sábado, 26 de outubro de 2024

Crítica - Tipos de Gentileza (2024)

Título
Tipos de Gentileza ("Kinds of Kindness", EUA / Grécia / Irlanda / Reino Unido, 2024)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principais: Emma Stone, Jesse Plemons, Willem Dafoe, Margaret Qualley, Yorgos Stefanakos, Hong Chau, Joe Alwyn, Mamoudou Athie, Hunter Schafer
Nota: 5,0

Yorgos encerra sua Lua de Mel com o público

2024 começou muito bem para o diretor grego Yorgos Lanthimos, já que mesmo com seu Pobres Criaturas não levando o Oscar de Melhor Filme, a produção teve 11 Indicações, venceu 4 Estatuetas, agradou muita gente, ganhou bastante atenção da mídia mundial, e enfim o fez ter bom reconhecimento. Então, o fato dele ter um novo filme - Tipos de Gentileza - estreando poucos meses depois da premiação, certamente despertou a curiosidade de todos.

Porém... os filmes de Yorgos Lanthimos sempre foram BEM estranhos. Acontece que Pobres Criaturas trazia bastante humor e dialogava diretamente com o empoderamento feminino, duas características que ajudaram seu filme ficar popular. Mas Tipos de Gentileza não traz nenhum destes dois aspectos, e então, seu novo filme volta a ser uma obra... "apenas" estranha.

Imagino que tanto Yorgos quanto seus produtores já tinham receio de Tipos de Gentileza podia não receber boa aceitação do público, já que o enredo do filme sempre foi tratado com bastante segredo. O próprio trailer do filme, como se vê no link acima, não nos revela nada. E de fato, Tipos de Gentileza foi mal de bilheteria, e chegou rapidamente nos streamings: no caso do Brasil, está na Disney+ / Star+.

Tipos de Gentileza, na verdade, são três histórias distintas, sem qualquer relação entre elas, com os mesmos atores interpretando diferentes personagens em cada uma das três tramas. Ok, há uma tênue ligação entre as três histórias, o mesmo personagem secundário R.M.F. (interpretado por Yorgos Stefanakos) está presente em todas elas (e inclusive ele aparece citado no título das três), mas é só.

Na primeira história, temos Willem Dafoe fazendo um personagem que controla nos mínimos detalhes a vida de um submisso personagem interpretado por Jesse Plemons. A segunda, na minha opinião de longe a pior de todas, é meio que um conto de terror onde Jesse Plemons interpreta um policial que acredita que sua esposa, interpretada por Emma Stone, foi substituída por uma impostora.

Finalmente, na terceira e última trama, os personagens de Jesse Plemons e Emma Stone são integrantes de uma seita lideradas pelos personagens de Willem Dafoe e Hong Chau, sendo que a primeira dupla está em busca de uma jovem que foi profetizada capaz de ressuscitar os mortos. Esta é a melhor das três narrativas, e talvez por ter um final bem interessante, acabe deixando na platéia uma "última impressão" de que o filme foi melhor do que ele realmente é.

Difícil entender porque o filme se chama Tipos de Gentileza sendo que nenhum personagem de nenhuma história demonstra qualquer gentileza em qualquer momento. Todos são frios e egoístas, o que torna uma experiência ainda mais difícil para o espectador conseguir gostar do que viu. As três histórias, como disse no começo deste artigo, são bem "estranhas". E isto desperta a constante curiosidade de quem assiste, e claro, é uma qualidade. Mas não passa disso, não há profundidade ou alguma lição a aprender aqui. Um possível tema comum para os três contos é que eles são protagonizados por pessoas que estão emocionalmente perdidas, e buscam a felicidade / realização apenas no outro.

O melhor de Tipos de Gentileza acaba sendo sua fotografia, outra qualidade bastante comum nos filmes deste diretor. Resumindo, diria que o filme não é bom nem ruim; é sim "diferente" e um pouco difícil de assistir, principalmente em seu começo. E isso é muito pouco para uma obra que reuniu novamente Yorgos Lanthimos e Emma Stone poucos meses depois de termos visto o ótimo Pobres Criaturas. Nota: 5,0.

sábado, 19 de outubro de 2024

Enfim Asterix volta a ter lançamentos no Brasil! E em dose dupla!


Depois de longos dois anos e meio, a Editora Record - que detém os direitos de publicação do intrépido baixinho gaulês aqui no Brasil - acordou para a vida e voltará a lançar novas publicações em nosso território. E em dose dupla!

Primeiramente, previsto para o dia 18 de Novembro, vem o ainda inédito por aqui volume 39 dos quadrinhos, Asterix e o Grifo, que marca a despedida do autor Jean-Yves Ferri (o volume 40, lançado na França em Outubro de 2023 e intitulado O Lírio Branco, foi escrito por Fabcaro). Na trama, Asterix e seus companheiros novamente viajam para bem longe de casa, e vão ao território dos Sármatas, povo que vivia na região onde atualmente há a guerra entre Ucrânia e Rússia.



Já o segundo futuro lançamento não se trata de material inédito, mas é bem surpreendente. Trata-se do início da coleção Omnibus. A coleção, que promete relançar todos os livros de Asterix em formato de luxo e capa dura, vêm no mesmo formato da coleção Omnibus lançada nos EUA e outros países, ou seja, juntando 3 números originais em cada volume. Portanto, em Asterix Omnibus Vol. 1, teremos o compilado das 3 primeiras aventuras do herói: Astérix, o Gaulês (1961), A Foice de Ouro (1962) e Astérix e os Godos (1963).

A primeira edição está com o lançamento previsto para 6 de Janeiro de 2025 e por enquanto foi o único volume anunciado.


Ambas revistas já se encontram em pré-venda e podem ser compradas em sites especializados. Quem é fã, já garanta suas cópias! ;)

sábado, 12 de outubro de 2024

Crítica - Coringa: Delírio a Dois (2024)

TítuloCoringa: Delírio a Dois ("Joker: Folie à Deux", Canadá / EUA, 2024)
Diretor: Todd Phillips
Atores principais: Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Brendan Gleeson, Catherine Keener, Zazie Beetz, Steve Coogan, Harry Lawtey, Leigh Gill, Jacob Lofland, Sharon Washington
Nota: 5,0

Filme entrega tudo o que seu público não queria

Cinco anos depois do excelente primeiro filme, o diretor Todd Phillips e o ator Joaquin Phoenix retornam com Coringa: Delírio a Dois. O título dá indícios de que não será apenas uma continuação, e sim, uma nova história dividindo o protagonismo com a personagem "Arlequina" interpretada pela cantora Lady Gaga, tanto é assim que o filme foi anunciado como "mais ou menos musical".

Na história, continuação imediata do filme anterior, vemos um deprimido Arthur Fleck / Coringa (Joaquin Phoenix) preso no Asilo Arkham pelos seus crimes, onde é frequentemente zombado pelos guardas. Porém, em dado momento, ele conhece a também detenta "Lee" Quinzel (Lady Gaga) - em nenhum momento ela é chamada de Arlequina no filme - que se mostra estranhamente aficionada por ele. Não demora muito para que Arthur se apaixone obcecadamente por ela, que por sua vez, retribui. Em meio a tudo isso, o promotor público Harry Lawtey (Harvey Dent) resolve submeter Arthur à pena de morte. E com isso, ele enfrenta um julgamento público para decidir seu destino.

Coringa: Delírio a Dois até começa bem, e seus segmentos musicais fazem sentido, pois não só refletem os delírios dos personagens do Coringa e "Arlequina", como também representam de modo adequado o sentimento de estar apaixonados.

Porém, quando o filme chega na parte do julgamento no tribunal, ele piora muito rapidamente, em tudo. No caso especificamente das cenas musicais, que já cansaram o espectador pelo excesso, pouca variação, e qualidade duvidosa, vão ficando cada vez mais desassociadas com o enredo do filme, o que é bem decepcionante e irritante. Ah, e a maneira como o julgamento termina é péssima, muito inverossímil. Um Deus ex machina de fazer chorar.

Em termos técnicos, o melhor de Coringa: Delírio a Dois é a sua fotografia, mantendo o nível do filme anterior, e talvez até o superando. Nas atuações, Lady Gaga não compromete e Joaquin Phoenix está muito bem... mas me pergunto: o que seria dele atuando neste filme sem o cigarro? Ele passa uns dois terços do filme fumando... é um artifício até meio constrangedor... Isso sem contar que, sendo ele um detento, é completamente absurdo imaginar que ele teria tanto acesso a tanto cigarro como seu personagem tinha no filme.

Não vou contar aqui o desfecho de Coringa: Delírio a Dois, mas ele me lembrou imediatamente de duas franquias dos cinemas. A primeira foi Tropa de Elite, por fazer um segundo filme para "explicar para o público que tudo que ele entendeu no primeiro filme estava errado". E a segunda foi Matrix, cujo detestável quarto filme propositalmente quis desconstruir muito do que foi feito na trilogia original.

As diferenças desse Coringa 2 para Matrix 4 é que em Matrix, Lana Wachowski quis humilhar tanto o estúdio quanto seu público. Já em Coringa, acho que foi mais culpa dos egos de Todd Phillips e Joaquin Phoenix mesmo... porém, a desconstrução feita aqui foi ainda maior: definitivamente este Coringa de Coringa: Delírio a Dois não é o Coringa dos quadrinhos, contrariando o filme anterior, que se esforçava, ainda que de maneira um pouco hesitante, manter certa coerência com as HQs.

Como um todo, se pensarmos no filme como a história de um romance de duas pessoas perturbadas, ele não é ruim. A trama chega até ser boa. Porém - e são muuuuitos poréns - Coringa: Delírio a Dois nega tudo o que fez o primeiro filme ser ótimo, é lento, longo, e bastante chato de assistir. Promete ser uma história de Coringa e Arlequina mas pouco lembra estes personagens. Resumindo, é um filme que nunca deveria ter existido, e mais um que infelizmente mancha a reputação do universo cinematográfico da DC. Nota: 5,0.


PS: o filme não tem cenas pós-créditos, mas curiosamente tem um breve desenho animado (sobre o Coringa) antes de começar.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #026 - A invasão dos Nepo Babies


Nepo Baby - abreviação do termo Nepotism Baby - cuja tradução literal seria "Bebê do Nepotismo", é um termo que surgiu nos EUA em meados dos anos 2010 para citar de modo depreciativo pessoas cujos pais tiveram sucesso em carreiras semelhantes ou relacionadas à sua. Sendo mais específico aqui no nosso contexto: é um termo para reforçar que a pessoa é filha de uma celebridade, e por isso desfruta de conexões que facilitam a construção da sua carreira no mundo do entretenimento.

Os Nepo Babies existem em Hollywood desde sempre. Porém, apenas nos últimos 3 anos o assunto chamou realmente atenção do público (e de modo negativo). Primeiro pelo número realmente maior de nepo babies aparecendo no cinema, TV e música; e segundo, pela toxicidade das redes sociais. Tanto é verdade que o número de filhos de pais famosos está aumentando e chamando a atenção, que eu já havia feito um artigo sobre isto em Dezembro de 2021 aqui no Cinema Vírgula. Clique aqui para rever o "Curiosidades Cinema Vírgula #007 - Sete jovens atores em ascensão com pais famosos que você não tinha idéia!".

Agora trago mais 4 atores que você provavelmente nem imaginasse que têm pais famosos. São as 4 pessoas da imagem título deste artigo, lá acima. Vamos saber quem eles são, e o que cada um acha de ser um nepo baby? Seguindo então em ordem, da esquerda para a direita:

Maya Hawke: filha dos atores Uma Thurman e Ethan Hawke, um de seus principais trabalhos foi o papel de Robin em Stranger Things. A atriz e cantora já reconheceu que ter pais famosos lhe deu enormes vantagens em ambas carreiras.

Lily-Rose Depp: filha da cantora Vanessa Paradis com o ator Johnny Depp, Lily-Rose é atriz mas também já navegou pelo mundo da mãe, lançando algumas músicas. Para ela, ser um nepo baby só ajuda para conseguir um papel, e depois disso "você só conta com seu talento e há muito trabalho duro a se fazer".

Patrick Schwarzenegger: filho do ator e ex-governador da Califórnia Arnoldão, após várias pequenas participações em filmes e séries, ele recentemente conseguiu um papel maior em Gen V, seriado derivado de The Boys. Patrick diz não aceitar "ajudas" do pai: "Ele me ofereceu papéis em seus filmes, mas não estou interessado em aceitar coisas em seus filmes de ação ou em não conquistar meu [próprio] caminho".

Allison Williams: filha de Brian Williams, o âncora de um programa jornalístico do canal NBC, o Nightly News, a atriz tem uma carreira mais em filmes e séries de terror, recentemente estando em produções como M3gan e Corra!. Na minha opinião, ela é uma excelente atriz, e talvez por concordar com isso, não se importe nem um pouco em se assumir como uma nepo baby: "Não parece ser uma derrota admitir isso. Se você confia em sua própria habilidade, eu acho que se torna bem simples aceitar".

Mas aparentemente nem mesmo fama e reconhecido talento impede que alguns Nepo Babies fiquem magoados com a recente popularização do termo. Lembram que eu disse que filhos de pais famosos existem em Hollywood desde sempre, né? A competentíssima Jamie Lee Curtis, que começou a atuar em 1977 e já passou dos 50 filmes na carreira, é filha dos também atores Tony Curtis (Quanto Mais Quente Melhor) e Janet Leigh (Psicose). E ficou bem magoada quando a expressão começou a ficar comum na mídia.

Tony Curtis, Janet Leigh e Jamie Lee Curtis, juntos em foto de 1991

Jamie até reconheceu que pessoas com parentes famosos têm algumas vantagens na carreira, citando até uma inusitada, que seria o espaço de poder retrucar quem duvida de seus talentos e habilidades. Porém, segundo suas palavras: "a conversa atual sobre os Nepo Babies tem como objetivo apenas tentar diminuir, denegrir e magoar".

E para encerrar o assunto Nepo Babies... vamos falar de Hannah Einbinder.

Hannah é a co-protagonista do seriado de comédia Hacks, que no começo deste ano fiz um artigo elogiando bastante (clique aqui para ler!), e que semanas atrás venceu 3 prêmios Emmy (dentre 6 indicações): Melhor Série de Comédia, Melhor Roteiro de Série de Comédia e Melhor Atriz em Série de Comédia (para Jean Smart).

E como Hannah Einbinder também é uma Nepo Baby (e talentosa, aliás), aproveitei para unir o assunto deste artigo para voltar a recomendar Hacks.

Hannah Einbinder é filha de Laraine Newman, que por sua vez é comediante e dubladora. Laraine fez parte do elenco inicial de Saturday Night Live, da qual participou das 6 primeiras temporadas.

Laraine e Hannah, em 2015



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

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Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...