sábado, 14 de dezembro de 2024

Lançado Indiana Jones and the Great Circle, o novo jogo de Indiana, que é como se fosse um novo filme!

Apesar de ser uma das maiores franquias de filmes do planeta, o último jogo de videogame para Indiana Jones havia sido lançado no hoje longínquo 2009 - Indiana Jones and the Staff of Kings - para os consoles Nintendo DS, Nintendo Wii, PlayStation 2 e PSP.

E então 15 anos depois, mais precisamente na semana passada, tivemos o lançamento mundial de Indiana Jones and the Great Circle, para Xbox Series X/S e PC. A espera parece ter valido a pena, pois o jogo tem sido amplamente aclamado por fãs, jogadores e mídia especializada, e já está sendo considerado um dos melhores jogos deste ano.

O jogo foi desenvolvido pela MachineGames e publicado pela Bethesda Softworks, mesma dupla que assumiu em 2014 a franquia de jogos de tiro em primeira pessoa Wolfenstein, ambientada na 2ª Guerra Mundial. Indiana Jones and the Great Circle também é um jogo de ação em primeira pessoa, feito portanto por quem sabe do assunto.

O jogo mistura bastante ação e quebra-cabeças para o jogador resolver, porém, mais que tudo isso, Indiana Jones and the Great Circle também se preocupou bastante em trazer uma história. Aliás, se preocupou até demais: são quase quatro horas de cutscenes (!), o que torna esta produção muito próxima de um novo filme. Ambientado em 1937, ou seja, entre os filmes Os Caçadores da Arca Perdida e Indiana Jones e a Última Cruzada, a trama mostra Indiana percorrendo por diversos sítios arqueológicos do mundo - que se ligam pelo globo formando um "Grande Círculo" - tudo isso para evitar a liberação de um grande e antigo poder.

Este roteiro permite o jogador explorar diversos lugares famosos, como por exemplo, Roma, Egito e Machu Picchu e também traz um número bem grande de referências aos filmes antigos do Indiana. O ator contratado para fazer a captura de movimentos e as vozes de Indiana Jones foi Troy Baker, o mesmo ator responsável pelo personagem Joel nos jogos da franquia The Last of Us. A voz de Troy imitando Harrison Ford ficou muito parecida, bastante impressionante!

Além das imagens que coloquei aqui no artigo para vocês babarem um pouco com o jogo (sim, até a foto inicial deste artigo é uma foto real do game), segue mais abaixo um vídeo de 15 minutos (em inglês) lançado pela própria Bethesda apresentando o gameplay de Indiana Jones and the Great Circle.

Ah, para quem quiser jogar este jogo no Playstation 5, há um acordo entre a Microsoft e a Bethesda para que seus jogos tenham prioridade no Xbox... Ainda assim, o lançamento para o PS5 vai acontecer um dia, e a previsão atual é que seja entre Abril e Maio de 2025.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Crítica Netflix - O Poço 2 (2024)

Título: O Poço 2 ("El Hoyo 2", Espanha, 2024)
Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia
Atores principais: Milena Smit, Hovik Keuchkerian, Natalia Tena, Óscar Jaenada
Nota: 6,5

Bem pior que o primeiro, bem melhor do que estão avaliando

O dinheiro move a humanidade. Então, claro, cinco anos após o surpreendente filme espanhol O Poço, sucesso de crítica e audiência, a Netflix lança sua continuação O Poço 2, mantendo mesmo diretor e roteiristas, porém agora com outra história e elenco.

Se o primeiro filme criticava brilhantemente a divisão da nossa sociedade em uma hierarquia verticalizada, O Poço 2 até mantém seu propósito de crítica social, porém de um jeito menos inspirado. Os temas, entretanto, são outros. Agora a denúncia é mais direcionada a regimes autoritários, principalmente ao mostrar como as pessoas perdem completamente sua humanidade ao seguir cegamente leis destes sistemas.

Se em O Poço temos prisioneiros vivendo em algo muito próximo do caos, vemos que aqui em O Poço 2 os detentos se auto organizaram, criando um sistema de leis muito rígido, onde cada pessoa pode comer apenas sua própria comida. E em caso de desobediência, a punição é aplicada com violência extrema...

O Poço 2 têm uma grande desvantagem que é a de só fazer sentido caso você tenha assistido o primeiro filme (e isso meio que acontece com esta minha crítica, em menor escala). E ainda comparando com o filme anterior, aqui os personagens recebem bem menos desenvolvimento, com apenas 3 deles recebendo alguma atenção, com destaque mesmo apenas para a protagonista Perempuán (Milena Smit).

Mas talvez o ponto mais fraco de O Poço 2 é o como a fome se tornou um aspecto irrelevante no filme. Se em O Poço nos desesperamos junto com os personagens, aqui parece que ficar um mês sem comer e sobreviver é algo normal...

A parte final da história mais uma vez é dúbia, deixando em aberto se tudo o que vimos é uma experiência "pós morte" ou algo real. Para ser sincero (ver meu PS no final deste artigo), O Poço 2 pende ainda mais para um "Purgatório" do que o primeiro filme (já pararam para pensar que o poço ter 333 andares - metade de 666 - é coincidência demais?).

De qualquer forma, por mais que O Poço 2 seja um "caça-níquel" da Netflix, ao final percebemos que ele foi feito para ser um "par" do primeiro filme, e o expande não em sua mitologia ou qualidade, mas em suas críticas sociais. Reitero o subtítulo que coloquei no começo deste artigo: O Poço 2 está abaixo do filme anterior, mas é melhor do que está sendo avaliado por aí e, para quem gostou do primeiro, ainda vale a pena não deixar passá-lo. Nota: 6,5.



PS - mais sobre o final do filme (vários spoilers - leia por sua conta): aquilo que vemos, da existência de uma sala só com dezenas crianças, onde uma é escolhida dentro de um ciclo e colocada sempre no último andar para potencialmente ser levada a superfície, para mim é irreal demais, é quase como uma "prova" de tudo ser um "pós-morte". Outro ponto: a presença em O Poço 2 de alguns personagems de O Poço, em especial Goreng (protagonista do filme anterior), Trimagasi, Imoguiri e Baharat, nos revela de maneira surpreendente que este novo filme na verdade ocorre temporalmente ANTES do primeiro.

domingo, 10 de novembro de 2024

Crítica - Megalópolis (2024)

Título
Megalópolis ("Megalopolis", EUA, 2024)
Diretor: Francis Ford Coppola
Atores principais: Adam Driver, Giancarlo Esposito, Nathalie Emmanuel, Aubrey Plaza, Shia LaBeouf, Jon Voight, Laurence Fishburne, Talia Shire, Grace VanderWaal, Dustin Hoffman
Nota: 5,0

 Um caótico épico que se transformou em manifesto

Embora tenha chegado em poucas salas no Brasil (mas não tão poucas assim) Megalópolis está entre nós! (e já no meio da sua segunda semana!). A tão polêmica obra autoral e megalomaníaca de Francis Ford Coppola, que durou 4 décadas para ser concluída (clique aqui para saber um pouco mais de sua história), estreou em terras nacionais em 31 de Outubro.

Na trama, que se passa no atual Século 21, somos apresentados à gigantesca Nova Roma, que apesar de ter um prefeito - o conservador Frank Cicero (Giancarlo Esposito) - tem status de país. Também em Nova Roma reside Cesar Catilina (Adam Driver), um arquiteto futurista que também é uma espécie de "Ministro do Design" (em termos de arquitetura). A dupla, com suas idéias totalmente opostas, acaba se envolvendo em constantes brigas, ao mesmo tempo que o povo já está bastante insatisfeito com Cicero, mas também não confia muito em Cesar. Para "apimentar" ainda mais a situação, Julia Cicero (Nathalie Emmanuel), filha do prefeito, começa a trabalhar com o arquiteto e se apaixonar por ele. E Clodio Pulcher (Shia LaBeouf), um invejoso primo de Cesar, começa a planejar para destruir o arquiteto e tomar seu poder.

Todo o começo acima parece bem... romano. E de fato, não à toa, quando Coppola teve as ideias iniciais para seu filme no comecinho dos anos 80, seu objetivo era fazer um paralelo entre a queda do Império Romano com uma futura queda dos EUA transportando para uma Nova York atual a história da Conspiração Catilinária (onde, olhem só... o senador romano Lúcio Catilina arquiteta um complô contra o então cônsul Cícero).

Porém, a impressão que tenho é que depois que Megalópolis nos contextualiza em seu universo, que mistura nosso mundo com o romano, boa parte dos seu conceitos originais são esquecidos. E então o desfecho do filme foi transformado em um recado de Coppola pensando nas aflições atuais... coisas que ele só poderia estar pensando quando ele efetivamente começou a filmar o que foi agora para os cinemas, ou seja, a partir de 2022. Pois por exemplo, temos um personagem vítima de edição de imagem; ou uma pessoa que não é da política se candidatando e dizendo não ser nem de direita nem de esquerda... sendo "do povo" (hummm... em que eleição recente eu vi isso mesmo?).

Esqueça esse pano de fundo romano... até temos algumas intrigas aqui, um bocado de Romeu e Julieta ali, mas o que Megalópolis realmente fala é que a democracia falhou, a tecnologia atual falhou, o capitalismo falhou... em suma, a sociedade humana atual falhou como um todo.

E o mais interessante, não vemos nem um Cícero ("da direita") nem um Cesar ("da esquerda") serem maus... a mensagem de Coppola é que não é mais possível que eles melhorem o mundo na atual sociedade, mesmo que eles queiram. E qual a solução apontada por Megalópolis? Um vago e utópico "tecnologia e arte".

Pois é, o desfecho de Megalópolis é um verdadeiro manifesto, com Cesar declamando coisas do tipo "a sociedade corrompe" seguido de "o homem é bom", e que devemos abandonar o passado e pensar só no futuro... tecnologias novas, artes novas, idéias novas, tudo novo. De fato, na teoria tudo maravilhoso. Mas não há nenhuma explicação prática para como se ao menos começar a fazer isso. É apenas otimismo, e mais nada.

Inclusive, tudo indica que Coppola realmente não tem a menor idéia de como seria este mundo do futuro, já que vimos muito pouco da tal Megalópolis de Cesar no filme... apenas alguns esboços de idéias, imagens genéricas de prédios "diferentões"... ou demonstrações que parecem mais magia que ciência. De "prático" mesmo só uma versão de luz daquelas esteiras móveis que já temos nos aeroportos. O senhor Francis Ford se mostra bem ruim em Ficção Científica...

Como filme, Megalópolis tem bons momentos, sejam de espetáculo visual, de boas atuações, mas igualmente, tem momentos péssimos, várias cenas desconexas e/ou outras sem nenhum sentido, em especial as que contém os "delírios mentais" de Cesar.

Como resultado final, não deixa de ser admirável que Coppola queira ter deixado como seu "último legado" (já que este pode ter sido seu último filme) uma obra com trechos visualmente memoráveis, uma narrativa incomum, e com um importante e ousado alerta apocalíptico dele para a humanidade, mostrando que ele se preocupa com nosso futuro (e tenha gasto mais de 100 milhões de dólares próprios para isso). Por outro lado, ao mesmo tempo Megalópolis é uma obra caótica, meio prepotente, desnecessariamente longa, difícil para assistir, e que entra na lista de trabalhos mais fracos do diretor. Nota: 5,0.


PS: Segundo Coppola, uma das inspirações para o personagem arquiteto Cesar e suas idéias dentro do filme vieram da cidade de Curitba e do ex-governador do Paraná, Jaime Lerner, que governou o estado entre 1994 e 2002. O diretor estadunidense esteve em Curitba em 2003 e ficou impressionado com as soluções diferentes para mobilidade urbana e sustentabilidade que encontrou no local.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #027 - Elementar, meu caro Peter Parker. Não, mágico espelho!

Quem disse a famosa frase "Elementar, meu caro Watson!"? O famoso detetive Sherlock Holmes, correto? Errado! A resposta correta é... ninguém!

Quando estava estudando para escrever minha crítica de Hellboy e o Homem Torto (2024), descobri que a história foi inspirada em um conto de Sherlock Holmes de mesmo nome, conto esse em que temos o único momento escrito por Sir Arthur Conan Doyle em que Sherlock pronuncia a palavra "Elementar". E ele apenas exclama "Elementar!", não é um "Elementar, meu caro Watson" (ainda que a fala foi sim dirigida ao seu amigo Doutor).


E temos outros casos na Cultura Pop de frases muito famosas que nunca foram ditas.

Todo mundo tem cravado em sua memória o vilão Darth Vader dizendo a Luke Skywalker em Star Wars – O Império Contra-Ataca (1980): "Luke, eu sou seu pai!" (Luke, I'm your father!), correto? Porém não é exatamente assim que a frase foi dita. O que Vader sempre disse foi "No, I'm your father!" (Não, eu sou seu pai!). Só conferir abaixo.


E que tal a "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", que como todos sabem, foi dita pelo Tio Ben a um jovem Peter Parker, em seus primeiros dias como Homem-Aranha. Será?

A tal frase surgiu pela primeira vez na revista Amazing Fantasy #15 (1962), a estréia do Homem-Aranha nos quadrinhos. Porém ao invés de ter sido dita por alguém, ela é simplesmente frase escrita pelo narrador, conforme vemos na imagem abaixo.

Veja o que está escrito no canto superior direito...

Ok. Mas aqui temos uma "trapaça"... é que a história foi "transformada" com o passar do tempo. Na revista Homem-Aranha vs. Wolverine #1 (1987) vemos Peter Parker afirmando que essa frase é de seu Tio. E em The Amazing Spider-Man #38 (2002), finalmente vemos Tio Ben a dizendo nos quadrinhos. No mesmo ano, no filme Homem-Aranha (2002), também vemos Tio Ben (interpretado por Cliff Robertson) proferindo a famosa frase a Peter Parker (interpretado por Tobey Maguire).


E para encerrar, um último caso, cuja confusão é meio "bobinha", mas ainda assim eu achei curiosíssima por envolver simultaneamente DOIS idiomas. Trata-se da icônica frase que a Rainha Má da história da Branca de Neve diz ao espelho. Para as pessoas, a frase dita pela Rainha é: "Espelho, espelho meu, quem é mais bela do que eu?" / "Mirror, mirror, on the wall, who is the fairest of them all?"

E o que foi realmente dito no filme Branca de Neve e os Sete Anões (1937) foi: "Mágico espelho meu, quem é mais bela do que eu?" / "Magic mirror on the wall, who is the fairest one of all?"

Ou seja, tanto em inglês quanto em português, as pessoas gravaram na memória um "Espelho, espelho" ao invés do correto "Mágico espelho". Só que novamente a história se adaptou à lembrança das pessoas, e alterou um pouco as coisas... Por exemplo em 2012 foi lançado o filme Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror no original), um live-action que reconta a história da Branca de Neve. E o filme reconta a frase do jeito "errado", como "Espelho, espelho"... aliás, o faz até em seu título!

E aí, sabiam destas frases "falsas"? Digam nos comentários!




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sábado, 26 de outubro de 2024

Crítica - Tipos de Gentileza (2024)

Título
Tipos de Gentileza ("Kinds of Kindness", EUA / Grécia / Irlanda / Reino Unido, 2024)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principais: Emma Stone, Jesse Plemons, Willem Dafoe, Margaret Qualley, Yorgos Stefanakos, Hong Chau, Joe Alwyn, Mamoudou Athie, Hunter Schafer
Nota: 5,0

Yorgos encerra sua Lua de Mel com o público

2024 começou muito bem para o diretor grego Yorgos Lanthimos, já que mesmo com seu Pobres Criaturas não levando o Oscar de Melhor Filme, a produção teve 11 Indicações, venceu 4 Estatuetas, agradou muita gente, ganhou bastante atenção da mídia mundial, e enfim o fez ter bom reconhecimento. Então, o fato dele ter um novo filme - Tipos de Gentileza - estreando poucos meses depois da premiação, certamente despertou a curiosidade de todos.

Porém... os filmes de Yorgos Lanthimos sempre foram BEM estranhos. Acontece que Pobres Criaturas trazia bastante humor e dialogava diretamente com o empoderamento feminino, duas características que ajudaram seu filme ficar popular. Mas Tipos de Gentileza não traz nenhum destes dois aspectos, e então, seu novo filme volta a ser uma obra... "apenas" estranha.

Imagino que tanto Yorgos quanto seus produtores já tinham receio de Tipos de Gentileza podia não receber boa aceitação do público, já que o enredo do filme sempre foi tratado com bastante segredo. O próprio trailer do filme, como se vê no link acima, não nos revela nada. E de fato, Tipos de Gentileza foi mal de bilheteria, e chegou rapidamente nos streamings: no caso do Brasil, está na Disney+ / Star+.

Tipos de Gentileza, na verdade, são três histórias distintas, sem qualquer relação entre elas, com os mesmos atores interpretando diferentes personagens em cada uma das três tramas. Ok, há uma tênue ligação entre as três histórias, o mesmo personagem secundário R.M.F. (interpretado por Yorgos Stefanakos) está presente em todas elas (e inclusive ele aparece citado no título das três), mas é só.

Na primeira história, temos Willem Dafoe fazendo um personagem que controla nos mínimos detalhes a vida de um submisso personagem interpretado por Jesse Plemons. A segunda, na minha opinião de longe a pior de todas, é meio que um conto de terror onde Jesse Plemons interpreta um policial que acredita que sua esposa, interpretada por Emma Stone, foi substituída por uma impostora.

Finalmente, na terceira e última trama, os personagens de Jesse Plemons e Emma Stone são integrantes de uma seita lideradas pelos personagens de Willem Dafoe e Hong Chau, sendo que a primeira dupla está em busca de uma jovem que foi profetizada capaz de ressuscitar os mortos. Esta é a melhor das três narrativas, e talvez por ter um final bem interessante, acabe deixando na platéia uma "última impressão" de que o filme foi melhor do que ele realmente é.

Difícil entender porque o filme se chama Tipos de Gentileza sendo que nenhum personagem de nenhuma história demonstra qualquer gentileza em qualquer momento. Todos são frios e egoístas, o que torna uma experiência ainda mais difícil para o espectador conseguir gostar do que viu. As três histórias, como disse no começo deste artigo, são bem "estranhas". E isto desperta a constante curiosidade de quem assiste, e claro, é uma qualidade. Mas não passa disso, não há profundidade ou alguma lição a aprender aqui. Um possível tema comum para os três contos é que eles são protagonizados por pessoas que estão emocionalmente perdidas, e buscam a felicidade / realização apenas no outro.

O melhor de Tipos de Gentileza acaba sendo sua fotografia, outra qualidade bastante comum nos filmes deste diretor. Resumindo, diria que o filme não é bom nem ruim; é sim "diferente" e um pouco difícil de assistir, principalmente em seu começo. E isso é muito pouco para uma obra que reuniu novamente Yorgos Lanthimos e Emma Stone poucos meses depois de termos visto o ótimo Pobres Criaturas. Nota: 5,0.

sábado, 19 de outubro de 2024

Enfim Asterix volta a ter lançamentos no Brasil! E em dose dupla!


Depois de longos dois anos e meio, a Editora Record - que detém os direitos de publicação do intrépido baixinho gaulês aqui no Brasil - acordou para a vida e voltará a lançar novas publicações em nosso território. E em dose dupla!

Primeiramente, previsto para o dia 18 de Novembro, vem o ainda inédito por aqui volume 39 dos quadrinhos, Asterix e o Grifo, que marca a despedida do autor Jean-Yves Ferri (o volume 40, lançado na França em Outubro de 2023 e intitulado O Lírio Branco, foi escrito por Fabcaro). Na trama, Asterix e seus companheiros novamente viajam para bem longe de casa, e vão ao território dos Sármatas, povo que vivia na região onde atualmente há a guerra entre Ucrânia e Rússia.



Já o segundo futuro lançamento não se trata de material inédito, mas é bem surpreendente. Trata-se do início da coleção Omnibus. A coleção, que promete relançar todos os livros de Asterix em formato de luxo e capa dura, vêm no mesmo formato da coleção Omnibus lançada nos EUA e outros países, ou seja, juntando 3 números originais em cada volume. Portanto, em Asterix Omnibus Vol. 1, teremos o compilado das 3 primeiras aventuras do herói: Astérix, o Gaulês (1961), A Foice de Ouro (1962) e Astérix e os Godos (1963).

A primeira edição está com o lançamento previsto para 6 de Janeiro de 2025 e por enquanto foi o único volume anunciado.


Ambas revistas já se encontram em pré-venda e podem ser compradas em sites especializados. Quem é fã, já garanta suas cópias! ;)

sábado, 12 de outubro de 2024

Crítica - Coringa: Delírio a Dois (2024)

TítuloCoringa: Delírio a Dois ("Joker: Folie à Deux", Canadá / EUA, 2024)
Diretor: Todd Phillips
Atores principais: Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Brendan Gleeson, Catherine Keener, Zazie Beetz, Steve Coogan, Harry Lawtey, Leigh Gill, Jacob Lofland, Sharon Washington
Nota: 5,0

Filme entrega tudo o que seu público não queria

Cinco anos depois do excelente primeiro filme, o diretor Todd Phillips e o ator Joaquin Phoenix retornam com Coringa: Delírio a Dois. O título dá indícios de que não será apenas uma continuação, e sim, uma nova história dividindo o protagonismo com a personagem "Arlequina" interpretada pela cantora Lady Gaga, tanto é assim que o filme foi anunciado como "mais ou menos musical".

Na história, continuação imediata do filme anterior, vemos um deprimido Arthur Fleck / Coringa (Joaquin Phoenix) preso no Asilo Arkham pelos seus crimes, onde é frequentemente zombado pelos guardas. Porém, em dado momento, ele conhece a também detenta "Lee" Quinzel (Lady Gaga) - em nenhum momento ela é chamada de Arlequina no filme - que se mostra estranhamente aficionada por ele. Não demora muito para que Arthur se apaixone obcecadamente por ela, que por sua vez, retribui. Em meio a tudo isso, o promotor público Harry Lawtey (Harvey Dent) resolve submeter Arthur à pena de morte. E com isso, ele enfrenta um julgamento público para decidir seu destino.

Coringa: Delírio a Dois até começa bem, e seus segmentos musicais fazem sentido, pois não só refletem os delírios dos personagens do Coringa e "Arlequina", como também representam de modo adequado o sentimento de estar apaixonados.

Porém, quando o filme chega na parte do julgamento no tribunal, ele piora muito rapidamente, em tudo. No caso especificamente das cenas musicais, que já cansaram o espectador pelo excesso, pouca variação, e qualidade duvidosa, vão ficando cada vez mais desassociadas com o enredo do filme, o que é bem decepcionante e irritante. Ah, e a maneira como o julgamento termina é péssima, muito inverossímil. Um Deus ex machina de fazer chorar.

Em termos técnicos, o melhor de Coringa: Delírio a Dois é a sua fotografia, mantendo o nível do filme anterior, e talvez até o superando. Nas atuações, Lady Gaga não compromete e Joaquin Phoenix está muito bem... mas me pergunto: o que seria dele atuando neste filme sem o cigarro? Ele passa uns dois terços do filme fumando... é um artifício até meio constrangedor... Isso sem contar que, sendo ele um detento, é completamente absurdo imaginar que ele teria tanto acesso a tanto cigarro como seu personagem tinha no filme.

Não vou contar aqui o desfecho de Coringa: Delírio a Dois, mas ele me lembrou imediatamente de duas franquias dos cinemas. A primeira foi Tropa de Elite, por fazer um segundo filme para "explicar para o público que tudo que ele entendeu no primeiro filme estava errado". E a segunda foi Matrix, cujo detestável quarto filme propositalmente quis desconstruir muito do que foi feito na trilogia original.

As diferenças desse Coringa 2 para Matrix 4 é que em Matrix, Lana Wachowski quis humilhar tanto o estúdio quanto seu público. Já em Coringa, acho que foi mais culpa dos egos de Todd Phillips e Joaquin Phoenix mesmo... porém, a desconstrução feita aqui foi ainda maior: definitivamente este Coringa de Coringa: Delírio a Dois não é o Coringa dos quadrinhos, contrariando o filme anterior, que se esforçava, ainda que de maneira um pouco hesitante, manter certa coerência com as HQs.

Como um todo, se pensarmos no filme como a história de um romance de duas pessoas perturbadas, ele não é ruim. A trama chega até ser boa. Porém - e são muuuuitos poréns - Coringa: Delírio a Dois nega tudo o que fez o primeiro filme ser ótimo, é lento, longo, e bastante chato de assistir. Promete ser uma história de Coringa e Arlequina mas pouco lembra estes personagens. Resumindo, é um filme que nunca deveria ter existido, e mais um que infelizmente mancha a reputação do universo cinematográfico da DC. Nota: 5,0.


PS: o filme não tem cenas pós-créditos, mas curiosamente tem um breve desenho animado (sobre o Coringa) antes de começar.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #026 - A invasão dos Nepo Babies


Nepo Baby - abreviação do termo Nepotism Baby - cuja tradução literal seria "Bebê do Nepotismo", é um termo que surgiu nos EUA em meados dos anos 2010 para citar de modo depreciativo pessoas cujos pais tiveram sucesso em carreiras semelhantes ou relacionadas à sua. Sendo mais específico aqui no nosso contexto: é um termo para reforçar que a pessoa é filha de uma celebridade, e por isso desfruta de conexões que facilitam a construção da sua carreira no mundo do entretenimento.

Os Nepo Babies existem em Hollywood desde sempre. Porém, apenas nos últimos 3 anos o assunto chamou realmente atenção do público (e de modo negativo). Primeiro pelo número realmente maior de nepo babies aparecendo no cinema, TV e música; e segundo, pela toxicidade das redes sociais. Tanto é verdade que o número de filhos de pais famosos está aumentando e chamando a atenção, que eu já havia feito um artigo sobre isto em Dezembro de 2021 aqui no Cinema Vírgula. Clique aqui para rever o "Curiosidades Cinema Vírgula #007 - Sete jovens atores em ascensão com pais famosos que você não tinha idéia!".

Agora trago mais 4 atores que você provavelmente nem imaginasse que têm pais famosos. São as 4 pessoas da imagem título deste artigo, lá acima. Vamos saber quem eles são, e o que cada um acha de ser um nepo baby? Seguindo então em ordem, da esquerda para a direita:

Maya Hawke: filha dos atores Uma Thurman e Ethan Hawke, um de seus principais trabalhos foi o papel de Robin em Stranger Things. A atriz e cantora já reconheceu que ter pais famosos lhe deu enormes vantagens em ambas carreiras.

Lily-Rose Depp: filha da cantora Vanessa Paradis com o ator Johnny Depp, Lily-Rose é atriz mas também já navegou pelo mundo da mãe, lançando algumas músicas. Para ela, ser um nepo baby só ajuda para conseguir um papel, e depois disso "você só conta com seu talento e há muito trabalho duro a se fazer".

Patrick Schwarzenegger: filho do ator e ex-governador da Califórnia Arnoldão, após várias pequenas participações em filmes e séries, ele recentemente conseguiu um papel maior em Gen V, seriado derivado de The Boys. Patrick diz não aceitar "ajudas" do pai: "Ele me ofereceu papéis em seus filmes, mas não estou interessado em aceitar coisas em seus filmes de ação ou em não conquistar meu [próprio] caminho".

Allison Williams: filha de Brian Williams, o âncora de um programa jornalístico do canal NBC, o Nightly News, a atriz tem uma carreira mais em filmes e séries de terror, recentemente estando em produções como M3gan e Corra!. Na minha opinião, ela é uma excelente atriz, e talvez por concordar com isso, não se importe nem um pouco em se assumir como uma nepo baby: "Não parece ser uma derrota admitir isso. Se você confia em sua própria habilidade, eu acho que se torna bem simples aceitar".

Mas aparentemente nem mesmo fama e reconhecido talento impede que alguns Nepo Babies fiquem magoados com a recente popularização do termo. Lembram que eu disse que filhos de pais famosos existem em Hollywood desde sempre, né? A competentíssima Jamie Lee Curtis, que começou a atuar em 1977 e já passou dos 50 filmes na carreira, é filha dos também atores Tony Curtis (Quanto Mais Quente Melhor) e Janet Leigh (Psicose). E ficou bem magoada quando a expressão começou a ficar comum na mídia.

Tony Curtis, Janet Leigh e Jamie Lee Curtis, juntos em foto de 1991

Jamie até reconheceu que pessoas com parentes famosos têm algumas vantagens na carreira, citando até uma inusitada, que seria o espaço de poder retrucar quem duvida de seus talentos e habilidades. Porém, segundo suas palavras: "a conversa atual sobre os Nepo Babies tem como objetivo apenas tentar diminuir, denegrir e magoar".

E para encerrar o assunto Nepo Babies... vamos falar de Hannah Einbinder.

Hannah é a co-protagonista do seriado de comédia Hacks, que no começo deste ano fiz um artigo elogiando bastante (clique aqui para ler!), e que semanas atrás venceu 3 prêmios Emmy (dentre 6 indicações): Melhor Série de Comédia, Melhor Roteiro de Série de Comédia e Melhor Atriz em Série de Comédia (para Jean Smart).

E como Hannah Einbinder também é uma Nepo Baby (e talentosa, aliás), aproveitei para unir o assunto deste artigo para voltar a recomendar Hacks.

Hannah Einbinder é filha de Laraine Newman, que por sua vez é comediante e dubladora. Laraine fez parte do elenco inicial de Saturday Night Live, da qual participou das 6 primeiras temporadas.

Laraine e Hannah, em 2015



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sábado, 28 de setembro de 2024

Crítica Netflix - As Três Filhas (2023)

Título
: As Três Filhas ("His Three Daughters", EUA, 2023)
Diretor: Azazel Jacobs
Atores principais: Carrie Coon, Natasha Lyonne, Elizabeth Olsen, Rudy Galvan, Jovan Adepo
Nota: 8,0

Um relato atual e emocionante sobre vínculos famíliares

As Três Filhas é um drama estadunidense de produção independente que, após ser ter sido exibido (e muito bem recebido) no Festival Internacional de Toronto de 2023, teve os direitos de distribuição mundiais comprados pela Netflix.

A história mostra o reencontro de três irmãs bem diferentes: a "controladora" Katie (Carrie Coon), a "espiritual" Christina (Elizabeth Olsen), e a "desajustada" Rachel (Natasha Lyonne), que se reúnem no apartamento desta última para passar os últimos dias com o pai, já em cuidados paliativos devido ao câncer.

A angustiante situação da iminente perda do pai, somado ao aparente descaso de Rachel faz com que as irmãs entrem rapidamente em conflito, principalmente um Katie versus Rachel. Mas com o passar da história, vemos que nem tudo é o que parece.

O trio de atriz principais está muito bem e é um grande atrativo para As Três Filhas. Porém, o roteiro também é muito bom. É particularmente interessante constarmos que mesmo elas sendo irmãs, e que no fundo se amem e se importem umas com as outras, mal têm contato no dia-a-dia, e mal conseguem se relacionar entre elas, mais brigando do que qualquer outra coisa. Um triste retrato do mundo atual, onde vivemos na correria, atolados em nossos próprios problemas, e cada vez mais perdemos a capacidade de demonstrar nossos sentimentos, ou de pensar em alguém fora de sua casa, sejam outros familiares ou amigos.

E o desfecho de As Três Filhas dá uma resposta-alerta bem clara para esta falta universal de amor que vivemos, de modo emocionante, mas sem ser piegas. Para um filme que injustamente foi pouco divulgado dentro da Netflix, mesmo tendo três atrizes conhecidas, esta é uma pérola escondida que não deve ser ignorada. Nota: 8,0.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...