domingo, 9 de janeiro de 2022

Crítica Netflix - A Filha Perdida (2021)

Título: A Filha Perdida ("The Lost Daughter", EUA / Grécia, 2021)
Diretora: Maggie Gyllenhaal
Atores principais: Olivia Colman, Jessie Buckley, Dakota Johnson, Ed Harris, Peter Sarsgaard, Paul Mescal, Dagmara Dominczyk, Jack Farthing, Oliver Jackson-Cohen
Nota: 7,0

Suspense sobre maternidade e relacionamentos é uma boa estréia de Maggie Gyllenhaal

Atriz famosa e conhecida por dezenas de filmes, dentre eles Donnie Darko, Secretária, Batman: O Cavaleiro das Trevas e FrankMaggie Gyllenhaal faz uma dupla estréia em cinemas como roteirista e diretora com o filme A Filha Perdida, que adapta o livro de mesmo nome da escritora italiana Elena Ferrante.

E Maggie vai muito bem: em termos de direção, ela consegue com sucesso montar um clima de suspense e drama que prende o espectador; suas opções para enquadramento e trilha sonora fogem do óbvio e também chamam a atenção. Já em termos de roteiro, é dito que o livro (que não li) ser muito psicológico, com muito das ações passando na mente da protagonista; portanto, ela fez um bom trabalho de adaptação, já que conseguimos entender de maneira natural e eficiente o que a protagonista está pensando através de suas ações e imagens.

Na história, acompanhamos Leda Caruso (Olivia Colman), uma professora de meia idade que resolve passar as férias na Grécia. Ao conhecer na viagem a jovem mãe Nina (Dakota Johnson) e sua filha pequena de 3 anos Elena, Leda começa a se comportar de maneira errática, ao mesmo tempo que começa a lembrar de vários momentos tensos de seu passado. Trata-se de uma história bem diferente sobre a maternidade, pois além de mostrar o lado belo e maravilhoso de ser mãe, também mostra o quanto isto pode ser uma verdadeira prisão. E a conclusão de Leda sobre tudo isso, após seus quase 50 anos de experiência de vida, também foge dos clichês.

Há uma segunda parte da história que foca em relacionamentos, casamentos. O fato dela se envolver com uma família "perigosa", e o próprio nome do filme (quem é a "filha perdida"?) aumentam o elemento suspense, indo além dos traumas psicológicos de Leda.

Olivia Colman, como ótima atriz que é, está muito bem no filme, assim como sua contraparte mais jovem, a atriz Jessie Buckley, que faz Leda nos vários flashbacks. As duas certamente ajudaram Maggie Gyllenhaal a tornar A Filha Perdida uma adaptação bem interessante e bem sucedida.

E por falar em adaptação, é ainda neste assunto que cito a única coisa que não gostei nesse A Filha Perdida: embora seja bastante fiel ao livro, o desfecho do filme é um bocado dúbio, o que não acontece na obra original. Para mim, isto foi uma escolha errada, e se quiserem mais detalhes, leiam o PS no final deste artigo. De qualquer forma, A Filha Perdida é um ótimo filme de drama e suspense, bem acima da média dos filmes originais Netflix. Nota: 7,0.


PS: Sobre o final de A Filha Perdida (a partir daqui teremos um grande spoiler, leia por conta e risco): tanto o livro quanto o filme são parecidos, porém o que faz a grande diferença entre eles é o seu começo. Tanto o filme quanto o livro começam com uma Leda deixando o carro ferida e caindo desmaiada à beira da praia; porém se no filme já pulamos para o começo da história da viagem dela na Grécia, no livro imediatamente após o desmaio ela acorda em um hospital, sã e salva, e aí sim passa a contar a historia de sua viagem, que a levou até ali. Isto faz toda a diferença: no livro, então, temos a certeza de que Leda está viva; mas no filme isto é inconclusivo. Há muitos elementos dizendo que ela está bem na vida real, mas há alguns poucos outros que não... como por exemplo, a laranja que brota magicamente entre suas mãos: isso pode ser um delírio, uma metáfora, ou simplesmente, algo "provando" que ela está já no pós-morte. O filme é, portanto, inconclusivo... não há resposta correta se Leda terminou o mesmo viva ou não.

PS 2: Como curiosidade, Maggie Gyllenhaal é a irmã mais velha de Jake Gyllenhaal, e Peter Sarsgaard, que faz no filme o Professor amante de Leda, é seu esposo na vida real, com quem tem duas filhas.

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