terça-feira, 17 de março de 2015

Crítica - A Entrevista (2014)

TítuloA Entrevista ("The Interview", EUA, 2014)
Diretores: Evan Goldberg, Seth Rogen
Atores principais: James Franco, Seth Rogen, Lizzy Caplan, Randall Park
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1bCmE_DXW6M
Nota: 5,0

Fraco, mas consegue render algumas risadas

Finalmente assisti o filme mais polêmico de 2014, A Entrevista, que chegou até a gerar um conflito internacional entre EUA e Coréia do Norte. Conforme eu imaginava, muito estresse por pouca coisa: o filme - na melhor das hipóteses razoável - não faz nenhuma crítica ou ofensa muito fora do padrão de besteirol destas produções. Por outro lado, A Entrevista não é tão ruim como eu esperava, consegui rir em alguns momentos da trama.

Na história temos o apresentador Dave Skylark (James Franco) e seu produtor Aaron Rapaport (Seth Rogen), que são responsáveis por um programa de entrevistas de celebridades. Surpreendentemente, são convidados pelo líder Kim Jong-un (Randall Park) para entrevistá-lo em seu país. O motivo? O norte-coreano é grande fã do programa de Skylark. Sabendo disso, a CIA usa a dupla Dave e Aaron para aproveitar esta "oportunidade única" e assassinar Kim Jong-un.

A Entrevista segue bastante o padrão das comédias de Seth Rogen: muitas piadas de conotação sexual, drogas, um pouco de machismo, uma pitada de escatologia, e... bastante bromance. Rogen até me pareceu promissor quando estourou de vez em 2007 com Ligeiramente Grávidos e Superbad: É Hoje. Mas de lá pra cá, ele arriscou pouco, fazendo um humor sempre muito parecido. O resultado são filmes legaizinhos, mas que não impressionam.

E toda esta escrita se repete em A Entrevista. Aliás, as piadas que realmente funcionam no filme não são as suas costumeiras piadinhas sobre sexo, mas sim, as trapalhadas e burrices dos personagens Aaron e Dave, principalmente este último.

Vale a pena ressaltar que embora eu tenha rido de algumas das trapalhadas do personagem de James Franco, é bastante claro para mim que o engraçado vem dos diálogos e das situações que Dave participa, e não da atuação de Franco. Pelo contrário, a atuação dele pesa contra o filme. Absurdamente caricato, o maior problema em sua interpretação são suas tentativas de fazer caretas. Não sei se ele quer ser o novo Jim Carrey. Se quis, não conseguiu... e falhou miseravelmente.

Um parentese: admito que não gosto de James Franco. Aliás, entendo não ser a toa que ele foi o pior apresentador do Oscar de todos os tempos. Porém 2015 será o ano em que ele tem sua grande chance para calar a minha boca. Afinal, o ator estadunidense estará nos cinemas neste ano em pelo menos 3 filmes sérios sob a batuta de diretores consagrados: Queen of the Desert, de Werner Herzog, Everything Will Be Fine, de Win Wenders e I Am Michael, de Justin Kelly.

Outras boas piadas vêm das bizarrices das celebridades. Estas boas cenas acontecem no começo do filme e geram até algumas boas críticas, mas que infelizmente não se desenvolvem além dos primeiros minutos da projeção... gradativamente, o alvo das piadas vão passando para Kim Jong-un. Mesmo assim, as "acusações" contra o ditador não fazem rir pois são previsíveis: o fato dele gostar da cultura pop dos EUA, de que ele é visto como um deus, etc. Curiosamente, neste aspecto o filme nem pega pesado... a ofensa maior é fazer Kim Jong-un literalmente se borrar nas calças. E o simples fato dos roteiristas acharem que isto é engraçado já revela bastante sobre a (baixa) qualidade do filme.

Mudando um pouco de assunto, sei que não é correto e ao mesmo tempo arrogante de minha parte criticar um outro crítico, mas não vou resistir hehe. Há um certo crítico do Uol que para descrever este filme, usou palavras como "inteligente", "sensacional", "comédia de primeira" e "quase revolucionário". Na verdade A Entrevista passa bem longe de tudo isto. Não há sequer uma crítica ou piada política inteligente, isto sem contar que a maioria das piadas são sexistas ou homofóbicas. De "revolucionário", só se fora a maneira com o filme se promoveu: a Sony utilizou o ataque de hackers sofrido em benefício próprio para divulgar este filme esquecível. Nota: 5,0

sexta-feira, 13 de março de 2015

Crítica - Golpe Duplo (2015)

TítuloGolpe Duplo ("Focus", EUA, 2015)
Diretores: Glenn Ficarra, John Requa
Atores principais: Will Smith, Margot Robbie, Rodrigo Santoro
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=xv7tlO-4kEg
Nota: 6,0



Pouco Santoro em um filme que começa mal... mas que engrena em seu final

Com um título pessimamente traduzido, Golpe Duplo (ou Focus, no original) é mais um filme cujo marketing tenta explorar para nós brasileiros a presença do ator Rodrigo Santoro. E também mais uma vez a propaganda soa um pouco enganosa, já que a participação do brasileiro é pequena. Não se enganem: este é um filme de Will Smith e Margot Robbie.

Na história, Nicky (Smith) é um golpista profissional de sucesso, que acaba se encontrando com Jess (Robbie), uma golpista iniciante. Ao se encontrarem, ela pede para que ele a aceite em seu bando, o que acaba acontecendo. Após alguns golpes juntos, Nicky acaba sendo contratado pelo milionário argentino Garriga (Santoro) para ajudá-lo a aplicar um golpe em seu maior rival.

De maneira bastante comum, o roteiro se utiliza da "técnica do novato" para nos introduzir a todo o universo comandado por Nicky. Igualmente comum, não demora muito para a "aluna" e "professor" se envolverem. Toda esta parte clichê só acaba quando o personagem de Santoro aparece, e isto acontece apenas na segunda metade do filme. A primeira parte, portanto, é bastante ruim. Os constantes e repetitivos flertes existentes entre o casal não empolgam em momento nenhum; pelo contrário, aborrecem.

Em sua segunda parte, o filme melhora bastante, mais especificamente em seu final. Esta é a grande qualidade de Golpe Duplo: do meio para o fim, somos apresentados a várias reviravoltas, o que surpreende e agrada bastante ao espectador. Mesmo que algumas destas "surpresas" sejam um pouco "exageradas", não comprometem o resultado.

Tecnicamente falando, a grande qualidade de Golpe Duplo é a fotografia, bem bonita - ainda mais quando o que se está sendo "fotografado" é a belíssima atriz australiana Margot Robbie, que já arrancou suspiros em O Lobo de Wall Street (2013). Outro ponto técnico digno de atenção, porém negativo, é a trilha sonora, que curiosamente é muito bonita, composta de músicas blues, folk e latina. O problema portanto não são as músicas, e sim o seu excesso. Quase toda cena tem fundo musical - e isto é mais forte no início do filme - o que apenas serve para reforçar o aborrecimento ao assistir o primeiro ato.

Will Smith e Margot Robbie atuam muito bem, tenho que reconhecer. Já Rodrigo Santoro... é difícil fazer qualquer avaliação devido seu pouco tempo na tela. De qualquer forma, não deixa de ser curioso ver ele falar em um inglês com sotaque espanhol. Certamente muita gente dos EUA, assistindo a Golpe Duplo, vai achar que ele realmente é argentino.

O resultado final de Golpe Duplo acaba sendo o "padrão" dos filmes dirigidos pela dupla de diretores Glenn Ficarra e John Requa, que também fizeram O Golpista do Ano (2009) e Amor a Toda Prova (2011), ou seja, são filmes legais, mas nada muito além disto. Talvez a principal diferença entre Golpe Duplo e os dois filmes anteriormente citados é que este tem menos humor, embora insista em algumas piadas. Algumas funcionam, outras não.

Com início clichê e um bom final, Golpe Duplo deverá agradar o público principalmente porque sua conclusão é inteligente e satisfatória o suficiente para levar as pessoas saírem do cinema com um sorriso no rosto. Nota: 6,0

quinta-feira, 12 de março de 2015

Morre Terry Pratchett. Vale a pena conhecer seus livros


Definitivamente 2015 não começa bem. Poucas semanas após eu publicar meu primeiro post devido a um falecimento, o de Leonard Nimoy, morreu hoje o escritor inglês Terry Pratchett.

Pratchett, que tinha 66 anos, faleceu devido a complicações de um raro tipo de Alzheimer, que foi diagnosticado nele em 2007. Defensor da eutanásia, parentes e editores afirmam que a morte ocorreu de forma natural, em sua casa.

O escritor é principalmente conhecido pela sua série de livros Discworld, que mistura fantasia medieval com muito humor e inteligentes críticas comportamentais e sociais.

É uma pena que Terry Pratchett não fez muito sucesso entre os brasileiros. A série Discworld, que possui mais de 40 livros, começou a ser publicada pela editora Conrad no início dos anos 2000, e parou sua publicação com o 12º volume: Quando as Bruxas Viajam, em 2008.

Não sei dizer por que a série não "pegou" por aqui... talvez por não ser uma editora grande, ou talvez, porque suas capas não atraíssem o público adulto (veja duas delas no final deste post, e falem pra mim se não concordam). De qualquer forma, em 2015 a editora Bertrand tentou mudar o cenário, retomando as publicações, e trazendo para o Brasil os livros 13 a 15 (respectivamente de nomes Pequenos Deuses, Lordes e Damas e Homens de Armas). Porém, depois de 2017 mais nenhum livro da série voltou a ser publicado por aqui. A obra mais conhecida de Terry Pratchett para os brasileiros acaba sendo Good Omens: Belas Maldições, escrito em conjunto com Neil Gaiman. O título ficou conhecido não pelo livro, mas pelo seriado de mesmo nome, exibido desde 2019 na Amazon Prime. É muito pouco.

Para se ter uma idéia da importância de Terry Pratchett, ele foi o escritor que mais vendeu no Reino Unido na década de 90. E suas vendas sempre foram bem sucedidas por lá. Por exemplo, em 2001 ele só perdeu em vendas para J. K. Rowling, de Harry Potter. Em 2013, seu livro Snuff foi o terceiro que "mais vendeu em sua primeira semana" na história das ilhas britânicas.

Discworld = Senhor dos Anéis + O Guia do Mochileiro das Galáxias

Sobre Discworld, eu disse que são mais de 40 livros? Pois é, são 41. Finalizado em 2014, como o "último esforço" do escritor, o último livro da série se chama The Shepherd's Crown e foi lançado em Agosto de 2015. De acordo com seus herdeiros, mais nenhum trabalho inédito escrito por Pratchett ou continuando sua obra terá autorização para ser publicado.

Não há melhor maneira de descrever esta série como sendo uma mistura de O Guia do Mochileiro das Galáxias com Senhor dos Anéis. É exatamente isto: todo humor irônico, inteligente, e as vezes non-sense de Douglas Adams também aparece nos livros de Discworld... mas ao invés do espaço, estamos em um mundo de fantasia medieval. Vou mais além: ouso dizer que em alguns de seus livros, Pratchett é melhor que Douglas Adams!

O universo fantástico criado por Pratchett é riquíssimo! Cidades, raças, personagens... muita criatividade bem descrita dentro de um mundo que é um disco sustentado por 4 elefantes gigantes, que por sua vez estão em cima de uma tartaruga gigante voadora, que flutua pelo universo (!).

O Discworld

Até hoje, eu li 7 dos 8 primeiros livros da série Discworld. Meus personagens preferidos são: Rincewind - um mago que embora inteligente, é um completo inútil em termos de magia... além de ser bastante atrapalhado; e o Morte. Sim, "o", pois no inglês a Morte é considerada de sexo masculino. O Morte é um personagem sombrio, mal-humorado, QUE SÓ FALA EM LETRAS CAIXA ALTA, e que ao mesmo tempo é bastante curioso em relação à vida humana e a mortalidade. E é uma figuraça, proporcionando situações bastante engraçadas.

Se você gosta de Senhor dos Anéis e de O Guia do Mochileiro das Galáxias, fica a recomendação: você PRECISA conhecer Discworld, não vai se arrepender. Para iniciar sua leitura, sugiro, obviamente... começar pelo começo! Leia os dois primeiros volumes: A Cor da Magia e A Luz Fantástica, pois juntos contam uma única história que acaba tendo a primeira parte no livro um, e o desfecho no livro dois. 

Descanse em paz, Terry Pratchett. E muito obrigado pelos seus ótimos livros! Chegou sua vez de conversar com O Morte; certamente, o diálogo será bastante interessante para vocês dois!

O Volume 1
O Volume 2



Atualização em 24/05/20: acrescentadas novas informações sobre as publicações de Pratchett aqui no Brasil desde a data original do post até agora.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Crítica - Para Sempre Alice (2014)

Título: Para Sempre Alice ("Still Alice"EUA / França, 2014)
Diretores: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Atores principais: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth, Hunter Parrish
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=1j_ZWDt764g
Nota: 7,0



Bonito, interessante, contido

Para Sempre Alice (ou Still Alice, no original), é baseado em um livro de mesmo nome escrito em 2007 por Lisa Genova. A história conta a vida de Alice (Julianne Moore), linguista e professora universitária com seus 50 e poucos anos. Casada com o também professor John (Alec Baldwin) e com três filhos já adultos: Anna (Kate Bosworth), Tom (Hunter Parrish) e a caçula Lydia (Kristen Stewart), ela leva uma vida feliz e bem sucedida até que começa a ter problemas de memória. O diagnóstico: Alzheimer.

É então que passamos a acompanhar Alice ao longo de sua trajetória contra a doença: desde o diagnóstico, passando pelos primeiros sintomas relevantes, e por fim, o constante agravamento do mal e o como isto afeta sua vida, sua personalidade, seus familiares.

O mais chocante em Para Sempre Alice é justamente o fato da protagonista ser uma pessoa jovem e muito inteligente, bastante entendedora do funcionamento do cérebro e dos impactos da doença. Ela é bem familiarizada com tecnologia, mas mesmo com o auxílio da mesma, não consegue progressos significativos. E pior: Alice tem plena consciência que não vai perder apenas memórias, mas que também irá perder quem ela é. Isto é o mais trágico e devastador.

A história é basicamente esta, vemos cena após cena as novas maneiras de esquecimento que Alice sofre. Em algum certo ponto no meio do filme isto fica levemente repetitivo, mas não é algo que incomode, até porque o roteiro é bom o suficiente para nos apresentar certo suspense e também, mostrar outras coisas, como por exemplo a interação dela com seus familiares mais próximos.

Por esta atuação, Julianne Moore venceu o Oscar de Melhor Atriz 2015 e ela é, de fato, muito boa intérprete. Foi portanto um prêmio merecido, apesar que suas concorrentes também estivessem no mesmo nível. Ela é a melhor coisa do filme, mas mesmo assim, não posso dizer que ela "carrega o filme nas costas", pois tanto sua atuação quanto o roteiro são de certa forma contidos. Não há grandes dramas... tanto a atriz quanto o roteiro parecem estar em constante reflexão e contemplação.

Ainda sobre atuações, Alec Baldwin e Kristen Stewart competem por quem é menos expressivo na tela. Ok, a eterna Bella até dá alguns sorrisos no final do filme. Já o senhor Baldwin realmente me intriga: a sensibilidade digna de um tronco de árvore que ele apresenta é mesmo uma atuação, ou seria pura incapacidade de se expressar? Educadamente, não vou dizer o que acho.

O final é um bocado abrupto, mas no entanto, não deixa de ser interessante ao nos dar insumos para comparar os sonhos que Alice tinha para ela e sua família no início do filme, e o que destes sonhos foram realizados ou não até o desfecho do longa.

Para Sempre Alice não é um filme tão fácil para assistir devido seu tema: doença terminal. Mas ao mesmo tempo, por ser contido, ele leva o espectador mais a reflexão do que ao sofrimento. Por isto, não deixa de ser uma história interessante e educativa. Nota: 7,0.

domingo, 1 de março de 2015

Crítica - O Abutre (2014)

TítuloO Abutre ("Nightcrawler", EUA, 2014)
Diretor: Dan Gilroy
Atores principais: Jake Gyllenhaal, Rene Russo, Bill Paxton, Riz Ahmed
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=Wf8-E7S99ag
Nota: 8,0



Jake Gyllenhaal brilha como um dos psicopatas mais impressionantes dos últimos anos

O Abutre marca a estréia do estadunidense Dan Gilroy como diretor. Outrora apenas roteirista (de Gigantes de Aço (2011) e O Legado Bourne (2012) por exemplo), aqui ele também assina o roteiro, e faz um trabalho muito bom tanto no seu script quanto na direção.

Mas não é só Gilroy que agrada em O Abutre. Rene Russo está muito bem, e não perde em nada pra qualquer uma das indicadas ao Oscar de Atriz Coadjuvante deste ano. Mas o grande destaque fica mesmo para Jake Gyllenhaal, em mais uma grande atuação. É mesmo um absurdo o Oscar ter indicado seu queridinho Bradley Cooper e te-lo deixado de fora.

Na história, conhecemos o desempregado Louis Bloom (Gyllenhaal), que vive de pequenos furtos nas noites de Los Angeles. Ao testemunhar um cinegrafista amador filmando um acidente - e cujas imagens serão vendidas para alguma TV - Bloom se depara com uma nova maneira de ganhar dinheiro, e investe tudo nisto. Em sua nova carreira, ele conhece a diretora de um jornal matinal televisivo, Nina Romina (Rene Russo), que passa a ser sua cliente exclusiva. Ávidos por notícias cada vez mais chocantes e violentas, a dupla se arrisca cada vez mais para obter as reportagens.

Graças a ótima atuação de Gyllenhaal, em poucos minutos de filme já percebemos que estamos diante de um psicopata. Alguém indiferente ao "certo e errado", completamente insensível aos sentimentos das outras pessoas. É perturbador ver seu enorme sorriso de simpatia quando ele tenta obter um favor, e depois, ver o contraste de sua expressão ameaçadora e impiedosa quando ele está chantageando alguém para atingir seus propósitos.

Ao mesmo tempo que nos impressiona com a frieza de Louis, em paralelo o bom roteiro também critica o jornalismo sensacionalista de hoje, que infesta os telejornais mostrando a violência de maneira cada vez mais chocante, muitas vezes desprezando limites éticos; vale tudo em busca da audiência. Louis é inteligente, calculista, e a maneira com que ele manipula seu empregado Rick (Riz Ahmed) também é uma bela e sutil cutucada ao capitalismo.

Há ainda mais coisas a se elogiar em O Abutre. Seu ritmo é muito bom: direção, roteiro e montagem são bem sucedidos ao transmitir uma sensação de tensão crescente... O Abutre é um daqueles filmes que "grudam" o espectador na poltrona. A trilha sonora é bem pertinente com o que está sendo exibido na tela e, principalmente, temos uma fotografia magnífica... o que aliás não é surpresa, já que Gilroy chamou o ótimo diretor de fotografia Robert Elswit (de Sangue Negro (2007) e Boa Noite e Boa Sorte (2005) entre outros) para este trabalho.

Dos filmes lançados em 2014, O Abutre é um dos melhores que assisti, e só não levará uma nota ainda maior porque, digamos assim, o final poderia ser mais elaborado e detalhado, para desta maneira se tornar mais crível (reforço que o desfecho é satisfatoriamente verossímil, mas poderia ser melhor neste aspecto).

Lamento ter demorado tanto para ter assistido O Abutre. E agora que o vi, posso dizer que ele foi mais um dos vários injustiçados pelo Oscar 2015. Recebeu apenas uma indicação (de Roteiro Original - que merecia ter vencido mas não levou), e poderia ter recebido várias mais. Nota: 8,0

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Vida Longa e Próspera!


Cinema e TV já nos proporcionaram centenas de franquias divertidas e interessantes. Star Wars, Seinfeld, Friends, Senhor dos Anéis, Alien, Batman, Superman, Game of Thrones... Mas hoje não tenho nenhuma dúvida de quais são, disparadamente, minhas franquias favoritas: Indiana Jones e Jornada nas Estrelas.

A primeira, explora o passado da humanidade: um arqueólogo descobrindo segredos das incríveis civilizações antigas; já a segunda olha para o futuro: no século 23 o homem investiga o "mistério final": o espaço. Realização que só foi possível através da humanidade finalmente amadurecer: fome e guerras foram erradicadas, e nossa espécie enfim desfruta a paz e se dedica principalmente ao conhecimento.

Para que toda esta introdução? Para comentar que uma das franquias que tanto amo sofre hoje um golpe duríssimo: há poucas horas atrás faleceu o ator Leonard Nimoy, o eterno Spock. Com 83 anos, Leonard faleceu em sua casa, em Los Angeles, em consequência de uma grave doença pulmonar. Ao anunciar para o mundo sua doença cerca de um ano atrás, ele disse: "Parei de fumar 30 anos atrás. Não cedo o suficiente.".

É verdade que Jornada nas Estrelas foi construída sob o trio Kirk (William Shatner), McCoy (DeForest Kelley) e Spock (Leonard Nimoy). Mas foi o último deles que virou o verdadeiro ícone da franquia. Seu rosto sério, sobrancelhas levantadas e orelhas pontudas são reconhecidas instantaneamente por qualquer pessoa do planeta. Não a toa, Leonard Nimoy / Spock foi o único a sobreviver ao episódio piloto da série, de 1965: inicialmente rejeitado pelo estúdio, quando o seriado enfim estreou em 1966 todo o elenco foi trocado, menos ele. Nimoy também esteve presente em dois episódios da TV e em um filme da Nova Geração. Finalmente, ele também foi o único da série clássica a também estar presentes nos filmes do reboot da franquia, iniciado em 2009.

Considero o personagem de Spock em dos mais interessantes e inspiradores da história da ficção. Tendo nascido de pai Vulcano e mãe Terráquea, Spock sofreu preconceito durante toda sua vida. Quando criança, era rejeitado pelas crianças vulcanas por ser um "mestiço"; quando adulto, estudou e trabalhou entre humanos, e como na época a convivência da humanidade com alienígenas ainda não era comum, era visto preconceituosamente como um inimigo/espião por algumas pessoas. Mas ele aguentou firmemente, e não revidou.

Sendo o mais inteligente e o mais forte fisicamente dentre todos os integrantes da nave Enterprise, Spock e Kirk dividiam o posto de "herói da vez", salvando sua tripulação incontáveis vezes. Sua herança humana era motivo de um grande conflito interno, que o atormentou até o dia de sua morte...

... na verdade, sua primeira morte, Pois ele "ressuscitou" meses depois, e ao voltar a vida, atingiu a paz interna que precisava. Spock voltou mais sábio, mais pacifista, uma pessoa que alcançou a plenitude. Totalmente consciente de quem era, e sem nenhuma vergonha disto. Que desfecho emocionante e invejável para um personagem! Atingir a paz, buscar o conhecimento. Deveria ser as metas de cada um de nós!

Como ficção e realidade muitas vezes caminham juntas, a vida de Leonard Nimoy tomou rumos parecidos. Ele não se torturava por ser metade humano e metade vulcano. Mas se torturava por ser reconhecido exclusivamente como Spock. Em 1975 ele publicou sua biografia I Am Not Spock ("Eu não sou Spock"), onde em nenhum momento ele rejeitou o personagem que o estigmatizou, mas mesmo assim, era um claro apelo ao público para distinguir o ator de seu papel. Quando fez o primeiro filme de Star Trek: Jornada nas Estrelas: O Filme (1979), Leonard estava decidido que esta seria a última vez que interpretaria o orelhas-pontudas.

Nimoy não precisou morrer e ressuscitar para atingir a paz, mas com o passar dos anos, também se tornou uma pessoa mais completa, mais sábia. Por exemplo, em 1995 lançou sua segunda biografia, I Am Spock ("Eu sou Spock"), onde reconhecia publicamente que fizera as pazes com seu personagem, e que era bastante grato ao mesmo.

Após o fim do seriado de Jornada nas Estrelas na TV, Leonard passou pelo teatro, foi diretor (acreditem, foi ele quem dirigiu a comédia Três Solteirões e Um Bebê), mas o mais importante foi que ele progressivamente se distanciava cada vez mais das telas, passando a se dedicar em outras formas de Arte. Nimoy escreveu poesias, e principalmente, dedicou-se a fotografia, com destaque ao seu trabalho experimental sobre a passagem do tempo. Suas aparições das últimas décadas sempre pareceram acompanhar a maturidade atingida pelo seu personagem. Sereno, calmo, apaixonado pela arte e pela ciência.

Sabedor do estágio final de sua doença, seu último texto em sua conta do twitter é emocionante: "A life is like a garden. Perfect moments can be had, but not preserved, except in memory." ("A vida é como um jardim. Podemos ter momentos perfeitos, mas não preservá-los, exceto nas memórias" - em tradução livre).

Fique tranquilo, Leonard Nimoy. Enquanto seus fãs estiverem vivos, seus momentos nunca serão esquecidos. Muito obrigado. E seja aonde você estiver agora... Vida Longa e Próspera!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Crítica - O Destino de Júpiter (2015)

TítuloO Destino de Júpiter ("Jupiter Ascending", EUA / Reino Unido, 2015)
Diretores: Andy Wachowski e Lana Wachowski
Atores principais: Mila Kunis, Channing Tatum, Sean Bean, Eddie Redmayne, Douglas Booth, Tuppence Middleton
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=KY96kILEt7s
Nota: 4,0



A megalomania dos irmãos Wachowski

Era o longínquo ano de 1999. E ao assistir Matrix nos cinemas fiquei bastante impressionado. Um filmaço que mudou os cinemas, não apenas pelas cenas de ação em câmera super-lenta (que passou a ser imitada por muitos, posteriormente), mas principalmente por ter resgatado do limbo os temas de ficção científica e o visual Cyberpunk.

Minha admiração por esta obra dos Wachowski era tamanha que, mesmo apesar dos fracos Matrix 2 e Matrix 3 (2003), e do horroroso Speed Racer (2008) eu ainda torcia muito para eles voltarem a fazer algo decente. Em 2012 veio A Viagem, que recebi com felicidade e alívio, pois mesmo não se comparando ao primeiro Matrix, enfim era um filme muito bom. Será que os Wachowski teriam retornado ao "bom caminho"?

Quando seu trabalho seguinte, O Destino de Júpiter, foi anunciado, eu sabia que teria minha resposta. E continuava torcendo firmemente por eles. Então vieram as más notícias: primeiro, o vídeo teaser, que me fez torcer o nariz. Não vi história nenhuma ali, apenas efeitos especiais sem sentido. Mas o pior ainda estava por vir: a entrevista que eles deram para o site Omelete poucos dias antes do filme estrear no Brasil (o link original está aqui).

Os Wachowski saem atirando para todo lado, mas, em resumo, fizeram duas críticas: 1) o cinema atual não faz mais nada original, simplesmente adapta livros, fazendo com que a magia da incerteza se acabe: "Eu li esse livro, eu sei o que acontece" - diz Lana. 2) os filmes de super-herói, segundo eles, são infantis, sem roteiro, apenas servem para fazer dinheiro. Mais ainda, são "sempre a mesma coisa", os personagens não tem profundidade... é sempre o "bem versus mal".

Certo. Quanto à primeira crítica, eu concordo... é mesmo triste este cenário atual dos cinemas. Mas ao mesmo tempo, ressalto que o ato de fazer só adaptações, por si só, não impede que filmes bons sejam feitos.

Já sobre a segunda afirmação dos Wachowski... bem, meus caros... Eu acabo de assistir O Destino de Júpiter. É um filme onde o extraterrestre-lobisomem voador Caine Wise (Channing Tatum) tenta salvar a indefesa terráquea Júpiter Jones (Mila Kunis) do vilão malvado Balem Abrasax (Eddie Redmayne) que quer exterminar a humanidade. Eu gostaria de saber no que isto se difere de filmes de super-herói!

O roteiro é fraquíssimo, a história é longa, chata, repleta de clichês e diálogos constrangedores. E é o tal "bem versus mal" mais puro e mais mal feito que existe.

O Destino de Júpiter é basicamente composto de cenas de ação, repletas de efeitos especiais. Todas estas cenas, sem nenhuma exceção, possuem tantos efeitos computadorizados, tantas explosões, tanta velocidade, tanta coisa se mexendo ao mesmo tempo, que como resultado final... você não entende o que está acontecendo.

O "mocinho" está brigando com um "monstro", a câmera pula para todo quanto é lado, e o "monstro" cai desacordado no chão. Você tem a ILUSÃO de que viu o que aconteceu. Mas não viu. Como o "vilão" foi nocauteado? Foi chute, soco, tiro, queda de pressão? Ninguém sabe. Esta "agressão visual" não é uma novidade, entretanto. Ela também está presente em obras igualmente "geniais" como Armageddon, Transformers 2 e Transformers 3.

Há apenas uma coisa boa em O Destino de Júpiter: seu visual. A fotografia é muito boa, mas em especial, as cenas no espaço são belíssimas, bastante impressionantes.

Já a mitologia criada pelos Wachowski neste filme... é razoavelmente interessante. Tem idéias legais, mas ao mesmo tempo possui algumas falhas de lógica. Além disto, de original, não tem muita coisa... é uma mistura de Cinderela com Matrix com Star Wars.

Até em seu ritmo o filme falha. Sim, no fundo ele é ultra acelerado do começo ao fim, porém, seguindo a megalomania dos diretores, toda batalha do filme é "épica", com direito a ópera como trilha sonora. O resultado, o filme tem uns 50 clímax, que na prática, se anulam tornando-se nenhum.

Os Wachowski gastaram para fazer O Destino de Júpiter cerca de 180 milhões de dólares (sem contar as várias dezenas de milhões gastos em propaganda) e até agora, no momento que escrevo este texto, sua arrecadação mundial não chegou na marca dos 120 milhões. Um grande fracasso. Talvez a única solução restante para os irmãos seja trabalhar com orçamentos modestos, para que - quem sabe? - eles possam voltar a focar no roteiro. Porque enquanto estiverem fazendo estes filmes de grande orçamento vão continuar a se travestir de gênios porém dirigindo como um Michael Bay. Nota: 4,0


PS 1: eu comentei em meu post anterior que o crítico Rubens Ewald Filho disse que a atuação de Eddie Redmayne neste filme é "uma das piores atuações da história do Cinema". Bem, agora posso dizer que não concordo. Redmayne atua bem alias, porém deixo a ressalva que sua opção por falar "sussurrando" ficou cansativo e artificial.

PS 2: há apenas uma coisa REALMENTE original neste filme dos Wachowski: fizeram filme em que  o personagem de Sean Bean não morre. Incrível!

PS 3: minha última alfinetada nos Wachowski: com que moral alguém que fez Matrix 2 e 3 vem a público reclamar que hoje o cinema só se preocupa com dinheiro?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Oscar 2015 - Iñárritu e seu Birdman são os grandes vencedores


Iñárritu e seu Birdman são os grandes vencedores

E mais um Oscar se encerra. Após extensas 3h40min de transmissão, a 87ª edição da glamourosa premiação da Academia teve Birdman como grande vencedor da noite, abocanhando os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia.

Se nos dois anos anteriores a Academia optou por escolher seu melhor filme considerando motivos políticos (12 Anos de Escravidão em 2014 e Argo em 2013), desta vez ela repete 2012 (O Artista) ao premiar quem homenageou a própria indústria do Cinema.

Empatados no número de indicações (nove), O Grande Hotel Budapeste e Birdman também mantiveram o empate no número de Oscars obtidos: quatro cada um. Entretanto, o filme de Wes Anderson só levou os chamados prêmios técnicos, menos badalados.

Das minhas previsões para as 8 principais categorias, acertei 6. Não acertei tudo principalmente porque minha teoria de que a Academia iria "dividir" os prêmios entre Alejandro Iñárritu, Wes Anderson e Richard Linklater não se concretizou. Enquanto Iñárritu ficou com 3 Oscars só para ele, Anderson e Linklater saíram de mãos abanando.

Fechando este bloco de comentários "gerais", ainda destaco os Oscars vencidos por Whiplash - foram três, mais do que eu esperava - e com isto o filme de Damien Chazelle foi o terceiro maior vencedor desta edição. Nenhum outro filme levou mais de um Oscar para casa além do três citados anteriormente.


As pequenas surpresas

A cerimônia não teve grandes surpresas nem grandes injustiças. Aliás, as grandes injustiças aconteceram ANTES da cerimônia, como por exemplo as esnobadas aos filmes Selma, Garota Exemplar, O Abutre, etc.

Uma das principais surpresas foi que o fraquíssimo (mas grande favorito) Como Treinar Seu Dragão 2 não venceu (para minha felicidade). Quem levou foi Operação Big Hero, que se não é nenhuma maravilha, é ao menos bem divertido e bem melhor que a desprezível continuação caça-níqueis dos dragões da DreamWorks, Ah: eu não assisti, mas os críticos citam O Conto da Princesa Kaguya como  aquele que era disparado o melhor dos cinco finalistas.

E como comentei anteriormente, Whiplash levou mais prêmios do que eu esperava; em contrapartida, eu esperava que os bastante estadunidenses Foxcatcher e Sniper Americano tivessem melhor sorte.


Sobre a transmissão e outras considerações

Acompanhei a cerimônia através do canal TNT e gostei do que vi. Domingas Person e Rubens Ewald Filho fizeram uma apresentação discreta mas ao mesmo tempo interessante. Sobre o casal de tradutores, como é tradição a tradutora mandou muito bem; e também mantendo a tradição, o tradutor foi mal; mesmo assim, melhor que no ano anterior. Voltarei a falar sobre o famoso crítico acima ainda neste post.

Estreante no Oscar como apresentador, Neil Patrick Harris decepcionou, mas não foi uma tragédia. Gostei de sua participação inicial (um número musical razoável porém com excepcionais efeitos especiais) e seu número de "mágica" final, onde ele mostrou ao público suas previsões sobre os vencedores. E só. A maioria de suas piadas foram sem graça e elas não conquistaram nem o público local. Uma das poucas piadas engraçadas foi: "Benedict Cumberbatch é como o John Travolta pronuncia Ben Affleck". Em defesa de Neil, pelo menos ele enrolou bem menos que sua antecessora, Ellen DeGeneres.

Pelo roteiro "oficial" a cerimônia foi a burocracia de sempre, sem trazer emoções. Restou aos convidados mudar isto. Após a apresentação musical da canção de Selma, centenas de pessoas choraram, comovidas. Outro indício que Selma merecia mais indicações. Também houve espaço para protestos. Em seu discurso de agradecimento pelo Oscar de Atriz Coadjuvante, Patricia Arquette clamou pela igualdade salarial entre homens e mulheres, no que foi aplaudida de pé por Meryl Streep. Já o rapper Common em seu discurso de agradecimento pelo Oscar de Melhor Canção (Glory, de Selma), protestou dizendo que o racismo continua hoje forte como nunca: "existem hoje mais homens negros presos do que escravos na época da escravidão".

E por falar em Meryl Streep, ela foi a responsável por uma das cenas que mais me desagradou. Ao ir no microfone anunciar os artistas falecidos de 2014, ao invés da atriz simplesmente ler seu texto, ela "atuou" no discurso, fazendo caras e bocas emocionadas. Não me comoveu. Achei uma atitude egoísta e inadequada.


O Oscar de Melhor Ator

O jovem britânico Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) foi merecidamente o vencedor do Oscar de Melhor Ator, derrotando seu principal concorrente Michael Keaton (Birdman). Para mim a performance de Eddie foi irretocável, enquanto a de Keaton, irregular. Mesmo sendo justa a escolha, fiquei com um pouco de dó de Keaton... afinal, a equipe de Birdman levou todos os principais prêmios... menos ele. Isto sem contar que com seus 63 anos, há boas chances de que esta indicação tenha sido sua primeira e última.

Uma coisa é ter pena do americano, e ser imparcial na medida do possível. Outra coisa, é a reação que teve Rubens Ewald Filho no episódio. O famoso crítico nacional sempre tenta ser politicamente correto no Oscar, elogiando a todos. Porém, de maneira cômica, seu controle sempre falha uma vez por transmissão, e seu "alvo" da vez foi Eddie Redmayne, que "teve a coragem" de roubar o prêmio de seu queridinho Michael Keaton. Ele acusou Redmayne de ser "uma figura estranha" (como se isto interferisse na qualidade de sua atuação). Mais ainda, considerou a atuação do britânico como "fraca, ruim", e em que momento nenhum o fez lembrar de Stephen Hawking. Mais ainda: ele emendou dizendo que em O Destino de Júpiter o ator tem uma das piores atuações da história do Cinema.

Com todo respeito ao sr. Ewald, ao qual o fato de uma atuação ser boa ou ruim ser algo consideravelmente subjetiva, acusar Redmayne de não se parecer com Stephen Hawking beira a loucura. Ah: isto não é uma crítica ao comportamento de Rubens Ewald Filho. Crítico competente, simpático, e uma verdadeira enciclopédia do Cinema, estes "chiliques" já fazem parte de sua persona pública e certamente são um tempero a mais nas transmissões do Oscar.


Como a votação do Oscar funciona?

Em meu post anterior sobre o Oscar, eu relatei que mesmo sendo o favorito, Birdman tinha grandes chances de não levar o prêmio maior. Agora, como prometido, vou explicar o porquê. É que eu entendia que Birdman tinha uma parcela considerável de rejeição, o que não é nada bom para quem quer levar o Oscar de Melhor Filme. Vamos entender então como a votação funciona, e porque Birdman poderia ter perdido?

Em linhas gerais, o processo funciona assim. Na "primeira fase", todos os votantes votam apenas nas categorias que lhe dizem respeito. Por exemplo: a pessoa é um diretor, então ela só vota no Oscar de Direção. Outro exemplo: a pessoa é uma ator, então só vota nas categorias de atuação. E assim sucessivamente.

Há algumas exceções para a regra acima. Melhor Filme Estrangeiro, Documentário, Curtas-Metragens e Animação possuem algumas regras mais específicas. Porém, o mais importante dentre as exceções: para a categoria de Melhor Filme, TODOS votam.

Finalizada a primeira fase, então são revelados todos os finalistas (ou melhor - os "indicados") de todas as categorias e uma nova etapa de votação é aberta. Em geral, os votantes tem entre 2 a 3 semanas para registrar seus votos. Agora, TODOS podem votar em TODAS as categorias.

Finalmente, o processo da votação para o Oscar de Melhor Filme é diferente. Para ele, todos os votantes listam todos os filmes indicados em sua ordem de preferência. Exemplo: neste Oscar de 2015 eram 8 candidatos. Então, cada membro da Academia escreve a sua lista dizendo quem é seu preferido, quem é seu segundo lugar, e assim sucessivamente até escrever seu oitavo e último preferido.

E então inicia a apuração. Ela usa um sistema "estranho", o qual reproduzo abaixo copiado de um texto de 2011 de Marco Tomazzoni, o qual o original pode ser visto aqui.


O que podemos concluir do processo acima? Que o sistema é feito para impedir que um filme "divisor de opiniões" ganhe. Por exemplo, se um filme polêmico é o "número 1" de muita gente, mas ao mesmo tempo ele é "o último" na opinião de muitos, é quase impossível que um filme deste ganhe.

E digo mais, na prática, quanto mais concorrida for a disputa, maiores são as chances de que o vencedor final não seja quem teve mais votos como "primeira opção", e sim, quem teve mais votos como "segunda opção". Vejam que no exemplo acima o filme "A", que tinha recebido mais votos como "primeira opção" não foi quem levou. E isto acontece com certa frequência. Porém, claro, se a concorrência não é tão grande, e o "número 1" mais votado tenha uma parcela bem expressiva do total de votos, é ele quem leva.


Conclusões

Sem grandes surpresas e injustiças, o Oscar 2015 mostrou-se bastante burocrático e longo. Muito longo. Passou da hora dele se reinventar.

E vocês? O que acharam da cerimônia? Gostaram? Sim, não, por que? Escrevam nos comentários e até o Oscar 2016!

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O final de Two and a Half Men - Um ego vale muito mais que um seriado


Nesta quinta feira foi ao ar nos EUA o último episódio do seriado Two and a Half Men. Um episódio duplo na verdade, correspondendo ao 15º e 16º episódios da derradeira 12ª temporada.

Uma breve história sobre Two and a Half Men

Iniciada em 2003, a série era composta pelos "dois homens" Charlie Harper (Charlie Sheen) e Alan Harper (Jon Cryer) e o "meio homem", ou melhor, o ainda criança Jake (Angus T. Jones). Firmemente baseada no personagem de Sheen, a trama da série baseava-se no fato dele ser um irrepreensível bon vivant. Mulherengo e alcoólatra, sua fonte de dinheiro nunca se esgotava, e por mais que ele aprontasse, no final tudo acabava bem para Charlie Harper. Já o pobre Alan, mesmo sendo muito mais ético e honesto que o irmão, sempre se dava mal não importa o que fizesse.

Apesar do humor barato, Two and a Half Men foi muito bem sucedido em público e crítica. Porém, com o passar dos anos, se o bom resultado financeiro que o show trazia pouco se abalava, nos bastidores a estabilidade era trocada pelo caos.

Em uma triste mistura da vida com a arte, Charlie Sheen também passou a abusar de bebidas, drogas e mulheres na vida real, o que começou a cada vez mais interferir no seu trabalho (atrasos e cancelamentos na gravações passaram a ser frequentes), e finalmente, culminou com Charlie batendo de frente com o todo poderoso produtor da série, Chuck Lorre.

Após surtos e trocas de acusações públicas, Charlie Sheen foi demitido em pleno andamento da 8ª temporada. Ela, que deveria totalizar 24 episódios acabou sendo interrompida após o 16º.

Two and a Half Men quase foi cancelado, mas sobreviveu. Sai Charlie e entra o milionário Walden Schmidt (interpretado por Ashton Kutcher). Segundo a trama, Charlie Harper morreu atropelado por um trem, enquanto passava sua lua de mel com Rose (Melanie Lynskey), que por sua vez, dá uma indireta que aquilo não foi um "acidente", e sim, sua vingança.

Walden de certa forma é uma versão "bom caráter" do protagonista anterior. Assim como Charlie, Walden também tem dinheiro "ilimitado", não trabalha, e passa o tempo todo atrás de bebidas, mulheres e... maconha. Mas a grande diferença é que o personagem de Kutcher vai atrás do sexo feminino buscando um relacionamento duradouro. Ele respeita as mulheres, e em linhas gerais, para qualquer assunto, tenta "fazer o bem". Para antagonizar com Walden, o ex-bonzinho Alan Harper passou a ser um parasita mal caráter cujos episódios de remorso passaram a ser cada vez mais raros.

O resultado é que a qualidade da série caiu bastante. A  audiência também caiu: com Charlie Sheen no elenco, Two and a Half Men foi em boa parte do seu tempo a série de TV mais assistida nos EUA. Sem ele, esta marca jamais voltou a acontecer. Mesmo assim, a tal queda de audiência não foi proporcionalmente tão grande (cerca de 30%), o que manteve o seriado com o status de ser bastante lucrativo.

Anos depois, foi a vez de Angus T. Jones deixar a série. Ao mesmo tempo que os primeiros episódios da 10ª temporada iam ao ar, Angus deu uma polêmica entrevista para um website cristão demonizando o seriado. Agora se dizendo convertido pelo Cristianismo, ele declarou que o seriado era um mal exemplo para as pessoas, e que se arrependia de ter participado daquilo. Mesmo não sendo "demitido" por isto, suas participações durante a temporada corrente ficaram cada vez menores até que ele parou de aparecer em Two and a Half Men em definitivo.

Com a audiência caindo constante e lentamente, Jake foi "substituído" por Jenny (Amber Tamblyn), uma filha desconhecida de Charlie, que por sua vez era a versão feminina do mesmo, com os mesmos vícios e defeitos. Não deu certo. Então, para a 12ª e enfim última temporada, Jenny foi deixada de lado, e Walden Schmidt adotou uma criança, fazendo que finalmente a série voltasse a significar seu título: Two and a Half Men.

O episódio final de Two and a Half Men

Como contarei a partir daqui sobre o que acontece no último episódio, spoiler alert!: recomendo que você só continue a leitura após ter assistido o episódio ou se não importar em saber como ele termina.

O episódio anterior (14º) deixou tudo programado para que o seriado terminasse com um duplo final feliz amoroso. Walden Smith já estava namorando a atendente social Ms. McMartin (Maggie Lawson) e Alan Harper acabara de pedir Lyndsey (Courtney Thorne-Smith) em casamento.

E o que o desfecho fez em relação a isto? NADA. Ignorou completamente a continuidade da série e se preocupou com apenas uma coisa: a volta de Charlie Harper.

Logo no começo do episódio aprendemos que Charlie não morreu, e estava sendo mantido em cativeiro por Rose dentro de um poço, de um jeito bem parecido como vimos no filme O Silêncio dos Inocentes. Ao conseguir escapar após 4 anos preso, Charlie prepara sua volta, e o faz mandando ameaças de morte a Alan e a Walden, o que não faz absolutamente o menor sentido. Esqueça, aliás, obter qualquer sentido lógico na "trama" do episódio. Quando Charlie foge, Rose reúne os familiares do ex-protagonista e lhes conta a verdade... e também conta que agora Charlie quer se "vingar deles"(????!!!!). E não é que o fato dela deixar uma pessoa presa por 4 anos em cativeiro não incomodou ninguém da família? Tudo é tão absurdo que no desfecho desta cena, a mãe de Charlie (Holland Taylor) corre atrás de Rose buscando se proteger do seu filho.

Outra grande surpresa é que o episódio final é bastante metalinguístico. São vários os momentos em que os atores falam com os expectadores, comentam sobre o seriado, zombam da crítica e do público... Atores e personagens se alternam várias vezes ao longo da história. Mas principalmente, o que o episódio faz questão de fazer é cutucar Charlie Sheen. As tais "ameaças" de morte escritas por Charlie tem parte do seus textos copiados de declarações reais que o ator deu em seus surtos psicóticos contra Chuck Lorre. E mais, quando Rose relembra sobre como foi a vida de Charlie nestes últimos 4 anos, as cenas são feitas com desenho animado, e o personagem de Charlie chega a ter seu nariz transformado em um aspirador de pó quando o mesmo passa a cheirar cocaína.

Sim. Eu disse "animação" no parágrafo seguinte. Que foi um recurso utilizado porque o verdadeiro Charlie Sheen NÃO aparece em nenhum momento do episódio. As negociações para que ele voltasse existiram, mas não deram certo. Isto não impediu que Chuck Lorre fosse desonesto a respeito. Afinal, toda a propaganda feita por ele em torno do episódio final era baseado no "mistério" se Charlie voltaria ou não. Oras bolas, todo o EPISÓDIO final foi baseado nisto.

Na cena final, quando vemos o suposto Charlie Sheen, de costas, voltando pra casa, um piano cai sobre ele, matando-o. Então a câmera se abre, mostrando que aquilo é um estúdio, e vemos Chuck Lorre na cadeira de diretor rindo e comemorando, dizendo: "vitória!". Então um piano também cai sobre ele e o seriado termina. Ou melhor, ainda não termina. Em seu tradicional letreiro "Chuck Lorrie Productions" com que ele encerra cada episódio que produz, o texto mais uma vez tira sarro de Charlie Sheen sobre "porque as negociações para trazê-lo não deram certo".

O resultado? Nenhum personagem de Two and a Half Men teve seu desfecho. O que aconteceu com Walden, Alan, Berta, Evelyn, Jake, Louis, Ms. McMartin, Lyndsey? Não sabemos. Porque para Chuck Lorre o seriado não importa. O que mais importa é fazer um episódio para lembrar a Charlie Sheen que ELE venceu, que é ele quem importa.

A única coisa boa do final de Two and a Half Men foram os convidados especiais. As participações de Arnold Schwarzenegger, John Stamos e Christian Slater foram certamente inesperadas e divertidas. Mas isto é muito pouco para o desrespeito final de Chuck Lorre com seu público. O final de Two and a Half Men entra na briga para ser um dos piores e mais desrespeitosos de todos os tempos.

PS: quem ainda não conhece, na foto, ao centro, o sr. ego Chuck Lorre.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Cobertura Oscar 2015 - Os principais filmes + Os palpites para os vencedores

Falta pouco. Neste domingo, dia 22 de fevereiro, teremos a cerimônia de premiação da 87ª edição do Academy Awards, popularmente conhecido como "Oscar".

Confiram abaixo todos os filmes com múltiplas indicações, ordenados por número total das mesmas. E percebam que a grande maioria dos nomes já tiveram sua crítica publicada no Cinema Vírgula!

4: Sr. Turner
3: Caminhos da Floresta e Invencível

Pelos títulos acima, a conclusão é que não há um grande favorito nem um "grande filme" dentre os candidatos. Este cenário implica em que deveremos ter uma das cerimônias mais equilibradas (e talvez surpreendente) dos últimos tempos.


Quem vai levar? Quem merece levar?

E mantendo a tradição do Cinema Virgula, mais uma vez irei tentar adivinhar os vencedores. Em 2012 eu acertei os 7 dos 7 palpites que dei. Em 2013, acertei apenas 3 de 7. Em 2014 acertei 6 de 6, gabaritando novamente. Desta vez irei palpitar nas 8 principais categorias (elas estão apresentadas abaixo na ordem em que aparecem na cerimônia).

Melhor Ator Coadjuvante
- Quem vai levar: J.K. Simmons (Whiplash)
- Em quem eu votaria: Mark Ruffalo (Foxcatcher)
- Comentários: Na teoria, J.K. Simmons é uma das maiores barbadas deste Oscar, já que ele venceu com este mesmo papel todas as principais premiações até aqui. Nada contra sua vitória, mas entendo que a atuação de Mark Ruffalo é bem mais desafiadora, e obrigou o ator a se preparar por quase 6 meses para o papel.

Melhor Atriz Coadjuvante
- Quem vai levar: Patricia Arquette (Boyhood)
- Em quem eu votaria: Patricia Arquette (Boyhood)
- Comentários: Patricia é outra que tem levado muitos prêmios, e sua atuação é realmente boa. Entretanto, voto nela por exclusão: não vi Laura Dern (Livre) nem Meryl Streep (Caminhos da Floresta); e já Keira Knightley (O Jogo da Imitação) e Emma Stone (Birdman), embora ambas mandando bem, entendo ter participação pequena demais para valer um prêmio.

Melhor Roteiro Adaptado
- Quem vai levarO Jogo da Imitação
- Em quem eu votaria: como nenhum me impressionou, não vou opinar
- Comentários: O favorito é O Jogo da ImitaçãoWhiplash e Sniper Americano correm por fora. 

Melhor Roteiro Original
- Quem vai levarBirdman O Grande Hotel Budapeste
- Em quem eu votaria: O Grande Hotel Budapeste
- Comentários: Os diretores/roteiristas Alejandro Iñárritu, Wes Anderson e Richard Linklater duelarão respectivamente com Birdman, O Grande Hotel Budapeste e Boyhood para Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Filme. São as três categorias mais disputadas e justamente aquelas em que entendo ser mais possível eu errar. Acredito que a Academia vai "dividir" os prêmios entre eles e aqui, acho que quem leva é BirdmanO Grande Hotel Budapeste vem como o segundo favorito nesta categoria, e como eu admiro há tempos o trabalho de Wes Anderson, é pra ele quem votaria.
Atualizado em 21/02 as 18h20: agora acho que Wes Anderson levará o roteiro, afinal, é a categoria "das 8 principais" onde ele tem mais chance. E aí pesa o conceito do "distribuir" os prêmios entre eles.

Melhor Diretor
- Quem vai levar: Richard Linklater (Boyhood)
- Em quem eu votaria: Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
- Comentários: continuando o raciocínio da categoria anterior, assumo que se Iñárritu for premiado pelo roteiro, não será premiado aqui de novo, mesmo sendo o atual favorito. O segundo favorito é Richard Linklater, que é o meu palpite. Mais uma vez, por gostar de Wes Anderson, torço por ele. Mas se ficar mesmo nas mãos de Linklater, também é bastante merecido.
Atualizado em 21/02 as 18h20: como acho agora que Wes Anderson levará o roteiro, sobraria pela lógica que Iñárritu levasse este aqui. Porém, acho que a Academia vai fazer uma média e não deixar o tão querido Linklater voltar para casa de mãos vazias pela terceira vez. Iñárritu foi indicado menos vezes antes que ele, e ainda por cima não é estadunidense...

Melhor Atriz
- Quem vai levar: Julianne Moore (Para Sempre Alice)
- Em quem eu votaria: Rosamund Pike (Garota Exemplar)
- Comentários: Julianne Moore é a grande favorita e embora já tenha sido indicada outras vezes no passado, nunca levou. Mais que merecido se ela levar agora. Mesmo assim, minha torcida será para Rosamund Pike pelo simples fato que sei há tempos que a Julianne é uma grande atriz... e no caso da Rosamund, ela foi pra mim a grande surpresa feminina de 2014.

Melhor Ator
- Quem vai levar: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
- Em quem eu votaria: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
- Comentários: ficarei bastante surpreso se o vencedor desta categoria não for Eddie Redmayne ou  Michael Keaton. E a performance de Redmayne é muito superior a de Keaton, o que significa que ficarei bastante desapontado se o último vencer. Mesmo assim, pelo seu carisma perante aos votantes, o protagonista de Birdman tem chance real de levar.

Melhor Filme
- Quem vai levar: Birdman
- Em quem eu votaria: Birdman ou O Grande Hotel Budapeste ou Boyhood
- Comentários: Muito disputado, conforme já expliquei antes, mas acho que vai dar Birdman. De minha parte, considero a grande maioria dos oito indicados em um nível bem parecido. Certamente Selma foi o que mais me emocionou; mesmo assim, já que o número de escolhas é grande, prefiro optar pelos filmes que são mais "diferentes", o que nos leva ao trio acima, que é curiosamente o trio favorito. Vencendo qualquer um destes três, ficarei satisfeito.
Atualizado em 21/02 as 18h20: agora que entendi no detalhe como a votação final para esta categoria funciona (aguardem meu post pós-Oscar), reconheço que as chances de Birdman levar caem consideravelmente. Mesmo assim, teimosamente, mantenho meu palpite. Mas na prática, não só Boyhood passa a ser o favorito, como entendo até termos um quarto possível ganhador aqui: O Jogo da Imitação corre por fora.

Não percam!
Repetindo, a cerimônia do Oscar será domingo dia 22. Embora a cerimônia comece as 22hs, o canal TNT irá iniciar suas transmissões já a partir das 20h30, mostrando o famoso "tapete vermelho" com os famosos chegando para a festa. A TV aberta deverá ter transmissão da Globo, que entretanto deverá perder o início da cerimônia e só começar a transmitir após o término do BBB 15.

E vocês? Quem acham que vai ganhar? Para quem vocês estão torcendo? Deixem seus palpites aqui nos comentários e depois veremos quem é mais "pé quente". ;)


Atualizado em 21/02/15 as 18h20: pensando melhor, acabei mudando a opinião sobre "quem será o vencedor" naquelas 3 categorias mais difíceis. Agora acho que quem leva o Roteiro será o O Grande Hotel Budapeste, quem leva o Diretor será o Richard Linklater, e caiu a ficha que Birdman levar o Oscar de Melhor Filme é bem difícil, o verdadeiro favorito é Boyhood. Dito isto, vou alterar 1 dos meus palpites (o de roteiro), mas manter o do Oscar de Melhor Filme por teimosia. ;)

Você PRECISA conhecer Supergirl: Mulher do Amanhã (e tem Brasileira envolvida!)

Tom King é um dos principais escritores de quadrinhos da DC Comics da última década. E na minha opinião, bastante irregular... já que entre...