sábado, 28 de dezembro de 2013

Crítica - O Som ao Redor (2012)

Título: O Som ao Redor ("O Som ao Redor", Brasil, 2012)
Diretor: Kleber Mendonça Filho
Atores principais: Maeve Jinkings, Irandhir Santos, W.J. Solha, Gustavo Jahn
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=wweuSi_krNs
Nota: 6,0


Angustiante e fiel retrato do Brasil atual, filme peca ao não ir além disto

O Som ao Redor, filme brasileiro indicado ao Oscar deste ano, é um filme bem diferente do que estamos acostumados. Ao começar pelo seu nome, no filme não há trilha sonora. O que mais ouvimos são os ruídos das ruas... seja um cão latindo, um CD tocado alto pelo vendedor, ou seja, os irritantes barulhos urbanos que bem conhecemos. Ironicamente nem sempre o som foi bem capturado pela equipe técnica: em algumas cenas não se consegue ouvir direito o que os personagens falam.

Aqui a trama se passa em Recife, em um bairro de classe média, onde a família de seu Francisco (W.J. Solha) é proprietária de boa parte dos imóveis da região e portanto “manda” no local.

O filme nos convida a conhecer diversos personagens e sub-tramas deste conjunto de ruas. Um local – que infelizmente predomina no Brasil de hoje – feio, onde só se vê prédios e casas espremendo-se umas às outras sem nenhuma harmonia, e onde a violência se faz presente, quando vivemos trancados e com medo em casa, gastando dinheiro em aparelhos e serviços de segurança, fazendo do lar uma prisão.

Dentre os diversos personagens apresentados, e diversas tramas paralelas, duas se destacam. Na primeira, vemos Bia (Maeve Jinkings), casada e mãe de dois filhos, infeliz e esmagada pelo mundo ao redor. Na outra, temos Clodoaldo (Irandhir Santos) chegando ao bairro e oferecendo serviço de vigilância particular nas ruas para os moradores em troca de uma mensalidade.

Sua chegada causa dois conflitos: primeiro, a discussão entre os próprios moradores em relação a sua chegada... se ela seria algo bom ou ruim. E segundo, Clodoaldo bate de frente com Francisco. Explico: o neto de Francisco, Dinho (Yuri Holanda) é um dos principais furtadores da região... e o poderoso Francisco faz uma ameaça bem clara a Fernando: “jamais mexa com Dinho”. Nota-se portanto que mesmo nos dias de hoje ainda temos “os coronéis latifundiários” mandando em tudo, estando acima da lei.

O Som ao Redor também expõe outros assuntos, como por exemplo, a vida das empregadas domésticas, os conflitos com vizinhos ao se viver em comunidade, e toda a tensão gerada pelo convívio entre todas estas pessoas.

O filme nos apresenta todos estes assuntos passando com muita eficiência seu sentimento ao espectador. Claustrofóbico, angustiante, ao ser filmado com muitos closes e muitos ambientes fechados, O Som ao Redor passa com maestria o sentimento de opressão a quem o assiste.

Apesar desta perfeita descrição do Brasil, da classe média e de suas angústias, O Som ao Redor peca por não ir além disto. Suas tramas não possuem desfecho... apenas nos são apresentadas. Mais ainda, diversas cenas desnecessárias são jogadas a esmo ao longo da projeção, tornando cansativo um filme que poderia ser mais curto.

Apresentando com maestria seus personagens e ambiente, mas pouco os desenvolvendo, O Som ao Redor acaba sendo um filme regular, que poderia ser mais dinâmico e ousado. Nota: 6,0.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Crítica - O Hobbit - A Desolação de Smaug (2013)

Título: O Hobbit - A Desolação de Smaug ("The Hobbit: The Desolation of Smaug", EUA / Nova Zelândia, 2013)
Diretor: Peter Jackson
Atores principais: Ian McKellen, Richard Armitage, Martin Freeman, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Benedict Cumberbatch
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=T304nbvLVBE
Nota: 6,0


Mais altos e baixos... e pouco Hobbit

Um ano após o primeiro filme da trilogia, Hobbit volta às telas sob nome “O Hobbit - A Desolação de Smaug”. Bilbo Baggins (Martin Freeman), Gandalf (Ian McKellen) e 13 anões se encontram no meio da viagem para a Montanha Solitária, onde encontrarão o desejado tesouro dos Anões e... o dragão Smaug.

Comparado com o filme anterior o novo Hobbit é mais dinâmico, porém com muito mais invencionices de Peter Jackson e seus roteiristas. Pasmem, mesmo com quase 3 horas de projeção o diretor mal encontrou espaço para contar o Hobbit original em seu segundo filme.

Não satisfeito em inventar muita coisa fora do livro, Peter Jackson exclui (!) ou altera muita coisa do original de J.R.R. Tolkien. Por exemplo, já no começo vemos que o personagem Beorn – que no livro é um personagem importante a quem se dedica um capítulo – tem apenas uma breve e irrelevante participação no filme.

Outra grande alteração da história original vem nos Orcs. Eles são praticamente um fetiche do diretor. Afinal eles estão presentes em quase todas as cenas, bem diferentemente do livro, onde tem uma participação menor. A presença desta maligna raça faz de Hobbit definitivamente um filme bem sombrio, tornando agora a trilogia Hobbit mais sombria que a trilogia do Senhor dos Anéis.

Mas nem toda mudança é um erro. Mesmo envolvida em um absurdo triângulo amoroso (que deve ter feito Tolkien rolar no túmulo), a personagem Tauriel (a bela elfa vivida pela bela Evangeline Lilly), criada específicamente para o filme, é fundamental para dar um balanço no tom "dark" do filme, pois é ela a coisa mais próxima a "luz" que temos.

Tecnicamente o filme é muito bom. As cenas são filmadas nos mais diversos ângulos e níveis de profundidade, tornando a narrativa visual dinâmica e deslumbrante. A parte visual – seja dos cenários, monstros, ou figurino – é extremamente bem feita, e só deixa de ser impecável nas cenas de maior exagero do diretor: por exemplo na cena onde os anões fogem de Elfos e Orcs (de novo!) através de barris em um rio, as cenas de ação são tão exageradas, tão inverossímeis, que fica evidente que o Legolas (Orlando Bloom) que lá vimos não é o ator real, e sim, um personagem de computação gráfica.

Este é um dos grandes problemas em Hobbit: os exageros. As cenas de ação (que são muitas) são todas heroicas e grandiosas demais. Todos – de elfos a anões – são como super-homens... com mira perfeita, destreza, força e agilidade muito acima dos humanos. Todos estes absurdos definitivamente não se encontram nos livros.

Quando não há o excesso, o filme flui bem. A cena onde Bilbo dialoga com Smaug (Benedict Cumberbatch) é muito bacana, e o ponto alto deste segundo Hobbit. O dragão, aliás, que me pareceu bem artificial no Trailler, no filme está bem crível e é um vilão que rouba a cena.

Aprendendo com o filme anterior Peter Jackson substituiu o “enrolar através de diálogos” por “enrolar através de ação”. E assim, uma evolução, desta vez as 3 horas de projeção não cansam e quando a história acaba (sim, e muito abruptamente - o filme não possui final), dá vontade de permanecer na sala para ver o filme “acabar”.

Em resumo, com altos e baixos, “O Hobbit - A Desolação de Smaug” é uma boa diversão, porém desnecessariamente sombria e que pouco lembra a obra original de J.R.R. Tolkien. Ironicamente, é um filme de cobiça (seja de Bilbo pelo anel, dos anões ou do dragão pelo tesouro) cuja própria existência se deve a cobiça dos executivos de Hollywood. Afinal, fica claro que Hobbit não precisava ser uma trilogia.

Considero o 2º filme de Hobbit mais agradável de assistir que o anterior. Porém, como seu roteiro é bem inferior (não há desenvolvimento dos personagens, nem há uma tentativa de colocar um desfecho/final ao filme) sua nota cai, ficando mais baixa: Nota: 6,0

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Crítica - Jogos Vorazes: Em Chamas (2013)

Título: Jogos Vorazes: Em Chamas ("The Hunger Games: Catching Fire", EUA, 2013)
Diretor: Francis Lawrence
Atores principais: Jennifer Lawrence, Woody Harrelson, Josh Hutcherson, Donald Sutherland, Liam Hemsworth, Philip Seymour Hoffman
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=cKyrXQSsSl4
Nota: 6,0


Mais do mesmo (com menos ação)

Há pouco mais de um ano escrevi em meu blog a crítica sobre Jogos Vorazes. Um filme com altos e baixos, e que cujos tema principal é a crítica aos reality shows e aos governos autoritários.

Em sua continuação, Jogos Vorazes: Em Chamas supreende negativamente em ser absurdamente similar ao filme anterior. Basicamente a única mudança é dar mais enfoque à política do que as lutas na arena. De resto, mais do mesmo.

Na história temos a continuação direta dos eventos do livro anterior. Agora, os jovens vencedores dos últimos Jogos Vorazes: Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson) são obrigados a fazer um Tour pelas 12 colônias, homenageando os outros escolhidos mortos em batalha.

Durante o Tour percebemos que o casal se tornou um símbolo de resistência ao governo (mais uma prova de que a premissa da franquia é fraca, os Jogos não pacificam ninguém), e portanto, o presidente das colônias – o cruel Snow (Donald Sutherland) – se movimenta pessoalmente nos bastidores (através de ameaças) para transformar Katniss e Peeta em falsos heróis, vendidos ao governo.

Claro que não dá certo, e então é anunciado que os próximos Jogos Vorazes – por serem o 75º (múltiplo de 25) – serão compostos apenas por ex-vencedores... ou seja, lá vão Katniss e Peeta para a mata novamente. Ao contrário do primeiro filme, onde o espaço do filme ocupado pela arena é maior aqui os bastidores ganham mais espaço e tempos pouco “Jogos Vorazes”.

Os erros de roteiro permanecem. Vamos a alguns deles: se o fato dos jogos múltiplos de 25 são tradicionalmente jogos dos ex-campeões, por que eles ficaram tão revoltados e surpresos com o comunicado? Aliás, com todos os participantes protestando contra os jogos, não querendo lutar, por que então ao serem jogados na arena eles voltam a se matar ao invés de simplesmente manter a postura de protesto?

Outro ponto que me incomodou bastante... a primeira coisa que o mentor do casal, Haymitch (Woody Harrelson) fala para os dois ao iniciar os treinamentos é para eles “é que a coisa mais importante é usar este tempo para encontrar aliados” (o que sabemos ser muito bom conselho após ver o primeiro filme). Mas... Por que ele não deu este conselho no primeiro filme? Não faz sentido nenhum!

Tecnicamente o filme é bom e não compromete. Em termos de atuações idem. Mas não gostei da atuação de Jennifer Lawrence. Ela convence como atriz de ação mas não convence como atriz romântica. Pela sua expressão (sempre a mesma, assustada), não sabemos se ela está apaixonada por Peeta, por  Gale (Liam Hemsworth), por nenhum deles, ou por ambos.

Jogos Vorazes: Em Chamas é tão parecido com seu antecessor que se você gostou do primeiro, gostará deste também. Se não gostou tanto do primeiro, não gostará tanto aqui. Não é surpresa que eu também repetirei aqui a nota do filme anterior.

Não sei o que mais me assusta, ver um roteiro / enredo com qualidade duvidosa vender tantos livros e ingressos pra cinema, ou se é o fato deles serem tão elogiados pela crítica. Nota: 6,0.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Planetary de volta ao Brasil!


Planetary está sendo mais uma vez publicado no Brasil. E do seu começo! Ótima oportunidade para quem ainda não conhece aquele que considero um dos grandes títulos de quadrinhos dos últimos 15 anos. Foram 27 edições, a última delas publicada nos EUA em 2009; e que aqui será publicada mais uma vez pela Panini em quatro encadernados.

Para apresentar melhor Planetary para vocês, eis o texto sobre ele, retirado do site de quem vende, a Panini Brasil:

Planetary é uma criação do aclamado roteirista Warren Ellis. A série conta uma história atemporal que vira as convenções do gênero moderno de super-heróis de cabeça para baixo. Elijah Snow – um homem de cem anos de idade –, Jakita Wagner – uma mulher extremamente poderosa, e O Baterista – um homem com a habilidade de se comunicar com máquinas. Juntos, eles formam o núcleo do grupo que busca evidências de atividades super-humanas; são arqueólogos dedicados a descobrir segredos e histórias paranormais, como a de um computador da 2ª Guerra capaz de acessar outros universos, um espírito fantasmagórico da vingança, uma ilha repleta de carcaças de monstros radioativos e muito mais!”

Planetary é uma verdadeira homenagem à História dos quadrinhos e a ficção científica em geral. Sua mitologia tem como base os heróis Pulp (aqueles dos quadrinhos até a década de 40), porém, em seu todo, o número de re-invenções e re-interpretações de personagens clássicos de todas as épocas é vasta e inspiradíssima. Nas primeiras edições somos apresentados a uma visão mais "real e científica" do Hulk, monstros gigantes que atacam o Japão, Shazam e Doc Savage. E é só o começo!

A estrutura de Planetary me lembra Arquivo X... assim como Mulder e Scully eram “Investigadores do Paranormal”, a organização Planetary é composta de  "Arqueólogos do Impossível".

Em Arquivo X tínhamos 2 tipos de episódios... um de investigação da “coisa bizarra da semana”, história fechada; e outro da mitologia da série, uma conspiração/invasão alienígena.

Já em Planetary também temos fascículos fechados de “investigação da coisa bizarra da semana” – sendo este “bizarro” algo da mitologia dos quadrinhos (fantasmas, monstros, super-heróis) ou algo de ficção científica (universos paralelos, viagens no tempo, etc) e também temos os fascículos de mitologia da série... que basicamente são as que envolvem uma organização rival da Planetary (porém muito mais poderosa e maligna), chamada de “Os Quatro” (e que pasmem, são uma cópia do Quarteto Fantástico).

O texto, como já dito acima, é do excelente Warren Ellis. Já os desenhos também são um espetáculo a parte. Com cores, realismo e efeito de três dimensões acima da média do que vemos nos quadrinhos, as imagens produzidas por John Cassaday são fantásticas. Para quem ainda não sabe de quem estou falando, um dos trabalhos mais famosos (e até recentes) de Cassaday são as 25 primeiras edições do também ótimo Surpreendentes X-Men (Astonishing X-Men).

Fica aqui a dica. Se você conhece (e gosta) da história do universo dos quadrinhos e ao mesmo tempo você conhece (e gosta) de ficção científica esta série vai certamente te agradar. É este mix de dois assuntos tão distintos do mundo pop em um mesmo título que faz de Planetary uma obra única e especial!

Na edição 13, um encontro com... Sherlock Holmes e Drácula!
E na edição 16, uma luta pra lá de cinematográfica!


sábado, 23 de novembro de 2013

Crítica – Blue Jasmine (2013)

Título: Blue Jasmine ("Blue Jasmine", EUA, 2013)
Diretor: Woody Allen
Atores principais: Cate Blanchett, Alec Baldwin, Sally Hawkins
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=tQD2N1xE4m4
Nota: 7,0


Versatilidade de Cate Blanchett é o destaque deste novo Woody Allen

Mantendo sua tradição de entregar um novo filme por ano, o Woody Allen de 2013 é um drama, mudando bem o tom de seus últimos filmes (românticos), Para Roma, com Amor e Meia-Noite em Paris.

Na história, Jasmine (Cate Blanchett) era uma mulher que nunca trabalhou pois bem cedo casou com um marido muito rico, Hal (Alec Baldwin). Porém Hal era um enorme trambiqueiro, e após ser preso – e perder tudo – uma pós-colapso mental Jasmine foi obrigada a se mudar para a casa de sua “irmã pobre” São Ginger (Sally Hawkins) em São Francisco.

Então temos um filme alternando entre duas linhas temporais: vemos a ascensão e queda de Jasmine, e em paralelo vemos como ela se adapta a nova vida de pobreza. Para piorar as coisas, a “esnobe” Jasmine nunca gostou de sua irmã, não apenas pela pobreza material, mas também no que ela diria uma “pobreza de espírito”, ou seja, nos gostos de Ginger por homens, pela maneira de se vestir, etc. E é este conflito das irmãs o ponto principal da trama.

Para quem acompanha Cate Blanchett, é impressionante sua capacidade de representar papéis distintos. E é com grande maestria que esta “camaleão” australiana rouba a cena em Blue Jasmine. Sua atuação é forte, convincente – como rica esnobe e mulher a beira de um ataque de nervos – e o ponto alto do filme.

Blue Jasmine possui uma trama sem altos e baixos, e mais ainda, também é um filme uniformemente duro. Não há dramalhão, mas também não há alívio cômico. A história foca em mostrar a dura realidade das vidas distintas de Jasmine. Apesar do tom único, o filme se mantém interessante o tempo todo, com direito a pelo menos duas boas reviravoltas.

Escorregando por alguns esteriótipos de “pobre bom” e “rico ruim”, ao mesmo tempo o filme se redime disto ao deixar para o expectador a reflexão sobre qual das irmãs (a pobre ou a rica) é a mais feliz (ou mais infeliz).

Blue Jasmine não é um dos melhores trabalhos de Woody Allen, porém mesmo assim ele agrada, ressaltando mais uma vez a competência do diretor Nova Iorquino. Nota: 7,0

domingo, 10 de novembro de 2013

Crítica – Thor: O Mundo Sombrio (2013)

Título: Thor: O Mundo Sombrio ("Thor: The Dark World", EUA, 2013)
Diretor: Alan Taylor
Atores principais: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=5sUfuOj7zOw
Nota: 6,0


Filme aprende com os erros do anterior, porém erra em novas maneiras

Thor fez sua estréia solo nos cinemas em 2011 com um filme apenas razoável. Trazendo uma bela e empolgante Asgard, o filme perdeu tempo mostrando muitas cenas na Terra (chatas e mal feitas por sinal) em detrimento de mais espaço para a mitologia nórdica. No primeiro Thor também faltou ação e sobraram cenas piegas.

A boa notícia é que sua continuação - Thor: O Mundo Sombrio -  corrige estes erros. Agora o filme passa a grande maioria do seu tempo em Asgard e outros mundos fantasiosos. Temos belos cenários feitos por computação gráfica. A ação está bastante presente, deixando o filme mais agitado e menos monótono. Entretanto ao acrescentar ação o filme perdeu bastante em roteiro.

Com um roteiro bem inferior ao filme anterior, a história em Thor: O Mundo Sombrio acaba sendo um simplório “monstros vs heróis”, sem nenhuma cena digna de atenção, nenhum desenvolvimento de personagem. Pior, mesmo esta batalha do bem contra o mal soa bastante inverossímil. Afinal, os vilões são muito mais fortes que os mocinhos, e mesmo assim advinha quem ganha no final? A própria ameaça em si não convence. São dados argumentos mitológicos, argumentos científicos, e mesmo as duas visões falham em explicar o que acontece nas telas. Resumindo: mocinhos enfrentam bandidos mas o motivo não importa – por mais que o filme tente explicá-lo.

Thor 2 continua a patinar na apresentação dos personagens terráqueos. Se consertou o problema anterior de uma relação piegas entre entre Thor (Chris Hemsworth) e Jane Foster (Natalie Portman), agora erradamente é dado mais espaço para Darcy (Kat Dennings) fazer suas palhaçadas. Outra ponto desagradável é transformar o cientista Erik Selvig (Stellan Skarsgård) – relevante tanto no primeiro Thor quanto no primeiro Vingadores – em um maluco que anda pelado pelas ruas.

Para finalizar, Loki (Tom Hiddleston): bastante carismático, é o personagem que mais chama atenção no filme, mais até que o próprio Thor. E se é uma das melhores coisas em tela curiosamente sua participação é desnecessária. Loki não precisava estar lá. Parece que sua presença se deve mais a justificar um futuro filme solo do vilão do que qualquer coisa (fato este reforçado pelo cena final do filme – horrível por sinal).

Fraco roteiro compensado por belas imagens e boas cenas de ação. Este é Thor 2. Acaba sendo do mesmo nível apenas razoável de seu predecessor, mas por motivos diferentes. Nota 6,0.

PS: a conversão dos filmes em 3D costuma deixar as imagens mais escura. Em Thor: O Mundo Sombrio este problema é bem forte. O filme ficou muito escuro, a ponto de incomodar o espectador. Se for assistir Thor, FUJA do 3D.

Crítica - O Cavaleiro Solitário (2013)

Título: O Cavaleiro Solitário ("The Lone Ranger", EUA, 2013)
Diretor: Gore Verbinski
Atores principais: Johnny Depp, Armie Hammer, William Fichtner, Tom Wilkinson, Ruth Wilson
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=MvnS72uLNNk
Nota: 5,0

(Quase) nada de novo em um fraco faroeste

O Cavaleiro Solitário, novo filme da dupla consagrada de piratas do Caribe - o diretor Gore Verbinski e o astro Johnny Depp - já tinha sua qualidade questionada em plena produção. Com diversos problemas no roteiro - que foi reescrito várias vezes - o filme virou fracasso antes mesmo de estrear, com a Disney basicamente desistindo de promover seu novo lançamento.

Desta vez o prenúncio de tragédia se concretizou. O Cavaleiro Solitário é um filme longo e com pouca graça. Curiosamente o roteiro não é ruim nem possui muitos erros. Porém, é extremamente clichê e repetitivo. O único respiro de originalidade aqui vêm de Depp, interpretando o personagem índio Tonto. Johnny consegue fazer mais um personagem engraçado que ao mesmo tempo não é tão igual ao seu persoagem Jack Sparrow.

A trama mostra as origens do Cavaleiro Solitário (Armie Hammer), antes um advogado de nome John Reid, que mais uma vez tem que salvar a mocinha e o mundo de bandidos muito malvados. Antes de virar herói,  ele se recusa a usar armas de fogo, além de ser quase um trapalhão. Estas características fazem que seu personagem perca carisma, abrindo ainda mais espaço para Depp e seu índio Tonto tentarem salvar o filme com suas maluquices.

E em termos de ritmo, o filme que até economiza em ação por um bom tempo, concentrando toda a correria para o final em cenas longas e confusas (qualquer semelhança com o final de Piratas do Caribe 3 não é mera coincidência)... e tudo sob o clichê som frenético da parte final da William Tell Overture, de Rossini (música bastante associada a corridas de cavalo).

Gosto bastante da dupla Verbinski e Depp, mas desta vez seus esforços foram suficiente apenas para entregar um filme "comum", cujo único interesse é ver Depp em mais um personagem ortodoxo. Nota: 5,0

PS: Desta vez parabenizo os distribuidores brasileiros pela escolha do nome do fime como "O Cavaleiro Solitário". Tinha muito medo do filme ser chamado "Zorro". Explico:

Lone Ranger é um antigo personagem estadunidense, nascido nas rádios na década de 30, e que posteriormente virou filmes e um seriado de TV da década de 50. Se tratava da história de um Texas Ranger mascarado, cujos aliados são seu cavalo Silver e o índio Tonto. Apesar dele não ter nada a ver com Zorro a não ser a máscara (ele sequer usa espadas), este seriado de TV foi erradamente traduzido e popularizado no Brasil como Zorro. Temia que o erro fosse repetido. Não foi.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Crítica - Os Suspeitos (2013)

Título: Os Suspeitos ("Prisoners", EUA, 2013)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Paul Dano, Terrence Howard
Trailer:  http://www.youtube.com/watch?v=1GwPisQUuL4
Nota: 7,0


Filme de serial killer com nova roupagem

Bem avaliado pela crítica, Os Suspeitos é uma nova visão do desconhecido diretor canadense Denis Villeneuve para os filmes de serial killer. Na trama, as filhas de Keller (Hugh Jackman) e Franklin (Terrence Howard) saem para brincar na rua e desaparecem. Segundo o relato do filho de Keller, elas brincavam perto de um Trailer que estava estranhamente estacionado na região.

Ao comunicar o desaparecimento para a polícia, o Trailer é rapidamente encontrado; e seu condutor, o jovem Alex (Paul Dano) é preso. Sem nenhuma evidência do rapto, 48h depois Alex é liberado (também por ser deficiente mental). É quando o filme se divide então em duas frentes: a do policial Loki (Jake Gyllenhaal) em busca de novos suspeitos, e a de Keller, que convencido da culpa de Alex, o sequestra e o tortura até que o mesmo confesse.

Eis aí a grande novidade de Os Suspeitos: um filme sob ponto de vista do pai da vítima. O fato do religioso Keller torturar o potencial assassino sem ter certeza de sua culpa levanta interessantes questões morais e algumas religiosas. Hugh Jackman está muito bem em cena, e sofremos junto com ele sua raiva e suas angústias.

Enquanto isto, o policial Loki encontra mais dois suspeitos. Quem dos três é o verdadeiro culpado? A trama é boa o suficiente para entreter o expectador em busca desta resposta por todo o filme. Aliás, o tão elogiado roteiro é de fato bem amarrado, porém, não deixa de trazer algumas coincidências inverossímeis, principalmente em seu desfecho.

Existem várias maneiras de trazer drama e tensão para uma cena. Uma delas é "mostrar pouco, deixar tudo oculto". Não é esta a fórmula usada em Os Suspeitos; aliás, temos duas pessoas (o pai e o policial) coletando novas evidências em paralelo, deixando o espectador por dentro de tudo. O recurso dramático utilizado aqui é a lentidão. O filme tem um ritmo lento, com diálogos que poderiam descartados, e várias investigações com câmera em primeira pessoa que vamos acompanhando literalmente passo a passo o que está sendo explorado. Esta lentidão entretanto, não se mostra um recurso adequado. Com 2 horas e meia de filme, Os Suspeitos cansa em alguns momentos, e ironicamente acelera bastante no final, como se tivesse faltado dinheiro para terminar o filme com o mesmo ritmo inicial.

O roteiro redondo e o drama do pai-sequestrador Keller são os pontos fortes deste filme, que não merece grandes elogios principalmente devido ao seu ritmo, mas que não deixa de ser um bom filme sob nova roupagem. Nota: 7,0.


Extra: sobre aqueles que traduzem o nome dos filmes para o Brasil

Mais uma vez reclamo - e muito - da tradução dada ao nome do filme Prisioners (no original). Admito que Os Suspeitos não é ruim. Porém, Prisioneiros seria mais adequado justamente por dar destaque na novidade do filme: a vítima prender o potencial serial killer.

Mas o grande problema é que já existe um filme, razoavelmente recente (1995), traduzido também para Os Suspeitos (The Usual Suspects, no original). Um filme excelente aliás, com o Kevin Spacey. Está feita a lamentável confusão.

Curiosamente, o site Omelete fez recentemente uma matéria sobre como os nomes são traduzidos no Brasil. Assistam no link ao lado: http://www.youtube.com/watch?v=Qvx2WlWZRCo

Embora o Omelete seja bem complacente com o mostrado, eu não sou. Afinal, fica bem claro que o principal objetivo dos distribuidores não é traduzir de maneira adequada, e sim, vender mais baseados "em nomes que fizeram sucesso no passado". E assim caminha a mediocridade...

sábado, 12 de outubro de 2013

Crítica - Gravidade (2013)

Título: Gravidade ("Gravity", EUA e Reino Unido, 2013)
Diretor: Alfonso Cuarón
Atores principais: Sandra Bullock, George Clooney
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=kC3rHl_US4Q
Nota: 9,0


Um filme excepcional, que te lembra do porque precisamos ir aos cinemas

Bastou eu assistir um filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón – Filhos da Esperança, de 2006 – para que eu me tornasse grande fã de seu trabalho. Afinal, cenas tão incríveis e tão longas de ação feitas em tomada única (sem cortes) eu nunca havia visto igual.

Seu filme seguinte, Gravidade, é ainda melhor. Na trama, os astronautas Ryan Stone (Sandra Bullock) e Matt Kowalski (George Clooney) estão fora de seu ônibus espacial, acoplados no telescópio Hubble onde estão instalando nele uma nova atualização. Eis que então eles são golpeados por destroços de outros satélites, que destroem o ônibus e os deixam à deriva no espaço. Agora, eles precisam arrumar um jeito para voltar para casa.

E não é que toda a cena descrita acima é feita sem cortes? São quase 20 minutos ininterruptos, desde que o filme começa, a nave explode e os astronautas estão girando como doidos no espaço como consequência da explosão. Tudo isto feito com um grau inédito de realismo, efeitos especiais e beleza de imagens. É simplesmente fantástico, de cair o queixo. Depois desta cena, caberia a nós reles mortais levantarmos, aplaudirmos, e ir embora muito satisfeitos para casa. Mas felizmente ainda há muito mais filme por vir.

E o que vem a seguir, ouso comparar dizendo ser parecido com o que vimos em Apolo 13 – filme de 1995 do diretor Ron Howard. Porém com uma diferença fundamental: os astronautas estão fora da nave (sem contar que visualmente Gravidade está mil anos luz na frente).

O filme é feito sob o ponto de vista da personagem da Sandra Bullock, uma astronauta em primeira missão de voo. Se alguém ainda não respeitava o trabalho da atriz, agora é o momento. Além dela convencer atuando no correto limiar entre estar assustada/inexperiente com ser uma astronauta capaz e bem treinada, o esforço dela para este filme é louvável: foram horas e horas de filmagens com Bullock pendurada por cordas dentro de um quarto escuro, não vendo absolutamente nada.

Já Clooney – que tem pequena participação e mesmo assim é o único outro ator do filme sem ser a Bullock – está bem como sempre e nos permite os poucos momentos de humor da trama.

Sim, há pouco humor pois o sentimento constante da história é a tensão, o desespero da solidão, ou de morrer a qualquer momento. Gravidade é disparado a experiência mais próxima que se pode ter de como é “caminhar no espaço” sem estar de verdade lá em cima. É este o mérito máximo do filme: a imersão total do telespectador dentro da tela, é como se nós mesmos fôssemos a personagem Ryan Stone e estivéssemos em sua pele vendo o mesmo que ela vê!

Gravidade é um filme bem diferente devido seu alto grau de realismo. Com pouca trilha sonora (no espaço não há som, e isto é simulado), e sem gravidade. Isto é mostrado de maneira forte e impressionante: nunca há um chão. Tudo sempre gira, e nunca sabemos onde é o “cima” e onde é o “embaixo”. Estes conceitos não existem. E isto é mostrado brilhantemente aqui. São tantos giros e falta de referência espacial que entendo ser possível o incômodo de alguns assistindo. Acontece. Mas mesmo para estes imagino que o filme valha a pena.

Gravidade é muito muito bom. Só não leva 10 porque a sua história – repleta de metáforas de nascimento e crescimento – é demasiado simples e um pouco exagerada nos seus acontecimentos. Faltou ao enredo a perfeição dos efeitos visuais. Mas nada que comprometa, claro.

Para finalizar, um alerta: Gravidade é um filme que PRECISA ser visto nos cinemas. Assisti-lo em casa, mesmo que você tenha uma TV de 75 polegadas, não faz sentido pois você perde toda a experiência (3D inclusive) que o filme propõe. Na sua casa, o filme levaria uma nota 7 ou 8 no máximo.

Corra para os cinemas! A obra genial de Alfonso Cuarón precisa ser conhecida. Nota: 9,0.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Crítica – Amor Pleno (2012)

Título: Amor Pleno ("To the Wonder", EUA, 2012)
Diretor: Terrence Malick
Atores principais: Ben Affleck, Olga Kurylenko, Javier Bardem, Rachel McAdams
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=a2BS4yo0FBQ
Nota: 4,5

Malick questiona o amor em um filme bem cansativo

Terrence Malick, recluso diretor estadunidense, decididamente leva a sério a questão de fazer “filmes autorais”. Afinal, seus filmes possuem características únicas, mais uma vez repetidas a exaustão em sua nova obra, Amor Pleno.

São elas: fotografia soberba, cenas curtas, muitos cortes, belas sinfonias ao fundo, a câmera sempre em movimento e muito próxima dos atores, seja acompanhando seus passos, ou ainda, girando ao redor dos mesmos. Mais ainda: na maioria do tempo a câmera pega o rosto dos personagens, para mostrar melhor suas emoções, e a narrativa, pouca, é “interior”, onde ouvimos seus pensamentos.

Amor Pleno foca principalmente em dois personagens: Marina (Olga Kurylenko), uma divorciada que mora na França e já possui uma filha de 10 anos, que se apaixona por Neil (Ben Affleck), um estadunidense que a conhece em sua visita à Europa. Marina demonstra um amor quase incondicional por Neil, e ao mesmo tempo vê nele sua chance de sair de Paris. Já Neil é uma pessoa fria, de poucas palavras, e que embora goste de Marina, não a ama tanto quando ela gostaria.

Rachel McAdams e Javier Bardem fazem papéis bem menores, sendo a primeira uma companheira de infância de Neil que agora também tenta casar com ele; e o segundo, um padre, cujo amor exibido no filme é um pouco diferente, ou seja, seu amor (não correspondido) por Deus.

O grande mérito de Terrence Malick é conseguir passar com maestria todo o cenário descrito acima para o espectador sem com isto usar recursos de narração ou diálogos. Sim, narração e diálogos existem, mas são pouquíssimos. É mesmo através da montagem e dos ângulos de filmagem que conseguimos perceber os sentimentos e a história que acontece.

Mas um filme bem executado tecnicamente não significa que ele é bom. E em Amor Pleno temos tantos cortes de cena, tanta montagem, que a experiência de assistir o filme é extremamente cansativa. Assista o trailer e vocês terão uma idéia precisa de quão frequentes e fortes os cortes são. O que se vê lá é a toada para o filme todo.

Mais ainda, o enredo é repetitivo demais. Malick é tão eficiente ao demonstrar sua história e sentimentos através de colagem de imagens que com menos de metade do filme já entendemos o que acontece... não há a necessidade de ir e voltar em pontos similares da trama, o que acontece e incha a projeção para quase 2 horas de filme. 

Outro pecado de  Amor Pleno é sub aproveitar o personagem de Javier Bardem. O fato dele, como padre, amar Deus e não ser correspondido (sua igreja está abandonada, o mundo cada vez pior, e ele, padre, jamais teve uma experiência espiritual com Deus mesmo tentando muito), e ao mesmo tempo pregar aos fiéis que Jesus nos disse para amar sempre, mesmo que seja por obrigação, é algo que renderia debates interessantíssimos. Infelizmente, como já disse, Bardem aparece pouco no filme.

O recluso Terrence Malick, que costuma demorar pelo menos 5 anos para fazer seu filme seguinte, desta vez não seguiu a regra e fez Amor Pleno um ano depois de fazer a Árvore da Vida. Pelo que vi, talvez estes 5 anos sejam mesmo o que Malick precise sempre para fazer grandes filmes. Nota: 4,5.

PS: Ben Affleck está PÉSSIMO em cena. Que medo dele ser o futuro Batman.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Outubro de 2013, um mês nobre para os quadrinhos

Saudações, pessoal. Fazendo uma pausa no assunto cinema, e justificando o lado "vírgula" do meu blog, vamos a algumas notícias de quadrinhos.

Este Outubro certamente entrará para história, afinal, marcará o retorno de dois grandes nomes dos quadrinhos: Asterix e Sandman.

Sandman

Mais precisamente no dia 30 de Outubro, Neil Gaiman voltará a sua criação máxima Sandman, pelo selo Vertigo da DC Comics. É um surpreendente retorno do escritor inglês, já que ele sempre evitou voltar para seu personagem principal com medo de desgastá-lo.


O título? The Sandman: Overture, que será uma minissérie bimensal de 6 edições, que terá capas desenhadas novamente por Dave McKean, e como desenhista J.H. Williams III, estreante na série.

A história será na verdade um prequel, afinal irá trazer contos de Sandman anteriores a ele ser capturado por engano por humanos, fato que dá inicio ao título, conforme se vê em Sandman #1, de 1988. Aliás, é justamente por estarmos comemorando neste ano o 25º aniversário da série que autor e editora usaram como "desculpa" o retorno do personagem.

Lembrando que a série original de Sandman teve seu último número publicado em 1996, e que após isto, Neil Gaiman retornou ao seu personagem como protagonista apenas uma vez, em 2003, com a graphic novel Sandman - Noites Sem Fim.


Asterix retorna... 

Se em Sandman temos o retorno do seu criador, o novo Asterix "se livra" de seus criadores.


O próximo álbum de Asterix se chamará "Asterix entre os Pictos" (Astérix chez les Pictes, no original) e será o primeiro material novo do Gaulês desde 2009. A trama se passará na Escócia, sendo "Pictos" o nome de um dos povos que habitavam a região.

Mas a grande novidade é que este será o primeiro álbum de Asterix sem roteiro e desenhos dos criadores René Goscinny (1926-1977) e Albert Uderzo. Com a "aposentadoria" de Uderzo, a missão passa para os também frances Jean-Yves Ferri (nos roteiros) e Didier Conrad (desenhos).

A trama? Nas palavras do autor: "Política é o pano de fundo. Mas a história - a história principal - é uma história de amor entre um Picto e uma mulher. E Asterix e Obelix vão a Escócia para ajudá-lo“.

Limitado pela idade, Uderzo não tinha mais ânimo nem saúde para produzir novas aventuras de seu personagem (no séc. XXI foram apenas 2 edições "tradicionais" se desconsidermos as coletâneas de histórias curtas: "Asterix e Latraviata (2001) e Astérix e o dia em que o Céu caiu (2005) ). E exatamente por isto em Dezembro de 2008 ele tomou a decisão de vender seus direitos para a editora Hachette, permitindo-a produzir novas aventuras com novos escritores/desenhistas.

Passando o bastão: Uderzo (esq) e Jean-Yves Ferri
Só agora, com "Asterix entre os Pictos", temos os frutos desta nova e histórica fase. O novo álbum tem lançamento europeu previsto para 24 de outubro e a editora Record já confirmou o lançamento no Brasil neste mês.

... e retorna remasterizado!

O "selo" remasterização
Outra novidade é que enfim o material remasterizado chega ao Brasil. Disponível na França à muitos anos sob titulo de "La Grande Collection" , os álbuns de Asterix foram reeditados para ficar a pedido de Uderzo sob "formato definitivo". Principalmente nas edições as diferenças são bem perceptíveis.

Algumas capas novas, retoques nos desenhos e recolorização completa. Para nós brasileiros, o texto foi revisado para padronizar traduções e o design dos álbuns.

Para identificar os álbuns "remasterizados", há uma pequena silhueta vermelha de Asterix, em vermelho na lateral dos livros, conforme se vê na foto ao lado.

Um exemplo da reimpressão, aqui no livro "Asterix e a Foice de Ouro"

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Crítica - Elysium (2013)

Título: Elysium ("Elysium", EUA, 2013)
Diretor: Neill Blomkamp
Atores principais: Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Wagner Moura
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=6LUwv0in5eo
Nota: 5,5

Pouca ficção científica, muita ação e muitos clichês

Estamos no ano 2154. Os humanos muito ricos vivem confortavelmente em uma enorme estação espacial chamada Elysium. Já a grande maioria das pessoas continuam no planeta superpopulado e em ruínas que é a Terra, que alias possui um visual muito parecido com o que vimos na excelente animação da Pixar, Wall-E.

Este é o cenário de Elysium, o novo filme do diretor sul-africano Neill Blomkamp de apenas 34 anos que fez sucesso recente com seu bom Distrito 9. Mesmo tendo Matt Damon e Jodie Foster como principais protagonistas, o filme é bem atrativo para nós brasileiros por dar também bastante destaque para os brasucas Alice Braga (Eu Sou a Lenda) e Wagner Moura (Tropa de Elite). Este último, em seu primeiro trabalho Hollywoodiano de expressão.

Todo este contexto acima dá a impressão de termos um filme de ficção científica, mas não é o que acontece. Mais do que qualquer outra coisa, Elysium é um filme de ação. O universo ficcional criado por Neill Blomkamp é pouco exibido. Com uma filmagem usando planos curtos, muitos closes e muitos cortes, pouco se consegue ver do cenário ao redor. Cenário aliás que quase sempre é um deserto e/ou uma favela... tornando Elysium uma espécie de Mad Max com algumas poucas naves e robôs.

Na trama, o ex-presidiário Max (Matt Damon) vive sua vida pobre e de reabilitação na Terra quando, ao sofrer um grave acidente, fica doente e com poucos dias de vida. A partir daí, com a ajuda do criminoso Spider (Wagner Moura), ele topa qualquer coisa para subir em Elysium e obter sua cura (na estação espacial a medicina é tão avançada que as pessoas não envelhecem, não ficam mais doentes).

E pelo "topa qualquer coisa" entenda-se cometer crimes de sequestro e viagens clandestinas. Tudo isto portanto, com muita ação. O filme não dá descanso e possui um ritmo frenético do começo ao fim. As cenas de ação vão do razoável ao bom, porém, infelizmente Elysium não evita uma enorme quantidade de clichês, como por exemplo a necessidade de "salvar uma mocinha" (Alice Braga) e um vilão absurdamente malvado que nunca morre (Sharlto Copley - que foi o ator principal em Distrito 9).

Tecnicamente o filme também não empolga. A fotografia não é boa, com algumas cenas tremidas e desfocadas (mas que seguem o propósito de tornar a "correria das ruas" mais real); já a trilha sonora é bacana e mais interessante, porém ela lembra muito os sons da ficção A Origem, de 2010. Originalidade não é mesmo o forte de Elysium.

Em termos de atuações, Matt Damon não convence como o "garoto problema" que deveria ser, mas fora ele os demais atores estão bem, no que se inclui os bons trabalhos de Alice Braga e Wagner Moura. Com mais cenas dramáticas a disposição, a meu ver Alice Braga está melhor que seu compatriota.

Apesar de todos os defeitos acima, Elysium não deixa de ser um filme de ação médio mas bom o suficiente para satisfazer os fãs do gênero. E ver o Brasil nas telas sempre é um atrativo a mais. Nota: 5,5.

PS: o personagem de Matt Damon se chama Max da Costa. Somado ao fato de que o idioma nativo do personagem é o espanhol, não tenham dúvida que para o estadunidense médio Max é um brasileiro. Afinal, a família "da Costa" é famosa no universo de ficção dos EUA: o alter-ego do super-herói brasileiro da Marvel Comics, o Mancha Solar, se chama "Roberto da Costa". Já o alter-ego da super-heroína Fogo, da DC Comics, é a brasileira  Beatriz Bonilla da Costa.

sábado, 21 de setembro de 2013

Crítica - Terapia de Risco (2013)

Título: Terapia de Risco ("Side Effects", EUA, 2013)
Diretor: Steven Soderbergh
Atores principais: Rooney Mara, Jude Law, Channing Tatum, Catherine Zeta-Jones
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=CSjLrm-qTUY
Nota: 7,0

Interessante filme que altera seu gênero ao longo da história

Terapia de Risco (Side Effects, no original) é o mais novo trabalho do diretor Steven Soderbergh e um curioso caso de filme que muda de gênero ao longo da história.

A projeção começa sob o ponto de vista da frágil Emily (Rooney Mara), que mesmo com a recém saída de seu marido Martin (Channing Tatum) da prisão após 4 anos, se encontra em um estado de grande depressão. Soderbergh nos transmite com maestria o estado psicológico de Emily, com imagens praticamente monocromáticas (tudo tem um fortes tom laranja), cenas curtas com cortes abruptos, plano curto e closes... tudo refletindo com sucesso o estado de tormento mental da protagonista.

Após uma tentativa fracassada de suicídio, o psiquiatra Dr. Banks (Jude Law) assume Emily como paciente, e como parte do tratamento, lhe indica o anti depressivo Ablixa. Então, pouco tempo depois, devido a um EFEITO COLATERAL da droga (entendeu minha marcação, ó imbecil que traduz o nome dos filmes?), acontece um grave acidente, que coloca Emily e Dr. Banks em uma situação difícil. Mais ainda, sob suspeita de acompanhamento médico indevido, Banks tem sua carreira colocada em risco.

O cenário descrito acima é interessantíssimo, abrindo discussões como: quais são os cuidados, e qual é o limite para se tratar pacientes com drogas; e mais ainda, de quem é a culpa pelo acidente? Do médico? Da paciente? De ambos? Ou de nenhum dos dois?

Após uns ótimos vinte minutos explorando as indagações acima, eis que acontece uma reviravolta e o filme se transforma. De um empolgante drama filosófico ele se torna um thriller policial. Se por um lado o roteiro ganha pontos por nos surpreender, perde muitos pontos por ignorar a partir de então todo o promissor debate ético e moral apresentado até este momento.

A transformação do filme também se reflete na sua apresentação. Agora temos na tela uma Nova York bastante colorida, cenas mais longas e com planos mais distantes. O ponto de vista que temos passa a ser o do Dr. Banks. Porém esta "segunda parte do filme" não é tão bem executada quanto a primeira. Além de infelizmente desprezar a parte mais interessante da primeira parte, a história se enfraquece, ficando um pouco cansativa devido ao excesso de explicações e, mais ainda, por concluir com um final consideravelmente inverossímil.

Terapia de Risco é um filme que começa de maneira muito empolgante e promissora, mas que se torna um caso raro de história que se enfraquece justamente por surpreender o espectador. Apesar de suas falhas, entretanto, não deixa de ser um filme bom e diferente que merece sua chance. Nota: 7,0.

PS: o medicamento Ablixa é fictício. Mas isto não impediu os internautas de criarem um site fake para ele. Confiram esta curiosidade: http://www.tryablixa.com/

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Crítica - Rush: No Limite da Emoção (2013)

Título: Rush: No Limite da Emoção ("Rush", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Ron Howard
Atores principais: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=ee35ZJ4KGVw
Nota: 8,5

Um dos melhores filmes de corrida já feitos. E um dos melhores filmes do ano.

Rush é uma grata surpresa nos cinemas. Não só pela sua alta qualidade, mas por ser um filme de Hollywood a contar uma história da Fórmula 1. Coisa rara.

Na verdade, a F1 acaba sendo apenas o pano de fundo para a verdadeira história, que é a história da rivalidade entre o piloto austríaco Niki Lauda e do piloto inglês James Hunt. O grande trunfo de Rush é que não importam as corridas, e sim os dois personagens Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) e a relação entre eles. Esta abordagem torna o filme bastante interessante tanto para os fãs de automobilismo quanto para os homens e mulheres que não se importam pelo esporte.

Conduzida com maestria pelo diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante), a história começa em 1970, ainda pela Fórmula 3 - aonde a rivalidade começou, e termina junto com o ano de 1976, ano em que Lauda sofreria seu grave acidente nas pistas.

O ator espanhol Brühl convence e impressiona como o ríspido Lauda e é uma das grandes atrações do filme. Já Hemsworth representa seu “papel de sempre” com a diferença que aqui, como Hunt, sua atuação cai como uma luva e é muito boa, contrastando com o que acontece quando ele representa Thor, que chega a ser constrangedor em alguns momentos.

Apesar de ter 2h de duração, Rush é desenvolvido em um ritmo tão rápido e tão enxuto que definitivamente não se vê o tempo passar. A bela fotografia (as cores são bastante carregadas, mas eu gostei do efeito produzido), e principalmente os efeitos sonoros, contribuem para que a experiência de assistir o filme seja alucinante, mesmo não mostrando quase nada de corrida no filme todo!

O pai da bela Bryce Dallas Howard acerta a mão ao não tornar os personagens sob seu comando reles opostos maniqueístas. Sim, Lauda é o antipático e rígido ultra profissional, mas ao mesmo tempo, sabe fazer rir e tem sentimentos. Sim, Hunt é o mulherengo louco que vive cada dia como se fosse o último, mas mesmo assim, também demostra medo e coração. E outro grande acerto é conseguir mostrar todo o drama dos personagens sem ser piegas.

Para completar o pacote, nos pequenos detalhes, há o bônus para o amante da F1. É um prazer ver espalhadas pelo filme, mesmo que em pequenos relances, curiosidades da F1 de 40 anos atrás, como por exemplo pistas com mais de 20 Km de extensão, uma mortalidade de 2 pilotos por temporada, ver uma Tyrrell com 6 rodas, ver a “loucura” de Fittipaldi deixar a McLaren para ir para se arriscar na Copersucar, e etc.

Finalizando, Rush é uma bela história de rivalidade, coragem, vida, morte, inimizade e amizade. E é difícil encontrar defeitos nele. Mesmo assim, como sou chato, Rush não leva uma nota ainda maior porque, fora alguns pequenos erros e exageros, acaba herdando um pouco da característica de Lauda e é pragmático demais... nos dando pouco tempo para reflexão, ou ainda, sem conceder tempo para nos surpreender – tudo o que acontece tem uma causa e efeito imediatos.

Infelizmente, Rush tem chamado pouca atenção nos cinemas brasileiros, o que é uma pena. Repito que é um dos melhores filmes de corrida de todos os tempos, e um dos melhores filmes do ano. Nota: 8,5.

PS: mais uma vez, deixo aqui minha “homenagem” aos imbecis que “traduzem” os nomes dos filmes. Desta vez nem houve tradução na verdade... de apenas “Rush”, no original, virou o piegas Rush: No Limite da Emoção. Com um nome de sessão da tarde como este, dificilmente eu assistiria este filme nos cinemas. Talvez isto justifique, em partes, porque o filme não está chamando tanta atenção.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...