domingo, 18 de abril de 2021

Crítica Amazon Prime - O Som do Silêncio (2020)


Título: O Som do Silêncio ("Sound of Metal", EUA, 2020)
Diretor: Darius Marder
Atores principais: Riz Ahmed, Olivia Cooke, Paul Raci, Lauren Ridloff, Mathieu Amalric, Chelsea Lee
Nota: 8,0

Drama e som (ou sua falta) entregam um filme memorável

Pela segunda vez nos últimos anos, um filme sobre um baterista é indicado pelo Oscar ao prêmio de Melhor Filme. Porém se em Whiplash - Em Busca da Perfeição (2014) o tema era o preço a se pagar pela excelência, em O Som do Silêncio temos a luta para abandonar o passado após uma tragédia.

Na história, Ruben (Riz Ahmed) e Lou (Olivia Cooke) são um casal de jovens músicos de Heavy Metal em início de carreira, e viajam pelos EUA a duras penas, sobrevivendo do pouco dinheiro de suas apresentações. O drama começa quando Ruben, baterista, começa a perder a audição de maneira muito rápida... em questão de meses ele já está surdo. E o que acontece quando um músico fica surdo? Pois é. É toda uma vida, década de estudos e práticas, jogada fora... isto sem falar das complicações sociais em geral.

Bastante temperamental, Ruben não aceita sua nova condição... mas a pedidos de Lou ele aceita ir para uma comunidade de deficientes auditivos para melhorar sua vida de alguma maneira. É aí que ele conhece Joe (Paul Raci, indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por esta sua atuação), o líder do grupo.

O Som do Silêncio não é o primeiro filme que mostra um personagem perdendo a audição, mas certamente é o que faz de maneira mais "inclusiva", e é este o seu diferencial. São várias as cenas em que estamos na pele de Ruben, "ouvindo" o que ele (não) ouve, e também vendo o que ele vê, em uma perspectiva de câmera que é praticamente a de uma primeira pessoa.

Riz Ahmed convence com sua atuação (ele foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por ela), não somente por "parecer" surdo (e há motivos para isto, leiam nos PS no final deste texto), mas também pelas suas expressões de raiva, teimosia ou desespero. 

Acompanhar os personagens de Riz Ahmed e Paul Raci nos dá uma verdadeira aula sobre o mundo dos deficientes auditivos, outro fator muito interessante que conta como atrativo no filme. E não apenas pelo som, mas tecnicamente contamos com uma fotografia muito boa, tornando O Som do Silêncio um filme que chamará atenção de dois dos seus sentidos.

O Som do Silêncio oferece um pacote "completo" para agradar o público e os votantes da Academia: bom tecnicamente, ótimas atuações, e uma história educadora e inspiradora. É um filme que passaria batido do grande público se não fosse suas indicações ao Oscar, e recomendo para que vocês aproveitem a oportunidade e o conheçam também. Nota: 8,0.



PS 1: para atuar no filme, Riz Ahmed fez questão de aprender várias habilidades para o seu papel. Aprendeu a tocar bateria e a linguagem de sinais. Durante algumas cenas, usou bloqueadores nos ouvidos para efetivamente não ouvir nada, e sempre que possível se comunicava com atores e equipe da produção através dos sinais.

PS 2: vários dos atores com deficiência auditiva no filme são surdos na vida real: Paul Raci não tem esta deficiência, mas com pais surdos, é ativista e bastante importante para a comunidade de surdos nos EUA; já Lauren Ridloff, que interpreta a professora Diane, por alguns anos foi Miss América Surdos (sim, esta competição existe por lá).

PS 3: mais uma vez a tradução do título do filme para o Brasil é péssima. O nome original, Sound of Metal, se refere ao gênero musical de Ruben, e faz todo sentido. Mas o pior da escolha do nome O Som do Silêncio é que já existe um filme de mesmo nome, e recente: um filme de 2019 cujo nome original é The Sound of Silence e estrelado por Peter Sarsgaard e Rashida Jones.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...