathieu Amalric
Nota: 7,0

Boa trama garante tensão e mistério do início ao fim

Oxigênio é um filme francês original Netflix, e que vem recebido boa aceitação do público. Na história, Liz (Mélanie Laurent, que interpretou a Shosanna em Bastardos Inglórios) acorda presa dentro de uma câmara médica, e sem nenhuma memória passada. Mas ela ainda possui alguém para interagir, o computador médico M.I.L.O. (Mathieu Amalric). E o nome do filme se justifica pois ao despertar, a protagonista é informada que o nível de oxigênio de seu recipiente está acabando e ela tem apenas cerca de 1 hora de ar disponível para sobreviver.

O suspense em Oxigênio é muito bem construído. Ao mesmo tempo ficamos preocupados com o motivo de Liz estar lá dentro, quem ela é, aonde ela está, e como (e se) ela conseguirá se livrar a tempo. Isso sem contar com as estranhas imagens de ratos de laboratório que aparecem do nada ao longo do filme. Em outras palavras, o suspense não se dá apenas devido aos riscos que a protagonista está sujeita, mas também por todo um mistério envolvido, tornando o filme também um quebra-cabeças.

Estranhamente, apesar de presa dentro de um pequeno espaço, em nenhum momento Oxigênio transmite a sensação de claustrofobia. A câmara é bem iluminada e de interior agradável. Mesmo assim, esta ausência não interfere no clima de tensão do filme, que me deixou grudado na tela e bastante interessado durante o tempo todo. 

Em Oxigênio o filme passa quase o tempo todo dentro da câmara médica, onde vemos Liz e ouvimos M.I.L.O.. Mais nada. Ocasionalmente vemos imagens de flashbacks. Não vou comentar mais sobre o filme ou sua trama para não dar nenhum spoiler. Mas adianto que o desfecho é satisfatório e a presença dos ratinhos não é gratuita, e nos faz pensar.

Até por não ser uma produção sofisticada (mas bem feita) Oxigênio me surpreendeu pela qualidade,  certamente acima da média das produções Netflix. Não é a primeira vez que vemos uma história de alguém lutando contra o tempo para fugir de um local pequeno e hostil, mas é muito agradável constatar que Oxigênio evita a maioria dos clichês do gênero. Nota: 7,0


PS: originalmente a atriz escalada para protagonizar o filme foi Anne Hathaway, que posteriormente acabou desistindo e substituída por Noomi Rapace. Após alguns meses "congelada", a produção foi retomada e a competente Mélanie Laurent assumiu o papel principal quando o francês Alexandre Aja assumiu a direção.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #002 - Tom Selleck, o Indiana Jones

Sabem aqueles casos onde um ator recusa um filme que posteriormente se tornaria um enorme sucesso? Bem, isso aconteceu com Tom Selleck. Ou melhor, não aconteceu, já que ele aceitou o papel e a culpa não foi dele. Deixem-me explicar melhor:

Quando Os Caçadores da Arca Perdida foi desenvolvido, Steven Spielberg queria originalmente Harrisson Ford para o papel de Indiana Jones, mas George Lucas era contra, alegando que o ator já havia participado de seus últimos três filmes (American Graffiti e dois Star Wars) e não queria que Ford se tornasse o "seu Robert de Niro" (em referência aos vários trabalhos de De Niro com Martin Scorsese). O primeiro nome de consenso entre Spielberg e Lucas para o papel do protagonista foi então o ator Tom Selleck.

Tom chegou a fazer testes para o papel e topou o projeto; entretanto, ele já havia assinado um contrato para estrelar o futuro seriado de TV, Magnum P.I. cujas filmagens deveriam começar no mesmo ano de Os Caçadores da Arca Perdida. O coitado até tentou cancelar o contrato, mas o estúdio que iria produzir a série recusou e o manteve "preso" em seu compromisso. Com isso, Spielberg e Lucas optaram por Harrison Ford e o resto é história. E para uma infelicidade ainda maior de Selleck, as filmagens de Magnum atrasaram meses, e quando o primeiro filme de Indiana Jones foi completado, o seriado ainda não havia sido iniciado.

Mas a história não para por aí! Saibam que as 4 fotos deste artigo são reais, não são nenhuma montagem! Esta foto aqui acima é dos testes feitos por Tom Selleck para Os Caçadores da Arca Perdida. Mas a foto do topo deste texto, mais as duas fotos abaixo, no final do artigo, vieram de outra fonte...

Nada como aprender a ri de si mesmo: em 1988, 7 anos após Indiana Jones estrear nos cinemas, eis que na 8ª e última temporada de Magnum P.I surge o episódio Legend of the Lost Art (algo como Os Caçadores da Arte Perdida). Sim! Uma paródia de Indiana Jones! Na história, Magnum é contratado para recuperar um importante manuscrito de uma civilização perdida antes que ele "caia em mãos erradas". E então Tom Selleck pega um chapéu e chicote e sai em selvas e cavernas para recuperar o artefato. Curioso, não? ;)


segunda-feira, 10 de maio de 2021

Crítica - Druk - Mais Uma Rodada (2020)

Título: Druk - Mais Uma Rodada ("Druk", Dinamarca / Holanda / Suécia, 2020)
Diretor: Thomas Vinterberg
Atores principais: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe, Maria Bonnevie
Nota: 6,0

Filme provoca interessantes reflexões sobre o consumo do álcool

Dada a premissa de Druk - Mais Uma Rodada - quatro desanimados professores do ensino médio que decidem ficar durante todo o tempo levemente alcoolizados para melhorar suas performances sociais e profissionais - imaginei que o filme seguiria um dentre dois caminhos clichês: ou seria uma apologia ao consumo do álcool, ou seria um drama onde tudo começaria bem e terminaria em tragédia.

Para minha leve surpresa, o filme é uma mistura das duas opções. Traz uma história interessante, mas nem por isso inovadora. Druk é bom tecnicamente mas sem nenhum destaque em especial. Em termos de atuações, apenas o protagonista Mads Mikkelsen se sobressai.

O melhor de Druk - Mais Uma Rodada são as reflexões que ele provoca. Em especial, para mim foram duas: primeiro a crítica de como a escola atual é ultrapassada no mundo todo, mesmo em países de primeiro mundo como a Dinamarca; é um fardo tanto para professores quanto alunos. E, segundo, a importante constatação de o quanto o álcool está presente o tempo todo em nossa sociedade. O consumo de bebidas está intimamente ligado aos melhores e piores momentos do cidadão comum: usamos o álcool para festejar literalmente qualquer tipo de conquista, ou então em um clima oposto, para fugir de qualquer drama pessoal.

Vencedor do Oscar 2021 de Melhor Filme Estrangeiro, Druk - Mais Uma Rodada é um filme interessante e agradável de se ver, porem de impacto distante dos elogios e prêmios que vem recebendo. Nota: 6,0

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...