sábado, 24 de abril de 2021

Crítica - Meu Pai (2020)

Título: Meu Pai ("The Father", França / Reino Unido, 2020)
Diretor: Florian Zeller
Atores principais: Olivia Colman, Anthony Hopkins, Mark Gatiss, Olivia Williams, Imogen Poots, Rufus Sewell
Nota: 9,0

Com performance genial de Anthony Hopkins, produção faz o espectador experimentar a demência

Meu Pai é a adaptação para os cinemas da aclamada peça teatral de mesmo nome escrita pelo francês Florian Zeller, que também é diretor e co-roteirista deste filme. A produção recebeu 6 indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme.

Na história, Anthony (Anthony Hopkins) mora sozinho em seu apartamento, e recebe visitas diárias de sua filha Anne (Olivia Colman). Porém a mente de seu pai está se degradando rapidamente e Anne não quer ficar totalmente presa a ele. É então que ela tenta alternativas, como trazer uma cuidadora, ou talvez colocá-lo em uma casa de repouso: medidas interpretadas por Anthony como uma tentativa da filha de lhe roubar a posse do apartamento.

O trailer do filme vende esta dúvida: estaria Anthony correto de suas desconfianças? Felizmente depois de uma meia hora de projeção já temos esta resposta, e o filme segue com coerência até o final em relação a opção escolhida.

A verdade é que Meu Pai é um filme muito bom, excepcional. E como "prova" disto, afirmo que as seis indicações ao Oscar recebidas são merecidíssimas: Melhor Filme, Melhor Ator Principal, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte e Melhor Edição/Montagem. Tirando os prêmios de Melhor Atriz e Direção de Arte (e ambos são excelentes!), eu daria facilmente o prêmio máximo ao filme nas 4 outras categorias.

Se Meu Pai é brilhante em muitos quesitos, ainda assim a atuação de Anthony Hopkins esta acima de qualquer coisa. Ele, que é um dos melhores atores vivos, com seus atuais 83 anos entrega uma de suas melhores performances. Independentemente das intenções da filha, o pai sofre mesmo de demência, e Hopkins atua tão bem que seu comportamento errático parece assombrosamente real. Suas expressões faciais, movimentação corporal... tudo dá uma impressionante sensação de realismo em seus atos de confusão e esquecimento. Simplesmente fantástico.

E, claro, esta atuação magnifica só pôde atingir este altíssimo nível com o suporte do igualmente excelente roteiro: detalhes como a fixação de Anthony pelo seu relógio de pulso (que representa algo "estável" que ele pode controlar) são muito precisos em relação aos sintomas da demência real.

E tem algo ainda mais genial no roteiro, juntamente com montagem e direção de arte: mesmo mostrando o ponto de vista de Anthony, conseguimos nos sentir "na pele" de ambos os personagens, pai e filha. As confusões do pai são sentidas igualmente por nós, os confusos espectadores; e ao mesmo tempo, sofremos como Anne sofre ao ver o pai naquele estado.

Meu Pai é um filme que nos faz refletir - e principalmente sentir - sobre a velhice, a passagem do tempo, família, amor, e como a sociedade trata os idosos. E são assuntos que todos nós já enfrentamos, ou iremos inevitavelmente enfrentar. Se você quer entender "de verdade" os efeitos de envelhecer, ou ainda, assistir uma aula de atuação, Meu Pai é obrigatório. Nota: 9,0

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