sábado, 28 de dezembro de 2013

Crítica - O Som ao Redor (2012)

Título: O Som ao Redor ("O Som ao Redor", Brasil, 2012)
Diretor: Kleber Mendonça Filho
Atores principais: Maeve Jinkings, Irandhir Santos, W.J. Solha, Gustavo Jahn
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=wweuSi_krNs
Nota: 6,0


Angustiante e fiel retrato do Brasil atual, filme peca ao não ir além disto

O Som ao Redor, filme brasileiro indicado ao Oscar deste ano, é um filme bem diferente do que estamos acostumados. Ao começar pelo seu nome, no filme não há trilha sonora. O que mais ouvimos são os ruídos das ruas... seja um cão latindo, um CD tocado alto pelo vendedor, ou seja, os irritantes barulhos urbanos que bem conhecemos. Ironicamente nem sempre o som foi bem capturado pela equipe técnica: em algumas cenas não se consegue ouvir direito o que os personagens falam.

Aqui a trama se passa em Recife, em um bairro de classe média, onde a família de seu Francisco (W.J. Solha) é proprietária de boa parte dos imóveis da região e portanto “manda” no local.

O filme nos convida a conhecer diversos personagens e sub-tramas deste conjunto de ruas. Um local – que infelizmente predomina no Brasil de hoje – feio, onde só se vê prédios e casas espremendo-se umas às outras sem nenhuma harmonia, e onde a violência se faz presente, quando vivemos trancados e com medo em casa, gastando dinheiro em aparelhos e serviços de segurança, fazendo do lar uma prisão.

Dentre os diversos personagens apresentados, e diversas tramas paralelas, duas se destacam. Na primeira, vemos Bia (Maeve Jinkings), casada e mãe de dois filhos, infeliz e esmagada pelo mundo ao redor. Na outra, temos Clodoaldo (Irandhir Santos) chegando ao bairro e oferecendo serviço de vigilância particular nas ruas para os moradores em troca de uma mensalidade.

Sua chegada causa dois conflitos: primeiro, a discussão entre os próprios moradores em relação a sua chegada... se ela seria algo bom ou ruim. E segundo, Clodoaldo bate de frente com Francisco. Explico: o neto de Francisco, Dinho (Yuri Holanda) é um dos principais furtadores da região... e o poderoso Francisco faz uma ameaça bem clara a Fernando: “jamais mexa com Dinho”. Nota-se portanto que mesmo nos dias de hoje ainda temos “os coronéis latifundiários” mandando em tudo, estando acima da lei.

O Som ao Redor também expõe outros assuntos, como por exemplo, a vida das empregadas domésticas, os conflitos com vizinhos ao se viver em comunidade, e toda a tensão gerada pelo convívio entre todas estas pessoas.

O filme nos apresenta todos estes assuntos passando com muita eficiência seu sentimento ao espectador. Claustrofóbico, angustiante, ao ser filmado com muitos closes e muitos ambientes fechados, O Som ao Redor passa com maestria o sentimento de opressão a quem o assiste.

Apesar desta perfeita descrição do Brasil, da classe média e de suas angústias, O Som ao Redor peca por não ir além disto. Suas tramas não possuem desfecho... apenas nos são apresentadas. Mais ainda, diversas cenas desnecessárias são jogadas a esmo ao longo da projeção, tornando cansativo um filme que poderia ser mais curto.

Apresentando com maestria seus personagens e ambiente, mas pouco os desenvolvendo, O Som ao Redor acaba sendo um filme regular, que poderia ser mais dinâmico e ousado. Nota: 6,0.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Crítica - O Hobbit - A Desolação de Smaug (2013)

Título: O Hobbit - A Desolação de Smaug ("The Hobbit: The Desolation of Smaug", EUA / Nova Zelândia, 2013)
Diretor: Peter Jackson
Atores principais: Ian McKellen, Richard Armitage, Martin Freeman, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Benedict Cumberbatch
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=T304nbvLVBE
Nota: 6,0


Mais altos e baixos... e pouco Hobbit

Um ano após o primeiro filme da trilogia, Hobbit volta às telas sob nome “O Hobbit - A Desolação de Smaug”. Bilbo Baggins (Martin Freeman), Gandalf (Ian McKellen) e 13 anões se encontram no meio da viagem para a Montanha Solitária, onde encontrarão o desejado tesouro dos Anões e... o dragão Smaug.

Comparado com o filme anterior o novo Hobbit é mais dinâmico, porém com muito mais invencionices de Peter Jackson e seus roteiristas. Pasmem, mesmo com quase 3 horas de projeção o diretor mal encontrou espaço para contar o Hobbit original em seu segundo filme.

Não satisfeito em inventar muita coisa fora do livro, Peter Jackson exclui (!) ou altera muita coisa do original de J.R.R. Tolkien. Por exemplo, já no começo vemos que o personagem Beorn – que no livro é um personagem importante a quem se dedica um capítulo – tem apenas uma breve e irrelevante participação no filme.

Outra grande alteração da história original vem nos Orcs. Eles são praticamente um fetiche do diretor. Afinal eles estão presentes em quase todas as cenas, bem diferentemente do livro, onde tem uma participação menor. A presença desta maligna raça faz de Hobbit definitivamente um filme bem sombrio, tornando agora a trilogia Hobbit mais sombria que a trilogia do Senhor dos Anéis.

Mas nem toda mudança é um erro. Mesmo envolvida em um absurdo triângulo amoroso (que deve ter feito Tolkien rolar no túmulo), a personagem Tauriel (a bela elfa vivida pela bela Evangeline Lilly), criada específicamente para o filme, é fundamental para dar um balanço no tom "dark" do filme, pois é ela a coisa mais próxima a "luz" que temos.

Tecnicamente o filme é muito bom. As cenas são filmadas nos mais diversos ângulos e níveis de profundidade, tornando a narrativa visual dinâmica e deslumbrante. A parte visual – seja dos cenários, monstros, ou figurino – é extremamente bem feita, e só deixa de ser impecável nas cenas de maior exagero do diretor: por exemplo na cena onde os anões fogem de Elfos e Orcs (de novo!) através de barris em um rio, as cenas de ação são tão exageradas, tão inverossímeis, que fica evidente que o Legolas (Orlando Bloom) que lá vimos não é o ator real, e sim, um personagem de computação gráfica.

Este é um dos grandes problemas em Hobbit: os exageros. As cenas de ação (que são muitas) são todas heroicas e grandiosas demais. Todos – de elfos a anões – são como super-homens... com mira perfeita, destreza, força e agilidade muito acima dos humanos. Todos estes absurdos definitivamente não se encontram nos livros.

Quando não há o excesso, o filme flui bem. A cena onde Bilbo dialoga com Smaug (Benedict Cumberbatch) é muito bacana, e o ponto alto deste segundo Hobbit. O dragão, aliás, que me pareceu bem artificial no Trailler, no filme está bem crível e é um vilão que rouba a cena.

Aprendendo com o filme anterior Peter Jackson substituiu o “enrolar através de diálogos” por “enrolar através de ação”. E assim, uma evolução, desta vez as 3 horas de projeção não cansam e quando a história acaba (sim, e muito abruptamente - o filme não possui final), dá vontade de permanecer na sala para ver o filme “acabar”.

Em resumo, com altos e baixos, “O Hobbit - A Desolação de Smaug” é uma boa diversão, porém desnecessariamente sombria e que pouco lembra a obra original de J.R.R. Tolkien. Ironicamente, é um filme de cobiça (seja de Bilbo pelo anel, dos anões ou do dragão pelo tesouro) cuja própria existência se deve a cobiça dos executivos de Hollywood. Afinal, fica claro que Hobbit não precisava ser uma trilogia.

Considero o 2º filme de Hobbit mais agradável de assistir que o anterior. Porém, como seu roteiro é bem inferior (não há desenvolvimento dos personagens, nem há uma tentativa de colocar um desfecho/final ao filme) sua nota cai, ficando mais baixa: Nota: 6,0

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Crítica - Jogos Vorazes: Em Chamas (2013)

Título: Jogos Vorazes: Em Chamas ("The Hunger Games: Catching Fire", EUA, 2013)
Diretor: Francis Lawrence
Atores principais: Jennifer Lawrence, Woody Harrelson, Josh Hutcherson, Donald Sutherland, Liam Hemsworth, Philip Seymour Hoffman
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=cKyrXQSsSl4
Nota: 6,0


Mais do mesmo (com menos ação)

Há pouco mais de um ano escrevi em meu blog a crítica sobre Jogos Vorazes. Um filme com altos e baixos, e que cujos tema principal é a crítica aos reality shows e aos governos autoritários.

Em sua continuação, Jogos Vorazes: Em Chamas supreende negativamente em ser absurdamente similar ao filme anterior. Basicamente a única mudança é dar mais enfoque à política do que as lutas na arena. De resto, mais do mesmo.

Na história temos a continuação direta dos eventos do livro anterior. Agora, os jovens vencedores dos últimos Jogos Vorazes: Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson) são obrigados a fazer um Tour pelas 12 colônias, homenageando os outros escolhidos mortos em batalha.

Durante o Tour percebemos que o casal se tornou um símbolo de resistência ao governo (mais uma prova de que a premissa da franquia é fraca, os Jogos não pacificam ninguém), e portanto, o presidente das colônias – o cruel Snow (Donald Sutherland) – se movimenta pessoalmente nos bastidores (através de ameaças) para transformar Katniss e Peeta em falsos heróis, vendidos ao governo.

Claro que não dá certo, e então é anunciado que os próximos Jogos Vorazes – por serem o 75º (múltiplo de 25) – serão compostos apenas por ex-vencedores... ou seja, lá vão Katniss e Peeta para a mata novamente. Ao contrário do primeiro filme, onde o espaço do filme ocupado pela arena é maior aqui os bastidores ganham mais espaço e tempos pouco “Jogos Vorazes”.

Os erros de roteiro permanecem. Vamos a alguns deles: se o fato dos jogos múltiplos de 25 são tradicionalmente jogos dos ex-campeões, por que eles ficaram tão revoltados e surpresos com o comunicado? Aliás, com todos os participantes protestando contra os jogos, não querendo lutar, por que então ao serem jogados na arena eles voltam a se matar ao invés de simplesmente manter a postura de protesto?

Outro ponto que me incomodou bastante... a primeira coisa que o mentor do casal, Haymitch (Woody Harrelson) fala para os dois ao iniciar os treinamentos é para eles “é que a coisa mais importante é usar este tempo para encontrar aliados” (o que sabemos ser muito bom conselho após ver o primeiro filme). Mas... Por que ele não deu este conselho no primeiro filme? Não faz sentido nenhum!

Tecnicamente o filme é bom e não compromete. Em termos de atuações idem. Mas não gostei da atuação de Jennifer Lawrence. Ela convence como atriz de ação mas não convence como atriz romântica. Pela sua expressão (sempre a mesma, assustada), não sabemos se ela está apaixonada por Peeta, por  Gale (Liam Hemsworth), por nenhum deles, ou por ambos.

Jogos Vorazes: Em Chamas é tão parecido com seu antecessor que se você gostou do primeiro, gostará deste também. Se não gostou tanto do primeiro, não gostará tanto aqui. Não é surpresa que eu também repetirei aqui a nota do filme anterior.

Não sei o que mais me assusta, ver um roteiro / enredo com qualidade duvidosa vender tantos livros e ingressos pra cinema, ou se é o fato deles serem tão elogiados pela crítica. Nota: 6,0.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Planetary de volta ao Brasil!


Planetary está sendo mais uma vez publicado no Brasil. E do seu começo! Ótima oportunidade para quem ainda não conhece aquele que considero um dos grandes títulos de quadrinhos dos últimos 15 anos. Foram 27 edições, a última delas publicada nos EUA em 2009; e que aqui será publicada mais uma vez pela Panini em quatro encadernados.

Para apresentar melhor Planetary para vocês, eis o texto sobre ele, retirado do site de quem vende, a Panini Brasil:

Planetary é uma criação do aclamado roteirista Warren Ellis. A série conta uma história atemporal que vira as convenções do gênero moderno de super-heróis de cabeça para baixo. Elijah Snow – um homem de cem anos de idade –, Jakita Wagner – uma mulher extremamente poderosa, e O Baterista – um homem com a habilidade de se comunicar com máquinas. Juntos, eles formam o núcleo do grupo que busca evidências de atividades super-humanas; são arqueólogos dedicados a descobrir segredos e histórias paranormais, como a de um computador da 2ª Guerra capaz de acessar outros universos, um espírito fantasmagórico da vingança, uma ilha repleta de carcaças de monstros radioativos e muito mais!”

Planetary é uma verdadeira homenagem à História dos quadrinhos e a ficção científica em geral. Sua mitologia tem como base os heróis Pulp (aqueles dos quadrinhos até a década de 40), porém, em seu todo, o número de re-invenções e re-interpretações de personagens clássicos de todas as épocas é vasta e inspiradíssima. Nas primeiras edições somos apresentados a uma visão mais "real e científica" do Hulk, monstros gigantes que atacam o Japão, Shazam e Doc Savage. E é só o começo!

A estrutura de Planetary me lembra Arquivo X... assim como Mulder e Scully eram “Investigadores do Paranormal”, a organização Planetary é composta de  "Arqueólogos do Impossível".

Em Arquivo X tínhamos 2 tipos de episódios... um de investigação da “coisa bizarra da semana”, história fechada; e outro da mitologia da série, uma conspiração/invasão alienígena.

Já em Planetary também temos fascículos fechados de “investigação da coisa bizarra da semana” – sendo este “bizarro” algo da mitologia dos quadrinhos (fantasmas, monstros, super-heróis) ou algo de ficção científica (universos paralelos, viagens no tempo, etc) e também temos os fascículos de mitologia da série... que basicamente são as que envolvem uma organização rival da Planetary (porém muito mais poderosa e maligna), chamada de “Os Quatro” (e que pasmem, são uma cópia do Quarteto Fantástico).

O texto, como já dito acima, é do excelente Warren Ellis. Já os desenhos também são um espetáculo a parte. Com cores, realismo e efeito de três dimensões acima da média do que vemos nos quadrinhos, as imagens produzidas por John Cassaday são fantásticas. Para quem ainda não sabe de quem estou falando, um dos trabalhos mais famosos (e até recentes) de Cassaday são as 25 primeiras edições do também ótimo Surpreendentes X-Men (Astonishing X-Men).

Fica aqui a dica. Se você conhece (e gosta) da história do universo dos quadrinhos e ao mesmo tempo você conhece (e gosta) de ficção científica esta série vai certamente te agradar. É este mix de dois assuntos tão distintos do mundo pop em um mesmo título que faz de Planetary uma obra única e especial!

Na edição 13, um encontro com... Sherlock Holmes e Drácula!
E na edição 16, uma luta pra lá de cinematográfica!


sábado, 23 de novembro de 2013

Crítica – Blue Jasmine (2013)

Título: Blue Jasmine ("Blue Jasmine", EUA, 2013)
Diretor: Woody Allen
Atores principais: Cate Blanchett, Alec Baldwin, Sally Hawkins
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=tQD2N1xE4m4
Nota: 7,0


Versatilidade de Cate Blanchett é o destaque deste novo Woody Allen

Mantendo sua tradição de entregar um novo filme por ano, o Woody Allen de 2013 é um drama, mudando bem o tom de seus últimos filmes (românticos), Para Roma, com Amor e Meia-Noite em Paris.

Na história, Jasmine (Cate Blanchett) era uma mulher que nunca trabalhou pois bem cedo casou com um marido muito rico, Hal (Alec Baldwin). Porém Hal era um enorme trambiqueiro, e após ser preso – e perder tudo – uma pós-colapso mental Jasmine foi obrigada a se mudar para a casa de sua “irmã pobre” São Ginger (Sally Hawkins) em São Francisco.

Então temos um filme alternando entre duas linhas temporais: vemos a ascensão e queda de Jasmine, e em paralelo vemos como ela se adapta a nova vida de pobreza. Para piorar as coisas, a “esnobe” Jasmine nunca gostou de sua irmã, não apenas pela pobreza material, mas também no que ela diria uma “pobreza de espírito”, ou seja, nos gostos de Ginger por homens, pela maneira de se vestir, etc. E é este conflito das irmãs o ponto principal da trama.

Para quem acompanha Cate Blanchett, é impressionante sua capacidade de representar papéis distintos. E é com grande maestria que esta “camaleão” australiana rouba a cena em Blue Jasmine. Sua atuação é forte, convincente – como rica esnobe e mulher a beira de um ataque de nervos – e o ponto alto do filme.

Blue Jasmine possui uma trama sem altos e baixos, e mais ainda, também é um filme uniformemente duro. Não há dramalhão, mas também não há alívio cômico. A história foca em mostrar a dura realidade das vidas distintas de Jasmine. Apesar do tom único, o filme se mantém interessante o tempo todo, com direito a pelo menos duas boas reviravoltas.

Escorregando por alguns esteriótipos de “pobre bom” e “rico ruim”, ao mesmo tempo o filme se redime disto ao deixar para o expectador a reflexão sobre qual das irmãs (a pobre ou a rica) é a mais feliz (ou mais infeliz).

Blue Jasmine não é um dos melhores trabalhos de Woody Allen, porém mesmo assim ele agrada, ressaltando mais uma vez a competência do diretor Nova Iorquino. Nota: 7,0

domingo, 10 de novembro de 2013

Crítica – Thor: O Mundo Sombrio (2013)

Título: Thor: O Mundo Sombrio ("Thor: The Dark World", EUA, 2013)
Diretor: Alan Taylor
Atores principais: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=5sUfuOj7zOw
Nota: 6,0


Filme aprende com os erros do anterior, porém erra em novas maneiras

Thor fez sua estréia solo nos cinemas em 2011 com um filme apenas razoável. Trazendo uma bela e empolgante Asgard, o filme perdeu tempo mostrando muitas cenas na Terra (chatas e mal feitas por sinal) em detrimento de mais espaço para a mitologia nórdica. No primeiro Thor também faltou ação e sobraram cenas piegas.

A boa notícia é que sua continuação - Thor: O Mundo Sombrio -  corrige estes erros. Agora o filme passa a grande maioria do seu tempo em Asgard e outros mundos fantasiosos. Temos belos cenários feitos por computação gráfica. A ação está bastante presente, deixando o filme mais agitado e menos monótono. Entretanto ao acrescentar ação o filme perdeu bastante em roteiro.

Com um roteiro bem inferior ao filme anterior, a história em Thor: O Mundo Sombrio acaba sendo um simplório “monstros vs heróis”, sem nenhuma cena digna de atenção, nenhum desenvolvimento de personagem. Pior, mesmo esta batalha do bem contra o mal soa bastante inverossímil. Afinal, os vilões são muito mais fortes que os mocinhos, e mesmo assim advinha quem ganha no final? A própria ameaça em si não convence. São dados argumentos mitológicos, argumentos científicos, e mesmo as duas visões falham em explicar o que acontece nas telas. Resumindo: mocinhos enfrentam bandidos mas o motivo não importa – por mais que o filme tente explicá-lo.

Thor 2 continua a patinar na apresentação dos personagens terráqueos. Se consertou o problema anterior de uma relação piegas entre entre Thor (Chris Hemsworth) e Jane Foster (Natalie Portman), agora erradamente é dado mais espaço para Darcy (Kat Dennings) fazer suas palhaçadas. Outra ponto desagradável é transformar o cientista Erik Selvig (Stellan Skarsgård) – relevante tanto no primeiro Thor quanto no primeiro Vingadores – em um maluco que anda pelado pelas ruas.

Para finalizar, Loki (Tom Hiddleston): bastante carismático, é o personagem que mais chama atenção no filme, mais até que o próprio Thor. E se é uma das melhores coisas em tela curiosamente sua participação é desnecessária. Loki não precisava estar lá. Parece que sua presença se deve mais a justificar um futuro filme solo do vilão do que qualquer coisa (fato este reforçado pelo cena final do filme – horrível por sinal).

Fraco roteiro compensado por belas imagens e boas cenas de ação. Este é Thor 2. Acaba sendo do mesmo nível apenas razoável de seu predecessor, mas por motivos diferentes. Nota 6,0.

PS: a conversão dos filmes em 3D costuma deixar as imagens mais escura. Em Thor: O Mundo Sombrio este problema é bem forte. O filme ficou muito escuro, a ponto de incomodar o espectador. Se for assistir Thor, FUJA do 3D.

Crítica - O Cavaleiro Solitário (2013)

Título: O Cavaleiro Solitário ("The Lone Ranger", EUA, 2013)
Diretor: Gore Verbinski
Atores principais: Johnny Depp, Armie Hammer, William Fichtner, Tom Wilkinson, Ruth Wilson
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=MvnS72uLNNk
Nota: 5,0

(Quase) nada de novo em um fraco faroeste

O Cavaleiro Solitário, novo filme da dupla consagrada de piratas do Caribe - o diretor Gore Verbinski e o astro Johnny Depp - já tinha sua qualidade questionada em plena produção. Com diversos problemas no roteiro - que foi reescrito várias vezes - o filme virou fracasso antes mesmo de estrear, com a Disney basicamente desistindo de promover seu novo lançamento.

Desta vez o prenúncio de tragédia se concretizou. O Cavaleiro Solitário é um filme longo e com pouca graça. Curiosamente o roteiro não é ruim nem possui muitos erros. Porém, é extremamente clichê e repetitivo. O único respiro de originalidade aqui vêm de Depp, interpretando o personagem índio Tonto. Johnny consegue fazer mais um personagem engraçado que ao mesmo tempo não é tão igual ao seu persoagem Jack Sparrow.

A trama mostra as origens do Cavaleiro Solitário (Armie Hammer), antes um advogado de nome John Reid, que mais uma vez tem que salvar a mocinha e o mundo de bandidos muito malvados. Antes de virar herói,  ele se recusa a usar armas de fogo, além de ser quase um trapalhão. Estas características fazem que seu personagem perca carisma, abrindo ainda mais espaço para Depp e seu índio Tonto tentarem salvar o filme com suas maluquices.

E em termos de ritmo, o filme que até economiza em ação por um bom tempo, concentrando toda a correria para o final em cenas longas e confusas (qualquer semelhança com o final de Piratas do Caribe 3 não é mera coincidência)... e tudo sob o clichê som frenético da parte final da William Tell Overture, de Rossini (música bastante associada a corridas de cavalo).

Gosto bastante da dupla Verbinski e Depp, mas desta vez seus esforços foram suficiente apenas para entregar um filme "comum", cujo único interesse é ver Depp em mais um personagem ortodoxo. Nota: 5,0

PS: Desta vez parabenizo os distribuidores brasileiros pela escolha do nome do fime como "O Cavaleiro Solitário". Tinha muito medo do filme ser chamado "Zorro". Explico:

Lone Ranger é um antigo personagem estadunidense, nascido nas rádios na década de 30, e que posteriormente virou filmes e um seriado de TV da década de 50. Se tratava da história de um Texas Ranger mascarado, cujos aliados são seu cavalo Silver e o índio Tonto. Apesar dele não ter nada a ver com Zorro a não ser a máscara (ele sequer usa espadas), este seriado de TV foi erradamente traduzido e popularizado no Brasil como Zorro. Temia que o erro fosse repetido. Não foi.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Crítica - Os Suspeitos (2013)

Título: Os Suspeitos ("Prisoners", EUA, 2013)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Paul Dano, Terrence Howard
Trailer:  http://www.youtube.com/watch?v=1GwPisQUuL4
Nota: 7,0


Filme de serial killer com nova roupagem

Bem avaliado pela crítica, Os Suspeitos é uma nova visão do desconhecido diretor canadense Denis Villeneuve para os filmes de serial killer. Na trama, as filhas de Keller (Hugh Jackman) e Franklin (Terrence Howard) saem para brincar na rua e desaparecem. Segundo o relato do filho de Keller, elas brincavam perto de um Trailer que estava estranhamente estacionado na região.

Ao comunicar o desaparecimento para a polícia, o Trailer é rapidamente encontrado; e seu condutor, o jovem Alex (Paul Dano) é preso. Sem nenhuma evidência do rapto, 48h depois Alex é liberado (também por ser deficiente mental). É quando o filme se divide então em duas frentes: a do policial Loki (Jake Gyllenhaal) em busca de novos suspeitos, e a de Keller, que convencido da culpa de Alex, o sequestra e o tortura até que o mesmo confesse.

Eis aí a grande novidade de Os Suspeitos: um filme sob ponto de vista do pai da vítima. O fato do religioso Keller torturar o potencial assassino sem ter certeza de sua culpa levanta interessantes questões morais e algumas religiosas. Hugh Jackman está muito bem em cena, e sofremos junto com ele sua raiva e suas angústias.

Enquanto isto, o policial Loki encontra mais dois suspeitos. Quem dos três é o verdadeiro culpado? A trama é boa o suficiente para entreter o expectador em busca desta resposta por todo o filme. Aliás, o tão elogiado roteiro é de fato bem amarrado, porém, não deixa de trazer algumas coincidências inverossímeis, principalmente em seu desfecho.

Existem várias maneiras de trazer drama e tensão para uma cena. Uma delas é "mostrar pouco, deixar tudo oculto". Não é esta a fórmula usada em Os Suspeitos; aliás, temos duas pessoas (o pai e o policial) coletando novas evidências em paralelo, deixando o espectador por dentro de tudo. O recurso dramático utilizado aqui é a lentidão. O filme tem um ritmo lento, com diálogos que poderiam descartados, e várias investigações com câmera em primeira pessoa que vamos acompanhando literalmente passo a passo o que está sendo explorado. Esta lentidão entretanto, não se mostra um recurso adequado. Com 2 horas e meia de filme, Os Suspeitos cansa em alguns momentos, e ironicamente acelera bastante no final, como se tivesse faltado dinheiro para terminar o filme com o mesmo ritmo inicial.

O roteiro redondo e o drama do pai-sequestrador Keller são os pontos fortes deste filme, que não merece grandes elogios principalmente devido ao seu ritmo, mas que não deixa de ser um bom filme sob nova roupagem. Nota: 7,0.


Extra: sobre aqueles que traduzem o nome dos filmes para o Brasil

Mais uma vez reclamo - e muito - da tradução dada ao nome do filme Prisioners (no original). Admito que Os Suspeitos não é ruim. Porém, Prisioneiros seria mais adequado justamente por dar destaque na novidade do filme: a vítima prender o potencial serial killer.

Mas o grande problema é que já existe um filme, razoavelmente recente (1995), traduzido também para Os Suspeitos (The Usual Suspects, no original). Um filme excelente aliás, com o Kevin Spacey. Está feita a lamentável confusão.

Curiosamente, o site Omelete fez recentemente uma matéria sobre como os nomes são traduzidos no Brasil. Assistam no link ao lado: http://www.youtube.com/watch?v=Qvx2WlWZRCo

Embora o Omelete seja bem complacente com o mostrado, eu não sou. Afinal, fica bem claro que o principal objetivo dos distribuidores não é traduzir de maneira adequada, e sim, vender mais baseados "em nomes que fizeram sucesso no passado". E assim caminha a mediocridade...

sábado, 12 de outubro de 2013

Crítica - Gravidade (2013)

Título: Gravidade ("Gravity", EUA e Reino Unido, 2013)
Diretor: Alfonso Cuarón
Atores principais: Sandra Bullock, George Clooney
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=kC3rHl_US4Q
Nota: 9,0


Um filme excepcional, que te lembra do porque precisamos ir aos cinemas

Bastou eu assistir um filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón – Filhos da Esperança, de 2006 – para que eu me tornasse grande fã de seu trabalho. Afinal, cenas tão incríveis e tão longas de ação feitas em tomada única (sem cortes) eu nunca havia visto igual.

Seu filme seguinte, Gravidade, é ainda melhor. Na trama, os astronautas Ryan Stone (Sandra Bullock) e Matt Kowalski (George Clooney) estão fora de seu ônibus espacial, acoplados no telescópio Hubble onde estão instalando nele uma nova atualização. Eis que então eles são golpeados por destroços de outros satélites, que destroem o ônibus e os deixam à deriva no espaço. Agora, eles precisam arrumar um jeito para voltar para casa.

E não é que toda a cena descrita acima é feita sem cortes? São quase 20 minutos ininterruptos, desde que o filme começa, a nave explode e os astronautas estão girando como doidos no espaço como consequência da explosão. Tudo isto feito com um grau inédito de realismo, efeitos especiais e beleza de imagens. É simplesmente fantástico, de cair o queixo. Depois desta cena, caberia a nós reles mortais levantarmos, aplaudirmos, e ir embora muito satisfeitos para casa. Mas felizmente ainda há muito mais filme por vir.

E o que vem a seguir, ouso comparar dizendo ser parecido com o que vimos em Apolo 13 – filme de 1995 do diretor Ron Howard. Porém com uma diferença fundamental: os astronautas estão fora da nave (sem contar que visualmente Gravidade está mil anos luz na frente).

O filme é feito sob o ponto de vista da personagem da Sandra Bullock, uma astronauta em primeira missão de voo. Se alguém ainda não respeitava o trabalho da atriz, agora é o momento. Além dela convencer atuando no correto limiar entre estar assustada/inexperiente com ser uma astronauta capaz e bem treinada, o esforço dela para este filme é louvável: foram horas e horas de filmagens com Bullock pendurada por cordas dentro de um quarto escuro, não vendo absolutamente nada.

Já Clooney – que tem pequena participação e mesmo assim é o único outro ator do filme sem ser a Bullock – está bem como sempre e nos permite os poucos momentos de humor da trama.

Sim, há pouco humor pois o sentimento constante da história é a tensão, o desespero da solidão, ou de morrer a qualquer momento. Gravidade é disparado a experiência mais próxima que se pode ter de como é “caminhar no espaço” sem estar de verdade lá em cima. É este o mérito máximo do filme: a imersão total do telespectador dentro da tela, é como se nós mesmos fôssemos a personagem Ryan Stone e estivéssemos em sua pele vendo o mesmo que ela vê!

Gravidade é um filme bem diferente devido seu alto grau de realismo. Com pouca trilha sonora (no espaço não há som, e isto é simulado), e sem gravidade. Isto é mostrado de maneira forte e impressionante: nunca há um chão. Tudo sempre gira, e nunca sabemos onde é o “cima” e onde é o “embaixo”. Estes conceitos não existem. E isto é mostrado brilhantemente aqui. São tantos giros e falta de referência espacial que entendo ser possível o incômodo de alguns assistindo. Acontece. Mas mesmo para estes imagino que o filme valha a pena.

Gravidade é muito muito bom. Só não leva 10 porque a sua história – repleta de metáforas de nascimento e crescimento – é demasiado simples e um pouco exagerada nos seus acontecimentos. Faltou ao enredo a perfeição dos efeitos visuais. Mas nada que comprometa, claro.

Para finalizar, um alerta: Gravidade é um filme que PRECISA ser visto nos cinemas. Assisti-lo em casa, mesmo que você tenha uma TV de 75 polegadas, não faz sentido pois você perde toda a experiência (3D inclusive) que o filme propõe. Na sua casa, o filme levaria uma nota 7 ou 8 no máximo.

Corra para os cinemas! A obra genial de Alfonso Cuarón precisa ser conhecida. Nota: 9,0.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...