domingo, 27 de outubro de 2019

Crítica - Zumbilândia: Atire Duas Vezes (2019)

TítuloZumbilândia: Atire Duas Vezes ("Zombieland: Double Tap", EUA, 2019)
Diretor: Ruben Fleischer
Atores principais: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin, Zoey Deutch, Avan Jogia, Rosario Dawson, Luke Wilson, Thomas Middleditch
Divertido, e com a mesma qualidade do filme inicial

Exatamente 10 anos atrás estreava nos cinemas Zumbilândia, um filme despretensioso, de baixo orçamento, que trazia Woody Harrelson como grande estrela e os jovens desconhecidos Abigail Breslin, Jesse Eisenberg e Emma Stone para dar suporte. De lá pra cá muita coisa mudou... todos envelheceram, a carreira de Abigail (que na época era a mais prestigiada do trio pela indicação ao Oscar por Pequena Miss Sunshine (2006)) não decolou, mas Jesse Eisenberg e Emma Stone ganharam suas próprias indicações posteriores ao Oscar, sendo que Emma a venceu e se tornou uma grande estrela Hollywoodiana.

Mas houve uma coisa que o tempo não mudou: Zumbilândia. Estão de volta os atores principais, mesmo diretor, os mesmos roteiristas... em suma, a trupe toda. Se geralmente as continuações são piores que os filmes originais, Zumbilândia: Atire Duas Vezes mantem o mesmo estilo e a mesma qualidade, pro bem e pro mal.

A história continua o filme anterior, onde o quarteto principal viveu feliz nos últimos anos morando dentro da luxuosa Casa Branca. Então, agora adulta, Little Rock (Abigail) resolve abandonar o grupo para encontrar outra companhia. Sabendo que ela corre perigo, o trio Tallahassee, Columbus e Wichita (respectivamente Harrelson, Eisenberg e Stone) saem em busca da fugitiva.

O humor sarcástico, os acontecimentos surpreendentes, as mortes de vários coadjuvantes humanos... tudo o que esteve presente no primeiro filme e o tornou sucesso voltou. Se você gostou do Zumbilândia original, não tem erro: Zumbilândia: Atire Duas Vezes continua um bom passatempo.

Porém, ser "igual" ao filme anterior também tem seu lado negativo. Agora que já nos acostumamos com os personagens, com universo do filme, ou ainda mesmo com o estilo de suas piadas, esta falta de novidade faz com que a experiencia de assistir Zumbilândia: Atire Duas Vezes seja inferior à de 10 anos atrás.

Chega até ser um pouco "preguiçoso" trazer um filme sem nenhuma novidade. Sendo bem específico, há apenas uma coisa diferente em Zumbilândia 2: um bom e longo plano-sequencia de ação, envolvendo todos os principais atores do filme. Porém mesmo estas cenas só tem qualidade técnica: pouco empolgam ou acrescentam em termos da história do filme.

Trazendo um "mais do mesmo", dá para se divertir com Zumbilândia: Atire Duas Vezes já que o "mesmo" é bom. Nota: 6,0.


PS: o filme conta com duas cenas pós-créditos. Uma bem no começo dos letreiros (maior) e outra ao final de tudo (bem curta). A primeira cena vale bem a pena ver; a segunda... não.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Crítica - Coringa (2019)

TítuloCoringa ("Joker", Canadá / EUA, 2019)
Diretor: Todd Phillips
Atores principais: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Shea Whigham, Bill Camp, Glenn Fleshler, Leigh Gill
Um dos melhores estudos de personagem já feitos

Quando Joaquin Phoenix foi anunciado como protagonista do filme solo do Coringa - o maior vilão do Batman - fiquei bastante empolgado. Pois além de ser comprovadamente um ator muito bom e versátil, Joaquin sempre me pareceu um bocado doido e assustador na vida real. Um grande exemplo dessa "loucura" é o documentário (?) autobiográfico Eu Ainda Estou Aqui (2010), onde Phoenix mostra o período de sua vida onde ele tenta deixar de ser ator e virar um rapper. O meu "?" é que até hoje não sei dizer o que é real e o que é atuação neste filme; só sei que vemos um Joaquin completamente errático e surtado. É bem impressionante.

Então, Coringa, o filme, chegou. E algo raro aconteceu... minhas altas expectativas foram correspondidas! Coringa é um filme tão bom que é mais do que seu personagem principal. Ainda assim, o Arthur Fleck/Coringa de Joaquin Phoenix é sensacional, e a melhor coisa do filme. Não apenas temos uma atuação marcante, complexa, e nada menos que perfeita, como também a história do personagem é magistralmente contada. Ao longo do filme vemos o desenvolvimento do "Coringa" de maneira muito verossímil e convincente. Sofremos com ele desde o primeiro segundo, e entendemos com facilidade a transição de uma pessoa "boa" à um assassino.

Igualmente elogiáveis e impressionantes são o figurino e a maquiagem do personagem. Só de bater o olho em Arthur - transformado em palhaço ou não - e já conseguimos captar sua tristeza, sua (baixa) condição social, ou ainda, sua raiva contida e sua dor.

Em vários aspectos Coringa, me lembra bastante a HQ Batman: A Piada Mortal (1988) do genial Alan Moore. A história - uma das melhores do Batman em todos os tempos - também mostra a origem (mas bem diferente do filme) do Coringa, também mostra de maneira convincente como ele "quebra" como pessoa e, também possui uma cena final espetacular que para ser entendida, é necessário prestar bastante atenção. No caso do final da HQ, a humanidade levou mais de 25 anos para entendê-lo; mas fiquem tranquilos, o final do filme é bem mais rápido e fácil de entender rs.

E, como disse antes, o roteiro do filme vai além de mostrar a vida do protagonista. Ele questiona fortemente a estrutura da sociedade atual. E de duas formas: econômica e comportamental. Se você nasce miserável, não teve educação, quais são suas chances reais de ser alguém, de ter alguma voz no mundo atual? Que político do planeta irá se importar com você, qual a esperança que você pode ter no futuro? E - uma pergunta ainda mais difícil - se você age e pensa de maneira diferente... se você não se "encaixa" no que a sociedade define como correto e aceitável, o que lhe resta? Em Coringa, a resposta é clara: se entupir de remédios entorpecentes e/ou ir para o Asilo Arkham, um manicômio.

Porém, apesar do elogiável e poderoso questionamento, é justamente aí - ao apresentar os problemas da sociedade - que Coringa tem seus defeitos. A começar, a denúncia destas mazelas da sociedade são "jogadas" no filme pelo diretor/roteirista Todd Phillips sem muita estruturação, de modo confuso...  outro ponto que desgostei foi a dicotomia "pobre bom, rico mau" apresentada. O filme exagera ao mostrar que todo rico, sem exceção, não é boa pessoa.

E finalmente, outro aspecto que não gostei - e certamente o mais polêmico - é a "mensagem final" que o filme passa. Em Coringa, o personagem encontra respostas satisfatórias às perguntas que fiz no quinto parágrafo acima, e o filme não deixa claro para o espectador que a solução encontrada pelo protagonista NÃO funciona para todos e não é a correta! Vejam, o que aconteceria se todos os oprimidos passassem a se comportar como o Coringa? Seria simplesmente o fim da humanidade. Para um mundo tão ignorante e violento como o de hoje, eu temo de verdade que algumas pessoas interpretem o filme para o mal. (Ah, e sabem a HQ que citei mais acima? Ela não compartilha deste defeito. Alan Moore é mesmo foda!).

De longe um dos melhores filmes do ano, fica apenas o alerta que Coringa é um filme bem lento, bem melancólico, bastante pesado psicologicamente, e por tudo isto ele certamente não é recomendado para todo tipo de público e idades. Outro ponto que joga contra é que pra aproveitar o filme você precisa obrigatoriamente conhecer o básico da história do Batman e do Coringa. Mas se você não é afetado por nenhuma destas "restrições", corra para os cinemas ver esta obra prima! Nota: 9,0.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Você conhece Hokuto no Ken mais do que imagina... e agora pode conhecer ainda mais!


Graças à explosão de publicações de mangás iniciada no Brasil nos anos 90, hoje em dia quase todas as grandes obras de quadrinhos japoneses já foram publicadas por aqui. Quase. Faltava Hokuto no Ken, que estreou no Brasil pela editora JBC meses atrás, e felizmente chegou em terras brasileiras.

Hokuto no Ken foi publicado entre os anos 1983 a 1988 na revista Weekly Shonen Jump, em 245 capítulos. E serviu de base / inspiração para várias obras posteriores, como por exemplo, Berserk e Cavaleiros do Zodíaco.

A história diz que o escritor Buronson (Yoshiyuki Okamura, que usava este nome artístico em homenagem a Charles Bronson) procurava escrever uma série de artes marciais "diferente" de todas as outras, e teve então a idéia de criar a Hokuto Shinken, uma arte marcial violenta baseada em derrotar seus inimigos ao tocar em pontos de pressão vitais no corpo humano. Já o ilustrador Tetsuo Hara queria que o protagonista lembrasse muito Bruce Lee, e, ao mesmo tempo encantado pelo filme Mad Max 2, "copiou" o mundo apocalíptico do filme para ambientar a trama.

Foi assim então, que nasceu Hokuto no Ken (conhecido internacionalmente como Fist of the North Star), e que se você tiver entre 25 a 45 anos, é uma obra que você certamente conhece bastante através dos videogames.

O quê? Não lembra de nenhum "Hokuto no Ken"? E se você olhar as imagens abaixo?


Hokuto no Ken teve jogos em quase todos os consoles de videogame já feitos, mas no Brasil ele ficou bastante famoso com suas versões do Master System e do Mega Drive, respectivamente Black Belt e Last Battle.

Por que os nomes mudaram? É que por questões de licenciamento, a Sega não podia usar o nome do mangá no ocidente, sendo então necessário não apenas mudar o nome do jogo, como também alterar seus personagens e desenhos.


Videogames: Oriente vs Ocidente

No caso de Black Belt, as mudanças foram consideráveis, sendo que o jogo na versão japonesa é mais difícil de vencer. Vejam nas imagens abaixo alguns exemplos de alterações. O protagonista original Kenshiro e seu primeiro rival Shin tiveram os nomes alterados respectivamente para Riki e Ryu, sendo que para transformar Shin (o primeiro "chefão") em Ryu seu visual foi bastante alterado:


As maiores mudanças foram nas batalhas finais de cada fase. Já as partes iniciais de cada capítulo - com gráficos mais simples - continham bem menos alterações, basicamente mudavam as cores dos inimigos e o cenário ao fundo (e no caso de uma fase em específico, era possível subir em plataformas):


A maior mudança em todo o jogo foi para o chefão da terceira fase: o personagem conhecido no mangá (e no jogo japonês) como "Demônio" era um gigante com ataques de fogo, que foi transformado em um bem menos impressionante lutador de sumô de nome Gonta:


Particularmente, em termos de gráficos eu prefiro bem mais a versão japonesa. Os cenários de fundo são bem mais legais, e me empolgaram ainda mais quando descobri a obra original. Para jogar, entretanto, ainda fico com a versão ocidental, pois nele o jogo é mais fácil e a jogabilidade levemente melhorada.

A versão japonesa também busca - através de breves textos que aparecem após derrotar cada boss das fases - contar a história do mangá. A trama contada é fiel aos quadrinhos, ainda que seja diferente em relação ao destino da namorada do protagonista. Curiosidade: embora o "chefão" final da sexta e última fase deste jogo do Master System, de nome Raoh (ou Wang na versão ocidental) seja de fato o maior e mais frequente rival de Kenshiro, ele não é o último adversário do herói no mangá. Este seria Kaioh, não presente no jogo.

No caso de Last Battle as mudanças foram bem menores. Até a trama principal foi mantida. Mudaram-se apenas o nome dos personagens, a cor de seus uniformes e mais alguns pequenos detalhes. Mas principalmente, e infelizmente, o jogo se tornou menos "violento". Veja na imagem abaixo que na versão ocidental (a direita) não temos sangue:



E mais sobre este ótimo mangá

Hokuto no Ken foi muito importante para a história do Mangá. Ele foi o primeiro grande sucesso de vendas no Japão do gênero Shōnen, que no caso, são os mangás de luta dedicados ao público jovem masculino. Se não fosse Hokuto no Ken, talvez hoje nunca tivéssemos um Dragon Ball, um Yu Yu Hakusho, um Rurouni Kenshin, ou qualquer outro Shōnen posterior famoso.

No Japão a obra original foi dividida em 27 volumes. E para nossa alegria a JBC trouxe para o Brasil a versão Extreme Edition do mangá, lançada no Japão a partir de 2013 em comemoração dos 30 anos uma edição do lançamento inicial. A versão Extreme Edition é composta por 18 volumes, tem um tamanho um pouco maior (20 x 13cm) que o mangá padrão, papel de melhor qualidade, possui algumas páginas coloridas e todas as capas inéditas. Mas talvez o maior destaque fique por conta do capitulo inédito intitulado "Hokuto no Ken: Last Piece", publicado dentro do volume 11.

Já foram publicadas as 3 primeiras edições de Hokuto no Ken aqui no Brasil. Li todas elas e gostei bastante. Para quem quer matar saudades de clássicos da Sega, ou ainda, apenas aprender - e se divertir - com o começo dos Shōnen , Hokuto no Ken é uma ótima pedida!

domingo, 6 de outubro de 2019

Crítica - Rambo: Até o Fim (2019)

TítuloRambo: Até o Fim ("Rambo: Last Blood", Bulgária / Espanha / EUA, 2019)
Diretor: Adrian Grunberg
Atores principais: Sylvester Stallone, Yvette Monreal, Adriana Barraza, Sergio Peris-Mencheta, Óscar Jaenada, Paz Vega, Fenessa Pineda
Ruim, porém não a tragédia que estão anunciando

Rambo: Até o Fim, o quinto e (provavelmente) último filme da franquia Rambo, ganhou bastante repercussão da mídia mundial, em geral fortes críticas. Dentre elas, a que o filme é péssimo como história, muito violento, e finalmente, que como os vilões são mexicanos, seria um "apoio" à ideologia do presidente dos EUA Donald Trump de impedir a qualquer custo imigrações, principalmente dos latinos.

Vamos de imediato fazer justiça ao filme: em primeiro lugar Rambo: Até o Fim tem mesmo uma história rasa e é sim ruim, mas está longe desta tragédia descrita por parte da crítica. Posso garantir que para quem gosta de filmes de ação, o novo Rambo até entretém. Em segundo lugar, o "Rambo 5" é sim bastante violento; porém ele é tão violento (ou até menos) que o filme anterior, Rambo IV, de 2008. E ninguém fez escândalo sobre a violência do filme naquela época. Por que então Rambo: Até o Fim gerou tanta polêmica agora? Porque vivemos em um mundo bem mais chato e cheio de mimimi.

E, finalmente, quanto a questão dos mexicanos. Para mim Rambo: Até o Fim não fala mal deles, e em nenhum momento concorda com o de xenofobismo de Trump. É verdade que o México é retratado como um lugar selvagem, sujo e sem lei... e isto até merece algumas críticas. Porém Hollywood já mostrou a América Latina desta maneira milhares de vezes, sem maiores repercussões. E principalmente, em nenhum momento o povo mexicano é ofendido: fica bem claro, pela visão do filme, que existem pessoas boas e más, sendo que a avó e garota que moram com Rambo (elas também são mexicanas) são pessoas boas, habilidosas e corajosas... além de que Rambo as ama como se fosse sua própria família.

Na história, John Rambo (Sylvester Stallone) vive em paz (mais ou menos) em sua fazenda no Arizona, juntamente com Maria (Adriana Barraza) e a jovem Gabrielle (Yvette Monreal). Órfã de mãe, e abandonada pelo pai, Gabrielle acaba descobrindo que seu pai está no México, e parte sozinha para lá com o objetivo de confrontá-lo. Neste meio tempo, Gabrielle é capturada por um cartel mexicano para ser vendida como prostituta. É então que Rambo vai ao México para resgatá-la.

O "mais ou menos" do parágrafo acima acontece pois Rambo é mostrado como uma pessoa perturbada, que se auto condena diariamente por todos os amigos - e até mesmo estranhos - que "deixou morrer" ao longo de suas aventuras. E da-lhe flashbacks mal feitos que só prejudicam a história do filme e do personagem - até porque, em teoria, Rambo termina o filme anterior com certa paz interna.

A história de Rambo: Até o Fim é absurdamente genérica como filme de ação. Na verdade, ao invés de Rambo poderíamos ter qualquer personagem; a única coisa realmente "Rambo" do filme são as armas e armadilhas usadas por ele para matar os vilões. Nisto temos praticamente um resgate de tudo o que o ex-soldado utilizou nos quatro filmes anteriores, o que é uma agradável lembrança.

Apesar da história fraca e clichê, quem gosta de filmes de violência e vingança também não tem muito do que reclamar. Dá para assistir Rambo: Até o Fim sem sofrimento e com certo envolvimento, já que pelo menos o filme consegue fazer com que nos preocupemos genuinamente com os personagens.

Com seus 73 anos, Sylvester Stallone continua tentando manter-se na ativa com seus sucessos do passado. Após "reviver" Rambo depois dele ter se despedido 11 anos atrás, agora Stallone quer fazer mais um filme do Rocky. Para o seu bem, e de seu melhor personagem, que isto não aconteça. Já que Sly não quer se aposentar, que ele continue sua carreira em franquias novas, e não dando finais indignos para os personagens que tanto amamos no passado. Nota: 5,0

sábado, 28 de setembro de 2019

Crítica - Ad Astra - Rumo às Estrelas (2019)

TítuloAd Astra - Rumo às Estrelas ("Ad Astra", China / EUA, 2019)
Diretor: James Gray
Atores principais: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Ruth Negga, Donald Sutherland, John Ortiz, Liv Tyler, Greg Bryk
Uma viagem solitária, melancólica e visualmente bela

Escrito e dirigido por James Gray (Z: A Cidade Perdida, de 2016), Ad Astra - Rumo às Estrelas é um filme de ficção científica bastante lento, contemplativo, e com muito pouca ação. Ele me lembrou bastante do filme russo Solaris (1972) e (apenas) um pouco de 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968).

Na história que se passa em um "futuro próximo", Brad Pitt (Roy McBride) é um astronauta que vive sob a sombra da lembrança do pai, Clifford McBride (Tommy Lee Jones), considerado um dos maiores astronautas de todos os tempos e, que há algumas décadas atrás desapareceu perto do planeta Netuno, em uma missão para encontrar vida extraterrestre. É então que estranhas explosões de antimatéria são detectadas no mesmo planeta Netuno, o que leva o Comando Espacial dos EUA acreditar que Clifford ainda vive, e que então envia seu filho Roy para investigar.

Talvez a maior qualidade de Ad Astra - Rumo às Estrelas sejam suas imagens. Ainda que não tenha uma fotografia acima da média, o próprio Sistema Solar garante o show. Em uma espécie de tour pelas regiões do espaço mais próximas à Terra, o filme traz imagens espetaculares de nosso planeta, da Lua, de Marte e de Netuno.

Vários aspectos do roteiro também me agradaram bastante: todo o mistério envolvendo o desparecimento de McBride pai, se ele está vivo ou não, ou o que está contendo em Netuno... tudo é bem interessante do começo ao fim. Também é interessante e marcante a certa melancolia e pessimismo com que Roy enxerga a humanidade; pessimismo este meio que "provado" pelo mundo onde ele vive, já que em plena colonização espacial os homens continuam se matando por dinheiro e recursos.

Mas nem tudo em Ad Astra - Rumo às Estrelas é bem vindo. Quando nos aprofundamos no roteiro, encontramos nos pequenos detalhes muita coisa inverossímil, exagerada, ou que simplesmente não faz sentido. O próprio desenvolvimento do personagem de Roy é apenas superficial, com a atuação com pouca variação de expressões de Brad Pitt também não ajudando.

Outro ponto que também não me agradou foi a duração de Ad Astra. Pela quantidade de história que o filme tem ele dura demais, cansando o espectador. Mas nada cansa mais em Ad Astra - Rumo às Estrelas do que sua pesada trilha sonora. Abusando de uma música incidental em volume bem alto, temos o som trazendo para o filme durante quase o tempo todo uma sensação de confusão misturada com triunfo, o que na maior parte do tempo não combina em nada com o que é mostrado. Para mim, a trilha sonora é o ponto mais baixo de Ad Astra.

Contando com uma boa premissa, mas aparentemente alongado demais, Ad Astra - Rumo às Estrelas é um filme sobre exploração espacial que certamente me agradou. Ainda assim, tem seus defeitos e está longe de agradar todo o tipo de público. Se você não gosta de filmes como Gravidade ou Blade Runner, passe longe deste aqui. Nota: 7,0

sábado, 21 de setembro de 2019

Mocumentário de Zach Galifianakis que acaba de estrear na Netflix é uma das comédias Pop mais engraçadas do ano!


A maioria do público brasileiro não sabe mas Zach Galifianakis, comediante que ficou famoso mundialmente com o filme Se Beber Não Case (2009), apresenta desde 2008 um talk show de nome Between Two Ferns with Zach Galifianakis. São pouquíssimos episódios por ano, que vão ar através do site de comédia estadunidense Funny or Die.

O programa se trata de Zach entrevistando celebridades em um cenário pobre, de fundo preto, entre duas samambaias (ferns, em inglês). Daí o nome do show. Os episódios são curtos e as perguntas feitas por Galifianakis são feitas especialmente para constranger o entrevistado. Politicamente incorreto, as vezes um pouco pesado, mas ainda assim bem engraçado, Between Two Ferns with Zach Galifianakis já chegou a vencer dois prêmios Emmy.

E agora, este inusitado programa chega à Netflix mundial através de um filme mocumentário de nome - é claro - Between Two Ferns with Zach Galifianakis: o Filme.

Neste falso documentário, Zach apresenta a historia do seu programa, mostrando falsos bastidores misturados com fatos reais, e tenta vencer uma aposta "tudo-ou-nada" de gravar 10 novos episódios em 2 semanas.

Surpreendente, ácido, e politicamente incorreto como sempre, o filme é bem engraçado, sem dúvida uma das melhores comédias do ano. E a produção consegue fazer rir tanto nas cenas "por trás das câmeras" como nas gravações do programa, com as celebridades.

E a lista de celebridades importunada por Zach neste filme é bem grande: Matthew McConaughey, Benedict Cumberbatch, Peter Dinklage, David Letterman, Paul Rudd, John Legend, Brie Larson, Jon Hamm, Keanu Reeves e Tessa Thompson dentre outros.

Quem não se importa de ver um humor escrachado com uma pitada de maldade, corra para ver Between Two Ferns with Zach Galifianakis: o Filme na Netflix, um dos melhores lançamentos de humor da temporada.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Top 10 estréias de filmes que ainda aguardo em 2019

O ano de 2019 começa a se aproximar do fim, mas ainda tem bastante coisa interessante para se ver nos cinemas! Abaixo segue a lista dos 10 filmes que mais aguardo para assistir antes que a ano acabe. Podem ter certeza que a crítica de todos estes filmes vai aparecer aqui no Cinema Vírgula. Confiram a lista, e se programem para assistí-los!


26 de Setembro: Ad Astra - Rumo às Estrelas

Depois de tantos galãs de Hollywood protagonizarem seus filmes de ficção espacial, agora é a vez de Brad Pitt. Situada em um futuro não muito próximo, o personagem de Pitt parte em viagem pelo Sistema Solar para encontrar seu pai (Tommy Lee Jones), astronauta desaparecido em viagem há 30 anos, e que ressurge em aparente caminho de volta à Terra.


03 de Outubro: Coringa

Muito talentoso e esquisito na vida real, o ator Joaquin Phoenix é em teoria um dos melhores atores possíveis para viver o maior rival do Batman. O hype com o filme está tão grande que muitos apostam em que teremos pela primeira vez alguém vencendo o Oscar de Melhor Ator sendo um super-herói (ou super-vilão, no caso). Já se sabe que o diretor / roteirista Todd Phillips criou uma história totalmente nova, sem se basear em nenhuma história dos quadrinhos.


10 de Outubro: Projeto Gemini

Will Smith tem dado algumas pequenas derrapadas na carreira nos últimos anos, portanto estou curioso para ver como ele se sairá desta vez. E o fato de ser um filme de ação dirigido por Ang Lee também chama minha atenção. Na história, Will faz o papel de um velho matador de aluguel, que de repente entra na mira de outro matador... um clone dele mesmo, e bem mais jovem. Ah, e o filme também é estrelado pela Mary Elizabeth Winstead, um dos talentos + beleza injustamente mais desconhecidos da atualidade.


24 de Outubro: Zumbilândia: Atire Duas Vezes

O mundo muda rapidamente, não? Há dez anos atrás, quando o primeiro Zumbilândia foi feito, Jesse Eisenberg e Emma Stone eram pouco conhecidos e estavam tendo, na época, a melhor chance de suas carreiras. E olha que esta "grande oportunidade" era uma comédia de baixo orçamento sobre um mundo dominado por zumbis... O primeiro Zumbilândia agradou crítica e público e agora, vamos ver o que acontece quando o filme retorna com mais dinheiro e com o elenco original bem mais experiente e premiado.


31 de Outubro: O Farol

O diretor / roteirista de A Bruxa (2015), Robert Eggers, volta com uma nova história de terror, agora filmada em preto-e-branco. Na trama, que se passa na década de 1890, temos dois guardadores de farol (Willem Dafoe e Robert Pattinson) isolados do mundo em uma misteriosa ilha. Já exibido em alguns festivais, O Farol foi bastante elogiado tanto pelos seus aspectos técnicos quanto pela atuação da dupla protagonista.


07 de Novembro: Doutor Sono

As histórias de Stephen King continuam gerando material para Hollywood. Doutor Sono é um livro lançado em 2013 que é nada menos que a continuação do clássico livro/filme O Iluminado. Nesta continuação, acompanhamos a perturbada vida do menino da primeira história, Danny Torrance, agora adulto. O filme conta com Mike Flanagan na direção e roteiro (ele que é o criador / diretor / roteirista do ótimo seriado de terror da Netflix, A Maldição da Residência Hill) e conta também com a presença dos atores Ewan McGregor e Rebecca Ferguson.


14 de Novembro: Ford vs. Ferrari

Eis um filme que promete encantar todos os fãs de corridas de automóveis do mundo. Sendo ele biográfico, a trama se baseia nos esforços do projetista Carroll Shelby (Matt Damon) e do piloto Ken Miles (Christian Bale), que foram contratados pela Ford para vencerem a imbatível Ferrari na famosa corrida de Le Mans de 1966. Curiosidade: o filme, que foi filmado com a dupla Damon e Bale, originalmente contava com Tom Cruise e Brad Pitt nos papéis principais.


27 de Novembro: O Irlandês (na Netflix)

Martin Scorsese volta a fazer um filme sobre máfia, reunindo no mesmo filme grandes atores que tornaram seus filmes famosos: Robert De Niro, Al Pacino, Harvey Keitel e Joe Pesci. O fato do filme não ter sido feito para os cinemas lhe deu uma liberdade inédita, e O Irlandês será o filme mais longo de sua carreira: 3h e 30min. Se todo este tempo foi usado de forma positiva ou não, estou ansioso para descobrir.


28 de Novembro: Entre Facas e Segredos

Para quem, como eu, gosta dos livros da Agatha Christie, este filme parece promissor. O enredo é o clichezão das histórias de detetive: patriarca reúne a família em sua mansão para comemorar o aniversário e é assassinado. Então, um detetive passa a interrogar os familiares para achar o culpado. O filme tem um tom de comédia e conta com elenco famoso: Chris Evans, Daniel Craig, Jamie Lee Curtis, Christopher Plummer e Ana de Armas. Rian Johnson, o polêmico diretor / roteirita de Looper e Star Wars VIII é quem assina o filme.


19 de Dezembro: Star Wars: A Ascensão Skywalker

Depois de explorar por décadas a franquia Star Wars (que aliás continuará sendo explorada como nunca nos próximos anos), chega o filme que a Lucasfilm promete ser o último e derradeiro da saga em termos de família Skywalker. Ao mesmo tempo que estou empolgado com a volta de J.J. Abrams na direção e com a promessa da volta do personagem de Lando Calrissian, estou bastante preocupado com o já anunciado retorno do Imperador Palpatine. Espero meeeeeesmo, pelo bem da franquia, que ele não esteja vivo, e apareça apenas como espírito ou flashback.


E vocês? Concordam com a lista? Teve algum filme que ficou faltando? Escrevam nos comentários!

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Crítica - Bacurau (2019)

TítuloBacurau (idem, Brasil / França, 2019)
Diretores: Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles
Atores principais: Barbara Colen, Thomas Aquino, Wilson Rabelo, Sônia Braga, Udo Kier, Karine Teles, Silvero Pereira, Rubens Santos
Uma experiência bem desagradável

Laureado este ano com o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, sendo então o segundo filme nacional a conquistar este título (o primeiro foi O Pagador de Promessas (1962), do Saltense Anselmo Duarte), Bacurau tem sido bastante elogiado pela crítica especializada, porém dificilmente atingindo nota máxima. E não é difícil entender o porquê. Bacurau é um filme "estranho" e irregular, com vários altos e baixos. Mas independente de seus prós e contras, a experiencia de assisti-lo não é nada agradável, seja pelas constantes cenas de miséria e violência, ou por suas mais de 2 horas de duração em um ritmo insuportavelmente lento.

Esta produção franco-brasileira mistura drama, ação, terror, humor, fantasia e até um pouco de ficção científica, pois sua história se passa "no futuro". E, sem nenhuma dúvida o ponto alto de Bacurau são suas imagens. A fotografia é excelente e o filme entrega diversas cenas memoráveis.

Infelizmente, para falar do que não gostei em Bacurau, serei obrigado a revelar parte da trama (mas não o seu final). Quem não quiser spoiler nenhum, sugiro pular deste parágrafo aqui para o último.

A história do filme é sobre o pequeno vilarejo (fictício) pernambucano de nome Bacurau. Aos poucos, fatos cada vez mais sinistros afetam a cidadezinha e então os moradores são atacados por um grupo de turistas estadunidenses, que em estilo parecido ao Predador, viajam pelo mundo matando humanos por esporte/diversão. O roteiro de Bacurau usa esta situação bizarra para discutir política e fazer diversas críticas sociais. A história entrega uma mensagem forte e atual de amor à terra natal, de que os pobres são heroicos e têm força, e de resistência à todos os "ricos" que se preocupam apenas com os próprios interesses.

A ideia é boa, consideravelmente original, e com isto Bacurau ganha pontos positivos. O problema é que esta ideia está longe de ser bem implementada: os (poucos) diálogos são bem ruins, o roteiro tem furos e exageros, vários atores são bem fracos e os personagens são absurdamente estereotipados... fora a lentidão do filme, já comentada anteriormente.

Mas o que mais me desagradou foi a maneira com que a dupla de diretores/roteiristas Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles apresentam o "verdadeiro brasileiro". Nossos heróis são criminosos que ingerem alucinógenos, decapitam os inimigos, andam pelados pela rua sem pudor nenhum, e fazem sexo a toda hora, de maneira bem banal. Li opiniões de ativistas de esquerda louvando essa imagem. Para mim, entretanto, é uma maneira antiquada, preconceituosa e ofensiva de expor o Brasil para o mundo.

Bacurau é um filme chato para se assistir, mas ainda assim interessante devido suas imagens, discussões sociais, e por ser bem diferente do comum. E, de maneira bastante contraditória, é uma história que traz um chocante futuro que pode sim acontecer, mas que foi escrito por mentes que aparentam terem estacionado há pelo menos meio século. Nota: 6,0

sábado, 7 de setembro de 2019

Crítica - It: Capítulo Dois (2019)

TítuloIt: Capítulo Dois ("It Chapter Two", Canadá / EUA, 2019)
Diretor: Andy Muschietti
Atores principais: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Hader, Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone, Andy Bean, Bill Skarsgård
Uma continuação fraca e cansativa

É comum nos cinemas que as continuações sejam inferiores aos filmes originais. Mas me parece que no caso de filmes de terror, esta lei tem mais força. Por exemplo, os ótimos A Bruxa de Blair (1999), O Chamado (2002) e Invocação do Mal (2013) tiveram todos péssimas sequencias. E... infelizmente, este também é o caso de It: Capítulo Dois.

Na história, passada em 2016, e exatamente 27 anos após os eventos do primeiro filme, o palhaço Pennywise (Bill Skarsgård) volta a atacar na pequena Derry, e então os 7 integrantes do "Clube dos Perdedores" voltam a se reunir para cumprir a promessa de se juntarem para matar o monstro se ele um dia retornasse.

Com o sucesso de crítica e público do filme anterior, It: Capítulo Dois contou com o dobro do orçamento e conseguiu trazer para o elenco duas importantes estrelas de Hollyhood: Jessica Chastain e James McAvoy. Apesar disto, nem eles foram suficientes para fazer o filme melhorar.

It: Capítulo Dois conta com o mesmo diretor, e também com o mesmo diretor de fotografia do filme anterior. Enquanto o segundo volta a fazer um trabalho excelente - com isso parece até que as duas obras foram filmadas "juntas", de tão belas e idênticas visualmente - o mesmo não se pode afirmar do primeiro. Parece que Andy Muschietti esqueceu importantes lições sobre filmes de terror. It: Capítulo Dois é bem menos assustador que It: A Coisa, principalmente porque aqui temos pouco "mistério": os monstros são vistos na claridade, por inteiro, e aí perde-se o clima de suspense. Isto sem contar com as várias piadinhas ao longo da história, que também enfraquecem o clima de medo. Os únicos momentos que se têm algum susto são quando temos cenas do palhaço atacando de surpresa com o volume repentinamente estridente e no alto; ou seja, através do recurso mais banal e fraco dos filmes de terror. Isto estava presente no primeiro filme, mas com moderação. Aqui em It: Capítulo Dois isso acontece mais de dez vezes, até cansa.

Mas nada cansa mais do que a história em si - sua duração (2h 39min) - e o fato dela teimar em evoluir. Dividido em três atos, no primeiro descobrimos que o integrantes do "Clube dos Perdedores" esqueceram de quase tudo o que aconteceu no filme anterior - o que gera, aliás, alguns furos de roteiro - e ficam o tempo todo brigando entre si. Chato. No segundo ato, cada personagem se relembra de algum episódio assustador envolvendo eles sozinhos contra o Pennywise do passado, ou seja, quando ainda eram crianças (com isto, voltam os atores do primeiro filme). Então, ao invés da história avançar, ela retrocessa, já que se os personagens estão vivos hoje, não importa o que aconteceu no passado... que tensão há nisso?

Finalmente no terceiro ato It: Capítulo Dois melhora, e finalmente o filme se aproxima da qualidade do It: A Coisa. Agora tendo a batalha final contra Pennywise, novamente em seu covil, temos alguns bons diálogos e algumas boas cenas de terror. Ainda assim, se este segmento do filme é interessante, seu desfecho é quase patético.

Mal realizado, It: Capítulo Dois esquece do medo e dos dramas psicológicos apresentados no primeiro filme e seu resultado mais parece o esforço de se entregar uma continuação rapidamente para ganhar mais dinheiro independentemente de sua qualidade. Uma pena, mais uma franquia que se encerra em baixa. Nota: 5,0


PS1: aparentemente nem todos desgostaram tanto do filme como eu: Stephen King elogiou bastante o It: Capítulo Dois publicamente e inclusive ele faz uma ponta na produção, fazendo o papel de um dono de loja de penhores.

PS2: com It: Capítulo Dois o conteúdo do livro em que os dois filmes se baseou se encerra. O livro também conta com o Clube dos Perdedores enfrentando Pennywise duas vezes, uma como crianças e outra como adultos. A principal diferença é que no livro as duas fases acontecem respectivamente em  1957 e 1984.

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