Mickey 17 era um dos filmes de 2025 que estava na minha lista dos que mais despertou interesse. Ficção científica, dirigido e roteirizado pelo sul coreano Bong Joon Ho, que já venceu Oscar de Direção e Roteiro por Parasita (2019).
Na história, baseada no livro de Edward Ashton de nome Mickey 7, estamos no ano de 2050, onde para fugir de um agiota assassino, vemos o fracassado Mickey Barnes (Robert Pattinson) embarcar em uma nave espacial para colonizar o planeta gelado Niflheim na profissão de "Dispensável", ou seja, uma pessoa que faz trabalhos extremamente perigosos e que, quando morrer, volta a vida através de um clone com memórias restauradas através de um processo chamado "reimpressão".
Porém, as coisas não são fáceis para Mickey. Não apenas ele é tratado mal por todos, como toda a tripulação vive em regime de economia, dada a escassez de recursos, e a enorme incompetência de seus líderes, o casal Kenneth e Ylfa Marshall (Mark Ruffalo e Toni Collette).
Os trabalhos de Bong Joon Ho costumam criticar o capitalismo, mostrar luta de classes, escancarar o egoísmo humano, ter humor sombrio... e aqui em Mickey 17 tudo isto está mais uma vez presente. Porém, tudo é feito sem surpresas e sem muito impacto. Há também um fator que ajuda a explicar a falta de força nas críticas políticas e sociais do roteiro: com exceção de um ou outro personagem, os demais são extremamente idiotas, fazendo este filme lembrar um bocado o clássico cult Idiocracia (2006). A diferença é que neste último há uma explicação para todos se comportarem de modo tão burro; aqui não.
Outro aspecto que poderia se esperar do roteiro de Mickey 17 era explorar os dilemas do personagem de Mickey Barnes morrer constantemente, e de encontrar com uma cópia dele mesmo (ok, isso é spoiler, porém aparece no trailer). Porém exatamente como todo o resto do filme, isto também é feito sem surpresas e sem muito impacto. Aliás, com um agravante: a "cópia" que Mickey 17 encontra tem um comportamento bem diferente do dele e para isso não é dada nenhuma explicação. Pelo menos Robert Pattinson atua bem, e isso é um ponto positivo.
Ainda que exageradamente cinza e marrom, o melhor em Mickey 17 é a parte visual, com boa fotografia e efeitos visuais. E ainda assim, também aqui falta originalidade... por exemplo as criaturas alienígenas são praticamente idênticas a um tipo de animal visto em Nausicaä do Vale do Vento (1984), de Hayao Miyazaki.
Em resumo, Mickey 17 é um passatempo aceitável. Bons efeitos visuais, mas de resto, digamos que é tudo um "médio"... até cogitei dar uma nota 6,0 pra ele... porém o desnecessário sonho que o personagem de Mickey tem perto do fim do filme foi demais para a minha boa vontade. Nota: 5,0
PS: o livro Mickey 7 possui uma continuação de nome Antimatter Blues, que se passa 2 anos após os eventos da primeira história. Porém é pouco provável que teremos esta continuação nos cinemas, já que o filme Mickey 17 mal se pagou nas bilheterias.