sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Crítica - O Regresso (2015)

TítuloO Regresso ("The Revenant", EUA, 2015)
Diretor: Alejandro G. Iñárritu
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter, Forrest Goodluck
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=S4PpYv9n0ko
Nota: 7,0
Após se aproximar de Cuarón, Inãrritu se aproxima de Malick

O que possui em comum os filmes deste século de Alfonso Cuarón, Terrence Malick, e os dois últimos filmes de Iñarritu? Resposta: o genial diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki. Seja pelas cores, pela luz, ou pelas imagens em si, os trabalhos de Lubezki são sempre maravilhosos, espetaculares. Cuarón e Malick usaram o talento de Lubezki bem antes de Iñarritu, cada um de sua maneira. O mexicano Alfonso opta por a câmera sempre em movimento, mostrando bastante ação, com longos planos-sequência de tirar o fôlego (Filhos da Esperança, Gravidade). Já o estadunidense Terrence prefere filmar com closes, mostrar muitas paisagens e belezas naturais e carregar na trilha incidental, tornando sua obra mais psicológica (A Árvore da Vida, Amor Pleno).

Quando trabalhou com Lubezki pela primeira vez, no vencedor do Oscar de 2015 Birdman, Alejandro G. Iñárritu trouxe bastante do estilo de Cuarón para seu filme. Estão lá os longos planos-sequencia e a câmera irriquieta. Desta vez, em O Regresso, o diretor mexicano começa usando a mesma fórmula. O filme começa a mil, com batalhas filmadas em impressionantes plano-sequências (desta vez não tão longos), algo realmente sensacional. Dá vontade de se levantar da poltrona e aplaudir em pé. Porém, com o passar da história, o filme começa a contar cada vez mais com "características Malick": paisagens, narrações e delírios do personagem de DiCaprio... O Regresso fica gradativamente mais lento, contemplativo.

Na história, situada no norte dos EUA nos anos 1820 um grupo de caçadores de pele dos quais fazem parte Glass (Leonardo DiCaprio), Fitzgerald (Tom Hardy) e o Capitão Henry (Domhnall Gleeson) estão cercados por indígenas. Para piorar, Glass é atacado por um urso e quase morre (aliás esta cena é impressionante, fantástica, precisa ser vista nos cinemas!). Quando os índios enfim atacam, na fuga os homens optam por deixar Glass para trás.

Indicado para impressionantes 12 Oscars, dentre eles o de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Principal (DiCaprio), Melhor Ator Coadjuvante (Tom Hardy) e Melhor Fotografia (Emmanuel Lubezki), todos os citados mereceram sua indicação, pois trazem ótimos trabalhos. Entretanto, destes 5 Oscars que citei, para mim apenas a Melhor Fotografia seria digna de vencer (empatando com meu preferido Mad Max 4).

Vejamos por exemplo o caso de Leonardo DiCaprio: ele atua muito bem, mas seu papel não exige muito mais do que fazer caretas de dor e se parecer machucado. O talentoso "Leo" já foi muito mais exigido dramaticamente em vários outros filmes. Sua indicação é mais justa pelo esforço. E bota esforço nisto! Com o desejo de Iñárritu de usar paisagens reais e apenas iluminação natural, atores e equipe de filmagem tiveram que trabalhar 8 meses sob o frio. Cenas na neve rodadas no Canadá, EUA e Argentina. Haja sacrifício!

A verdade é que tecnicamente O Regresso é praticamente irrepreensível. Um deleite. Seu maior problema, entretanto, é a sua duração. Há várias cenas desnecessárias ao longo do filme, principalmente a partir de sua segunda metade, onde ele se torna cada vez mais lento. Por exemplo há uma trama paralela com indígenas que é completamente desnecessária e clichê. E este nem é o maior excesso... o tempo a mais se encontra principalmente nas contemplações da natureza e nos desnecessários flashbacks/delírios de Glass. Outro ponto que não gostei foi o desfecho do conflito entre Glass e Fitzgerald. Uma pena, depois de tanto tempo para chegarmos a uma conclusão, que ela seja até meio incoerente.

Se tivesse um desfecho melhor e 1h30min de duração, O Regresso levaria uma nota 9,0; se tivesse 2h de duração, levaria uma nota 8,0. Mas como possui intermináveis 2h35min, o filme fecha com uma Nota 7,0

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