terça-feira, 28 de junho de 2016

Crítica - Uma Repórter em Apuros (2016)

TítuloUma Repórter em Apuros ("Whiskey Tango Foxtrot", EUA, 2016)
Diretores: Glenn Ficarra, John Requa
Atores principais: Tina Fey, Margot Robbie, Martin Freeman, Alfred Molina, Christopher Abbott, Billy Bob Thornton
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=6nn7L6EJq0c
Nota: 7,0
Mais sério, profundo e melhor do que prometia

Esqueça o trailer repleto de piadas bobinhas, o título boçal que traduziram para o filme, e também, esqueça que a protagonista é a comediante Tina Fey. Pois apesar de todos os indícios Uma Repórter em Apuros possui conteúdo sério e quantidade apenas moderada de comédia.

Na história - baseada no livro auto-biográfico da jornalista estadunidense Kim Barker - Tina Fey interpreta uma repórter quarentona que nunca teve a oportunidade de aparecer na televisão. Quando sua emissora lhe apresenta a possibilidade de ser uma correspondente internacional no Afeganistão em guerra (e com isto aparecer ao vivo em um jornal da TV) ela não pensa duas vezes e topa o desafio. Despreparada, aprendemos junto com ela como viver em um país machista e em conflito armado.

No começo do filme, a impressão é mesmo que estamos diante de uma comédia comum. São várias as piadinhas, e a maioria delas inclusive são sobre sexo. Porém com o passar do tempo, gradativamente a história se torna mais séria, e não há muito mais do que rir.

Portanto, muito além dos clichês de comédias e filme de guerra, Uma Repórter em Apuros em primeiro lugar mostra de maneira leve sobre como é viver em um mundo masculino. Mas além disto, o filme traz assuntos como relacionamentos, ética profissional, o "se encontrar" na vida, e, por que não, diferenças culturais e os riscos e tragédias da guerra. Tudo de forma bem sutil, sem nenhum "didatismo".

Reforçado por um elenco estrelado que conta também com Margot Robbie, Martin Freeman, Alfred Molina e Billy Bob Thornton (todos muito bem), Uma Repórter em Apuros consegue entreter, educar e emocionar ao mesmo tempo. E principalmente, o faz de maneira não convencional: é muito difícil prever o que vai acontecer na história, e o que vai acontecer com a protagonista. Em tempos onde sabemos o final de um filme antes mesmo dele estrear, isto é uma enorme qualidade. Nota: 7,0

sábado, 25 de junho de 2016

Gosta de pôster? Aqui tem mais de 1000 em HD sobre filmes e séries de TV para baixar!


Achei este link tão bacana, mas tão legal, que fiz um texto apenas para partilhá-lo com vocês. São mais de 1000 pôsteres de cinema (e muitos também de séries de TV) em alta resolução e com um detalhe a mais: sem nenhum texto! Ideal para colocar na parede da sua casa, ou na tela do seu celular :)

Sem mais delongas, este é o link (clique).

E para fechar, uma imagem reduzida de um dos pôsteres que se encontram no site citado, no caso, de um filme da minha franquia favorita dos cinemas. :)


domingo, 19 de junho de 2016

Crítica - Voando Alto (2016)

TítuloVoando Alto ("Eddie the Eagle", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2016)
Diretor: Dexter Fletcher
Atores principais: Taron Egerton, Hugh Jackman, Tim McInnerny, Jo Hartley
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=FNg0-IQIjRQ
Nota: 7,0
Leve, divertido e inspirador

Passando quase desapercebido pelo público brasileiro nos cinemas em Março deste ano, Voando Alto é baseado na história real do inglês Eddie "The Eagle" Edwards (Taron Egerton), uma pessoa tímida e excluída socialmente que sempre teve o sonho de ser um atleta olímpico. Ajudado pelo treinador em busca de redenção Bronson Peary (Hugh Jackman), a dupla treina para conseguir disputar as Olimpíadas de Inverno de 1988. O título do filme foi traduzido de maneira bem estúpida para Voando Alto, mesma tradução para o nome de um péssimo filme de 2003 estrelado por Gwyneth Paltrow e Mike Myers. Não os confunda: o novo Voando Alto é muito, muito, muito melhor.

Voando Alto lembra razoavelmente o clássico familiar Jamaica Abaixo de Zero (1993), e não foi a toa: o produtor Matthew Vaughn afirma que a idéia para o filme surgiu quando ele viu suas crianças se divertindo com a história dos jamaicanos.

Entretanto Voando Alto possui algumas características distintas do filme que o inspirou. Ele é um filme bem mais leve, colorido e divertido. E ainda assim, consegue trazer para a trama um assunto sério que o filme de 1993 pouco comenta: o perigo da morte. Curiosamente, tanto Eddie "The Eagle" Edwards quanto o time de Bobsled da Jamaica disputaram na vida real a mesma edição dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Fazendo um personagem inocente, bastante carismático, e com os mesmos trejeitos do Eddie real, o ator Taron Egerton é a grande atração do filme. E por falar em inocência, ver a relação dos pais do protagonista com seu "filhinho" é outra novidade que encaixou muito bem neste tipo de filme de "superação esportiva".

Se Voando Alto agrada por ser bem leve, fica o alerta que na vida real as coisas não foram tão fáceis para Eddie. O filme não mostra, mas o inglês real chegou a dormir em uma instituição mental para economizar, era uma pessoa muito solitária, e principalmente seus 2 anos de treinamento (muito mais que os 6 meses que o filme cita) foram de muito sofrimento e dor. Aliás, Voando Alto tem bastante fantasia, já que tanto os personagens de Hugh Jackman quanto de Christopher Walken são fictícios.

Pelo menos em termos de resultados Olímpicos, e pela maneira em que imprensa, público e atletas o trataram por lá o filme é bem preciso, o que é muito bacana para quem curte esporte. E apesar de tantas mudanças, há de se reconhecer que elas acabaram tornando o filme bastante inspirador.

Um resumo do espírito de Voando Alto é este trecho, extraído de um diálogo do filme: "... não se trata de habilidades dadas por Deus, trata-se de nunca desistir, aconteça o que acontecer; sabendo que fazer seu melhor é a única opção, mesmo se terminar em fracasso.". Nota: 7,0


PS: na vida real a história de Eddie desagradou muitos atletas de primeira linha, que receberam menos atenção do que ele. Mais ainda, o inglês foi acusado de não levar o esporte a sério (e de certa forma ele só queria mesmo se divertir). Então em 1990 o Comitê Olímpico Internacional (COI) criou a regra apelidada de The Eddie "The Eagle" Rule que obriga que para disputar os jogos um atleta precisa ter marca entre as 30% melhores, ou ser um dos 50 melhores atletas do mundo. Curiosamente esta regra não impediu que o nadador guinéu-equatoriano Eric Moussambani ficasse mundialmente famoso nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 quando nadou "cachorrinho" a eliminatória dos 100 metros livres. Eric foi aos jogos devido a uma concessão da Federação Internacional de Natação (FINA), que permitia a entrada de alguns atletas sem índice para motivar o esporte em países com a "natação em desenvolvimento".

terça-feira, 7 de junho de 2016

Crítica - Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos (2016)

TítuloWarcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos ("Warcraft", China / EUA, 2016)
Diretor: Duncan Jones
Atores principais: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster, Dominic Cooper, Toby Kebbell, Ben Schnetzer, Daniel Wu
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=OOTjr18_w0A
Nota: 4,0
Warcraft é filme B que teve muito dinheiro para efeitos especiais

Após muita expectativa por todos que ainda aguardam uma boa adaptação de jogo de vídeo-game para as telonas, chega aos cinemas Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos, a aposta de 160 milhões de dólares da Blizzard - a dona/criadora da franquia nos games.

E a aposta deu errado mais uma vez. Repleto de personagens genéricos, que não são apresentados em nenhum momento da história, a história é fraca, cheia de furos, e apesar da grande produção Warcraft mais lembra filmes B por seus defeitos.

Como todo filme B que se preze, os atores em sua maioria são fracos e totalmente desprovidos de carisma, os diálogos são horrorosos (as vezes chegam a constranger - é a pior coisa do filme), e tudo o que protagonista faz - o humano Anduin Lothar (Travis Fimmel) - desde beber água ou olhar para uma janela é feito de maneira "heróica/épica"... Lastimável!

Contando basicamente com apenas ação - sem uma história pra contar - o roteiro ainda entrega um péssimo vilão. Pelo menos dá para dar um desconto para a Blizzard que não é só ela que erra nisto, vide os últimos filmes da Marvel e DC.

Tecnicamente, a trilha sonora também é bem ruim. Muito barulhenta, genérica, repetitiva, preguiçosa, e que contribui grandemente para estabelecer o exagerado clima sombrio do filme. Em termos visuais, os efeitos especiais até são bons, entretanto, a computação gráfica é tão exagerada, usada tanto, que em muitas cenas temos a sensação de estar vendo algo "falso".

Há algo bom para se falar de Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos? Bem, as lutas "mano-a-mano" dos Orcs são bem legais, a magia azul dos magos é exibida de maneira bem bonita, temática e crível, e finalmente, é uma satisfação ver que os Orcs não são vilões, nem estúpidos, nem monstros... sempre é bacana quebrar um paradigma, como este, de que todo ser grande e feio é uma besta.

Contando com uma grande quantidade de personagens vindo diretamente dos jogos de vídeo-game, talvez o jogador fanático da franquia Warcraft consiga desfrutar melhor do filme, principalmente por conhecer o "currículo" dos personagens através dos jogos. Mas para quem nunca jogou a série - meu caso - Warcraft nada mais é que uma experiência enfadonha e genérica de fantasia medieval. Nota: 4,0


PS 1: assistindo ao filme pude reparar em diversos erros de tradução. Nada muito relevante, mas ainda assim alterando levemente o sentido de algumas falas. Até nisto o filme decepciona!

PS 2: os realizadores de Warcraft foram incompetentes, porém, não se pode dizer que não foram otimistas! Afinal, na verdade o que vemos é apenas o encerramento de um arco da história, propositalmente foram incluídas diversos fortes ganchos para mais de uma continuação. Mas como o filme até este momento sequer chegou a metade de seu custo (US$ 80 milhões) em bilheterias, provavelmente seremos poupados de uma sequência.

PS 3: (atualização as 18h do dia 07/06/16) acabo de ler uma notícia que só na pré-estreia o filme já passou da marca de US$ 20 milhões na China. Olha só, talvez os chineses salvem o filme do prejuízo!

sexta-feira, 3 de junho de 2016

SEIS títulos atuais da Image Comics que você deveria conhecer


Atual terceira maior editora de quadrinhos dos EUA, a Image Comics foi fundada em 1992 por vários artistas saídos da Marvel Comics. Nomes como Todd McFarlane, Jim Lee, Erik Larsen, Marc Silvestri e Rob Liefeld resolveram fundar sua própria companhia por estarem cansados da interferência da editora em seus trabalhos, e também, para que pudessem criar personagens sem ter que ceder seus direitos autorais. Ou seja: diferentemente da Marvel e DC, na Image os personagens ficariam como propriedades de quem os criou.

Os quadrinhos da Image chamavam a atenção pela incrível beleza de seus desenhos, o que não poderia ser diferente, já que eram produzidas por alguns dos melhores desenhistas da época. Eram também quadrinhos maiores (menos quadrinhos por página), o que ajudou a indústria como um todo a abandonar o estilo das comics dos anos 80, repleta de textos e com 9 ou mais quadros por folha. Já a qualidade dos seus roteiros era bem contestada. A Image virou sinônimo de qualidade visual, mas não de escrita.

Passados quase 25 anos de sua fundação, muita coisa mudou. Hoje em dia, longe de ser um simples refúgio para desenhistas, a Image possui uma gama bem diversificada e ótimos títulos. Isto porque ela atrai dois tipos de criadores: novatos talentosos buscando sua grande chance e autores já consagrados que não encontram na DC ou Marvel espaço para produzirem obras autorais, geralmente mais adultas.

É em nome desta empolgante fase da Image com vários ótimos títulos que eu montei esta lista com SEIS títulos atualmente em produção e que recomendo fortemente. O objetivo da lista é apresentar títulos pouco conhecidos pelo público brasileiro. Portanto o excelente Walking Dead (vendido no Brasil como Os Mortos-Vivosnão está nela, já que este título todo mundo conhece. Confiram abaixo:



Black Science (2013)



Escrita por Rick Remender e desenhada por Matteo Scalera, as histórias de Black Science me lembram aqueles seriados de TV de ficção científica bem antigos, dos anos 60, mas agora totalmente remodelada para nosso tempo. Na trama, o cientista Grant McKay descobre uma máquina que permite viajar através de infinitas realidades alternativas. Quando ele decide apresentar o incrível invento para seus filhos um grave problema acontece: a máquina foi sabotada e todo o grupo é transportado contra a vontade para outra dimensão. Pior, como o aparelho está quebrado, após algumas horas eles são transportados para outra realidade, e assim sucessivamente, sem ter nenhum controle sobre seu futuro destino. Até eles descobrirem como consertar o mecanismo de viagem dimensional, eles serão jogados de uma realidade desconhecida para outra após algumas horas.

Há três coisas que chamam bastante a atenção em Black Science. A primeira são seus desenhos, deslumbrantes, que parecem parecem cenas de filme e a cada edição temos várias páginas duplas aproveitando esta qualidade do título. As duas outras são os temas frequentes do roteiro: muita ação frenética e muitas versões alternativas dos personagens se encontrando entre as realidades. Se você gosta deste tipo de história, Black Science vai agradar em cheio.

A série foi prevista para durar "por volta de 60 edições" e atualmente se encontra na edição 21. Eu já li os dois primeiros arcos (volumes 1 ao 11), e estou gostando bastante. O meu grande receio é que a trama está mais complexa a cada edição. Será que Rick Remender vai conseguir manter sua história coesa e logicamente correta até o final? O título permanece inédito no Brasil.



Chew (2009)



Chew (que se traduzindo para o português seria: "mastigar") seria uma história policial do nosso mundo atual se não fosse por uma pequena diferença: no universo deste título houve um surto de gripe aviária tão forte que só nos EUA matou 23 milhões de pessoas. Este evento resultou em duas mudanças: a carne de frango passou a ser proibida no planeta todo (e passou a ser mais lucrativa para traficantes do que drogas) e também, a partir deste surto algumas pessoas passaram a desenvolver super-poderes relacionados a... comida(!?!). Por exemplo, há um personagem que fica mais inteligente cada vez que come; outro, cujas pinturas - quando comidas - ficam com o exato gosto da comida que foi retratada, etc, e etc.

Escrita e criada por John Layman, e desenhada por Rob Guillory, o protagonista principal desta história doida é o detetive Tony Chu, cujo trabalho é justamente resolver crimes relacionados com a posse de carne de frango. Chu também tem um poder relacionado a comida: quando ele come, ele descobre tudo sobre a vida do objeto devorado. Parece um poder inútil não? Pois é, agora imagine se você está investigando algo e encontra alguém assassinado: se você comer um pedaço do defunto vai descobrir exatamente como ele morreu e quem o matou. Nojento, mas eficientíssimo!

O principal ponto forte de Chew é o humor. A história é muito engraçada e maluca. Os traços de Guillory também ajudam a reforçar este clima cômico. Chew mistura história policial com ficção científica (há alguns eventos na trama que podem ser alienígenas) e também me lembra um pouco o seriado de TV Heroes, já que a história também conta com um vilão com os mesmos poderes e objetivos do Sylar.

Atualmente, a série se encontra na edição 55 e está em seu final, já que deverá acabar na edição 60. Eu já li até a edição 40 e a história traz enormes reviravoltas a cada arco. Bem interessante! O título ainda permanece inédito no Brasil.



Invincible (2003)



Apesar de eu ter barrado o Walking Dead do Robert Kirkman desta lista, não teve como deixar este criativo escritor de fora, apresentando outro de seus títulos. Invincible é seu título clássico de super-herói. O personagem principal da revista é Mark Grayson, que é filho do super-herói Omni-Man (uma espécie de Superman deste universo). A história começa quando Mark tem as primeiras manifestações de seus poderes, o que acontece quando ele está no seu último ano do colegial.

Já vi várias tentativas da DC e da Marvel em colocar um super-herói adolescente como protagonista de um título para atrair o público jovem e nenhum deles foi tão eficiente nisto como Invincible. De assuntos como o primeiro namoro, a ida à faculdade (e tirar notas baixas por estar sempre faltando das aulas para salvar o mundo), e até mesmo o deslumbramento de ter poderes, o personagem de Mark é absurdamente crível e convincente.

Com histórias repletas de humor, ação, drama, reviravoltas, centenas de personagens, e ótimos desenhos de Ryan Ottley - que contribuem com o clima jovem e divertido - já li quase 50 edições da revista e ela continua surpreendente a cada edição. E não estou exagerando!

Kirkman não mostra sinais de cansaço com o título - que já chegou à edição 128 - e por isto não manifestou até hoje nenhum interesse em encerrar a história. Aqui no Brasil a revista chegou com o nome de Invencível, e teve seus 4 primeiros encadernados publicados pela HQM Editora. Como o último encadernado foi impresso no longínquo ano de 2012, provavelmente o que nos resta é continuar a história através das edições dos EUA.



Lazarus (2013)



Escrita por Greg Rucka e desenhada por Michael Lark, Lazarus é uma história de Máfia em um futuro pós-apocalíptico. A economia mundial entrou em colapso. Bilhões morreram de fome. E agora o mundo é governado pelas 16 Famílias mais ricas do planeta, que se comportam como os mafiosos do século XX. Várias destas Famílias possuem seu Lazarus: um parente escolhido para ser seu super-soldado, que através de melhorias genéticas (ou cibernéticas, ou etc), se torna a maior arma e escudo de cada organização. A protagonista principal é Forever Carlyle, a jovem com cerca de 20 anos portando espada na imagem acima, e que é a Lazarus de sua família.

Diferentemente de seus parentes, a soldado Carlyle possui consciência e frequentemente entra em conflitos morais, principalmente quando tem que fazer seu papel de executora. Pior ainda para ela, Forever nasceu em laboratório, mas nem desconfia. Nas primeiras histórias, metade de Lazarus é acompanhar a interessante jornada de Forever Carlyle. A outra metade são os acontecimentos que todos nós conhecemos sobre mafiosos - disputa entre as Famílias, dois irmãos de Carlyle tentando derrubar o próprio pai do controle dos negócios, etc - porém com uma linguagem ágil e atual. Ah, e não se esqueça que estamos em um mundo onde a maioria da população mundial está morrendo de fome e que temos armas e tecnologias mais avançadas do que as do dia de hoje. Isto também poderá render grandes histórias sociais e científicas no futuro, e já no segundo arco da revista a questão da pobreza é mostrada de maneira bem marcante.

Até agora li as 10 primeiras edições e elas melhoram a cada novo número. Outra coisa bacana é que Rucka se preocupa bastante com a mitologia do título e na sessão de cartas de cada edição há textos explicando o mundo de Lazarus em mais detalhes. O título se encontra atualmente no número 21, não tem previsão de término, e infelizmente até hoje não foi publicado no Brasil.



Morning Glories (2010)



Criada e escrita por Nick Spencer e desenhada por Joe Eisma, a melhor maneira de definir Morning Glories é: Lost (o seriado de TV) se passando em uma universidade. Na trama conhecemos o internato Morning Glories Academy, considerada a melhor escola preparatória dos EUA, e que recruta apenas "garotos prodígios" para suas dependências. Somos apresentados à academia através dos olhos de seis novos alunos em seu primeiro dia de aula: Casey, Zoe, Hunter, Ike, Jun e Jade. Não demora muito para que os novatos descubram que algo está muito errado: tentativas de assassinato, áreas restritas, um diretor aparentemente animalesco que vive trancado longe das pessoas, viagens no tempo, e um regime disciplinar pior que em uma ditadura. Morning Glories tem até seu monstro, que aqui não é uma fumaça assassina e sim um fantasma que consegue se materializar em estado sólido quando quer atacar alguém.

Morning Glories tem uma trama excelente, repleta de mistérios e reviravoltas. Os desenhos até são bons, entretanto Joe Eisma não é tão bom para desenhar rostos, o que me fez algumas poucas vezes ficar em dúvida sobre qual personagem estava sendo mostrado. Este quadrinho é tão instigante quanto Lost e só espero que ao contrário do seriado este título se encerre bem, explicando tudo o que é essencial.

A série foi originalmente foi criada para ter 100 edições porém deverá se encerrar na edição 50, que será lançada neste mês (junho de 2016) nos EUA. A idéia dos criadores é fazer um final que sirva tanto para encerrar a série quanto para continuá-la por mais edições, caso consigam. Morning Glories já teve os dois primeiros encadernados publicados no Brasil pela editora Panini, um em 2012 e outro em 2013 (juntos eles vão até a edição 12). Ou seja, para nós brasileiros, novamente o jeito é continuar a história através das edições gringas. Eu já li até a edição 25 - ou seja, metade da trama - e continuo bastante empolgado para descobrir as respostas para os enigmas da revista.



Saga (2012)



Saga é escrita por Brian K. Vaughan, que considero um dos melhores escritores da atualidade. É dele as duas excelentes obras Y: O Último Homem e Ex-Machina (ambas já publicadas integralmente no Brasil pela Panini). Saga é uma space opera vendida (corretamente) como uma mistura de Star Wars com Romeu e Julieta com Game of Thrones.

Na história, temos duas espécies distintas vivendo uma guerra que já dura séculos. Uma raça, bastante tecnológica, vive no planeta Aterro (Landfall); a outra, mais mística e capaz de fazer magias, vive em Grinalda (Wreath), o único satélite natural deste mesmo planeta. É neste cenário em que o ativista anti-violência Marko (de Grinalda) se apaixona pela soldado Alana (de Aterro) e eles tem uma filha. Quando a criança nasce, Marko e Alana são literalmente perseguidos por toda a galáxia. Os governos dos dois povos querem obter esta "criança proibida", e para isto utilizam não só de seus próprios exércitos como também de caçadores de recompensa. A trama, portanto, é da família fugindo pelo espaço, tentando sobreviver e não ser capturada.

Como se pode ver acima, a trama obviamente tem mesmo elementos de Romeu e Julieta e elementos de Star Wars (toda a aventura espacial em si). Já de Game of Thrones, o título empresta os temas de conspiração entre grandes famílias, um pouco de nudez e sexo, e o clima épico. Mais do que tudo isto, a história é fortemente divertida, criativa e maluca! Querem exemplos? Que tal a nave utilizada pelos protagonistas, que na verdade é uma árvore gigante? Ou ainda, que tal o animal de estimação do mercenário conhecido como "O Querer" (The Will), que é um gato espacial que fala "está mentindo" quando alguém mente?

A família protagonista - que vai ganhando amigos ao longo da história - é bem interessante, ficando muito fácil para o leitor se importar com ela. Uma outra coisa bacana é a inversão dos papéis tradicionais de "machão" e "donzela indefesa", afinal Alana é a soldado, usa armas, e isto gera vários conflitos com seu marido pacifista. Além da grande qualidade do roteiro, os desenhos da Fiona Staples são um atrativo a parte. Belíssimos, limpos e ao mesmo tempo bem detalhados, ela é mais um artista que consegue transmitir o clima de filme em seus desenhos.

Saga se encontra atualmente na edição 36 e é atualmente publicado no Brasil pela editora Devir. Isto implica em boas e más notícias. As boas: a revista é de ótima qualidade, com acabamento de luxo e capa dura. A ruim: tanta qualidade implica em alto preço: R$ 65,00 por edição. Particularmente, eu preferiria papel mais simples e preços mais baixos. Enfim... A Devir já publicou aqui os dois primeiros encadernados de Saga, o que significa ir até a edição 12, que foi até onde eu li. De todos os títulos que coloquei nesta lista, este é o que tem minha maior recomendação.




Já tinham ouvido falar de alguns destes títulos? Já os leram? Se sim, recomendam? Aguardo vocês nos comentários. Até a próxima!

sábado, 21 de maio de 2016

Crítica - X-Men: Apocalipse (2016)

TítuloX-Men: Apocalipse ("X-Men: Apocalypse", EUA, 2016)
Diretor: Bryan Singer
Atores principais: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Oscar Isaac, Rose Byrne, Evan Peters, Sophie Turner, Tye Sheridan
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=3vYpPwBKJ28
Nota: 5,0
Outra vez mais do mesmo

X-Men: Apocalipse é o 6º filme dos mutantes nas telonas, e o 3º a partir do reboot iniciado em 2011 com o excelente X-Men: Primeira Classe. Na história da vez, é revelado que há muitos milhares de anos atrás nasceu Apocalipse, o primeiro mutante. Adormecido durante milênios ele desperta e resolve destruir o mundo. O filme também mostra pela primeira vez a versão reboot de personagens importantes dos X-Men como por exemplo Jean Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan), Noturno (Kodi Smit-McPhee), Tempestade (Alexandra Shipp) e Psylocke (Olivia Munn).

O roteiro de X-Men: Apocalipse é bem fraquinho. Focando basicamente na ação, contém diversos exageros, "coincidências" forçadas e ignora completamente o desenvolvimento de qualquer personagem. Mas o pior de tudo é sua falta de originalidade. Ok, é comum filmes se repetirem dentro de uma mesma franquia, principalmente em se tratando de filmes de super-heróis. Só que X-Men 6 extrapola o limite do aceitável: quase tudo que aparece no filme já foi explorado nos filmes anteriores.

Querem ver? Vamos lá (cuidado, este parágrafo possui vários pequenos spoilers. Caso não queira saber deles, pule para o parágrafo seguinte): Magneto ora vilão ora bonzinho ouvindo o chato discurso de Xavier que ele no fundo tem um bom coração? Confere (pela milésima vez); Jean Grey possuída pela Fênix? Confere (pela 3ª vez); Wolverine perdendo o controle? Confere (pela milésima vez); longa cena solo para fazer piadinhas com Mercúrio usando seus poderes? Confere (pela segunda vez); A máquina Cérebro sendo usada e graças a isto dá merda? Confere (pela milésima vez).

Não bastando as coisas de sempre, há também novos problemas, como o excesso de piadas: este é o filme dos X-Men com mais alívios cômicos e assim como em Homem de Ferro 3, elas são tantas que chegam a atrapalhar os poucos momentos dramáticos do filme.

Mas também há pontos a se elogiar em X-Men: Apocalipse. Com exceção do vilão principal, a caracterização dos personagens novos é excelente. Além disto, os efeitos especiais em geral são bons, assim como o design de produção. O filme conta com um elenco bem numeroso, jovem e talentoso, mas que infelizmente é mal aproveitado já que a franquia teima em dar destaque apenas no trio James McAvoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence (a atriz que veta ter a pele pintada de azul por ser famosa).

E principalmente, o grande momento de Men: Apocalipse é a sua batalha final. Vários heróis lutando simultaneamente, um confronto duro e bem realizado contra Apocalipse, tudo bem executado e agradável. Infelizmente, uma única sequencia não-repetitiva muito boa é muito pouco para um filme com mais de 2h20 de duração.

Se você assistiu poucos filmes dos X-Men, talvez considere Men: Apocalipse um filme divertido, no que eu concordaria moderadamente se estivesse nesta situação. Mas como eu assisti os 5 filmes anteriores dos mutantes, ver este X-Men foi uma experiência enfadonha. E o pior é que material para novas histórias não falta: com mais de 50 anos de histórias nos quadrinhos, há literalmente centenas de tramas, heróis e vilões para serem utilizados. O verdadeiro desafio dos homo superior não é salvar o mundo, e sim, buscar criatividade. Nota: 5,0


PS 1: Assisti o filme em 3D, e não faz nenhuma diferença ver neste formato. Se encontrar X-Men: Apocalipse legendado em 2D, opte por esta versão.

PS 2: Há uma breve cena prós créditos que aparentemente dá pistas sobre o futuro filme Wolverine 3.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Crítica - O Caçador e a Rainha do Gelo (2016)

TítuloO Caçador e a Rainha do Gelo ("The Huntsman: Winter's War", EUA, 2016)
Diretor: Cedric Nicolas-Troyan
Atores principais: Chris Hemsworth, Jessica Chastain, Charlize Theron, Emily Blunt
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=b3f5PxlsaS8
Nota: 4,0
Quase nada se salva nesta continuação fraca e desnecessária

Em 2012 tivemos o filme Branca de Neve e o Caçador (que não assisti), um filme de ação/batalhas baseado no famoso conto dos Irmãos Grimm. Devido sua boa arrecadação, era claro que se iria fazer uma continuação. Mas havia um probleminha: a polêmica envolvendo o diretor Rupert Sanders e a atriz que viveu a Branca de Neve, Kristen Stewart (eles tiveram um caso durante as gravações e Sanders era casado). Restou então ao estúdio da Universal se desfazer de ambos e apostar na volta do Caçador (Chris Hemsworth) como o grande herói da vez.

Foi assim que surgiu O Caçador e a Rainha do Gelo, que para atrair o público também trouxe de volta a Rainha Má Ravenna (Charlize Theron), trouxe uma nova heroína - a guerreira Sara (Jessica Chastain) - e uma nova vilã, A Rainha do Gelo Freya (Emily Blunt). Desta maneira, a história mistura o conto da Rainha Má dos Grimm com o conto A Rainha da Neve de Hans Christian Andersen.

O Caçador e a Rainha do Gelo possui dois atos: no primeiro, antes do filme da Branca de Neve, vemos que Ravenna e Freya são irmãs, e que o Caçador e Sara foram raptados quando crianças e treinados para ser soldados do exército da Rainha do Gelo. Esta parte se mostra pouco natural e para piorar é narrada constantemente por um desagradável narrador em off.

O segundo ato ocorre depois do letreiro "7 anos depois", onde vemos o Rei - um novo personagem, que se casou com a Branca de Neve (sim, agora a história se passa depois do primeiro filme, mas a Branca não aparece desta vez) - pedindo ao Caçador para que ele ajude-o a recuperar o Espelho Mágico, desaparecido. É então que o herói - juntamente com alguns amigos e posteriormente com Sara - passam por diversas aventuras para recuperar o objeto.

E então o espectador é submetido a mais de uma hora de puro enfado. Um roteiro repleto de clichês, piadas sem graça, batalhas nada grandiosas e mal feitas, e o pior de tudo: ter que aguentar todo este tempo vendo o Caçador e Sara tendo aquelas brigas "eu te amo mas te odeio". É de acabar com a paciência de qualquer um.

É difícil citar qualquer coisa que agrade em O Caçador e a Rainha do Gelo. Vamos ver: a fotografia é bonita, os efeitos especiais envolvendo gelo até são bons, mas os demais são bem fracos. A trilha sonora é chata e repetitiva. O roteiro tem vários furos e não mostra nada de original.

De elogiar mesmo só os figurinos (mantendo o nível do filme anterior, que inclusive chegou a ser indicado ao Oscar) e... mais o que? Bem, dá para dizer que as cenas melhoram com a presença de Charlize Theron: além de sua estonteante beleza, sua presença é forte e impressiona.

Sendo um filme de fantasia medieval genérico feito puramente para arrecadar dinheiro em função do filme anterior, O Caçador e a Rainha do Gelo deixa muito a desejar. E o pior, ele encerra com um gancho para outra possível continuação. Felizmente, até agora o filme mal se pagou nas bilheterias. Então pode ser que a Universal desista do negócio e volte para casa tendo aprendido uma pequena liçãozinha. Nota: 4,0

terça-feira, 3 de maio de 2016

Crítica - O Dono do Jogo (2014)

TítuloO Dono do Jogo ("Pawn Sacrifice", Canadá / EUA, 2014)
Diretor: Edward Zwick
Atores principais: Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard, Michael Stuhlbarg, Lily Rabe
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=0MMIhrYkvjQ
Nota: 7,0
Um bom filme para conhecer o genial Bobby Fischer

Existem filmes que embora não sejam espetaculares, merecem ser assistidos. Eles contam a história de um pessoa real pouco conhecida do grande público brasileiro; pessoas estas tão diferentes que se torna algo muito interessante e instrutivo conhecer suas histórias. É o caso de filmes como Frida (2002), A Travessia (2015) e agora, este O Dono do Jogo.

O Dono do Jogo conta a história de Bobby Fischer (Tobey Maguire), o garoto prodígio estadunidense que se tornou um dos maiores enxadristas de todos os tempos. No filme temos sua vida contada desde os feitos enxadrísticos da infância até sua disputa pelo título mundial, em 1972, contra o campeão russo Boris Spassky (Liev Schreiber).

Diferentemente de outros filmes que contam "fatos históricos", O Dono do Jogo tem uma história bastante fiel ao mundo real. A grande maioria dos eventos contados realmente aconteceram. As poucas "mentirinhas" não vêm de fatos errados, mas sim, do exagero. Por exemplo: Fischer não foi a pessoa "patrocinada" por anos pelo governo dos EUA para "derrotar os inimigos" russos. Mas ele de fato teve apoio da Casa Branca durante o confronto com Spassky. Igualmente, ele não era uma personalidade universalmente famosa antes do duelo pelo título mundial. Mas, durante o confronto, o foi.

Fischer era conhecido por fazer exigências absurdas para disputar suas partidas, e aqui o filme tomou a liberdade de justificar estes pedidos com apenas duas explicações: insegurança e, principalmente, seus distúrbios mentais. Na vida real, seria isto mesmo? Não fiquei totalmente convencido. De qualquer forma, o Bobby Fischer real de fato sofria com muita paranoia - o que deve ter começado desde a infância, onde sua mãe comunista lhe dizia que sua casa podia estar grampeada. O episódio do enxadrista destruindo o quarto do hotel procurando por grampos, seu ódio pelos soviéticos e pelos judeus, tudo isto aconteceu e foi precisamente retratado.

Como filme, tecnicamente falando O Dono do Jogo é "OK". Não há grandes qualidades ou defeitos. A fotografia não é muito boa e os efeitos especiais - há algumas montagens em que se coloca Tobey Maguire sob filmagens reais de TV da época (anos 60 e 70) - também não são totalmente convincentes.

O roteiro é bom. Ele poderia ser melhor se não optasse por filmar Maguire quase o tempo todo, deixando de se aprofundar nos fatos e personagens ao seu redor. Ainda assim, há espaço suficiente para sugerir que Spassky tinha os mesmos problemas e "manias" que Fischer, o que é uma boa sacada. Além disto, o roteiro é bem dinâmico e garante que Bobby seja tão fascinante na tela como foi na vida real. Não sabemos qual será seu próximo passo o tempo todo. E isto é uma sensação bem bacana para o espectador.

Bobby Fischer até merecia um filme melhor que O Dono do Jogo, que não é brilhante mas é bom. Ainda assim, em termos de precisão histórica, temos uma produção bem acima da média de Hollywood. E em se tratando de um personagem tão interessante, vale bastante a pena conhecer sua história. Nota: 7,0

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Crítica - Capitão América: Guerra Civil (2016)

TítuloCapitão América: Guerra Civil ("Captain America: Civil War", EUA, 2016)
Diretor: Anthony Russo, Joe Russo
Atores principais: Chris Evans, Robert Downey Jr, Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Tom Holland, Daniel Brühl
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=3p1d_6_ocEE
Nota: 8,0
Marvel muda o estilo, mas continua fazendo ótimos filmes

Capitão América: Guerra Civil é o décimo-terceiro filme do Universo Cinematográfico Marvel, iniciado em 2008 com o filme Homem de Ferro. Mais ainda, é o filme que reúne o maior número de super-heróis em toda a história: considerando todos os personagens apresentados pelo estúdio nesta fase de agora, só ficaram faltando aparecer Thor, Hulk e os Guardiões da Galáxia. Em contrapartida o filme introduz dois novos heróis bastante relevantes: o Pantera Negra (Chadwick Boseman) e o tão aguardado pelos fãs Homem-Aranha (Tom Holland).

Na história, os Vingadores tentam prender alguns bandidos e então um acidente acontece, matando civis. Após o incidente, os governos mundiais querem controlar o poderoso grupo via ONU. Enquanto os heróis discutem se aceitam ou não a intervenção, outro acontecimento acirra os ânimos: aparentemente o Soldado Invernal (Sebastian Stan) comete um ato terrorista. Então os heróis se dividem em dois grupos: o time liderado pelo Capitão América (Chris Evans), que não aceita a intervenção da ONU e considera o Soldado Invernal inocente; e o time liderado pelo Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), que aceita o controle dos governos e que quer o Soldado preso ou morto. Não demora muito para que os dois times se enfrentem fisicamente.

Em primeiro lugar, ao contrário do que foi vendido, este não é um filme do Capitão América. É muito mais um filme dos Vingadores do que qualquer outra coisa, já que o futuro do grupo é discutido repetidas vezes e um número bem alto de personagens ganham destaque. É verdade que Capitão, Homem de Ferro e Soldado Invernal são os principais protagonistas, mas o Pantera Negra, a Viúva Negra (Scarlett Johansson), o Falcão (Anthony Mackie), a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e o vilão Barão Zemo aparecem (Daniel Brühl) bastante.

Depois de usar uma mesma fórmula em quase todos seus filmes - histórias leves, cheia de humor, e heróis lutando contra o monstro da vez - o estilo da produção mudou: estamos diante do filme mais sério da Marvel até agora. As piadinhas existem, mas são poucas, e de maneira bastante coerente são feitas apenas pelos personagens metidos a comediantes: Homem de Ferro, Homem Aranha e Homem Formiga (Paul Rudd).

Mas a grande mudança trazida neste filme pelos diretores, os Irmãos Russo, são as batalhas. Ao contrário de lutas épicas, o que temos aqui é um grande destaque para lutas "mano a mano" filmadas em close. Esta abordagem transforma Capitão América 3 em algo muito mais realista e muito mais intimista do que qualquer outro filme de super-herói.

Capitão América: Guerra Civil também é o filme da Marvel com maior tempo em cenas de ação, a maioria muito boas. As batalhas foram bem planejadas e utilizam muito bem a diversidade de poderes dos heróis. As tais lutas "mano a mano" que já citei anteriormente são repletas de golpes marciais e em velocidade alucinante. Entretanto, elas não são perfeitas: com o de abuso dos closes e cortes rápidos, as vezes perdemos toda a progressão de um golpe ou a visão global do que está acontecendo. Portanto, os Irmãos Russo são ótimos para filme da ação, mas ainda têm pontos a melhorar na sua técnica.

E lembram que em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) eu disse que para que os heróis brigassem entre eles o filme os distorceu, transformando-os em pessoas sombrias? Felizmente, em Capitão América: Guerra Civil isto não acontece, o que prova a força do roteiro. As motivações para a briga soam orgânicas e críveis. Ninguém precisou virar "mau" para o conflito acontecer... o mais anti-herói é o Homem de Ferro, mas como ele sempre foi um arrogante metido a valentão, tudo se mantém coerentemente dentro do universo já estabelecido.

Capitão América: Guerra Civil tem boas chances de ser o melhor filme da Marvel até agora. Entretanto não concederei a ele este título por alguns motivos. Primeiro, pelos leves problemas nas lutas que citei acima. Segundo, porque analisado do começo ao fim o plano do Barão Zemo não me pareceu fazer muito sentido... O vilão é fraco, não representa ameaça. O ato final de Capitão América: Guerra Civil não consegue estabelecer um bom clímax, que ficou ainda pior com o uso de uma certa gravação que não faz sentido nenhum existir.

Finalmente, outro probleminha é que este filme é de longe o menos independente dentre todos do Universo Cinematográfico Marvel. Para entendê-lo, no mínimo é obrigatório ter assistido antes o Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) e o Vingadores: Era de Ultron (2015). Sem conhecê-los previamente, não assista Capitão América 3.

Depois de muito se repetir, a Marvel traz em seu novo filme algumas boas novidades, se renovando. A minha esperança em que o Universo Cinematográfico Marvel continue empolgante por vários anos aumentou. Que venham os próximos filmes! Nota: 8,0


PS: Capitão América 3 possui DUAS cenas pós-créditos. A segunda é uma rápida propaganda do futuro filme do Homem-Aranha, portanto, nem vale a pena esperar para ver. Porém a primeira cena é importantíssima! Ela nem deveria estar após o filme, e sim dentro dele. Não a percam!

PS 2: uma errata. Pensando melhor agora, Capitão América 2: O Soldado Invernal também é um filme bem sério, talvez até mais sério que este. Entretanto, Guerra Civil aborda assuntos mais complexos e não segue a estrutura padrão de "filme de origem contra o vilão da vez".

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