segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Crítica Netflix - Os 7 de Chicago (2020)


Título:
Os 7 de Chicago (The Trial of the Chicago 7, EUA / Índia / Reino Unido, 2020)
Diretor: Aaron Sorkin
Atores principais: Eddie Redmayne, Alex Sharp, Sacha Baron Cohen, Jeremy Strong, John Carroll Lynch, Yahya Abdul-Mateen II, Mark Rylance, Joseph Gordon-Levitt, Ben Shenkman, J.C. MacKenzie, Frank Langella, Michael Keaton
Nota: 7,0

Feito para estadunidenses, um importante manifesto sobre a situação política e social atual

Estreando no Brasil nesta última sexta-feira através da Netflix, ao contrário do que se espera Os 7 de Chicago, ele não se trata de uma produção original da empresa de streaming. Comprado da Paramount Pictures, o filme estreou nos cinemas mundiais em Setembro, e agora na Netflix, em Outubro. E mesmo não sendo "realmente" um filme seu, é uma das maiores apostas deste ano da empresa de logotipo vermelho para indicações ao próximo Oscar.

O filme conta com um elenco numeroso e estrelar, e conta a história dos 8 ativistas que reuniram diversos grupos populares para protestarem em Chicago, em frente à Convenção Nacional Democrata de 1968. Os manifestantes lutavam contra a Guerra do Vietnã, e contra a falta de direitos civis em geral, como falta de liberdade de expressão, racismo e machismo. Após um brutal confronto contra a polícia local, centenas de pessoas ficaram feridas e os supostos 8 "líderes" do movimento foram levados à justiça pelo governo dos EUA. É o longo julgamento deles a história contada aqui.

Os 7 de Chicago é dirigido e roteirizado por Aaron Sorkin, que ainda apenas engatinha como diretor mas já é um roteirista mundialmente reconhecido e premiado, conhecido por trabalhos como a série de TV West Wing: Nos Bastidores do Poder, ou filmes indicados a Oscar como A Rede Social (2010), O Homem Que Mudou o Jogo (2011) e Steve Jobs (2015). Sorkin tem uma grande qualidade: escrever sobre política, negociações e estatísticas sem que sua história fique chata; pelo contrário, ela é sempre empolgante e emocionante.

E em Os 7 de Chicago, essas qualidades se mantém, felizmente. Porém os defeitos comuns de seus roteiros também estão presentes, como a falta de preocupação em explicar detalhes e contexto da história para quem não é dos EUA, e o exagero em transformar alguns fatos corriqueiros em eventos épicos.

Com forte tom político, Os 7 de Chicago deveria ser assistido "agora" por todo estadunidense. E, em segundo lugar, pelo restante do Ocidente, o que nos inclui. É impressionante como a História se repete e a humanidade não aprende com os erros. Embora o filme se passe há cerca de 50 anos atrás, ele se mostra absurdamente atual, com governos abusivos de direita, uma Justiça parcial e desonesta, abuso policial contra os negros, e etc.

Não há dúvida que Os 7 de Chicago é um filme interessante, intenso e vibrante para quem quer que seja seu público, mesmo não gostando de política. Ainda assim, o filme tem defeitos relevantes, graças a uma direção mediana. Há problemas de montagem (o começo do filme é bastante confuso), e principalmente de ritmo: por exemplo no meio do filme o personagem de Eddie Redmayne é interrogado pelo próprio advogado, à portas fechadas, sobre seu último discurso do dia dos tumultos. E o resultado são quase 5 minutos de uma trilha sonora "épica" forçando um clímax interminável e uma emoção que não existem.

Também pesa contra o filme algumas distorções da realidade. Os "vilões" (governo e justiça dos EUA) são criticados bem sutilmente, seus personagens são quase pessoas "boas e honestas". Mas nada se compara ao desfecho do filme: fiquei bastante decepcionado quando descobri que o emocionante discurso final de Os 7 de Chicago não tem absolutamente nada de igual ao discurso real. Pura ficção.

Contando com ótimas atuações e um roteiro bom apesar das falhas, Os 7 de Chicago é uma importante obra para quem quiser aprender História, civilidade e política de maneira orgânica e nada enfadonha. Nota: 7,0

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