domingo, 9 de julho de 2023

Crítica - Elementos (2023)

Título: Elementos ("Elemental", EUA, 2023)
Diretor: Peter Sohn
Atores principais (vozes): Leah Lewis, Mamoudou Athie, Ronnie del Carmen, Shila Ommi, Wendi McLendon-Covey, Catherine O'Hara
Nota: 7,0

Pixar faz reciclagem, mas retoma seu encanto

Com a Pixar já há alguns vários anos fazendo filmes medianos e nada inovadores - os dois últimos que avaliei aqui tiveram notas ruins (Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica e Lightyear) e o filme anterior do diretor Peter Sohn idem (O Bom Dinossauro) - não estava muito animado para ver Elementos, que pelo título me parecia uma cópia de Divertida Mente. Afinal, se este último apresentava e antropomorfizava os sentimentos humanos, Elementos faz o mesmo com os 4 elementos base da natureza: ar, terra, água e fogo.

E de fato essa cópia de filmes acontece, mas de um modo diferente, já que a história de Elementos é bem distinta de Divertida Mente. Na trama, vemos uma família do elemento fogo acabando de se mudar para a grande Cidade Elemento. Após instalarem com sucesso uma loja de conveniência, um acidente causado pela jovem de fogo Faísca faz com que a loja seja interditada. É então que ela se une ao jovem de água Gota, e ambos correm contra o tempo que a interdição da loja não vire um fechamento definitivo.

O roteiro de Elementos é um bocado caótico, e fala de tudo um pouco. Ele aborda racismo, imigração, família, herança, crescimento, primeiro amor... e resta à protagonista Faísca lidar com tudo isto de uma vez só. Mas como leve defesa à essa bagunça que é o roteiro, assim também é a vida, não?

Portanto é neste ponto que digo que Elementos acaba reciclando filmes anteriores. Ele pega muitos dramas distintos, coloca em um só filme, e pronto: em termos de história, nada de novo. Porém, o surpreendente é que de algum jeito toda esta mistura funciona! E muito bem! Elementos consegue trazer vários momentos de emoção para a tela, e a história me emocionou e cativou como há muitos anos a Pixar não fazia.

Se em termos de roteiro o filme não inova, não se pode dizer o mesmo em som e imagem. Quanto a animação, é muito impressionante e diferente ver os personagens de água e fogo na tela. Principalmente os de fogo... é uma constante mutação de cores e formas, muito bonito, muito diferente... parece até algo meio místico... O que me leva a trilha sonora... em geral uma música instrumental "pesada", que traz muito mais um clima de meditação ou psicodélico do que comédia ou ação; algo realmente muito incomum para um filme infantil.

Aliás, Elementos tem várias piadas espalhadas ao longo da trama, mas em geral o filme trata temas sérios, como se pode constatar pelo meu terceiro parágrafo acima. Acho que é o filme da Pixar com menos humor que já assisti. Ainda assim, vi o filme com minha sobrinha de 7 anos e ela adorou. Acho que o deslumbre visual de Elementos, somado ao carisma e "fofura" de seus personagens, acaba tornando o filme universalmente bem agradável.

Elementos recebeu até agora apenas uma leve aprovação de crítica e bilheteria, mas eu gostei muito. Ainda que não seja espetacular, é uma das melhores coisas da Pixar dos últimos anos. Ah, e se for mesmo assistir, leve sua caixa de lenços. Nota: 7,0


PS: antes do filme há o curta-metragem O Encontro de Carl, continuação de Up: Altas Aventuras (2009). É a Pixar voltando a sua tradição de curtas inéditos antes de seus longas nos cinemas, coisa que não fazia desde 2018.

PS 2: não há cenas pós créditos... esta antiga tradição da Pixar ainda não voltou.

PS 3: Muito da história de Elementos é baseada em situações pelas quais passaram a família do diretor Peter Sohn (seus pais imigraram da Coréia do Sul para Nova York), e também de outros animadores e roteiristas da Pixar que também são imigrantes ou descendentes de imigrantes.

sábado, 1 de julho de 2023

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título: Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023)
Diretor: James Mangold
Atores principais: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Mads Mikkelsen, Toby Jones, Boyd Holbrook, Ethann Isidore, Olivier Richters, John Rhys-Davies, Antonio Banderas
Nota: 6,0

Apesar de um meio de filme bem ruim, Indiana se despede de modo satisfatório

O maior dos heróis de aventura está de volta, e para seu 5º e último filme. Como em toda história de Indiana Jones, a trama é a busca por um antigo artefato, misturando ficção e realidade. E não poderia ser diferente em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, claro: portanto, o MacGuffin da vez se trata da Máquina de Anticítera.

O filme começa em 1944, no final da Segunda Guerra Mundial, e neste ato que dura entre 20 a 30 minutos vemos um Indiana Jones (Harrison Ford) ainda consideravelmente jovem, com o rosto rejuvenescido por imagens de computador. É uma boa sequência, que copia bastante dos filmes clássicos, mas com imagens em geral meio escuras. Não sei se o objetivo foi deixar tudo propositalmente menos nítido, para deixar eventuais faltas de realismo no rosto de Ford mais evidentes... mas de qualquer forma, a Fotografia em Indiana Jones 5 não é muito boa em geral.

Imagens da Máquina de Anticítera real, cuja construção ter sido feita por Arquimedes é apenas especulação

Após esta introdução, vamos para o tempo presente da história - que neste caso é 1969 - onde somos apresentados aos demais personagens principais da trama. Temos então a afilhada de Jones, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), e o cientista nazista Jürgen Voller (Mads Mikkelsen), que estão em disputa para encontrar o famoso artefato primeiro.

E é neste momento que Indiana Jones e a Relíquia do Destino começa a degringolar. Primeiro temos uma nova e longa cena de perseguição pela cidade de Nova York, que até é boa. Mas depois a ação já corta para Marrocos, onde temos outra cena de perseguição, agora em carros, e que é péssima. Nada dela faz sentido, a lógica e a continuidade das cenas inexiste... é como se fosse uma união do pior de Missão Impossível com Velozes e Furiosos. Isso sem falar que o espectador teve que assistir duas longas seqüências de ação sem nenhuma pausa. Em termos de ritmo e estrutura narrativa, isso é péssimo.

Após esta parte, os heróis e vilões partem para a Grécia e aparentemente o ar europeu fez melhorar bem as idéias dos roteiristas, já que a partir de então, Indiana Jones e a Relíquia do Destino entra nos eixos e se mantém em bom nível até seu final. Não posso negar que pelo menos na meia hora final do filme, estive bem feliz e empolgado.

O desfecho de Indiana Jones 5 me surpreendeu positivamente por conseguir ser um pouco diferente dos demais filmes da franquia. Primeiro, pela sua estrutura, e segundo, porque ele resolve também debater sobre o envelhecimento. Parece que aqui enfim o diretor / co-roteirista James Mangold justificou sua contratação, já neste aspecto ele agradou bastante com seu filme Logan (2017).

Como conclusão, Indiana Jones e a Relíquia do Destino é pior que os três primeiros filmes da série, mas é melhor que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008). Portanto, para os fãs da franquia, a existência desse novo filme faz com que o ato final do Dr. Jones nos cinemas tenha um gosto mais palatável. Nota: 6,0.

Meu amigo John Rhys-Davies também está no filme, de volta como Sallah


PS 1: não há cenas pós créditos.

PS 2: sendo Indiana Jones minha franquia favorita, já escrevi vários artigos sobre ela no Cinema Vírgula. Clique aqui para vê-los!

segunda-feira, 26 de junho de 2023

O Cinema Vírgula visita Gramado!!!


O Festival de Cinema de Gramado, é um dos 4 festivais de cinema mais importantes do Brasil (juntamente com os de Brasília, Rio de Janeiro, e São Paulo). É também o maior em termos de público, e certamente o que hoje tem maior repercussão na mídia, e consequentemente, maior apelo popular. Em 2022 ele completou 50 anos de existência, e eu tive o privilégio de, neste mesmo ano (porém em Outubro - o evento aconteceu meses antes, em Agosto), conhecer Gramado-RS e o local do Festival.

Demorou quase um ano rs, mas enfim tive tempo para me organizar e agora compartilho com vocês algumas fotos e histórias que tive por lá. Bora viajar juntos? ;)

O Palácio dos Festivais

O festival tem como sua sede o Palácio dos Festivais, que é o prédio da imagem acima, do título deste artigo. Dentro dele, temos a sala de cinema "Cine Embaixador", com capacidade para cerca de 1000 lugares, e também o Museu do Festival de Cinema, que fica no andar superior. Para acessar o museu, se paga R$ 20,00 (ou R$ 10,00 se tiver alguma promoção no dia, que foi meu caso). Dentro do museu há uma exposição de objetos e painéis informativos, tanto a respeito do Festival de Gramado, como do Cinema Brasileiro em geral.

De dentro do Cine Embaixador, onde são exibidos os filmes do Festival

Ao redor do Palácio dos Festivais temos algo similar a "Calçada da Fama" de Hollywood, trata-se do "Caminho das Estrelas", onde vários nomes do cinema nacional deixaram suas mãos gravadas na calçada. Não são tantas placas assim (diria que estamos por volta de umas 20 atualmente), e abaixo vocês terão uma idéia do que se trata.

O Caminho das Estrelas, e ao lado a placa de 3 dos "homenageados"

Voltando a parte do Museu, embora não muito grande, ele é interessante e inclusive traz alguns itens para interagir. Por exemplo, há em uma parede um painel com várias perguntas sobre o cinema nacional. Abaixo, para dar um gostinho, coloco um vídeo. Quero ver se vocês acertam a resposta. Dica: se você leu este artigo aqui antes e acha que a resposta seria "Os Estranguladores", não é... porque aquele filme não se encontra preservado.


E o Kikito vai para...

O Festival de Gramado também possui sua estátua icônica... o Kikito! Prêmio máximo concedido no Festival, e consequentemente, em premiações nacionais, esta pequena e muito simpática estatueta de 33cm possui uma história bem curiosa.

Primeiro que a estátua foi criada em 1966, originalmente para premiar obras de artesanato, e também acabou virando um símbolo da cidade de Gramado. Por isso mesmo, quando a primeira edição do Festival de Cinema ocorreu em 1973, o Kikito já assumiu oficialmente seu lugar como o prêmio símbolo desta celebração.

Outra curiosidade é que nos anos 80 a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, dona do Oscar, processou o Festival de Gramado, alegando que o Kikito seria um plágio de sua estatueta. Porém, a reclamação foi negada e nós brasileiros continuamos a exibir o Kikito para quem quisermos ;)

Foi só o Cinema Vírgula passar em Gramado que eles fizeram questão de me homenagear com um Kikito! :P


sábado, 24 de junho de 2023

Especial Indiana Jones - Os Livros do Universo Expandido


Falta muito pouco!!! Apenas 5 dias para a estréia no Brasil do 5º e último filme de Indiana Jones nos cinemas, Indiana Jones e a Relíquia do Destino, que estreará em 29 de Junho.

E para que todos entrem ainda mais no clima, vamos com um novo artigo sobre o mais famoso arqueólogo de todos!

Os livros de Indiana Jones

Com o enorme sucesso mundial feito pelos filmes de Indiana Jones nos anos 80, obviamente que George Lucas - ainda mais ele - iria querer explorar a franquia em outras mídias. Desde então já vimos nosso aventureiro em todos os lugares: Brinquedos, Videogames, RPGs, Quadrinhos (pela Marvel Comics nos anos 80, e pela Dark Horse dos anos 90 em diante), Série de TV (de nome O Jovem Indiana Jones, de 1992, e que durou apenas duas temporadas)...

Mas o mais próximo que se pode chegar das histórias dos filmes de Indy - tanto em sensação quanto em qualidade - estão nos livros. Não me refiro aos livros-jogos, nem a alguns livros infanto-juvenil publicados, e sim aos cerca de 20 "romances" (ou seja, livros normais para adultos, que não são infantis), que foram lançados até hoje. Por enquanto (até que eu saiba) apenas UM deles foi traduzido para a língua portuguesa.

Os livros da Bantam Books

Após ter escrito e publicado a adaptação em livro do filme Indiana Jones e a Última Cruzada (1989), o escritor estadunidense Rob MacGregor recebeu o convite de George Lucas para escrever histórias inéditas do herói. Então, através da editora Bantam Books, ele escreveu 6 títulos:

Indiana Jones and the Peril at Delphi (1991)
Indiana Jones and the Dance of the Giants (1991)
Indiana Jones and the Seven Veils (1991)
Indiana Jones and the Genesis Deluge (1992)
Indiana Jones and the Unicorn's Legacy (1992)
Indiana Jones and the Interior World (1992)

MacGregor foi trocado por Martin Caidin, que depois de escrever os dois livros seguintes, teve que ser substituído por motivo de doença; entrou Max McCoy, que escreveu os quatro últimos livros da série:

Indiana Jones and the Sky Pirates (1993)
Indiana Jones and the White Witch (1994)
Indiana Jones and the Philosopher's Stone (1995)
Indiana Jones and the Dinosaur Eggs (1996)
Indiana Jones and the Hollow Earth (1997)
Indiana Jones and the Secret of the Sphinx (1999)

Os 12 livros da série publicada pela Bantam Books possuem algumas características: eles são todos prequelas dos filmes, ou seja, se passam cronologicamente antes de 1935. Outro detalhe é que os livros passavam por certas proibições de George Lucas... por exemplo, os livros não podiam ter cenas de sexo ou palavrões porque deveriam ser para "todas as idades". Dentre outras restrições, Lucas não permitiu viagens no tempo e nem o uso de alguns personagens dos filmes, especialmente de Marion Ravenwood, para a qual ele tinha "planos futuros". Marcus Brody e Sallah, entretanto, aparecem em algumas histórias.

A série de livros da Bantam Books em geral tem boa aceitação pelos fãs de Indiana Jones. Eu já li dois deles: Indiana Jones and the Genesis Deluge e Indiana Jones and the Unicorn's Legacy, e é por isso que ambos aparecem no início deste artigo. Não são tão bons quanto os filmes, mas são legais, bom entretenimento. E o terceiro livro que escolhi para mostrar na imagem principal, trata-se de Indiana Jones and the Seven Veils, que costuma ser apontado entre um dos melhores da série, além de se passar boa parte no Brasil. E provavelmente por isso, é justamente ele que foi traduzido para cá, trazido em 1993 como Indiana Jones e os Sete Véus pela editora Salamandra. Repararam que a capa deste livro na imagem está em português?

E tem mais livros!

Além dos livros da Bantam Books, há uma série cuja publicação é bem mais obscura: trata de um conjunto de 8 livros do escritor alemão Wolfgang Hohlbein, publicados pela editora Goldmann Verlag. A série existe apenas em alemão e em holandês (exatamente, sequer foi traduzida para o inglês), e ao contrário dos livros da Bantam, suas histórias se passam todas cronologicamente DEPOIS dos filmes clássicos, ou seja, acontecem a partir da década de 1940. São eles (e entre aspas, ao lado, segue a tradução livre em português, do título original em alemão):


Indiana Jones und das Schiff der Götter (1990) – "Indiana Jones e o Navio dos Deuses"
Indiana Jones und die Gefiederte Schlange (1990) – "Indiana Jones e a Serpente Emplumada"
Indiana Jones und das Gold von El Dorado (1991) – "Indiana Jones e o Ouro de El Dorado"
Indiana Jones und das verschwundene Volk (1991) – "Indiana Jones e os Desaparecidos"
Indiana Jones und das Schwert des Dschingis Khan (1991) – "Indiana Jones e a Espada de Genghis Khan"
Indiana Jones und das Geheimnis der Osterinseln (1992) – "Indiana Jones e o Segredo da Ilha de Páscoa"
Indiana Jones und das Labyrinth des Horus (1993) – "Indiana Jones e o Labirinto de Hórus"
Indiana Jones und das Erbe von Avalon (1994) – "Indiana Jones e o Legado de Avalon"


E... em 2009, tivemos o surgimento de uma nova série(?) de livros, pela editora Del Rey Books. Tentando surfar na onda do então novo filme Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) depois de quase 3 décadas tivemos um novo livro de Indy em inglês lançado, que foi: "Indiana Jones and the Army of the Dead" (2009), escrito pelo estadunidense Steve Perry, conhecido por livros das franquias de Tom Clancy, Star Wars e Aliens dentre outros.

Mas como o livro não foi muito bem de vendas, a obra foi um lançamento isolado.





Já conheciam os livros de Indiana Jones? Já leu algum deles? Se animou a ler algum deles a partir de agora? Escreva nos comentários!

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #016 - O 19 de Junho e o primeiro filme brasileiro


Vocês sabiam que hoje, dia 19 de Junho, é o Dia do Cinema Brasileiro?

Mas, apesar da oficialização da data, ela é um pouco controversa, assim como os registros dos primeiros anos relacionados ao cinema no Brasil. Vamos à cronologia.

A exibição de cinema no Brasil aconteceu em 8 de Julho de 1896, no Rio de Janeiro, foi realizada pelo belga Henri Paillie e foi restrita para membros da elite carioca, onde ele apresentou oito pequenos filmes sobre cidades europeias.

Em 19 de Junho de 1898 o ítalo-brasileiro Afonso Segreto – primeiro cinegrafista e diretor do país – registrou as primeiras imagens em movimento em território brasileiro. O filme, intitulado "Vista da baia da Guanabara" foi por muito tempo considerado como o primeiro filme gravado no Brasil, e por isso mesmo, a data se tornou o Dia do Cinema.

Entretanto, o tal vídeo nunca teve exibição pública, e hoje se questiona se ele realmente existiu. O vídeo acima "pode" ser o vídeo em questão, mas provavelmente nunca teremos a resposta definitiva. Atualmente se considera que o primeiro vídeo feito no Brasil foi na verdade o "Chegada do Trem em Petrópolis", do  também italiano Vittorio Di Maio, filmada no dia 1o de Maio de 1897. Porém há dúvidas se o filme foi de fato filmado no Brasil, embora a maior parte dos especialistas aceitem o fato.

E, para deixar tudo mais confuso, ainda há uma segunda data onde o Dia do Cinema Brasileiro é comemorado, o 5 de Novembro, já que neste dia em 1896 tivemos a primeira exibição pública de cinema do Brasil. Esta data, entretanto, é menos lembrada que o 19 de Junho.

Afonso Segreto

E, para encerrar esta viagem ao passado do Cinema nacional, nosso primeiro filme de ficção, ou seja, que não era um simples documentário gravando cenas do cotidiano, foi “Os Estranguladores”, de 1908, dirigido pelo cineasta luso-brasileiro António Leal. O filme - que não possui mais cópias sobreviventes para assistirmos - continha duração de 40 minutos e também é considerado o primeiro sucesso do cinema nacional.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 17 de junho de 2023

Crítica - Guardiões da Galáxia Vol. 3 (2023)

TítuloGuardiões da Galáxia Vol. 3 ("Guardians of the Galaxy Vol. 3", Canadá / França / EUA / Nova Zelândia, 2023)
Diretor: James Gunn
Atores principaisChris Pratt, Chukwudi Iwuji, Bradley Cooper (vozes), Pom Klementieff, Dave Bautista, Karen Gillan, Vin Diesel (vozes), Zoe Saldaña, Will Poulter, Elizabeth Debicki, Jennifer Holland, Maria Bakalova (vozes), Sean Gunn, Sylvester Stallone
Nota: 8,0

James Gunn encerra sua trilogia em alta qualidade

Após longos 5 anos - com direito de ter sido meio que "expulso" da Marvel neste meio tempo - o atual líder criativo dos filmes da DC resolveu aceitar voltar para sua antiga casa para finalizar sua trilogia. E não somente James Gunn o fez trazendo um filme com o mesmo carinho e qualidade com que fez as duas produções anteriores, como para minha surpresa, desta vez ao invés de "salvar o universo", os Guardiões estão em uma história mais contida, que mais do que tudo, é sobre Rocket Racoon (vozes de Bradley Cooper).

A história começa com os Guardiões da Galáxia sendo atacados por Adam Warlock (Will Poulter) a mando dO Alto Evolucionário, o vilão da vez, interpretado por Chukwudi Iwuji. Rocket fica gravemente ferido, e enquanto seus amigos tentam buscar uma cura pela galáxia, vemos vários flashbacks sobre as origens do Guaxinim.

Outra surpresa (pelo menos para quem não viu os trailers), é a volta de Gamora (Zoe Saldaña), que seguindo a história já finalizada dos filmes dos Vingadores, é uma Gamora de um universo alternativo, e nada a ver com a que vimos nos dois primeiros filmes. Ok, entendo perfeitamente que a personagem deveria estar aqui, para homenageá-la no filme despedida do grupo; mas ainda assim, Gamora não acrescenta à história, e o mesmo pode se dizer de Adam Warlock. O filme (de exatas 2h 30min), ficaria melhor e mais enxuto sem eles. Detalhe: o próprio James Gunn admitiu depois que Warlock ficou meio "deslocado" na trama (porém, quem mandou ele mesmo insinuar no Vol. 2 que Adam seria o vilão do Vol. 3?).

Em termos técnicos, Guardiões da Galáxia Vol. 3 é bastante competente assim como os seus antecessores. Desta vez a trilha sonora enfim perde espaço, mas ainda assim somos várias vezes relembrados que elas são as músicas que Peter Quill (Chris Pratt) está ouvindo dentro do filme. Os efeitos especiais não mostram evolução, mas nem por isso deixam de ser ótimos. Ah, e nem por isso também não deixam de trazer algo novo: ao nos apresentar um mundo com vários tipos distintos de animais antropomorfizados, e uma base estrelar feita de material orgânico, o filme acabou tendo que ser bastante criativo no seu Design de Produção.

E James Gunn novamente acerta com o roteiro. É impressionante como ele consegue, com bastante humor, ainda assim emocionar nos mostrando coisas como amizade, família e inclusão. Fazendo Rocket Racoon o tema do filme, temos também uma louvável crítica aos maus tratos aos animais. Porém tenho minhas dúvidas sobre o alcance que este gesto terá.

Guardiões da Galáxia Vol. 3 encerra a trilogia da franquia com a mesma qualidade que começou e mostra que o desgastado gênero de filmes de super-heróis ainda pode agradar bastante, desde que seja feito com roteiros de qualidade, e não sigam simplesmente a mesma fórmula de sempre. Nota: 8,0


PS: o filme possui duas cenas pós-créditos, a primeira é bem importante como "conclusão" da história.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Crítica - Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (2023)

TítuloDungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes ("Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves", Austrália / Canadá / EUA / Irlanda / Islândia / Reino Unido, 2023)
Diretores: John Francis Daley, Jonathan M. Goldstein
Atores principaisChris Pine, Michelle Rodriguez, Regé-Jean Page, Justice Smith, Sophia Lillis, Hugh Grant, Chloe Coleman, Daisy Head
Nota: 7,0

Com muito humor e aventura, enfim D&D ganha um filme bom!

A mais famosa das franquias de RPG de mesa, Dungeon & Dragons - e cujo universo acaba sendo mais reconhecido dentro do Brasil através do desenho animado oitentista A Caverna do Dragão - já teve outras tentativas de filmes live-action no passado (todas horríveis, aliás). A primeira, Dungeons & Dragons - A Aventura Começa Agora (2000), contava com Jeremy Irons, Marlon Wayans, e foi a única a sair nos cinemas. As seguintes: Dungeons & Dragons 2: O Poder Maior (2005) e Dungeons & Dragons: O Livro da Escuridão (2012) foram direto pra TV.

Após tantos fracassos e muitos anos sem investir em outros produtos de D&D, as coisas começaram a mudar na Hasbro (a dona da franquia) muito recentemente. Inclusive em 2022 ela admitiu publicamente que não estava "monetizando" Dungeon & Dragons como deveria. Notem então que desde o ano passado já começaram a sair vários produtos relacionados, como action figures dos mais diversos (inclusive dos personagens de A Caverna do Dragão), e agora... este filme Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, que contou com um orçamento razoável (US$ 150 milhões, cerca de 3x mais que o orçamento do filme de 2000) e alguns atores de maior renome, como por exemplo Chris Pine, Michelle Rodriguez, Hugh Grant e Bradley Cooper.

A história começa com Elgin (Chris Pine) e Holga (Michelle Rodriguez) presos, e após deixarem a prisão resolvem retomar suas vidas de onde pararam. Porém, logo descobrem que para isso precisam encarar algumas aventuras, e então montam um time para enfrentar os desafios. Com isso temos um diversificado grupo de RPG: Elgin é o Bardo, Holga a Bárbara, Simon (Justice Smith) é o Feiticeiro, Doric (Sophia Lillis) é uma Druida meio-humana, e Xenk (Regé-Jean Page) é o Paladino.

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes tem muita aventura e humor. Aliás, tudo é piada o tempo todo e isso até me incomodou um pouco, porém é importante ressaltar que dentro do filme, os personagens levam tudo a sério, uma decisão bastante acertada que dá credibilidade a história. Em termos de ação, o filme é bastante acelerado e dinâmico, com várias cenas de luta e vários efeitos especiais. Ainda que estes efeitos não estejam no auge da qualidade tecnológica atual, são competentes e não atrapalham em nada a experiência do filme. Gostei especialmente da luta final, onde os heróis lutam simultaneamente "corpo-a-corpo" com o vilão, e você consegue acompanhar com qualidade cada um usando suas qualidades e poderes.

Para quem é jogador de RPG, certamente Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes terá um gosto especial, já que as referências ao universo de D&D são muitas, chegando a centenas. Mas mesmo para o espectador "comum", que não captará estes detalhes, o filme é bastante compreensível e agradável para todos os públicos. Em suma, dá para se dizer que este filme de Dungeons & Dragons é um filme para toda a família, o que também é uma ótima notícia.

Eu diria que a história de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é consideravelmente "épica" mas não por fazer uma aventura absurdamente heróica, e sim por fazer várias pequenas missões em sequencia; o que não deixa de ser algo diferente e interessante.


Para encerrar, sim, como muitos já devem saber, os personagens de A Caverna do Dragão aparecem no filme, como se pode ver na imagem acima. E embora a participação deles seja bem pequena, é maior que eu esperava!

Que Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes seja o primeiro capítulo de uma série de bons filmes da franquia nos cinemas. Depois da modinha de "super-heróis", que já se encontra bem esgotada, eu veria com bons olhos uma fase de aventuras de RPG nas telonas. Nota: 7,0.



PS 1: há uma pequena cena pós-créditos, e bem no começo deles inclusive.

PS 2: este extra vai ficar infelizmente apenas para quem entende inglês, já que o vídeo abaixo sequer possui legendas. Mas é um vídeo de propaganda feito pela Paramount Pictures estadunidense onde os personagens do desenho da A Caverna do Dragão comentam cenas do filme Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes e acabam reclamando de regras de RPG. Divirtam-se ;)

domingo, 7 de maio de 2023

Crítica - Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe (2023)

TítuloRenfield - Dando o Sangue Pelo Chefe ("Renfield", EUA, 2023)
Diretor: Chris McKay
Atores principaisNicholas Hoult, Nicolas Cage, Awkwafina, Ben Schwartz, Shohreh Aghdashloo, Brandon Scott Jones, Adrian Martinez, Camille Chen
Nota: 7,0

Divertido, filme entrega o que se propõe, e com Nicolas Cage roubando a cena

O prolífico e talentoso Nicolas Cage está de volta, agora interpretando Drácula. Mas na história de Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe, o protagonista é... Renfield (Nicholas Hoult), seu servo há pouco mais de um século. Conforme o filme já nos apresenta em seu começo, Drácula e Renfield vivem em um ciclo: Drácula atinge seu poder máximo, é derrotado / destruído pelos heróis da época, e então seu servo passa anos lhe trazendo vitimas para que o vampirão vá recuperando sua força aos poucos... para que ele volte a se recuperar e um novo ciclo se inicie.

O filme começa com Drácula no meio de sua recuperação, e Renfield nos dias atuais buscando vítimas. Sendo uma "boa pessoa", Renfield escolhe como vítimas apenas pessoas ruins... abusadores e bandidos. E eventualmente ele acaba cruzando seu caminho com uma família que controla o crime local, a família "Lobo", e também com a honesta policial Rebecca (Awkwafina), que há tempos tenta em vão levar os Lobo à justiça.

Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe se propõe a ser um filme de aventura que mistura violência e comédia nonsense. E ainda que não seja espetacular em nenhum momento, seja tecnicamente ou em termos de piadas, ele entrega muito bem o que se propõe sendo um filme bem divertido durante toda sua projeção.

Claro que a presença de Nicolas Cage ajuda bastante. Cage está excelente, e rouba a cena toda vez que aparece. É realmente um deleite vê-lo como este Drácula, melhor escolha impossível. Mas o roteiro também tem seus méritos, é bom, e ao vermos quem os escreveu, a qualidade faz sentido: o texto foi feito pela dupla Ryan Ridley (escritor de alguns episódios de Ricky and Morty e da boa sitcom Community) e Robert Kirkman (o criador e escritor dos quadrinhos de The Walking Dead e Invencível).

Um comentário final: quando assisti o trailer de Renfield (ver link no início do artigo), fiquei um pouco incomodado com a quantidade de violência e sangue. Mas embora o filme tenha muitas cenas de ação (e algumas com bastante sangue), em geral, quase todas as cenas gore já estão no trailer, então, não espere por tripas e mortes o tempo todo.

Com ótimas atuações da dupla de Nicolas (Hoult e Cage), o filme é diversão certa para os fãs das bizarrices de Cage. Nota: 7,0

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #015 - Sabiam que o icônico chapéu do Indiana Jones era fabricado aqui no Brasil, em Campinas?


O ano era 1980. 
George Lucas, Steven Spielberg, Harrison Ford e Deborah Nadoolman (figurinista) estavam em busca de um chapéu para o protagonista do então futuro filme Os Caçadores da Arca Perdida. A peça precisaria ser icônica o suficiente para identificar o herói apenas apenas vendo sua silhueta.

Após avaliarem muitos candidatos, o grupo acabou aprovando o clássico chapéu modelo "The Poet", produzido pela fábrica londrina Herbert Johnson. Para se transformar no chapéu final de Indiana Jones que conhecemos, o acessório sofreu algumas mudanças: suas medidas foram ajustadas para o tamanho de Harrison Ford, a cor escolhida foi um tom marrom para dar um clima mais "safari", e a fita que envolve o chapéu foi um pouco afinada, para que assim a parte que envolve a cabeça parecesse mais alta e imponente.


E é então que o Brasil entra na história: o "The Poet" era produzido a partir de uma carapuça (isto é, um chapéu semi-acabado, ver a foto do título deste artigo) de alta qualidade feita com feltro de pelo de lebre e fabricada em Campinas-SP, pela Fábrica Chapéus Cury. Em 1981 os produtores de Hollywood perguntaram para os brasileiros se eles teriam condições de fabricar carapuças de um chapéu para um herói de um futuro filme de aventura. Com o "sim" dos Cury, 8 carapuças foram enviadas para filmarem Os Caçadores da Arca Perdida, com a Herbert Johnson fazendo o acabamento final.

Com o sucesso do filme, a Chapéus Cury continuou suprindo por décadas a demanda dos fãs de Indiana por chapéus de seu ídolo, e diz ter fabricado mais de 500 mil unidades das carapuças até hoje. Como curiosidade, os Cury quiseram vender os chapéus do Indiana Jones aqui no Brasil, sob sua marca, mas não foram inicialmente autorizados. Porém, conseguiram a permissão de vendê-los como "chapéus modelo Indiana Jones". Uma pena, entretanto, que a fábrica de Campinas em que tudo isso aconteceu foi desativada em 2014. O local está parcialmente demolido e vai virar um condomínio com partes residenciais e comerciais. Já a Chapéus Cury em si ainda existe, embora como joint venture com uma empresa estadunidense.

A antiga fábrica Cury, atualmente. Esta parte da fachada e a chaminé deverão ser poupadas da demolição, já que áreas do prédio foram tombadas como Patrimônio Cultural anos atrás

Curiosidade bônus: O Ídolo de Fertilidade Chachapoyan

Em se tratando de Indiana Jones, conforme prometido em meu último artigo de curiosidades sobre ele, sempre trarei uma curiosidade bônus. Então vamos a segunda...

Também conhecido como o "Ídolo Dourado", a pequena estátua das imagens abaixo é inesquecível para qualquer fã de Indiana Jones. Afinal, ela é quem inicia a eletrizante sequência do começo de Os Caçadores da Arca Perdida onde se disparam uma série de armadilhas entre as quais culmina a clássica bola gigante de pedra que tenta esmagar nosso herói.


Mas o que você não deve saber, é que ela é baseada em uma estátua real, que hoje está exibida no Dumbarton Oaks Museum, nas proximidades de Washington, D.C.. Trata-se de uma peça Asteca de 20 cm de altura, que entende-se ser da "deusa Tlazolteotl dando à luz", sendo portanto também esta uma maneira de nomeá-la.


Porém em 2002 a estátua passou por análises de Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e foi constatado que ela foi esculpida (ou quem sabe re-esculpida?) no século XIX. Ou seja, hoje a escultura é vista como "falsa", porém na época do filme (1981) todos acreditavam ser uma peça Asteca autêntica.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...