Diretor: Stephen Frears
Atores principais: Judi Dench, Steve Coogan
Força do filme reside em ser uma história real
Quatro indicações a Oscar (incluindo a de Melhor Filme), vencedor
de melhor filme em Veneza, segundo lugar em Toronto. Bastante elogiado
internacionalmente e vendido como comédia. Mas fatos podem ser um pouco
enganosos. Philomena é bom, mas não tanto assim. E está longe de ser uma
comédia.
Na história, baseada em fatos reais Philomena Lee (Judi
Dench) era uma garota irlandesa que vivia em um internato de freiras. E cometeu
um erro: em um romance relâmpago, engravidou. Punida pelas Irmãs, seu filho
logo foi dado à adoção, e desde então Philomena nunca mais o encontrou embora
sempre procurasse por ele.
Cinquenta anos depois, temos Martin Sixsmith (Steve Coogan –
que também é roteirista e produtor do filme), jornalista recém demitido, que fica
sabendo da história de Philomena e, em troca de poder contar sua história,
resolve ajudar a velhinha a encontrar seu filho.
Viajando juntos, temos uma história de busca
consideravelmente interessante dada a presença de algumas gratas reviravoltas. O filme não é clichê. Por outro lado, um detalhe na montagem me incomodou bastante em Philomena: o uso de flashbacks. Intrusivos, eles estão sempre desnecessários, já que tudo o que vemos neles também são mostrados no tempo presente.
Philomena é a típica “velhinha caipira inocente”, e é
explorando suas reações perante as “modernidades” que temos os momentos cômicos
do filme. Embora boas piadas, o filme não nos permite rir, já que a situação de
Philomena é muito triste.
A situação de Philomena é causada, em grande parte, pelos
defeitos do Catolicismo antigo: punições cruéis e exploração da culpa. E se as
críticas religiosas são parte fundamental do filme, não deixa de ser irônico
constatar que todo o sofrimento que as freiras lhe impuseram tornaram Philomena
uma pessoa com muita fé e muito melhor que as irmãs que a educaram.
A atuação de Judi Dench, indicada a Oscar de Melhor Atriz é muito
boa, mas nada espetacular. Quanto ao roteiro, também indicado ao Oscar, os
adjetivos são os mesmos.
Com uma história tocante, mas sem grandes momentos, talvez a
grande força de Philomena – para torná-lo tão elogiado pela crítica – reside na
triste constatação de se tratar de uma história real. Nota: 7,0