terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Dupla Crítica Filmes Netflix - Ava (2020) e A Voz Suprema do Blues (2020)

Duas críticas. Dois filmes que estrearam em Dezembro na Netflix brasileira e que têm como protagonista uma atriz famosa e mega-talentosa. Ah, e de quebra um destes filmes é o último trabalho em vida do ator Chadwick Boseman, o eterno Pantera Negra, que faleceu em Agosto deste ano vítima de um câncer no cólon.

Soa promissor? Confira o que eu achei de cada um destes dois lançamentos:



Ava (2020)
Diretor: Tate Taylor
Atores principais: Jessica Chastain, John Malkovich, Common, Geena Davis, Colin Farrell, Joan Chen

Filme de ação sobre espionagem, Ava não deixa de ser um pequeno fenômeno. Afinal, reunir na tela vários atores famosos com um diretor que até já teve filme indicado ao Oscar, e sair essa porcaria, não é algo esperado.

Na história, Ava (Jessica Chastain) trabalha como matadora profissional para uma agência mundial de assassinos. Após alguns incidentes, ela passa a ser alvo de seus próprios empregadores. As cenas de ação até são boas, embora muitas vezes bem exageradas (Ava é mais letal que Rambo).

Porém não há muito mais o que elogiar no filme. Ele começa bem, mas depois de uns 15 minutos vira uma tragédia enfadonha. O roteiro é fraquíssimo, sem nenhum sentido, os personagens não convencem com suas motivações. Clichês do gênero estão aos montes, e tudo misturado em uma infeliz salada: abandono da mãe, vício em drogas, vício em apostas, amor mal correspondido, mestre e aprendiz, máfias... é de chorar. Soma-se à isso uma trilha sonora de música eletrônica que não tem nada a ver com o que é exibido na tela e acaba de vez com qualquer esperança das cenas causarem alguma emoção.

Gosto muito da Jessica Chastain, ela inclusive tem a única atuação que se salva em Ava, mas esse é facilmente o pior filme dela que já vi. Ava é um filme tão picareta que não tem a decência de encerrar completamente a história em seu final. Nota: 4,0.



A Voz Suprema do Blues (2020)
Diretor: George C. Wolfe
Atores principaisViola Davis, Chadwick Boseman, Colman Domingo, Glynn Turman, Michael Potts, Jeremy Shamos, Jonny Coyne, Taylour Paige

A Voz Suprema do Blues foca nos eventos da conturbada passagem da lendária "Mãe do Blues" Ma Rainey (Viola Davis) em Chicago, 1927, onde ela se reuniu com sua banda em um estúdio para gravar músicas para uma gravadora. O filme, co-produzido por Denzel Washington, teve sua produção anunciada vários anos atrás, junto com a do filme Um Limite Entre Nós (2016), sendo que ambos filmes são baseados em peças escritas para o teatro e foram vencedoras do Prêmio Pulitzer.

Fazendo jus ao fato de vir do teatro e falar sobre Blues, o filme tem muuuuitos diálogos e um bocado de música. Apesar do personagem de Viola estar até no título do filme (Ma Rainey’s Black Bottom, no original), o maior destaque é para o drama do personagem de Chadwick Boseman, o trompetista de nome Levee.

Boseman, que não me impressionou em Pantera Negra, faz aqui provavelmente sua maior atuação, realmente excelente. Visivelmente mais magro e abatido devido a doença que só foi revelada para o público no dia de sua morte, a aparência do falecido ator impressiona um pouco.

Até podemos dizer que o melhor de A Voz Suprema do Blues são as atuações de Viola Davis e Chadwick Boseman, e de fato o são (Boseman, inclusive, é forte candidato a levar o Oscar de Melhor Ator em 2021). Porém o filme tem outra grande qualidade, seu roteiro. Misturando fatos e pessoas reais com fictícias (o personagem de Chadwick é 100% fictício), a história retrata com precisão como os músicos negros eram explorados naquela época. E os "causos" contados pelos integrantes da banda ao longo da trama também acrescentam bastante, sendo fortes e marcantes.

A Voz Suprema do Blues é um bom filme, e outro que deveria ser visto por todos, em tempos onde inacreditavelmente (e muito infelizmente) o racismo ainda ocorre diariamente. E se Chadwick Boseman já tinha deixado sua marca na história como um símbolo da cultura negra, agora também acrescenta a ela uma memorável atuação. Nota: 7,0

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