Depois de longa ausência, voltei. Estava de férias, o que se
transformou em férias do meu blog também. Para compensar um pouco a falta de
novidades, duas novas críticas em um post só.
Crítica – Hitchcock (EUA, 2012)
Hitchcock era um dos títulos de 2013 que mais ansiava por
assistir. Porém, embora o filme seja bastante divertido, não pude deixar de
sentir certa decepção com seu resultado final.
Baseado no livro “Alfred Hitchcock and the Making of
Psycho”, o filme segue a escrita e nos mostra, dentre toda a carreira do
diretor inglês, apenas o período da filmagem de uma de suas obras primas,
Psicose (1960).
Todas as curiosidades e dificuldades para a filmagem de Psicose estão no filme, de maneira bem humorada e divertida. Mesmo assim, o tema
principal da história é a relação do excêntrico diretor (interpretado por Anthony
Hopkins) com sua esposa Alma Reville (Helen Mirren). Aliás, o foco em Alma é
tão grande que ela chega a aparecer mais na tela que o próprio Hitchcock.
Portanto o que vemos aqui é uma história sobre “atrás de um
grande homem, há sempre uma grande mulher”. E de fato, não há dúvidas que se
Alma não estivesse ao lado do Mestre do Suspense, este dificilmente alcançaria
algum sucesso, dado seu terrível temperamento. Porém em Hitchcock este “apoio”
é exagerado, chegando também na parte técnica do trabalho do diretor.
Do que a História conta, Alma Reville – que era roteirista de profissão – ajudava seu marido revisando os roteiros e as
edições dos filmes. Dizem que ela era ótima para encontrar erros cenográficos e
erros de continuidade. Mas neste filme, foi dado a ela uma importância tão grande
que, antes dela participar ativamente da edição de Psicose, o filme era “horrível,
um caos”. Isto sem falar de várias decisões técnicas mostradas ao longo da
trama, que são atribuídas a Alma ao invés do marido. Um exagero. Divertido,
instrutivo, mas não tão crível, Hitchcock leva nota 6,0.
Crítica – Detona Ralph (EUA, 2012)
Assisti ao Oscar sem saber se torcia ou não para Valente
(que gostei bastante) levar o prêmio de Melhor Animação. Isto porque muitos
amigos meus haviam assistido Detona Ralph e cravado que o filme era excelente,
a melhor animação do ano.
O tempo passou, Valente venceu o Oscar, e agora que enfim
assisti Detona Ralph, posso opinar que foi uma premição justa. Embora Ralph seja um
bom filme, Valente é superior.
É impossível não classificar esta animação da Disney como
sendo sua versão de Toy Story para jogos de videogame. O conceito – dos personagens
terem vida própria quando os humanos não estão por perto – é idêntico.
E é justamente esta falta de originalidade o problema de
Detona Ralph. Não há nada de realmente novo na trama. A história passa pelos
nossos olhos em “modo automático”, sem nenhuma grande supresa, nenhum grande
drama.
Como ponto positivo, são vários os personagens reais de
videogames que participam do longa (parabéns a todas produtoras da jogos que deixaram seus
personagens aparecerem), e as diversas piadas relacionadas a games (e a
evolução dos games) espalhadas ao longo do filme são bem engraçadas. Um exemplo
destas “piadinhas”... personagens dos jogos 2D andar e pensar em 2D mesmo
quando eles “são eles mesmo”.
Assim como no filme Hitchcock, que comentei acima, aqui também
uma mulher rouba a cena. A menininha Vanellope é extremamente carismática e
acaba também sendo mais importante que o personagem que dá nome ao título do
filme (porém ao contrário de Hitchcock, aqui isto é feito de maneira positiva).
Bastante divertido, Detona Ralph perde pontos por não
emocionar ou surpreender. Em termos técnicos e de história, a Pixar continua
soberana. Dreamworks e Disney (que assina Detona Ralph e é dona da própria
Pixar) ainda tem bastante o que aprender. Nota 6,0.