Diretor: Joon-ho Bong
Atores principais: Chris Evans, Kang-ho Song, John Hurt, Tilda Swinton, Jamie Bell, Octavia Spencer, Ah-sung Ko
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=okeVv_MQLTk
Nota: 5,0
Imprevisibilidade é a grande qualidade desta ficção pós-apocalíptica
Não deixa de ser estranho que a distribuidora PlayArte tenha colocado Expresso do Amanhã nos cinemas brasileiros somente agora, já que o filme é de 2013 e estreou na maior parte dos cantos do mundo ainda no primeiro semestre de 2014.
O filme é dirigido pelo sul-coreano Joon-ho Bong, que vem ganhando ao longo dos anos público e fama no ocidente, graças a trabalhos como O Hospedeiro (2006) e Mother - A Busca Pela Verdade (2009). Este, entretanto, é seu primeiro trabalho nos EUA e já nasceu repleto de estrelas hollywoodianas. Completam o elenco os também coreanos Kang-ho Song e Ah-sung Ko, que trabalharam com Joon Ho anteriormente.
Baseado na graphic novel francesa Le Transperceneige, a história de Expresso do Amanhã mostra que para acabar com o aquecimento global a humanidade lançou na atmosfera o composto CW7... que funcionou bem demais, congelando todo o planeta e praticamente extinguindo todas as formas de vida. Os poucos humanos sobreviventes estão confinados dentro de um trem em movimento, projetado para durar "para sempre". Vivendo há 18 anos nos "últimos vagões", em um ambiente de grande confinamento e pobreza, Curtis (Chris Evans) é o líder de uma revolta que objetiva levar seu povo até "o primeiro vagão", e controlar o trem trazendo igualdade a todos.
A verdade é que para assistir Expresso do Amanhã o espectador precisa ter uma enorme suspensão de descrença. Mesmo vendido como ficção científica, o universo montado dentro do trem é repleto de absurdos e furos de roteiro. Claro, todo esta fraca ambientação foi criada apenas para ser usada como metáfora para os conflitos sociais atuais: a separação entre pobres e ricos, a diferença enorme de qualidade de vida entre eles. No aspecto da crítica social, Expresso do Amanhã funciona bem; seja pelo debate filosófico ao final do filme, ou pela denúncia ao colocar atores negros apenas entre os pobres.
É uma pena ver, entretanto, que os problemas com o roteiro vão além do inverossímil universo criado em Expresso do Amanhã. Exageros surgem também nos pequenos detalhes, como por exemplo, no início do filme, onde vemos uma mulher atingida na nuca por um sapato arremessado sangrar devido a este fraco golpe... e na testa!
A fotografia do filme é bonita, e o design de produção, principalmente no que se refere a construção dos vagões - cada um deles possui um visual / função bem distinta - também tem destaque positivo. Entretanto, novamente as falhas aparecem. Por exemplo, ao percorrer pelo trem temos até vagões discoteca, mas não temos vagões dormitórios. Aonde estas centenas de pessoas dormem?
Curiosamente, todas esta falhas e absurdos acabam tendo um lado bastante positivo: a imprevisibilidade. Esta, talvez, a maior qualidade de Expresso do Amanhã. A cada vagão explorado, não temos a menor idéia do que vamos encontrar pela frente. Há muita surpresa e bizarrice. Em um cinema atualmente tão repetitivo, é agradável e raro ser surpreendido.
Aliás, ainda sobre estas "falhas" na história, o longo diálogo explicativo da parte final - que lembra bastante aquela conversa que Neo tem com o Arquiteto em Matrix Reloaded - consegue, de fato, explicar algumas coisas que outrora não faziam sentido. Mas também não só deixa de explicar muito, como também gera novos furos, como por exemplo, uma insinuação sobre o passado do personagem de Tilda Swinton que só funcionaria se ela tivesse menos de 25 anos, o que não acontece.
Fraco como ficção científica, mas razoável como drama e filme com bastante ação, Expresso do Amanhã somando todos seus prós e contras se torna um filme aceitável e com cenas visualmente marcantes. Nota: 5,0
O filme é dirigido pelo sul-coreano Joon-ho Bong, que vem ganhando ao longo dos anos público e fama no ocidente, graças a trabalhos como O Hospedeiro (2006) e Mother - A Busca Pela Verdade (2009). Este, entretanto, é seu primeiro trabalho nos EUA e já nasceu repleto de estrelas hollywoodianas. Completam o elenco os também coreanos Kang-ho Song e Ah-sung Ko, que trabalharam com Joon Ho anteriormente.
Baseado na graphic novel francesa Le Transperceneige, a história de Expresso do Amanhã mostra que para acabar com o aquecimento global a humanidade lançou na atmosfera o composto CW7... que funcionou bem demais, congelando todo o planeta e praticamente extinguindo todas as formas de vida. Os poucos humanos sobreviventes estão confinados dentro de um trem em movimento, projetado para durar "para sempre". Vivendo há 18 anos nos "últimos vagões", em um ambiente de grande confinamento e pobreza, Curtis (Chris Evans) é o líder de uma revolta que objetiva levar seu povo até "o primeiro vagão", e controlar o trem trazendo igualdade a todos.
A verdade é que para assistir Expresso do Amanhã o espectador precisa ter uma enorme suspensão de descrença. Mesmo vendido como ficção científica, o universo montado dentro do trem é repleto de absurdos e furos de roteiro. Claro, todo esta fraca ambientação foi criada apenas para ser usada como metáfora para os conflitos sociais atuais: a separação entre pobres e ricos, a diferença enorme de qualidade de vida entre eles. No aspecto da crítica social, Expresso do Amanhã funciona bem; seja pelo debate filosófico ao final do filme, ou pela denúncia ao colocar atores negros apenas entre os pobres.
É uma pena ver, entretanto, que os problemas com o roteiro vão além do inverossímil universo criado em Expresso do Amanhã. Exageros surgem também nos pequenos detalhes, como por exemplo, no início do filme, onde vemos uma mulher atingida na nuca por um sapato arremessado sangrar devido a este fraco golpe... e na testa!
A fotografia do filme é bonita, e o design de produção, principalmente no que se refere a construção dos vagões - cada um deles possui um visual / função bem distinta - também tem destaque positivo. Entretanto, novamente as falhas aparecem. Por exemplo, ao percorrer pelo trem temos até vagões discoteca, mas não temos vagões dormitórios. Aonde estas centenas de pessoas dormem?
Curiosamente, todas esta falhas e absurdos acabam tendo um lado bastante positivo: a imprevisibilidade. Esta, talvez, a maior qualidade de Expresso do Amanhã. A cada vagão explorado, não temos a menor idéia do que vamos encontrar pela frente. Há muita surpresa e bizarrice. Em um cinema atualmente tão repetitivo, é agradável e raro ser surpreendido.
Aliás, ainda sobre estas "falhas" na história, o longo diálogo explicativo da parte final - que lembra bastante aquela conversa que Neo tem com o Arquiteto em Matrix Reloaded - consegue, de fato, explicar algumas coisas que outrora não faziam sentido. Mas também não só deixa de explicar muito, como também gera novos furos, como por exemplo, uma insinuação sobre o passado do personagem de Tilda Swinton que só funcionaria se ela tivesse menos de 25 anos, o que não acontece.
Fraco como ficção científica, mas razoável como drama e filme com bastante ação, Expresso do Amanhã somando todos seus prós e contras se torna um filme aceitável e com cenas visualmente marcantes. Nota: 5,0