sexta-feira, 23 de maio de 2025

Crítica - Mickey 17 (2025)

Título
Mickey 17 (idem, Coréia do Sul / EUA, 2025)
Diretor: Bong Joon Ho
Atores principais: Robert Pattinson, Naomi Ackie, Mark Ruffalo, Toni Collette, Steven Yeun, Patsy Ferran, Cameron Britton
Nota: 5,0

Filme tem bons efeitos visuais, mas não sobressai em mais nada

Mickey 17 era um dos filmes de 2025 que estava na minha lista dos que mais despertou interesse. Ficção científica, dirigido e roteirizado pelo sul coreano Bong Joon Ho, que já venceu Oscar de Direção e Roteiro por Parasita (2019).

Na história, baseada no livro de Edward Ashton de nome Mickey 7, estamos no ano de 2050, onde para fugir de um agiota assassino, vemos o fracassado Mickey Barnes (Robert Pattinson) embarcar em uma nave espacial para colonizar o planeta gelado Niflheim na profissão de "Dispensável", ou seja, uma pessoa que faz trabalhos extremamente perigosos e que, quando morrer, volta a vida através de um clone com memórias restauradas através de um processo chamado "reimpressão".

Porém, as coisas não são fáceis para Mickey. Não apenas ele é tratado mal por todos, como toda a tripulação vive em regime de economia, dada a escassez de recursos, e a enorme incompetência de seus líderes, o casal Kenneth e Ylfa Marshall (Mark Ruffalo e Toni Collette).

Os trabalhos de Bong Joon Ho costumam criticar o capitalismo, mostrar luta de classes, escancarar o egoísmo humano, ter humor sombrio... e aqui em Mickey 17 tudo isto está mais uma vez presente. Porém, tudo é feito sem surpresas e sem muito impacto. Há também um fator que ajuda a explicar a falta de força nas críticas políticas e sociais do roteiro: com exceção de um ou outro personagem, os demais são extremamente idiotas, fazendo este filme lembrar um bocado o clássico cult Idiocracia (2006). A diferença é que neste último há uma explicação para todos se comportarem de modo tão burro; aqui não.

Outro aspecto que poderia se esperar do roteiro de Mickey 17 era explorar os dilemas do personagem de Mickey Barnes morrer constantemente, e de encontrar com uma cópia dele mesmo (ok, isso é spoiler, porém aparece no trailer). Porém exatamente como todo o resto do filme, isto também é feito sem surpresas e sem muito impacto. Aliás, com um agravante: a "cópia" que Mickey 17 encontra tem um comportamento bem diferente do dele e para isso não é dada nenhuma explicação. Pelo menos Robert Pattinson atua bem, e isso é um ponto positivo.

Ainda que exageradamente cinza e marrom, o melhor em Mickey 17 é a parte visual, com boa fotografia e efeitos visuais. E ainda assim, também aqui falta originalidade... por exemplo as criaturas alienígenas são praticamente idênticas a um tipo de animal visto em Nausicaä do Vale do Vento (1984), de Hayao Miyazaki.

Em resumo, Mickey 17 é um passatempo aceitável. Bons efeitos visuais, mas de resto, digamos que é tudo um "médio"... até cogitei dar uma nota 6,0 pra ele... porém o desnecessário sonho que o personagem de Mickey tem perto do fim do filme foi demais para a minha boa vontade. Nota: 5,0


PS: o livro Mickey 7 possui uma continuação de nome Antimatter Blues, que se passa 2 anos após os eventos da primeira história. Porém é pouco provável que teremos esta continuação nos cinemas, já que o filme Mickey 17 mal se pagou nas bilheterias.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #042 - Jason Voorhees e as máscaras dos Goleiros de Hóquei

Um dos personagens mais icônicos dos filmes de terror é Jason, o assassino protagonista dos filmes da franquia Sexta-Feira 13. E se hoje reconhecemos imediatamente sua assustadora imagem, de seu "rosto" impassível coberto por uma máscara de goleiro de hóquei, saibam que nem sempre foi assim.

Até o presente momento, tivemos 12 filmes (!!!) de Sexta-Feira 13, porém Jason Voorhees vestiu sua máscara de hóquei apenas a partir do terceiro filme, Sexta-Feira 13 - Parte 3 (1982). No filme inicial, ele ainda não é adulto e aparece sem máscaras; já no segundo, ele simplesmente aparece com um saco de estopa cobrindo sua cabeça. Na imagem acima, vemos o famoso assassino com seu visual do filme 2 (à esquerda), e estreando a famosa máscara no filme 3 (à direita).

O que poucos sabem é que Jason só ganhou a máscara de goleiro de hóquei por puro acaso. Para o filme Sexta-Feira 13 - Parte 3 o roteiro apenas dizia que Jason "usava uma máscara", sem trazer nenhum detalhe adicional.

Em um dos primeiros dias de produção, o diretor Steve Miner pediu um teste de iluminação, e então a equipe saiu a caça de uma máscara qualquer para que o ator Richard Brooker (que interpretava Jason neste filme) pudesse ser filmado. Quem lhe deu a máscara foi supervisor de efeitos especiais Martin Jay Sadoff, que era um grande fã de hóquei e, por coincidência, trazia em seu carro uma máscara de goleiro do Detroit Red Wings.

O teste foi feito, Miner gostou do visual e a máscara foi "oficializada" para o filme. Como a máscara original não cobria toda a cabeça de Jason, um novo molde foi feito, ampliando-a. Terry Ballard, do departamento de arte, adicionou a ela os triângulos vermelhos e mudou a disposição de alguns furos para dar uma aparência única e marcante. Pronto! A primeira máscara de goleiro de hóquei de Jason Voorhees estava finalmente finalizada!


As máscaras em goleiros de Hóquei no Gelo

Curiosamente, a máscara usada por Jason em Sexta-Feira 13 - Parte 3 já era "antiga" quando o filme foi feito. Para ser mais exato, o objeto em questão é uma 1970 Jacques Plante Elite FibroSport model 103. Ou seja, o filme era do começo dos anos 80, mas aquela máscara foi utilizada no começo dos anos 70. E em se tratando de ser uma máscara do Red Wings, isso significa que na vida real ela foi usada por goleiros como Doug Grant, Bill McKenzie e Terry Richardson.

Mas vamos voltar ao nome presente no modelo da máscara: Jacques Plante. Quem é ele? Bem, além de ser o dono da empresa que fez esta máscara, o canadense Plante também foi goleiro da NHL e na verdade, o inventor das máscaras para goleiros no Hóquei no Gelo!

Segundo o que conta a história, Jacques Plante, goleiro do Montreal Canadiens, desde 1956 treinava usando uma máscara de fibra de vidro que ele mesmo fez (ver imagem ao lado), depois de perder 13 jogos devido uma operação no nariz para sinusite. Porém, seu treinador Toe Blake não o deixava usar a máscara nas partidas por medo que ela limitasse sua visão.

Entretanto, no dia 1º de novembro de 1959, em uma partida contra o  New York Rangers, o nariz de Plante foi quebrado quando seu rosto foi atingido por um disco de borracha (puck) arremessado contra seu gol. Ele foi levado ao vestiário para costurar pontos no nariz e quando voltou, ele estava usando sua máscara de goleiro caseira dos treinos. O técnico Blake ficou furioso, mas como não havia outro goleiro e Plante se recusava a retornar para o jogo sem a máscara, Blake cedeu e os Canadiens venceram o jogo por 3 a 1. Para as partidas seguintes, Plante continuou recusando a deixar a máscara, mas como os Canadiens continuaram a vencer, Blake também foi aceitando a exigência de seu goleiro. No final das contas, os Canadiens seriam os campeões daquela temporada. Seria a quinta Stanley Cup consecutiva do time, e o último título de Jacques Plante como profissional.

Após esta temporada, Plante começou a projetou suas próprias máscaras e as de outros goleiros; trabalho que ficou muito mais sério após sua aposentadoria, quando investiu em uma empresa dedicada a isso. E apenas para reforçar, Jacques Plante não foi o primeiro goleiro da NHL a usar uma máscara facial. Por exemplo em 1930 Clint Benedict, do Montreal Maroons, usou uma máscara de couro para proteger um nariz quebrado. A diferença é que Plante introduziu a máscara como equipamento diário, e não apenas para proteção de machucados.

Mas a conclusão é: por cerca de 50 anos, os goleiros da NHL não usavam máscara nenhuma! Goleiros usarem máscaras só passou a ser maioria no começo da década de 70. E somente a partir da temporada da NHL de 1979-80 o equipamento inventado por Jacques Plante enfim se tornou obrigatório. Coisa de maluco!




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

domingo, 18 de maio de 2025

Muito além de Susan Boyle: conheça aqui outras OITO audições espetaculares em programas de talentos


O que não falta na televisão são programas de "show de talento", onde participantes (em teoria ainda desconhecidos ou de pouca fama) participam de uma competição, realizando ao vivo alguma performance artística, geralmente perante a um público espectador e a um pequeno júri selecionado.

Um dos momentos mundialmente mais famosos destes programas ocorreu em 2009, quando a escocesa Susan Boyle (a primeira pessoa na foto acima) apareceu no programa de calouros britânico Britain's Got Talent pela primeira vez e cantou a música I Dreamed a Dream do musical Les Miserables. Por ser uma pessoa já com certa idade, acima do peso, aparência desleixada e bastante tímida, todos olharam para Susan desconfiados. Porém, quando ela começou a cantar, revelou ser uma cantora excepcional, chocando a todos e as imagens de sua apresentação viralizaram rapidamente por todo o mundo.

Mais de 15 anos após este momento, os programas de "show de talento" continuam firmes e fortes por aí. Assim como novos cantores e cantoras sensacionais continuam surgindo todos os anos. Mas hoje existem tantas outras coisas viralizando pela Internet, que dificilmente teremos algo parecido como o fenômeno Susan Boyle novamente. Por isso, aqui no Cinema Vírgula, resolvi trazer algumas apresentações que considero incríveis para que todos vocês também possam conhecer e desfrutar.



Começando por Loren Allred, estadunidense. Quando ela se apresentou no Britain's Got Talent 2022, ela ainda não era famosa, mas ironicamente sua voz sim. Isto porque, sem creditar, eram dela os vocais no filme musical O Rei do Show (2017) para a música Never Enough. Sua apresentação para esta música é de arrepiar (clique aqui pra ver), porém resolvi trazer algo que achei ainda mais belo: sua performance na disputa final, onde Loren resolveu cantar uma música de própria autoria chamada Last Thing I'll Ever Need.



Para quem curte um pop rock britânico, aqui vai a apresentação do australiano Adam Ludewig no The Voice Australia 2020 cantando Leave A Light On, do cantor Tom Walker. Sua bela voz tornou a canção melhor que a original. O que torna sua performance ainda mais inacreditável é que ele tinha apenas 16 anos de idade na época desta apresentação.




Agora vamos de um novo momento Susan Boyle. Trata-se da estadunidense Amanda Mammana, se apresentando no America's Got Talent 2022 com uma canção de autoria própria. Apesar de ter disfemia (o que popularmente chamamos de gagueira), e um pouco de dificuldade para se apresentar, foi só ela começar a cantar com seu violão para rapidamente nos maravilharmos com sua voz doce e afinada.



Sheldon Riley, jovem cantor australiano, em seus primeiros anos de apresentações públicas também chamou a atenção por muitas vezes usar máscaras, e que segundo ele, o fazia por não gostar da própria aparência. Porém sua voz não tem nenhum resquício desta "timidez": forte, impactante e única. Se preparem para ouvir algo bem diferente. No vídeo abaixo ele reinterpreta a música Frozen, da Madonna, no The Voice Australia 2019. Na mesma competição ele também se apresentou sem cobrir o rosto, como por exemplo na Final, onde você pode vê-lo clicando aqui cantando Everybody Wants To Rule The World.



Segue outro australiano de voz única: aqui vemos Wolf Winters, com sua voz ultra grave, cantando The Sound Of Silence no The Voice Australia 2020. Como curiosidade, apesar de sua excelente apresentação ele foi eliminado, graças a um... digamos "desacordo" entre os jurados Guy Sebastian e Kelly Rowland, a única que poderia aprová-lo (clique aqui para ver o que aconteceu).



A primeira vista, eu não imaginaria que o escocês Stevie McCrorie, com sua camisetinha polo levaria jeito para cantor. Porém sua apresentação de All I Want da banda irlandesa de rock Kodaline no The Voice UK 2015 encantou muito todos os jurados, onde teve aprovação, ou melhor, aclamação(!) unânime.



Voltando com uma intérprete feminina, agora vamos com a australiana Sabrina Batshon cantando Power Of Love no The Voice Australia 2014. A música, que ficou famosa interpretada por Céline Dion, na verdade foi originalmente criada por Jennifer Rush. E a interpretação de Sabrina não fica devendo para nenhuma das duas.




E se começamos este artigo com uma pessoa "indiretamente conhecida" pelo público, vamos terminar do mesmo jeito. Agora vou falar do estadunidense Wyn Starks, cuja apresentação inicial no America's Got Talent 2022, como o próprio título do vídeo diz, fez a jurada Sofia Vergara soltar algumas lágrimas. No vídeo ele canta a música Who I Am, de sua própria autoria. E de onde conhecemos algo dele antes? Bem, no emocionante documentário Eu Sou: Céline Dion (2024), exclusivo da Prime Video, é justamente esta canção de Wyn que Céline canta diariamente em suas sessões de fisioterapia, e que também a ajuda a ter esperança em sua recuperação.







Gostaram da lista? Qual destes foi seu vídeo favorito? Comentem, para eu saber que vocês querem ver mais artigos sobre música aqui no Cinema Vírgula!

domingo, 11 de maio de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #041 - Reese Witherspoon: feminista, entusiasta e adaptadora de livros


A atriz Reese Witherspoon é bem conhecida mundialmente. Hoje com 49 anos e com atuações em cerca de 40 filmes, ela provavelmente ficará para sempre no imaginário popular pelas suas participações nas comédias Legalmente Loira (2001) e Legalmente Loira 2 (2003), e também no drama musical Johnny & June (2005), do qual aliás ela venceu o Oscar de Melhor Atriz.

Porém Reese também é empresária e produtora, onde aliás tem trabalhado mais do que na função de atriz nos últimos anos. Estes outros "aspectos" da pessoa Reese Witherspoon não são muito conhecidos pelo público brasileiro. Portanto, comentarei um pouco deles aqui no Cinema Vírgula. ;)

Seu lado empresária e produtora se iniciou no ano de 2000, quando ela, juntamente com Debra Siegel, fundaram a Type A Films, uma empresa para produzir filmes. Inclusive, os dois Legalmente Loira já seriam produzidos por esta companhia. Em 2012 houve uma fusão da Type A Films com a também produtora Make Movies de Bruna Papandrea, para criar uma nova empresa chamada Pacific Standard. Sob o nome da Pacific Standard foram produzidos filmes como Garota Exemplar e a série da HBO Big Little Lies. Em 2016, Witherspoon e Papandrea se separariam, com Witherspoon ficando com o controle total da empresa.

Em 2015, Reese Witherspoon lançaria seu segundo empreendimento: a Draper James, uma linha (e loja) de roupas e objetos de decoração inspirados no sul dos EUA (ela é da Louisiana, um dos estados desta região estadunidense).

E finalmente, em 2016, Witherspoon e Seth Rodsky fizeram uma joint venture da Pacific Standard com uma empresa chamada Otter Media. Nascia então a Hello Sunshine: uma empresa focada em produzir, para diversas mídias (cinema, TV, etc), histórias protagonizadas por mulheres.

Como exemplos de séries, a Hello Sunshine produziu The Morning Show (Apple TV+), Recomeço (Netflix) e Daisy Jones & The Six (Prime Video). Já em filmes, temos como exemplos Um Lugar Bem Longe Daqui (de 2022, mas que acabou de chegar na Netflix), Um Presente da Tiffany (Prime Video), Na Sua Casa ou na Minha? (Netflix) e Casamentos Cruzados (lançado recentemente na Prime Video).

E ainda tem mais. Reese Witherspoon criou em 2017 seu próprio "clube de livros", o Reese's Book Club. Nele, todo mês, a atriz mensalmente indica um livro para seus seguidores. Os livros também sempre possuem mulheres como protagonistas, e Reese garante que é realmente ela quem faz a indicação dos títulos. Como curiosidade, as indicações do seu book club costumam ser elogiados devida sua diversidade, e também por serem obras bem recentes de autores que em geral ainda não são famosos; por exemplo uma boa parcela delas foram os livros inaugurais de seus respectivos escritores!

Claro que Reese e a Hello Sunshine não iriam perder a oportunidade, e alguns dos seus livros indiciados já foram adaptados em séries ou filmes por eles mesmos, algo que está se tornando cada vez mais comum. É o caso, por exemplo, dos já citados Um Lugar Bem Longe Daqui e Daisy Jones & The Six, e também de Little Fires Everywhere (Prime Video) e A Última Coisa que Ele Me Falou (Apple TV+).

Seu book club é um negócio milionário, disparando a venda de qualquer um de seus livros escolhidos, gerando bastante conteúdo associado nas mídias sociais, além é claro, de estimular o hábito da leitura principalmente entre o público feminino.

A título de curiosidade, em 2021 Witherspoon vendeu a Hello Sunshine para uma dupla de executivos por estimados 900 milhões de dólares, porém com ela e a antiga CEO Sarah Harden continuando a mandar na empresa normalmente. Já em 2023, Reese vendeu 70% da Draper James, onde ela permanece como acionista minoritária e membro do conselho.

Caso queira saber todos os livros que o Reese's Book Club já indicou na vida, é só clicar aqui (está tudo em inglês). As 4 indicações mais recentes estão na imagem mais acima.

Já viu algum filme / série / livro produzido por Reese Witherspoon? Agora não tem desculpa. Só pegar um nome aqui neste artigo e começar. :)



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Crítica - Thunderbolts* [ou agora seria *Os Novos Vingadores?] (2025)

Título
Thunderbolts* (idem, EUA, 2025)
Diretor: Jake Schreier
Atores principais: Florence Pugh, Sebastian Stan, Julia Louis-Dreyfus, Lewis Pullman, David Harbour, Wyatt Russell, Hannah John-Kamen, Geraldine Viswanathan, Olga Kurylenko
Nota: 7,0

Nova Viúva Negra e os Thunderbolts lutam contra a Depressão

Eu tinha curiosidade sobre o quanto este filme Thunderbolts* seria diferente dos demais trabalhos da Marvel. Afinal, eles fizeram um bom esforço em associá-lo à A24, produtora de filmes e séries queridinha do mercado atual, e responsável por filmes consideravelmente "alternativos". Como exemplos de suas produções: Midsommar - O Mal Não Espera a Noite (2019), A Baleia (2022), X - A Marca da Morte (2022), Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022) e Guerra Civil (2024). 

A tentativa de associação entre marcas de Marvel e A24 para este filme foi tal, que chegaram a fazer um trailer especificamente para isto, destacando que Thunderbolts* teria atores que já trabalharam na A24 (Florence Pugh, Sebastian Stan e Julia Louis-Dreyfus), assim como roteiristas (Jake Schreier e Joanna Calo), editor (Harry Yoon), diretores de fotografia, diretora de produção e compositora (Andrew Droz Palermo, Grace Yun e Son Lux respectivamente).

E como resultado final, Thunderbolts* de fato é o filme menos Marvel de todos. Porém, não conseguiu ser muito A24, no que voltarei mais adiante. Na história, vemos a diretora da CIA, Valentina de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) sendo investigada por atividades ilegais e, colocando sua contratada Yelena Belova / Viúva Negra (Florence Pugh) para destruir as provas e instalações que a comprometesse.

Porém Yelena é conduzida a uma missão suicida, pois ela também é uma "evidência" das atividades ilegais de Valentina, que portanto a quer morta. E o mesmo acontece com outros ex-contratados da diretora da CIA, que escapam da armadilha, e se unem virando os Thunderbolts.

E qual é o vilão que eles enfrentam? Bem, além da própria Valentina, seria o personagem Bob / Sentinela (Lewis Pullman)... porém na verdade o que eles estão mesmo enfrentando é a depressão. Inicialmente representada na melancolia da personagem de Yelena, e posteriormente, na "desesperança" encontrada nela e em Bob.

Então é neste aspecto em que Thunderbolts* se difere de todos os outros filmes da Marvel. O inimigo é uma doença, é um sentimento, é algo que você carrega. E o filme martela várias vezes que a cura é pedir ajuda, é não ficar sozinho. E é bom passar esta mensagem.

E por ter este tema, o filme é um pouco sombrio, com vários diálogos e menos ação do que o padrão Marvel... mas as "mudanças" param por aí. Como qualquer outro filme do MCU (Universo Cinematográfico Marvel), a produção é repleta de piadas, de atos heróicos e de efeitos especiais, e isso mesmo com os personagens não tendo muitos poderes sobre-humanos.

Quem rouba a cena em Thunderbolts* é Florence Pugh, não apenas pela qualidade de sua atuação, mas também pelo seu tempo em tela. Yelena é o fio condutor da trama, e temos aqui algo muito próximo do que seria um filme só seu... O que nos leva a um problema: a Marvel continua incapaz de "recomeçar" um ciclo de verdade, e sempre depende de seu gigantesco passado de filmes e séries. Claro, Thunderbolts* é um filme de história fechada e independente. Porém, metade de seus personagens vêm do filme Viúva Negra (2021), e a outra metade, do seriado Falcão e o Soldado Invernal (também 2021). Dá pra entender e curtir o filme sem ter assistido estas obras? Dá. Mas principalmente sem ter assistido Viúva Negra e sem conhecer o passado de Yelena Belova, um pouco se perde, até para compreender melhor a depressão da personagem, ponto central deste filme.

Diferente, e falando quase exclusivamente de um único tema (depressão), Thunderbolts* acaba sendo um bom filme, menos Marvel, mas até por ainda ser bastante intrínseco ao mundo de super-heróis, acaba ironicamente sendo mais DC do que A24. E depois de vários filmes ruins da "Casa das Idéias", é bom ver que este não é um deles. Nota: 7,0.


PS1: muito se especulava o motivo de ter um " * " no título do filme de Thunderbolts*. E não demorou muito para sabermos a resposta. Quatro dias após o seu lançamento mundial nos cinemas, ou seja nesta segunda-feira dia 05/05, a Marvel fez uma ação comercial "mudando" o nome do filme, que agora não é mais Thunderbolts*, e sim *Os Novos Vingadores. Abaixo segue o vídeo com o elenco do filme fazendo a revelação da "surpresa". Na minha opinião, uma estratégia de marketing meio idiota... mas vamos ver se ela terá algum impacto nas bilheterias...

PS2: Thunderbolts* possui duas cenas pós créditos. A primeira, curta e bobinha, aparece no começo da rolagem de créditos. Já a segunda, consideravelmente longa, acontece no final de todos os créditos e antecipa algumas coisas do futuro do MCU... o principal delas, é um considerável spoiler sobre o Quarteto Fantástico. Quero ver se eles vão mesmo manter na cronologia o que foi mostrado na cena, ou se vão simplesmente ignorá-la no futuro.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Vem aí! Nova série de animação de Asterix na Netflix + Novo álbum de Asterix que será em... Portugal, ora pois!

Notícias curtas, simples, mas empolgantes para fãs de Asterix. A começar por esta semana, já que na Quarta-feira dia 30 de Abril, estréia na Netflix a série de desenho animado Asterix e Obelix: O Combate dos Chefes.

A série, que conterá 5 episódios com cerca de 30 minutos cada, é claramente baseada no álbum O Combate dos Chefes, sétimo volume em quadrinhos produzido sobre o pequeno guerreiro gaulês. Segue abaixo o trailer da atração, que está bem engraçado.



E o álbum 41 vem aí!

Sim, mantendo a tradição, todo Outubro de ano ímpar tem novo álbum de Asterix, certo? Certo! E a data já está marcada! Será lançado em 23 de Outubro de 2025, o 41º álbum de nosso herói: Asterix na Lusitânia (o nome atribuído na Antiguidade ao atual território onde fica Portugal).

Das páginas do volume 17... será ele que vamos revê-lo?

Detalhes sobre a trama? Segundo Fabcaro, que volta para escrever Asterix pela segunda vez após seu Asterix - O Íris Branco, tudo começa quando um ex-escravo lusitano, que conheceu os gauleses nO Domínio dos Deuses (17º álbum de Asterix), vai até a aldeia de nossos amigos pedir ajuda.

Segue abaixo um trecho de uma folha promocional (em francês) sobre o novo álbum. Chega logo, Novembro!

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Os Smurfs estão voltando com tudo para o Brasil. E o melhor, de maneira inédita nos Quadrinhos!


Não estamos nos anos 80, onde os Smurfs eram uma febre entre as crianças no Brasil e no mundo, graças principalmente ao seu recém lançado desenho da TV (foram 9 temporadas entre 1981 a 1989!). Porém estamos em 2025, e hoje trago para vocês pelo menos 2 bons motivos para voltar a viver este encanto de outrora!

Primeiro, caso exista alguém que consiga não saber quem são os Smurfs: trata-se de uma série de personagens de quadrinhos criada em 1958 pelo cartunista belga Pierre Culliford, muito mais conhecido como Peyo. Os Smurfs (Les Schtroumpfs no original) são criaturinhas humanóides azuis, bondosas e simpáticas, e que vivem na floresta, escondidas dos humanos. Peyo escreveu e desenhou 16 álbuns dos Smurfs, sendo o último destes publicado em 1992, mesmo ano de seu falecimento.

Porém a obra foi continuada por seu filho Thierry Culliford, que continua escrevendo e publicando novos álbuns dos Smurfs; atualmente seu ritmo de produção é de um novo título por ano. O mais recente, Les Schtroumpfs et la Cape Magique, de 2024, é o 42º da coleção.


Os Smurfs em quadrinhos estão de volta ao Brasil!

Neste mês tivemos a grata surpresa do anúncio de que os Smurfs voltarão a ser publicados no Brasil, agora pela editora Comix Zone. E o melhor, eles prometeram trazer pela primeira vez a obra "integral" e em ordem cronológica... Por "integral", seriam todos os 16 álbuns escritos por Peyo.

E isto é muito bacana, pois apesar de todo sucesso que os Smurfs sempre desfrutaram no Brasil, ainda há uma pequena parte deste material inédita por aqui. Além disto, de tudo que já foi publicado, foi fora de ordem, sem nenhum compromisso cronológico. A Comix Zone está sendo a 4ª editora a trazer os "duendes azuis" para cá, sendo que a primeira tentativa foi feita pela editora Vecchi (nos anos 70, em formatinho), depois pela editora Abril (anos 80, também em formatinho), e finalmente pela L&PM (entre 2011 e 2013, tanto no formato original de revista quanto em formato pocket).

A publicação será dividida em 5 volumes, em capa dura, formato revista (21 x 27,5 cm), sendo que o primeiro livro, já anunciado (e em pré-venda) contém as histórias Os Smurfs Roxos, O Smurfíssimo, e Os Smurfs e a Flauta Mágica.

Johan e Peewit encontrando a Vila dos Smurfs pela primeira vez

As duas primeiras histórias são respectivamente as duas primeiras edições originais de Smurfs. Mas Os Smurfs e a Flauta Mágica não. Teria a Comix Zone mentido para nós? Não! É que esta história é um extra maravilhoso! Explico: é que os Smurfs não surgiram em revista própria, eles surgiram anteriormente em outra HQ, na revista Johan e Peewit: um quadrinho também escrito por Peyo, só que de fantasia medieval. E Os Smurfs e a Flauta Mágica é onde os Smurfs aparecem pela primeira vez (como coadjuvantes), nas histórias em quadrinhos! Os pequenos azuizinhos iriam aparecer ainda em mais 5 edições de Johan e Peewit antes de ganharem sua própria revista.

E ainda vale a pena ler e comemorar que Smurfs vai voltar a ser publicado no Brasil? A resposta é SIM!  Pois ao contrário do que se parece, Smurfs não são simples histórias infantis. Peyo é um incomum exemplo em que podemos verdadeiramente dizer que conseguiu escrever histórias para "toda a família", conseguindo agradar ao mesmo crianças e adultos. Por exemplo, nas duas primeiras histórias que aparecem no primeiro volume da Comix Zone: Os Smurfs Roxos é uma trama sobre apocalipse zumbi; já O Smurfíssimo é uma história sobre a ascensão de regimes totalitários.


Também vem aí: O primeiro Parque Temático Smurfs da América Latina

E além da volta dos Smurfs nos quadrinhos, continua sendo aguardado para o primeiro semestre deste ano, 2025, a inauguração da Vila dos Smurfs Park, em São Paulo, capital.

Trata-se de um parque indoor, nos mesmos moldes do Parque da Mônica, em uma área de mais de 5 mil metros quadrados. O parque prevê iniciar as atividades com 17 atrações, de entre elas a Toca do Cruel (montanha-russa no escuro), o Smurfly (simulação onde você sobrevoa todo parque), e Salão de beleza da Smurfette, além de shows ao vivo diários. O endereço é: Av. Miguel Estefano, 1300, no bairro da Saúde.

Como curiosidade, este será o 4º parque temático dos Smurfs no mundo, pois também temos parques na China (em Xangai), Rússia (em Moscou) e Emirados Árabes (em Dubai).




E aí, ficaram smurfizados com as novidades? Escrevam nos comentários!

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #040 - A Piada do Palhaço Pagliacci


Uma piada bem famosa dentro da Cultura Pop é a piada do Palhaço Pagliacci, contada por Alan Moore em seu clássico dos quadrinhos Watchmen (1986-87), facilmente uma das melhores HQs sobre super-heróis de todos os tempos. Em sua obra, Moore nos apresenta este texto quando o personagem Rorschach compara Pagliacci ao herói de nome Comediante (ver um trecho na imagem acima). A descrição completa deste gracejo vem a seguir:


Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto.

O médico diz: “O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo.”

O homem se desfaz em lágrimas. E diz: “Mas, doutor… Eu sou o Pagliacci.”

Esta triste anedota virou até meme, e por exemplo graças ao seu desfecho melancólico, foi bastante relembrada durante a morte do ator e comediante Robin Williams, devido suicídio, em 2014. O "Paradoxo do Palhaço Triste", em que palhaços e comediantes bem sucedidos, ao mesmo tempo sofrem de ansiedade, depressão, solidão e outros distúrbios mentais, é um fenômeno existente na vida real e estudado pela psicologia. 

Mas o que poucos sabem é que a tal piada do Palhaço Pagliacci não foi inventada por Alan Moore. Aliás, ela já possui alguns séculos de idade. Também há o detalhe que em italiano, pagliacci é o plural de pagliaccio, a palavra “palhaço”. Além de que Pagliacci também é o nome de uma famosa ópera italiana do final do séc XIX, onde seu protagonista Canio é um ator infeliz e ciumento que atuava como palhaço e foi traído pela esposa com o amigo.

De todo este contexto, podemos imaginar que Moore intencionalmente optou por adaptar as versões predecessoras da piada colocando o nome de Pagliacci em sua obra para representar a classe dos atores de comédia em geral.


Como exemplos de versões anteriores da piada do Palhaço Pagilacci, por exemplo podemos encontrá-la dentro do conto The Comic ("O Cômico"), escrito e publicado pelo estadunidense Ralph Waldo Emerson  em 1875 (onde neste caso o "paciente" se chamava Carlini); e também dentro do poema Reir Llorando ("Rindo Chorando"), do escritor mexicano Juan de Dios Peza (1852-1910):

Certa vez, um homem com uma expressão sombria procurou um médico famoso: "Eu sofro", disse ele, "de uma doença tão terrível quanto essa palidez do meu rosto".

(...)

Tome este conselho como uma receita hoje: Somente vendo Garrik você poderá se curar.

(...)

Assim disse o doente, ele não me curou; Eu sou Garrik!... Mude minha receita.


Outras versões desta mesma história são menos curiosas e mais tristes, pois remetiam a pessoas reais. No poema acima, já se especulava que Garrik fosse uma referência ao ator, mímico e palhaço inglês Joseph Grimaldi (1778-1837), que embora tenha sido um grande sucesso em sua época, teve uma vida difícil e passou seus últimos anos no alcoolismo e depressão. 

O "Garrik" de Dios Peza poderia até não ser Grimaldi, mas a versão da piada que mais corria pelos anos 1910 colocava Grimaldi nominalmente como sendo o palhaço da história. Já nos anos 1930, a versão mais popular da mesma anedota colocava como protagonista o palhaço "Grock", mesmo nome artístico de Charles Adrien Wettach (1880-1959) um palhaço suíço que foi um dos maiores artistas europeus de sua geração.

Com registros escritos desde pelo menos o ano de 1814, a estrutura do conto que hoje conhecemos como a piada do Palhaço Pagliacci, graças a Alan Moore e a natureza humana, deverão se manter para a posteridade.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Crítica Netflix - The Electric State (2025)

Título
: The Electric State (idem, EUA, 2025)
Diretores: Anthony Russo, Joe Russo
Atores principais: Millie Bobby Brown, Chris Pratt, Ke Huy Quan, Stanley Tucci, Woody Norman, Giancarlo Esposito, Jason Alexander
Nota: 5,0

Irmãos Russo colocam em dúvida o futuro dos filmes de Entretenimento

Neste mês de Março tivemos na Netflix a estréia do filme The Electric State, baseado em uma obra de quadrinhos sueca de mesmo nome, publicada em 2018. Antes mesmo de sua estréia, ele chamava a atenção do mundo do entretenimento por outros motivos: primeiro, por ser produzido e dirigido pelos "Irmãos Russo", para quem a Marvel Studios confiou a responsabilidade de planejar e produzir os dois próximos filmes dos Vingadores. Além disto, trata-se do filme disparadamente mais caro feito pela Netflix, com custos estimados em US$ 320 milhões; o que aliás coloca The Electric State entre os 15 filmes mais caros da história.

A expectativa de todos, portanto, era se Netflix e Irmãos Russo iriam entregar algo digno do tamanho investimento... e a resposta infelizmente foi um retumbante "não". Embora The Electric State não esteja indo tão mal em audiência, em termos de críticas sua recepção tem sido catastrófica.

A história se passa nos anos 90 de um planeta Terra "alternativo", pois nele aprendemos que décadas atrás os robôs já começaram a ser utilizados para fazer os trabalhos dos humanos, dos pesados aos domésticos, sendo cada vez mais explorados e mal tratados... até que se rebelaram. Houve então uma guerra e a humanidade estava com tudo perdido, até que surgiu um salvador... Ethan Skate (Stanley Tucci), um gênio da informática que descobriu uma maneira de colocar os humanos para lutar remotamente controlando trajes mecânicos armados através de uma poderosa rede mundial sem fio.

Desta maneira, os humanos mudaram os rumos da batalha e derrotaram os robôs, que foram todos presos ou destruídos. Já os humanos passaram a viver em função da tal rede e seus trajes mecânicos. Neste contexto, a jovem Michelle (Millie Bobby Brown) recebe em sua casa a visita do robozinho Cosmo, pedindo ajuda e dizendo ter a mente de seu irmão Christopher (Woody Norman), morto vários anos atrás. A dupla então sai em busca de respostas, fugindo simplesmente "de todo o sistema".

A única parte dos tais US$ 320 milhões que foram bem investidas foram nos efeitos especiais, mais especificamente nos robôs, de visual retrô bem variado, e acabam parecendo bem "reais". O filme não tem tanta ação, mas as poucas batalhas até são boas. O design de produção de todo universo de The Electric State - boa parte digital - em geral é bem feito e impressiona.

Já o dinheiro gasto no elenco consideravelmente famoso foi um bocado desperdiçado... Millie Bobby Brown até está bem, mas não é seu melhor filme... Chris Pratt e Ke Huy Quan, geralmente carismáticos, desta vez não comovem. Mas o pior foi feito com Giancarlo Esposito: seu personagem, que começa sendo um dos mais interessante da trama, encerra sua participação de modo simplesmente revoltante.

A pior parte de The Electric State é seu roteiro. Como trama e filme de aventura, diria ser um filme mediano da Sessão da Tarde. Daqueles para assistir sem compromisso, quando você está entediado e não encontrou nada melhor pra fazer... porém, com um agravante... aqui temos alguns furos na trama realmente grotescos. Algo que reduziria a recomendação do filme para infantil.

E ver que este é o resultado final de um investimento de US$ 320 milhões é bastante assustador. Não só para nós, consumidores, mas para a indústria de filmes, e principalmente, seus investidores. Filmes que custam centenas de milhões de dólares estão diminuindo, hoje em dia costumam cada vez mais serem apenas de continuações de franquias já consagradas. Ano a ano, no Oscar, temos mais filmes independentes (leia-se "baratos") entre os indicados (lembrando que o grande vencedor deste ano, Anora, foi um filme independente que custou US$ 6 milhões). E aí quando temos uma franquia nova se arriscando com este alto orçamento, vemos essa "coisa" de qualidade bem duvidosa?

E isto que estamos falando de um projeto capitaneado pelos "Irmãos Russo", que já estão acostumados com filmes Blockbusters, e estão trabalhando em The Electric State há pelo menos 5 anos. Será que eles têm capacidade para tocar os futuros filmes Vingadores: Destino (2026) e Vingadores: Guerras Secretas (2027)? Se eu fosse acionista da Marvel, nessas horas estaria beeeem preocupado. Fracassos assim comprometem o futuro de grandes filmes de fantasia e ficção científica... fica cada vez mais raro vê-los em produção... mesmo atualmente já estão quase restritos aos filmes de Super-Heróis.

Concluindo, The Electric State é um filme de aventura mediano. Não chega a ser enfadonho, mas não traz nada de verdadeiramente interessante em sua história. Seu melhor são os pitorescos e visualmente interessantes personagens robôs. Como diria o Chaves, "teria sido melhor ir ver o filme do Pelé". Nota: 5,0.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #039 - A noite do ano que não teve verão e que mudou a História da Literatura para sempre

Podem procurar em seus livros de História. Ou do jeito mais fácil rs: na Internet. Sabiam que no ano de 1816, para muitos países do Hemisfério Norte, não houve verão? A explicação mais aceita para o fato foi uma erupção no ano anterior do Monte Tambora, na Indonésia, a maior da era humana. Sua explosão teria lançado tanta quantidade dióxido de enxofre na estratosfera, que acabara bloqueando parte da luz solar no planeta por meses.

Sendo esta a real causa ou não, os fatos são que 1816 foi em média 3º C mais frio que o ano anterior, e que no Canadá, norte dos EUA e norte da Europa, em pleno verão tivemos fortes geadas, lagos e rios congelados, com tudo isso causando mortes e enormes perdas na agricultura e pecuária.

No meio deste cenário deprimente, em Junho de 1816 Mary Shelley (então Mary Godwin), sua meia-irmã Claire Clairmont e o poeta Percy Bysshe Shelley (seu futuro marido) se encontraram com o famoso poeta Lord Byron e seu jovem médico, o também escritor John William Polidori, na mansão Villa Diodati, que ficava perto do Lago de Genebra. O que era para ser um agradável passeio de férias de verão acabou não se concretizando devido às constantes chuvas, que obrigou o grupo a ficar o tempo todo recolhido dentro da casa (ah, a foto deste artigo é de um episódio da 12ª temporada da série Doctor Who, que recria estes momentos).

Para se entreter, eles começaram a ler em voz alta Fantasmagoriana, uma antologia francesa de contos alemães sobre fantasmas. Animados com o livro, posteriormente Lord Byron sugeriu que cada um escrevesse sua própria história de fantasma, e os cinco toparam.

Como resultado do "desafio" após os três dias que ficaram reunidos, Percy Shelley escreveu o poema A Fragment of a Ghost Story (leia ele aqui). Já Lord Byron começou a escrever uma história de vampiro, que ficou conhecida como Fragment of a Novel (ou simplesmente A Fragment). Porém o famoso poeta abandonou o "passatempo" rapidamente, e este pequeno conto ficou inacabado. Ainda assim, o texto incompleto foi publicado por seu editor em 1819 - sem autorização de Lord Byron - ao final do livro de poemas Mazeppa, o que deixou o escritor furioso.

John William Polidori também não terminou sua história... segundo Mary Shelley ele estava trabalhando em uma "péssima idéia sobre uma mulher com rosto de caveira". Porém mais tarde ele acabou usando o conto A Fragment de Lord Byron como base para seu próprio conto, The Vampyre, publicado em 1819 e tido como a primeira história moderna de vampiros publicada em inglês. Aliás, pode-se dizer que Polidori é o criador do gênero vampiro romântico, e por exemplo, o famoso livro Drácula do irlandês Bram Stoker, só seria escrito muito tempo depois, em 1897. Alguns conceitos usados em Drácula, como de um vampiro sendo um nobre aristocrata e com poderes para seduzir mulheres, vieram de The Vampyre.

Villa Diodati dos dias de hoje

E, claro, a obra mais famosa que nasceu desta noite foi Frankenstein ou o Prometeu Moderno, de Mary Shelley, da qual inclusive já escrevi aqui no Cinema Vírgula. Diz a lenda que Mary foi quem mais estava com dificuldade para escrever seu conto, e ao ouvir uma conversa em que Percy estava tendo com Polidori sobre "a natureza do princípio da vida", ela começou a pensar em coisas como reanimar corpos através do galvanismo, e do quão assustador seria o ser humano querer reproduzir um mecanismo do Criador: nasciam aí as primeiras idéias para Frankenstein.

Mary Shelley encerraria sua passagem pela Villa Diodati finalizando o pequeno conto que viria a ser o precursor do livro Frankenstein publicado em 1818. Quando o livro foi publicado, não apenas estávamos diante da estréia de Mary como escritora, mas ela também tinha apenas 19 anos. Frankenstein ou o Prometeu Moderno acabou passando por algumas revisões, e a terceira edição do livro, publicada em 1831, é considerada a definitiva. Frankenstein é considerado por muitos o primeiro livro moderno de ficção científica, além de trazer outros conceitos incomuns, como por exemplo, no "duelo" entre homem e criatura, também mostrar o ponto de vista da criatura.

Como se pode concluir, a fria e chuvosa noite em que Lord Byron instigou seus amigos a escrever contos de terror por "diversão", acabou mudando em muito os rumos da literatura de terror e ficção científica. Que tal se você reunir seus amigos e propor um desafio similar? Nunca se sabe quando iremos revolucionar os rumos da História novamente...



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