terça-feira, 25 de setembro de 2012

Crítica – Intocáveis (2011)


“Ótima comédia francesa ensina a fazer humor com classe”.

A primeira descrição que li sobre “Intocáveis” foi algo mais ou menos assim: “milionário tetraplégico contrata ex-presidiário para ser seu auxiliar”. Ou seja, uma história já repetida a exaustão por filmes de “Sessão da Tarde” feitos a toque de caixa. E de fato, se a história possui mesmo diversas situações “clichê”, a maneira como ela é contada é que a torna especial.

Francês, o filme já mostra ser diferente em suas piadas. As comédias atuais costumam trazer dois tipos de humor: ou temos piadas “físicas”, com personagens trapalhões tropeçando ou derrubando objetos; ou principalmente, temos o humor do “grito e palavrões”. Ou seja, quanto mais xingamentos, e quanto mais desesperado/revoltado o “comediante” está, mais “engraçada” é a piada. Porém, “Intocáveis“ surpreende ao trazer excelentes piadas ao longo de todo filme sem usar palavrões nem piadas físicas (e notem que o simples fato de um dos protagonistas ser tetraplégico seria um prato cheio para vê-lo caindo, por exemplo).

Engana-se, entretanto, que este humor “com classe” não é políticamente incorreto. Muito pelo contrário. A maioria das piadas são sobre deficiência física, sobre pobreza. Mas tudo isto é feito sem ofender. O segredo? Seus personagens. Eles não fazem humor para humilhar ou agredir ninguém. Fazem humor por serem naturalmente otimistas, por se preocuparem cada um em levantar o ânimo do outro. Fazem humor pela amizade.

Outra abordagem que foge um pouco do comum é a opção por cenas mais privadas. O rico Philippe (François Cluzet) não procura usar seu contratado Driss (Omar Sy) para reintroduzí-lo à sociedade.  Ao contrário, Philippe é bem reservado, quase não sai de casa (ele até possui um amor platônico), e portanto a maioria das cenas são rodadas dentro de sua mansão.

O filme é baseado numa história real, e por isto mesmo, me agradou bastante ver os diretores (Olivier Nakache e Eric Toledano) optarem por soluções que reforçam o realismo do filme. Por exemplo, as cenas são filmadas em plano fechado, colocando o espectador “ao lado” dos personagens. E assim como na sua vida real você não sai ouvindo por aí uma trilha sonora na sua cabeça, em boa parte do tempo não temos nenhuma música ao fundo. E quando temos, além de serem ótimas para se ouvir, na maioria dos casos refletem o que os próprios personagens ouvem. Como a música em um concerto, por exemplo.

Para fechar o pacote, os dois atores principais são excelentes. Cluzet convence como tetraplégico; e Omar Sy é engraçadíssimo. Por esta atuação, Sy levou o César de melhor ator em 2012. Aliás, mesmo os atores coadjuvantes também convencem com boas atuações.

Tantas qualidades resultaram em sucesso de crítica e público. “Intocáveis” já é o filme francês mais assistido da história no exterior (superando o antigo campeão “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", de 2001), e também o segundo filme mais assistido na França em todos os tempos (perde apenas para "A Riviera Não é Aqui", de 2008).

Vendido como comédia e drama, “Intocáveis” também possui suas cenas dramáticas, que inclusive emocionam. Mesmo assim, o drama não é muito aprofundado. Para o filme, e para seus personagens, o que vale mesmo na vida é o humor. Nota: 8,0.

domingo, 23 de setembro de 2012

Crítica – Ted (2012)

“Seth MacFarlane aparenta ter alcançado seu limite criativo”

O estadunidense Seth MacFarlane começou sua carreira artística como animador e escritor de diversos títulos da Cartoon Network. Depois de alguns anos, em 1999, Seth teve sua primeira grande oportunidade solo, a estréia da animação “Family Guy” (no Brasil, “Uma Família da Pesada”). Politicamente incorreto, e de humor absurdamente nonsense, este ainda é sua criação de maior sucesso, atualmente em sua 10ª temporada nos EUA.

Com “Ted”, MacFarlane tem sua estréia em filmes live-action. Ele é o diretor, co-escritor e dubla as vozes do personagem principal, o ursinho de pelúcia Ted. A história não tem nada de novo. Ainda menino, o solitário John Bennet (Mark Wahlberg) pede a uma estrela cadente que seu ursinho ganhe vida. E voilá! Eles vivem felizes até que John se torna adulto (35 anos, na verdade) e começa um relacionamento sério com Lori Collins (a bela Mila Kunis). É quando John precisa escolher entre seu amigo peludo ou um casamento com a namorada.

Confesso, normalmente passaria longe de um filme “mais do mesmo” como este. Mas, tive a curiosidade de assisti-lo por ser o filme do “criador de Family Guy”. Gosto bastante do desenho em questão, e ele se manteve surpreendente e engraçado por muitos anos. Somente nas duas últimas temporadas “Family Guy” perdeu seu encanto. Suas piadas não são mais engraçadas nem surpreendentes. Quis tirar a prova e ver se Seth MacFarlane iria voltar a me surpreender, agora em um novo universo criado por ele.

Infelizmente não foi o que aconteceu. Após apresentados os personagens, Lori diz a John que o que mais ama nele é que “mesmo após 4 anos de convivência, ele ainda a conseguia surpreender”. Ironicamente, não é assistindo sua história que espectador partilhará desta sensação. Já que o filme – mesmo não sendo cansativo - definitivamente não traz nenhuma grande emoção em seus 106 minutos.

Entretanto, “Ted” ainda traz alguma coisa ou outra interessante. Por exemplo, o filme faz diversas homenagens aos anos 80. Seja nos diálogos, nos atores convidados, ou na trilha/efeitos sonoros. Seth também não se esqueceu dos dias atuais. Piadinhas sobre as celebridades da música Pop atual também estão bastante presentes.

Dá para se dizer que o roteiro traz o caótico humor de “Family Guy” diluído dentro da estrutura mais tradicional dos filmes de Hollywood. E assim, seu humor perde força. Há um bom número de boas piadas espalhadas pelo filme. Mas são todas piadas que no máximo te levarão a sorrir, jamais gargalhar.

Seth MacFarlane vai bem em sua estréia como diretor (filme e roteiro possuem poucas falhas), porém aparenta ter mesmo perdido sua principal qualidade, a de surpreender. Ele parece ter mesmo atingido seu limite, embora que para grande parte do público isto seja suficiente. Afinal “Ted” foi bem nas bilheterias estadunidenses e animada pelos bons resulltados Fox já acertou com MacFarlane a produção de um novo seriado (também live-action e ainda sem nome) juntamente com os demais roteiristas de “Ted”. Nota: 5,0.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O novo Robocop, José Padilha, Fernando Meirelles e Bruno Barreto


Os anos 80 voltaram a ser moda no Cinema. Várias franquias oitentistas pintaram em Hollywood nos últimos anos, como por exemplo Transformers, Comandos em Ação e Vingador do Futuro; e ainda irão surgir muitas mais, como o novo Caça-Fantasmas, Tartarugas Ninja e... Robocop.

Com as filmagens iniciadas neste mês, e dirigido pelo competente brasileiro José Padilha (o mesmo diretor dos “Tropa de Elite”), as informações sobre o filme do policial-robô até agora são pra lá de preocupantes.

O primeiro mal sinal foi a enorme dificuldade do estúdio para encontrar atores para os papéis principais. Várias estrelas foram cotadas para ser Alex Murphy, porém no final apenas se conseguiu o desconhecido Joel Kinnaman para protagonista. Já para ser o “vilão”, Hugh Laurie recusou o papel de última hora e até agora o ator que herdará o personagem é uma incógnita.

Depois, cerca de 20 dias atrás, Fernando Meirelles (que teve pelo menos dois bons fimes nos EUA: “O Jardineiro Fiel” e “Ensaio Sobre a Cegueira”), tomou as dores de seu colega diretor em entrevista à revista Trip: "Ele está dizendo que é a pior experiência dele. De cada dez ideias que ele tem, nove são cortadas. Qualquer coisa que ele quer, tem que brigar. ‘Isso aqui é um inferno’, disse ele para mim. ‘O filme vai ficar bom, mas eu nunca sofri tanto e não quero fazer isso de novo’.".

Não seria a primeira vez que um brasileiro tivesse seu trabalho tão atrapalhado por um estúdio. Em 2003, a primeira tentativa do brasileiro Bruno Barreto (de "O Que É Isso, Companheiro?") em Hollywoody foi um retumbante fracasso, com o fraquíssimo “Voando Alto”. O que era para ser uma comédia de humor negro virou uma cómedia sem sentido quando a Miramax obrigou o brasileiro a transformar o personagem da atriz principal, Gwyneth Paltrow, de uma pessoa originalmente má para uma mocinha boazinha. Não bastando isto, se achando “a” estrela, Gwyneth também não perdoou. Embora tenha negado publicamente, o boato da época é que a atriz estava tão decepcionada com o filme que se referia a ele como "View From My Ass", um trocadilho com o nome do filme em original, "View From The Top".

E eis que neste fim de semana, surge a primeira imagem do novo Robocop, que segue abaixo.

O novo Robocop - robô... ou uma pessoa de armadura?

Mais uma vez, o que se vê mais preocupa do que agrada. Robocop parece muito mais um homem comum vestido de armadura do que um robô. O que seria uma tremenda decepção, além de desnecessária mudança no personagem. No filme original, do policial Alex Murphy só sobraram a cabeça, coluna vertebral, e alguns poucos órgãos internos. Aqui, até os membros parecem ter sido preservados. Afinal, nota-se que a mão direita é uma... mão! Ou será que tudo o que vemos (inclusive esta mão humana), será coberto futuramente por CGI?

Em recente declaração, Padilha aparenta não concordar com o que Meirelles disse e divulgou um “É empolgante pensar que vamos começar a produção de RoboCop. Eu tenho um elenco dos sonhos e um time criativo incrível.”.

O novo RoboCop tem estreia marcada para 9 de agosto de 2013, quando enfim veremos o resultado de tudo isto. Meu ceticismo (e lamento, pois gosto bastante do personagem) está lá no alto.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Crítica - Cavalo de Guerra (2011)


“Nem oito nem oitenta, afinal”


Enfim pude ver “Cavalo de Guerra”, do diretor Steven Spielberg, e indicado a 6 Oscars neste ano - incluindo o de melhor filme. Antes mesmo de vê-lo, já estava preparado para odiá-lo ou adorá-lo. Afinal, foi esta a reação que vi nas pessoas que conheço e o assistiram. Um lado argumentava ser um filme comovente, um dos melhores do diretor americano. O outro, reclamava que a humanização do cavalo beirava ao ridículo, além da história ser insuportavelmente melosa.

Finalmente assistido, para minha surpresa não partilhei de nenhum dos dois extremos. Não foi nem oito nem oitenta: o filme tem sim suas qualidades e defeitos, mas no todo fica um pouco acima da média.

A trama é sobre a história de um cavalo “valente” e suas ações durante a 1ª Guerra Mundial. Aliás, já aí temos a primeira falha do filme: apenas somos localizados no tempo e espaço da história após mais de 10 minutos de projeção.

E é a jornada deste equino o fio condutor da narrativa, nos levando a várias pequenas histórias distintas, com personagens distintos, e que no fundo nos mostram as perdas que uma guerra traz às pessoas, variando pela idade, pela profissão, ou por serem civis ou militares. Aí reside o grande mérito do filme. As histórias são bem escritas e emocionantes. Outro ponto bastante positivo da história é mostrar que, sejam soldados (ou civis) franceses, alemães, ingleses; em linhas gerais não há vilões ou heróis. Todos somos iguais, simples humanos, independente de sua nacionalidade.

A fotografia de “Cavalo de Guerra” é ótima. Belas imagens o tempo todo, e mais ainda, enquadramentos de ângulos bem variados, que são utilizados para reforçar as diferenças físicas e psicológicas entre os vários cenários exibidos.

Mas se a imagem é positiva, a trilha sonora é decepcionante. Desde seu segundo incial, sabemos claramente que veremos um drama. Porém  já no “treinamento inicial” do cavalo ouvimos aquela musiquinha sarcástica típica para representar um “trapalhão”. Esta tentativa forçada de tornar algo sério como cômico é constrangedora. Totalmente em desacordo com o filme. E ainda temos por várias vezes, de maneira abrupta, um reforço desncessário para as “atitudes heróicas”... para Spielberg não bastam as imagens, o contexto... ele precisa nos chamar de burros e toda "grande ação" é acompanhada daquela música “triunfal”... e patética. Pior ainda é ver que uma das 6 indicações ao Oscar foi justamente a edição de som!

E quanto a “atuação” do cavalo? Sim, há bastante exagero em sua humanização. Nem tanto quanto a ele entender tudo o que lhe é dito, mas principalmente quando ele começa a agir espontaneamente em defesa dos oprimidos. Porém, não foi isto que mais me incomodou em “Cavalo de Guerra”. O que mais me irritou foi a já tradicional mania de Spielberg de insistir no final feliz, por mais inverossímil que ele seja. Dentre outras coisas, o cavalo-protagonista passou pelas mãos de diversas pessoas, e sempre encontrou alguém disposto a tratá-lo de maneira digna. Durante uma guerra. Sei. Fora as "coincidências" que somos obrigados a aceitar.

Como um todo, o filme é bastante agradável e possui boas mini-histórias que garantem sua apreciação apesar dos exageros do diretor. Spielberg continua não ser sombra do que foi nos anos 80/90, mas desta vez não foi tão mal. Nota: 7,0.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ctítica - Os Mercenários 2 (2012)


“Nem os poderes de Chuck Norris conseguem fazer a continuação melhor que o flime original”

Anos atrás Sylvester Stallone teve uma boa idéia para ganhar dinheiro: atender o desejo de seus fãs. Que tal juntar em um filme só os grandes nomes de ação dos anos 80? Nunca havia sido feito, e os fãs adorariam. Daí surgiu o primeiro “Os Mercenários”, de 2010, que além de tudo contou com o reforço de alguns atores de ação mais recentes, como por exemplo Jason Statham. Mesmo sendo um filme de ação genérico, o carisma de seus personagens e uma boa execução de cenas garantiram bom entreterimento e bilheteria.


Para sua continuação, certamente Stallone continuou a pensar no que seus fãs queriam. O que poderia fazer “Os Mercenários 2” melhor que o primeiro? “Oras, unir ainda mais atores famosos”. Dito e feito, foram acrescentados Jean-Claude Van Damme e Chuck Norris. Que mais poderia ser melhorado? “Bem, Schwarzenegger e Bruce Willis não tiveram cena de ação no primeiro filme. Que tal mudar isto”? Perfeito! Eis que os dois veteranos também dão seus tiros. A vontade de agradar o público é tanta que Chuck Norris foi realmente utilizado na história como um ser onipotente que faz jus aos populares “Chuck Norris facts”.

Porém nem mesmo o mito Chuck Norris foi suficiente para quebrar a escrita de que as continuações são piores que os filmes iniciais. Na verdade, “Os Mercenários 2” começa em grande estilo. A sequência inicial de cenas de ação, bem longa por sinal, é excelente e pra mim a melhor da franquia. Mas os “prós” em relação ao filme anterior param aí.

Ao contrário de seu antecessor, onde a grande lista de personagens tinha seu próprio espaço e desenvolvimento, aqui apenas Stallone e Statham são destacados. O enredo também piora. Mais uma vez a trama tenta trazer algum conteúdo com diálogos filosóficos e cenas emotivas, porém desta vez o faz de maneira abrupta, prejudicando o ritmo do filme.

Uma coisa que Stallone aprendeu a fazer muito bem (e faz uso deste recurso desde “Rambo 4”, de 2008) é alternar nas batalhas o enquadramento das câmeras. Ora temos uma filmagem com plano mais aberto (para mostrar onde os personagens estão em relação uns aos outros), ora temos uma filmagem com plano fechado, quase um close, para ver em detalhes os golpes aplicados ou o sangue jorrando. Com esta alternância, em alta velocidade, entramos na adrenalina da luta sem deixar de ver o que está acontecendo, o que é um mérito comparando com muitos filmes de ação atuais (vide os péssimos filmes de Michael Bay, por exemplo).

Porém mesmo repetindo esta virtude, as filmagens são piores que as do filme anterior. Muitas cenas estão desfocadas, embaçadas. Poderia ser proposital (para dar efeito de filme antigo). Poderia ser a fita do cinema que assisti (que já estaria velha de tanto uso). Ou poderia ser filmagem mal feita. E pelo que li na internet, a resposta infelizmente vai para a 3ª opção.

Mas além da primeira sequência de ação, não há mais nada em que “Os Mercenários 2” seja melhor que o primeiro filme? Se você não se importa com a mistura de humor e ação a resposta é “sim”. A continuação se leva menos a sério e o número de piadas espalhadas pela história é bem maior. Melhor ainda, são piadas bem engraçadas. Ver um grande elenco estrelado reunido para tirar sarro de sua velhice e filmes passados não perde a graça nunca.

Somando todos os prós e contras, “Os Mercenários 2” é levemente inferior ao primeiro filme. Porém, para quem curte o gênero de ação, ele ainda garante diversão suficiente. Nota: 6,0.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Os 5 melhores dos últimos 5



Fim de semana chegando, eis um post com indicações de filmes para vocês se divertirem em casa.

Abaixo segue minha lista dos 5 melhores filmes que assisti NO CINEMA (sim, só cinema, o que significa predominância hollywoodiana) nos últimos 5 anos (sem contar o ano corrente, 2012).

2011
* Cisne Negro - ("Black Swan")
* O Discurso do Rei - ("The King's Speech")
* Melancolia - ("Melancholia") (*)
* X-Men: Primeira Classe - ("X-Men: First Class")
* O Segredo dos Teus Olhos - ("El secreto de sus ojos")

2010
* Toy Story 3 - ("Toy Story 3") (*)
* Guerra ao Terror - ("The Hurt Locker")
* A Ilha do Medo - ("Shutter Island")
* O Livro de Eli - ("The Book of Eli")
* Lunar - ("Moon")

2009
* Bastardos Inglórios - ("Inglourious Basterds")
* O Lutador - ("The Wrestler")
* Quem Quer Ser Um Milionário? - ("Slumdog Millionaire")
* Se beber, Não case - ("The Hangover")
* Watchmen - O Filme - ("Watchmen")

2008
* Onde os Fracos Não Têm Vez - (No Country for Old Men") (*)
* Wall-E - ("Wall-E") (*)
* Batman - O Cavaleiro das Trevas - ("The Dark Knight")
* Ensaio sobre a cegueira - ("Blindness")
* Eu Sou a Lenda - ("I Am Legend")

2007
* Cartas de Iwo Jima - ("Letters from Iwo Jima") (*)
* Lady Vingança - ("Chinjeolhan geumjassi")
* Tropa de Elite - ("Tropa de Elite")
* Pecados Íntimos - ("Little Children")
* O Segredo de Beethoven - ("Copying Beethoven")

Considerações:

1) Os filmes sublinhados e com asterisco são os que considero serem os 5 melhores dentre os 25 filmes listados. São três dramas não muito convencionais e duas animações (para minha própria surpresa! ah, esta Pixar, viu?)

2) 2008 não foi lá um ano tão bom, por isto mesmo, tanto "Batman 2" quanto o "Eu Sou a Lenda", que de mim levam a alcunha: "filme excelente, mas com um final horroroso" conseguiram mesmo assim entrar no Top 5.

3) Breve apresentação dos 5 filmes que destaquei:

Cartas de Iwo Jima: faz parte de um ambicioso e interessante projeto do diretor Clint Eastwood. "Iwo Jima" (nome de uma batalha travada entre os EUA e Japão durante a 2a guerra mundial) teve sua história contada nos cinemas por dois filmes lançados quase simultaneamente: o fraco "A Conquista da Honra" (a batalha sobre o ponto de vista dos EUA) e o excelente "Cartas de Iwo Jima" (a batalha sobre o ponto de vista do Japão). Ainda que seja interessante assistir os dois filmes para vê-los se entrelaçando, "Cartas de Iwo Jima" funciona isoladamente, tem um grande história, e é um dos melhores filmes que Eastwood já fez.

Wall-E: a história do pequeno robozinho cujo nome dá título ao filme deve não ser "o" melhor filme da Pixar. Mas se considerarmos apenas sua primeira terça parte (o filme tem 98 min de duração), onde quase não há diálogos e Wall-E é praticamente o único personagem, afirmo sem hesitar que são os melhores 35 minutos já produzidos pela Pixar até hoje. Acompanhamos drama, humor, romance, tudo isto de um robô que sequer possui rosto! (ele só tem olhos); comparável às melhores cenas produzidas por Charlie Chaplin! Infelizmente, o restante do filme não tem o mesmo nível, se tornando infantil mas ainda assim bastante aceitável.

Onde os Fracos Não Têm Vez: filme policial/faroeste/suspense dos irmãos Coen, mostra o duelo de sobrevivência de uma pessoa "comum" contra um assassino profissional, utilizando tomadas de câmera que te colocam "dentro" do filme como eu nunca tinha visto. Um bom número de cenas surpreendentes e a espetacular fotografia são mais dois grandiosos bônus. Alerta vermelho para o público feminino: até hoje 100% das mulheres que sei que assistiram este filme o odiaram.

Toy Story 3: sozinho, uma excelente e divertidíssima história de aventura. Mas para quem cresceu assistindo os dois filmes anteriores desta trilogia nos cinemas, sua conclusão é de grande sensibilidade, e extremamente comovente. E claro, outro show de evolução na computação gráfica.

Melancolia: escrito e dirigido pelo sempre polêmico Lars von Trier, é de longe o filme menos tradicional dos cinco que detalhei. Sinal vermelho para quem não gosta de filmes "cult". Bastante lento e extremamente depressivo (o nome do filme é, portanto, bem apropriado), nos transmite de maneira brilhante as angústias (e o inter-relacionamento) de duas irmãs (as atrizes Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg). Funciona como dois filmes em um, com cada metade da história apresentada sob o ponto de vista de cada uma delas. Somado à tudo isto, uma fotografia espetacular.


O que acharam da lista? Quais destes 25 vocês já assistiram? Comentem!

domingo, 26 de agosto de 2012

Dupla-Crítica: “Poder sem Limites” (2012) e “Piratas Pirados! (2012)”


Pela primeira vez em meu blog irei fazer duas críticas em um mesmo post. São dois filmes divertidos que assisti neste fim de semana, mas não me empolgaram o suficiente para fazer uma crítica detalhada de cada um deles rs.

O primeiro é “Poder sem Limites” ("Chronicle"), cuja história se trata de três adolescentes (Andrew, Matt e Steve) que após entrarem em contato com uma estranha pedra brilhante desenvolvem super poderes.

Trata-se de um filme com muitos altos e baixos. A história é filmada sempre do ponto de vista de “primeira pessoa”. Na grande maioria do tempo as imagens são da câmera de Andrew (que resolve documentar a própria vida), mas também vemos algumas cenas pela câmera da namorada de Matt, ou então, pelas câmeras de segurança das lojas ou de repórteres de rua. Esta premissa nos entrega uma das melhores coisas do filme: ao mover telepaticamente a câmera com seus poderes, Andrew nos garante cenas de ação sob ângulos e perspectivas inéditas e extremamente interessantes. Por outro lado, esta mesma abordagem de “primeira pessoa” atrapalha o enredo. Dá para entender a motivação de Andrew em filmar muitas das cenas, mas em outras, não. O que levou ao diretor optar por fazer os personagens em algumas momentos tentar nos convencer em voz alta do porque estão filmando naquela determinada situação. Um pena.

Outro ponto alto é o realismo de uma das “super-lutas” entre eles. Ao contrário dos outros filmes (e gibis) da Marvel e DC Comics, obviamente quando há este tipo de luta muito estrago é feito e muita gente inocente deveria morrer. E aqui morrem. Porém voltando aos pontos negativos, temos um mau desenvolvimento dos personagens. Andrew, Matt e Steve possuem claramente personalidades e histórias distintas e interessantes. Porém o diretor meio que “abandona” os dois últimos e acaba focando apenas em Andrew, justamente o personagem sem carisma, pessimista, que por estas características não nos comove com seu drama.

De tantos altos e baixos, “Poder sem Limites” (alías, que tradução lamentável para o título do filme, hein?) só podia receber uma nota próxima da média: nota 6,0.


Já o segundo filme, “Piratas Pirados!” ("The Pirates! Band of Misfits"), é a mais nova animação do estúdio inglês Aardman (criadora de Wallace & Gromit, dentre outros), famosa por suas animações stop-motion com massinha.

Na história, vemos um grupo de piratas “comuns” cujo capitão, de ordinário nome “Capitão Pirata”, sonha obter fama e reconhecimento vencendo o título de “Pirata do Ano”. Seu problema é que ele nem se compara com os grandes piratas; mas vê a chance de vencer o prêmio quando recebe uma curiosa proposta do naturalista Charles Darwin(??)!!

A impressão que fica é que todo o esforço de se fazer um stop motion com massa de modelar foi desperdiçado num roteiro comum. Sim, a história é redondinha, bacana, e com algumas piadas excelentes distribuídas ao longo do filme. Mesmo assim não conseguem nos fazer esquecer que se trata de uma história extremamente genérica, sem empolgar.

Faltou em “Piratas Pirados!” o poder de surpreender, que tinha de sobra por exemplo no ótimo “A Fuga Das Galinhas” (2000), de mesmo estúdio e diretor. Sim, nos surpreendemos com algumas das ótimas piadas e com a presença de Darwin. Mas é muito pouco. Trata-se de um filme agradável e nada mais. Nota: 6,0.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A nova série de Jerry Seinfeld


Jerry está de volta com um novo seriado. É sua "volta" mais relevante desde que a sitcom que leva seu nome, "Seinfeld" (que considero de longe a melhor sitcom de todos os tempos), se encerrou em 1998.


Sua primeira "volta" foi com a animação "Bee Movie", de 2007, onde além de produtor e roteirista, Seinfeld dublou as vozes do protagonista principal: uma abelha que descobre (e se revolta com isto) que os humanos vendem o mel que elas produzem. O filme tem seus momentos, mas no fundo é apenas "legalzinho".

Sua segunda aparição relevante veio em 2009, dentro do bom seriado "Curb Your Enthusiasm" de Larry David. Co-criador de "Seinfeld", Larry optou por trazer todos os principais atores do antigo programa para a 7a temporada de seu show. E foi sensacional. A coisa mais próxima de "Seinfeld" já vista até então. Mesmo assim, Jerry não era o protagonista, nem teve muita participação na criação.

E agora Seinfeld volta a ter seu próprio seriado.

É, na verdade, um seriado bem modesto e descompromissado, afinal não é exibido na TV e sim dentro do site crackle.com. Seu curioso nome é: "Comediantes em carros tomando café". Apesar de estranho, o nome diz exatamente sobre o que o seriado se trata. Em cada episódio Jerry Seinfeld chama um comediante famoso amigo seu para sair, e passa buscá-lo de carro para tomarem um café juntos. E o que acompanhamos então são diálogos divertidíssimos, tudo improvisado, e ouvindo um delicioso blues ao fundo.

E todos nós podemos acompanhar Seinfeld em seu novo projeto, gratuitamente e com legendas em: http://www.crackle.com.br/c/Comediantes_em_carros_tomando_caf%C3%A9

Até agora já foram produzidos 3 episódios e o quarto será disponibilizado nesta quinta feira dia 16.

O primeiro episódio conta com o Larry David (que surpresa, não?) como convidado. É bem legal. O segundo conta com o britânico Ricky Davis. E é pra mim o melhor episódio até agora.

Fica o convite para que vocês conheçam esta novidade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Crítica - Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)


"Christopher Nolan entrega o melhor de todos os Batman"

"Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge" quase não funciona individualmente. Está bastante relacionado com os dois filmes anteriores da "trilogia Batman" do diretor Christopher Nolan. Portanto, começo minha crítica com um alerta: assistam os dois filmes do Batman antes de assistirem este. E dou a mesma recomedação para quem ler este texto, já que estarei contando aqui detalhes importantes do "Batman 1" e "Batman 2".


Após sofrer com alguns filmes de qualidade e gosto duvidosos, Batman receberia em 2005 das mãos do diretor Christopher Nolan enfim um bom filme. Um completo recomeço nas telas, vimos um Batman mais sério e realista do que nunca. Inclusive com direito a críticas sociais. Um de seus poucos "defeitos" foi usar dois vilões, deixando a trama um pouco desfocada. A presença de Ra's Al Ghūl, cujo misticismo e motivações de difícil compreensão contradiziam um pouco o clima de "alto realismo" do filme e também não me pareceu uma escolha acertada.


Três anos depois, veio "Batman - O Cavaleiro das Trevas". Uma sequência que conseguiu ser superior ao já muito bom "Batman Begins". Desta vez, tínhamos no Coringa de Heath Ledger um dos melhores vilões de todos os tempos. Um filme que poderia ser perfeito, entretanto teve um final catastroficamente ruim. Centena de psicopatas criam "bom coração" de uma hora pra outra; e em outra cena Batman decide assumir um assassinato sem nenhuma explicação racional para isto.

E infelizmente, ao optar por fazer uma trilogia "de verdade" com os três filmes bem inter-relacionados, o novo filme de Batman traz em sua história bastante conteúdo que são consequências das escolhas erradas dos filmes anteriores.

Mas a boa notícia é que este legado ruim não tira a força do filme. E o filme é muito bom, extremamente bem executado. Muito boa fotografia (planos bem abertos nos mostram a grandeza dos ataques realizados e se alternam com planos bem fechados que nos jogam pra dentro das batalhas). E muito bom uso da parte sonora. Sim, é verdade que usar do som para reforçar os momentos de perigo, heroismo, etc é um recurso barato. Mas como foi bem utilizado por Nolan! Por isto tudo, recomendo fortemente que você veja este filme nos cinemas.

Na história, Batman (Christian Bale) está inativo há 8 anos, até que surge um vilão forte e malvado o suficiente - Bane (Tom Hardy) - para tirá-lo da aposentadoria.

O Coringa do filme anterior era insano mas ao mesmo tempo muito inteligente, e fez um grande estrago sozinho. Mas o que aconteceria se surgisse alguém até mais inteligente, menos insano, e tendo a disposição muito mais recursos? Este é o Bane apresentado no filme, que levará Batman (e Gothan) a desafios além de suas forças. Bane "rouba" a cena quase tanto quanto o Coringa roubou no filme anterior. É bastante assustador e convence como o "maior desafio de Batman".

A história é boa (não é excelente devido aos problemas "legados"), e mais uma vez bem realista. Exemplos: com a tecnologia de hoje, por que Batman ficaria se pendurando pra lá e pra cá com cabos para perseguir os bandidos? Bem, agora ele tem uma opção bem melhor pra "voar"; também temos a Mulher Gato (Anne Hathaway) de maneira tão real que sequer é dito que ela é a Mulher Gato no filme todo. Nem tudo é 100% crível, é verdade... há uma ou outra "forçada de barra" (a facilidade que Batman se recupera de ferimentos, por exemplo), mas nada que comprometa.

Por chegar aos cinemas apenas meses após o filme dos Vingadores, a pergunta que fica é: quem é melhor? Bem, eles tem qualidade equivalentes, porém apostam em estratégias diferentes.

Em Vingadores há muito humor. Em Batman, tudo é levado muito a sério. Em ambos os filmes, seu final é excelente. Mas se em Vingadores o final é um show de ação, em Batman vemos um show de roteiro.

O final deste Batman é excepcional. Tudo teve sua razão de ser e se encaixa perfeitamente no fim. Lembra muito o ótimo final do ótimo filme "O Grande Truque", não por acaso do mesmo diretor.

"Batman 3" talvez fique atrás de "Batman 2" em história. Porém, por não ter o final ruim do seu antecessor e sim o extremo oposto disto, é um filme mais coeso e por isto o melhor Batman já feito. A trilogia se encerra de maneira muito digna.

Nota: 8,5.

PS: nem preciso dizer o quanto um filme dublado é pior do que o filme no idioma original. Mas neste caso há um motivo ainda maior para ver o filme legendado. Bane. É através de sua voz que vemos o quanto ele é sarcástico e assustador. E mais ainda, sua voz é muito parecida com a do Deckard Cain. Tem como um personagem não ser fantástico com uma voz destas? :P

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

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