sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Dupla Crítica animações - Klaus (2019) e Frozen 2 (2019)

Hoje vamos de animações. A primeira estreou na Netflix em Dezembro de 2019 e a segunda estreou nos cinemas brasileiros em Janeiro deste ano. Ou seja, não são mais tããão recentes assim, mas estava devendo mais criticas pra vocês. Seguem meus comentários!


Klaus (2019)
Diretores: Sergio Pablos, Carlos Martínez López
Atores principais (vozes): Jason Schwartzman, J.K. Simmons, Rashida Jones, Will Sasso, Norm MacDonald, Joan Cusack

Uma produção espanhola, original Netflix, mas com inglês no idioma original. Pelo nome do filme imaginei que fosse mais uma história de sempre de origem do Papai Noel; porém para minha surpresa, Klaus traz várias novidades.

Excluindo algumas poucas "licenças narrativas" presentes em qualquer desenho animado, Klaus surpreende ao inventar uma origem "real" para o Papai Noel, sem magias ou milagres: a lenda do Papai Noel é nada menos que a junção do trabalho de um carteiro e de um lenhador/marceneiro.

O resultado é uma história nova, bonita, engraçada e até "fofa"... recomendado para a família toda assistir, dos mais velhos aos pequerruchos, principalmente em época de Natal. Nota: 7,0.

Frozen 2 (2019)
Diretores: Chris Buck, Jennifer Lee
Atores principais (vozes): Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff, Sterling K. Brown, Evan Rachel Wood, Alfred Molina

Para um filme que teve um enorme sucesso, até demorou mais que o normal para sair sua continuação. Somente após 6 anos, Frozen voltou aos cinemas. E não voltou bem.

Para começar, provavelmente inspirados na música Let it Go do primeiro filme, que virou um hit mundial, Frozen 2 tem ainda mais músicas que o filme original, dá quase para dizer que esta animação é um musical. Porém, se aqui as músicas são em maior número, elas são piores e algumas sem qualquer propósito narrativo; é como se estivéssemos vendo uma sequencia clipes musicais sem uma história por trás. Outra possível explicação para o excesso de músicas é o roteiro... ou melhor, a falta de qualidade do mesmo. Com uma história sem pé nem cabeça sobre os quatro elementais, somado a uma "lenda" importantíssima de que nunca ouvimos falar no filme anterior, talvez a solução foi lotar o filme de músicas para preencher espaços que o roteiro não conseguiu.

Felizmente nem tudo falha em Frozen 2: visualmente a animação continua belíssima, com paisagens deslumbrantes, Olaf continua engraçado, e, "o" ponto alto do filme anterior foi pelo menos mantido: a bela relação entre as irmãs Elsa e Anna. A dupla continua a emocionar, e isto já vale o filme. Outra qualidade de Frozen 2 foi dar um desfecho melhor à Elsa, já que no primeiro filme o destino da personagem ainda não era totalmente satisfatório. Nota: 5,0.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Crítica Netflix - Indústria Americana (2019)

Título: Indústria Americana (American Factory, EUA, 2019)
Diretor: Steven Bognar, Julia Reichert
Atores principais: N/A
Um excelente registro histórico do capitalismo atual

Grande vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2020 - e bem superior ao concorrente brasileiro - Indústria Americana tem como grande mérito ser um "documentário" na mais pura definição da palavra, ou seja, ele documenta, sem emitir comentários ou tomar partido, o "lado chinês" e o "lado estadunidense" a respeito da indústria chinesa Fuyao que se instalou em 2015 em uma cidade de Ohio, EUA.

Sendo uma grande indústria chinesa na fabricação de vidros, os chineses decidiram se arriscar nos EUA e construir sua fábrica na pequena cidade de Moraine, no mesmo galpão onde anos atrás a GM fechara uma de suas instalações, e o que levou boa parte dos habitantes da cidadezinha falirem.

Com pouco tempo de filme, já se percebe a enorme diferença entre as indústrias chinesas e estadunidenses: de um lado, os americanos reclamam que ganham menos da metade do valor/hora do que ganhavam no passado pela GM, isso sem contar na completa falta de segurança das instalações. Por outro lado, os chineses reclamam que os americanos são "moles", já que enquanto nos EUA se trabalha 8 horas/dia e 5 dias por semana, na China o trabalho é de 12 horas/dia, e são apenas 1 ou 2 dias de descanso no mês. Sem contar que a produtividade do trabalhador chinês é bem maior.

Temos então duas interessantes histórias contadas em paralelo: a primeira, é a grande diferença cultural entre EUA/Ocidente e China/Oriente. E a segunda, são todos os dilemas - a maioria deles verdadeiros enigmas sem solução - trazidos pela globalização e automação do trabalho. O trabalhador dos EUA quer um emprego justo, digno e valorizado, porém se os chineses o fazem, deixam de dar lucro e fecham a fábrica. Qual a solução para isto? Existe solução? É um marco notável que em pouco menos de 2h de filme temos diversos dilemas trabalhistas atuais retratados de maneira tão clara.

De certa forma, embora não tenhamos nenhum comentário ao longo de todo o filme, a montagem das cenas faz com que os chineses sejam um pouco "vilões"... entretanto, não é difícil perceber que o fato que ser um dono/chefe "carrasco" e insensível não é característica exclusiva dos chineses... oras, quantos milhares de "chefes tiranos" existem por aí? Nos EUA, no Brasil, em qualquer lugar. E todos eles são assim não porque são más pessoas, mas por questão de dinheiro e sobrevivência.

Como o próprio documentário diz em seu desfecho, os governantes do mundo precisam encontrar soluções urgentes para o trabalhador do capitalismo atual, ou teremos cada vez mais desempregados, cada vez piores condições de trabalho. E convenhamos, dados os governantes existentes no mundo atual, o futuro não é nada animador... Nota: 8,0.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Cobertura Oscar 2020 - Conheça os favoritos e os meus palpites!


É neste Domingo! Dia 9 de Fevereiro teremos a cerimônia da 92ª edição do Academy Awards, popularmente conhecido como "Oscar".

Felizmente a safra de filmes deste ano é bem melhor do que a do ano passado, o que me deixa um pouco mais animado para a cobertura de 2020.

Relembrando abaixo a lista dos 9 filmes indicados ao Oscar de Melhor filme, ordenados pelo número de indicações, com 8 deles já com a crítica publicada aqui no Cinema Vírgula (basta clicar abaixo no nome do filme):


Mantendo a tradição, seguem meus comentários e palpites para as 8 principais categorias do Oscar.

Quem vai levar? Quem merece levar?

No ano passado eu acertei 6 dos meus 8 palpites. Quantos será que vou acertar desta vez?

Melhor Ator Coadjuvante
- Quem vai levar: Brad Pitt (Era Uma Vez em… Hollywood)
- Em quem eu votaria: Brad Pitt (Era Uma Vez em… Hollywood)
- Comentários: confesso que também ficaria feliz e acharia justo se Joe Pesci ganhasse aqui. Só que ele já ganhou o seu Oscar; Brad Pitt não. E Brad Pitt é um baita ator: carismático, talentoso e bastante versátil. Ele venceu a maioria das premiações até agora e TEM que vencer aqui também!

Melhor Atriz Coadjuvante
- Quem vai levar: Laura Dern (História de um Casamento)
- Em quem eu votaria: Laura Dern (História de um Casamento)
- Comentários: uma categoria que mal consigo votar, já que das 5 indicadas só via a atuação de duas: Scarlett Johansson em Jojo Rabbit e Laura Dern em História de um Casamento. Laura Dern é a grande favorita e venceu quase todos os prêmios até aqui. Sua atuação é realmente ótima, MAS, eu não considero uma atuação tão difícil assim. Mesmo assim, até porque não vi as demais concorrentes, votaria nela: Laura ainda não ganhou nenhum Oscar na vida e merece pelo menos pelo "conjunto da obra".

Melhor Roteiro Adaptado
- Quem vai levar: Adoráveis Mulheres
- Em quem eu votaria: Coringa ou Jojo Rabbit
- Comentários: Coringa e Jojo Rabbit são os melhores roteiros e ganham minha total torcida. O favorito é Jojo Rabbit, já que foi ele quem venceu o prêmio do Sindicato dos Roteiristas. MAS vou ser ousado aqui e votar diferente: como Adoráveis Mulheres é um filme feminista muito querido dentro da cultura estadunidense, e é nesta categoria que entendo ele ter as maiores chances de vencer, acho que Adoráveis Mulheres leva este prêmio, como "compensação" por não ganhar nas demais categorias.

Melhor Roteiro Original
- Quem vai levar: Parasita
- Em quem eu votaria: Era Uma Vez Em... Hollywood
- Comentários: considero os indicados nesta categoria mais "fracos" do que os indicados para Roteiro Adaptado. Se formos levar a quantidade de premiações recebidas até agora, o favorito é Era Uma Vez Em... Hollywood. MAS, pelo fato de Tarantino já ter vencido este prêmio duas vezes no passado, vou arriscar novamente no meu palpite, e pelo tema social e político de Parasita, aposto na vitória deste último.

Melhor Diretor
- Quem vai levar: Sam Mendes (1917)
- Em quem eu votaria: Sam Mendes (1917)
- Comentários: todos os indicados aqui fizeram ótimos filmes e ótimos trabalhos. Eu não ficaria aborrecido se Todd Phillips levasse por Coringa, pela alta qualidade do filme e pela dificuldade que é controlar o ator Joaquin Phoenix. Mas se Sam Mendes não levar este prêmio após todos os milagres técnicos que ele obteve em seu 1917, pra mim já é um motivo justo para as pessoas nunca mais assistirem o Oscar, como protesto.

Melhor Atriz
- Quem vai levar: Renée Zellweger (Judy - Muito além do Arco-Íris)
- Em quem eu votaria: ??
- Comentários: é.. nesta categoria não dá mesmo pra eu votar, já que só vi (de novo!) Scarlett Johansson, agora em História de um Casamento. A favorita aqui, pelos prêmios acumulados até agora é Renée Zellweger e desta vez serei conservador confirmando meu palpite nela. Já li críticos dizendo que a atuação de Charlize Theron em O Escândalo é ainda melhor, mas não vou arriscar. Aproveitando, um comentário sobre a Scarlett Johansson: ela foi indicada duas vezes neste Oscar e não acho que merecia ganhar nenhum; ainda assim, ela merece muitos elogios pois consegue entregar dois personagens completamente diferentes comparando nos dois filmes indicados. A dona Scarlett mostra mais uma vez que é sim uma atriz boa e versátil.

Melhor Ator
- Quem vai levar: Joaquin Phoenix (Coringa)
- Em quem eu votaria: Joaquin Phoenix (Coringa)
- Comentários: meu discurso aqui é o mesmo do que fiz para o "Melhor Diretor": se o Joaquin Phoenix não levar, é pra sair fazendo protesto nas ruas!

Melhor Filme
- Quem vai levar: 1917
- Em quem eu votaria: Coringa
- Comentários: apesar do filme 1917 ser um espetáculo cinematográfico único, eu ainda considero Coringa como o melhor filme do ano passado. Entretanto, dificilmente a Academia seguirá meu desejo.
Se esta premiação fosse ha uns 10 anos atrás, eu teria certeza absoluta que 1917 venceria este Oscar. Entretanto como hoje em dia a proporção de "homens brancos de idade avançada" entre os votantes diminuiu (apesar deles ainda serem a maioria), há uma pequena chance de termos alguma surpresa. No caso, Parasita e Era Uma Vez Em... Hollywood correm por fora.

Não percam!
Repetindo, a cerimônia do Oscar é NESTE domingo dia 9. A transmissão começará as 22h, no canal pago TNT e na Globo pela TV aberta.

E vocês? Quem acham que vai ganhar? Para quem vocês estão torcendo? Deixem seus palpites aqui nos comentários e depois veremos quem acertou mais. Participem!

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Crítica - Jojo Rabbit (2019)

TítuloJojo Rabbit (idem, EUA / Nova Zelândia / República Checa, 2019)
Diretor: Taika Waititi
Atores principais: Roman Griffin Davis, Scarlett Johansson, Thomasin McKenzie, Taika Waititi, Sam Rockwell, Rebel Wilson, Alfie Allen, Stephen Merchant, Archie Yates
Emocionante e surpreendente filme sobre o nazismo

Jojo Rabbit é outro filme com múltiplas indicações ao Oscar 2020 (6, incluindo a de Melhor Filme), e que me lembrou dois de seus concorrentes: assim como Parasita ele mistura comédia e drama, de uma maneira quase bizarra; e assim como 1917, consegue ser um filme sobre guerra diferente (o que é muito difícil, dados os milhares filmes do gênero já feitos).

A história nos traz o garoto de 10 anos Jojo (Roman Griffin Davis), que vive numa cidadezinha alemã em plena Segunda Guerra. Deslumbrado pelo nazismo (não por ser má pessoa, e sim apenas por ser influenciado pela lavagem cerebral nazista), Jojo tem como ídolo - e amigo imaginário - Adolf Hitler (Taika Waititi). Seus problemas começam a aumentar quando os alemães começam a perder a guerra e, ao mesmo tempo, ele descobre que sua mãe Rosie (Scarlett Johansson) está abrigando secretamente um garota judia (Thomasin McKenzie) em sua casa.

Jojo Rabbit mexe com os sentimentos do espectador de maneira única. Ele tira sarro dos absurdos dos regimes totalitários mas ao mesmo tempo, sempre rimos com um "sorriso amarelo", já que o filme não esconde a pesada carga de morte que aquele ambiente representa. Ainda assim, Jojo Rabbit é em geral um filme até leve, pois é visto sob os olhos do inocente e bom Jojo.

A relação de Jojo com a garota judia Elsa é muito bem construída e tocante: Jojo aprendeu a vida toda que os judeus são "monstros cruéis", e quando enfim se encontra com um deles, mistura medo, confusão e piedade. Já do lado da garota, ela sabe que Jojo é apenas uma criança inocente, porém não pode confiar nele, ou ainda, tratá-lo bem.

O diretor/roteirista neozelandês Taika Waititi está mais associado ao mundo da comédia (Thor: Ragnarok, O Que Fazemos Nas Sombras); portanto mesmo que ele ainda traga humor nesta sátira ao nazismo, é muito admirável a maneira com que ele constrói a tensão em Jojo Rabbit. Acredite, as cenas tensas são de "grudar" na poltrona: parece que a qualquer momento algo muito ruim vai acontecer.

Jojo Rabbit também é muito bom tecnicamente, com boa fotografia, figurino e, o que mais gostei, ótima trilha sonora, que mistura músicas clássicas e jazz com músicas pop / rock "modernas",  bem posteriores à Segunda Guerra. Apesar da miscelânea, todas as músicas casam bem com o espírito do filme.

Trazendo o lado dos "habitantes comuns alemães" durante a segunda guerra, e principalmente, fazendo forte crítica à propaganda ideológica de massas, Jojo Rabbit é um filme que emociona e precisa ser visto nos nossos tempos atuais, onde a ideologia de extrema direita parece renascer para a tristeza da humanidade. Nota: 8,0

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...