quinta-feira, 3 de março de 2016

Crítica - Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer (2015)

TítuloEu, Você e a Garota Que Vai Morrer ("Me and Earl and the Dying Girl", EUA, 2015)
Diretor: Alfonso Gomez-Rejon
Atores principais: Thomas Mann, RJ Cyler, Olivia Cooke
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=djL-sKoC3oI
Nota: 8,0
Belíssimo filme adolescente sobre amizade e dor

Mais uma excelente produção que não chega aos cinemas brasileiros. Filme que chegou em nosso país neste mês de fevereiro (através de streamings como Youtube ou Telecine On), em um primeiro momento, o filme Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer pode parecer ser apenas uma versão indie do sucesso A Culpa é Das Estrelas. Ambos os filmes são baseados em livros e a história é sobre uma garota adolescente com câncer.

Entretanto, Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer é bem mais complexo que A Culpa é Das Estrelas, e as diferenças entre eles são muito grandes. Para começar, aqui não temos um romance. É um filme sobre amizade. Greg (Thomas Mann) até pode ter se apaixonado em algum momento pela moribunda Rachel (Olivia Cooke), mas o sentimento dele por ela vai além disto. E a esquisita amizade de Earl (RJ Cyler) com os dois também é bastante explorada.

Outra grande diferença de Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer é seu formato não convencional, mais "descolado", mais bem humorado, e que possui algumas semelhanças com os filmes do diretor Wes Anderson. O filme é narrado por Greg, que dialoga com o expectador, divide o filme em capítulos, conta com vários personagens exóticos, e por exemplo ilustra algumas metáforas com cenas de animação stop-motion.

É bastante satisfatório perceber que embora o filme se passe no mundo adolescente dos high school (colegial) e tenha todos os personagens clichês do gênero, o roteiro fuja do lugar comum. O trio principal (Greg, Earl e Rachel) é bem menos estereotipado que os demais alunos; ou seja eles estão inseridos em um mundo clichê sem serem clichês.

Há muitas sub-tramas coexistindo de maneira natural dentro de Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer. Ao mesmo tempo que vemos o drama da doença de Rachel, vemos por exemplo os dramas da vida de Greg que vão além do relacionamento entre eles dois. O filme consegue encaixar temas como o amadurecimento; e antes mesmo de conviver com a garota Greg já era uma pessoa infeliz, com dificuldade para fazer amigos.

Greg, Rachel e Earl, todos possuem claramente problemas, mas vemos todos eles sobre o ponto de vista de Greg (o verdadeiro protagonista). Ao dar mais destaque aos "bobos" problemas de um garoto branco de classe média-alta, o filme acaba se tornando irônico e auto-crítico.

Como bônus, aprendemos que Greg e Earl refilmam em casa filmes clássicos do cinema. Do Laranja Mecânica de Kubrick vem o "Laranja Meiacânica", e assim vai. Embora sejam exibidos apenas pequenos flashes destas produções caseiras, o pouco que vemos já diverte bem qualquer cinéfilo.

Além de bons roteiro e atuações, Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer também agrada tecnicamente. A fotografia - imagens bastante coloridas - é bem bonita, e a trilha sonora é leve, e bem gostosa de ouvir.

Se todos os elogios que teci até agora não te convenceram, saibam que o final é tocante... e além de despertar bastante a emoção, ele também desperta seu raciocínio. Sabem aqueles filmes, onde no final todas as peças se encaixam e você sente aquele prazer intelectual de ver que o quebra-cabeças foi montado com perfeição? Pois é. O mesmo ocorre aqui, com a diferença que você nem sabia que havia algum quebra-cabeça nele (risos). Aliás, o encerramento do filme é consideravelmente diferente do encerramento do livro. Mas como o autor do livro (Jesse Andrews) também assina o roteiro do filme, não dá para falar que houve distorção da obra original.

Duplamente vencedor no Festival de Sundance de 2015 (Melhor Drama eleito pelo Público e pelo Grande Juri), Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer é diferente e belíssimo. Nesta enxurrada atual de filmes adolescentes que temos nos cinemas - grande parte de qualidade duvidosa - este sim deveria ser um filme que os jovens (e pessoas de todas as idades) deveriam assistir. Nota: 8,0

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cobertura Oscar 2016 - Os principais filmes + Os palpites para os vencedores


Neste domingo, dia 28 de fevereiro, teremos a cerimônia de premiação da 88ª edição do Academy Awards, popularmente conhecido como "Oscar". E como já é tradição deste blog, vamos aos meus comentários e palpites.

Antes, revendo o caminho traçado até agora, segue abaixo a lista de filmes com múltiplas indicações, ordenados por número total das mesmas. Notem que TODOS os filmes tiveram sua crítica publicada no Cinema Vírgula!
Quem vai levar? Quem merece levar?

Ao contrário dos dois últimos anos, onde tínhamos um "grande favorito", desta vez o Oscar está mais equilibrado, o que deve trazer mais surpresas. Mas eu não vou me intimidar com as chances de erro mais altas e palpitar em 8 das categorias. A ordem apresentada é a provável ordem em que os prêmios aparecerão na cerimônia. Confiram:

Melhor Ator Coadjuvante
- Quem vai levar: Sylvester Stallone (Creed)
- Em quem eu votaria: Sylvester Stallone (Creed)
- Comentários: Esta é a primeira categoria de atores que comento, e direi algo que vale para as 4 categorias de atores da cerimônia: Spotlight - Segredos Revelados e A Grande Aposta são filmes com vários atores/atrizes indicados, mas na prática, são filmes onde a força está no conjunto da atuação. É difícil e quase injusto dizer que um foi melhor que o outro nestes filmes, já que são todos igualmente importantes e bons nas respectivas tramas.
Dito isto, não seria injusto que Mark Ruffalo e Christian Bale ganhassem. Mas os verdadeiros favoritos são Mark Rylance e Sylvester Stallone. Destes dois, acho que Sly leva. E seria muito muito justo. A atuação dele não é excepcional, mas: 1) não deve nada para as atuações dos seus concorrentes. 2) sua atuação é o ápice de 40 anos de evolução com seu personagem Rocky. Se Stallone não vencer aqui, que é o primeiro prêmio da noite, vou passar toda a cerimônia emburrado.

Melhor Animação
- Quem vai levar: Divertida Mente
- Em quem eu votaria: O Menino e o Mundo
- Comentários: se a Academia pisou na bola em várias categorias, não foi o caso aqui onde ela merece ser bastante elogiada. Os cinco filmes são bons e principalmente, são muito diferentes entre si, trazendo bastante variedade à disputa. De todos os concorrentes, o brasileiro O Menino e o Mundo é sem dúvida o melhor. Mas mesmo tendo recebido vários prêmios importantes no exterior, infelizmente as chances de Divertida Mente não levar são praticamente nulas. Para ver como é difícil, basta dizer que Divertida Mente também foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original. De qualquer forma, O Menino e o Mundo é Brasil, e torcerei pra ele muito mais do que numa Copa do Mundo.

Melhor Atriz Coadjuvante
- Quem vai levar: Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
- Em quem eu votaria: Kate Winslet (Steve Jobs)
- Comentários: Gostei bastante da atuação das indicadas, menos da de Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados). As favoritas são Alicia Vikander e Kate Winslet, mas acho que a primeira leva, por nunca ter vencido (Winslet já venceu um) e por seu filme ter chamado mais atenção. Não é em quem eu voltaria, entretanto. Para mim Kate foi a melhor das cinco. Curiosidade: justamente devido aquilo que disse anteriormente de "atuação conjunta", a coitada da Rachel McAdams de longe possui menos tempo em cena que as outras concorrentes.

Melhor Roteiro Adaptado
- Quem vai levar: A Grande Aposta
- Em quem eu votaria: A Grande Aposta
- Comentários: Vencedor de todas as premiações até aqui, o roteiro de A Grande Aposta é o grande favorito. Também votaria nele, não necessariamente por ser o melhor, mas principalmente por ser o mais complexo e o mais difícil de ser realizado. O roteiro que mas gostei foi o do O Quarto de Jack. Entretanto, como comentei na minha crítica, ele é irregular em alguns pontos, por isto perdeu meu voto.

Melhor Roteiro Original
- Quem vai levar: Spotlight - Segredos Revelados
- Em quem eu votaria: Ex Machina: Instinto Artificial
- Comentários: É a mesma coisa da categoria anterior: Spotlight - Segredos Revelados venceu todas as premiações até aqui e levará o prêmio fácil, fácil. Entretanto, a análise da minha preferência muda. Meus preferidos são os roteiros de Spotlight - Segredos Revelados, Ex Machina: Instinto Artificial e Divertida Mente. Respectivamente, o mais difícil, o mais inteligente, e o mais ousado dentre os 10 roteiros da noite. Meu coração optou para o mais inteligente e menos valorizado: Ex Machina.

Melhor Diretor
- Quem vai levar: Alejandro G. Iñárritu (O Regresso)
- Em quem eu votaria: George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
- Comentários: a disputa vai ficar entre Iñárritu e Miller, mas o primeiro deverá vencer pois levou os prêmios mais importantes até agora. Entendo que também há um problema de timingO Regresso esteve nos cinemas recentemente e está fresco na memória de todos. Já Mad Max 4, que estreou no começo de 2015, já está mais "esquecido" na mídia. Meu voto, entretanto, iria para George Miller. Ambos fizeram grande trabalho (e muito esforço, ficando meses em locações inóspitas para minimizar o uso de efeitos especiais), mas Mad Max 4 é disparado o melhor do ano. Sem falar que Iñárritu já levou seu Oscar ano passado e está cada vez mais arrogante. Curiosidade: a última vez que um diretor ganhou 2 Oscars em 2 anos consecutivos aconteceu em 1949-1950. O contemplado foi Joseph L. Mankiewicz.

Melhor Atriz
- Quem vai levar: Brie Larson (O Quarto de Jack)
- Em quem eu votaria: Cate Blanchett (Carol)
- Comentários: esta é uma das categorias mais disputadas da noite, porém a jovem Brie Larson leva vantagem por ter sido quem ganhou mais prêmios ao longo do ano. Não assisti os filmes de Charlotte Rampling e Jennifer Lawrence mas vi as performances das outras três candidatas. Delas, para mim a melhor foi Cate Blanchett, que curiosamente é a única das 5 a não ter vencido nenhum prêmio neste ano nos principais festivais. A favorita Brie Larson, embora tenha atuado muito bem, fica em terceiro na minha preferência (a segunda seria Saoirse Ronan).

Melhor Ator
- Quem vai levar: Leonardo DiCaprio (O Regresso)
- Em quem eu votaria: Leonardo DiCaprio (O Regresso)
- Comentários: dos cinco indicados, apenas não vi a atuação de Bryan Cranston. De qualquer forma, no fundo a briga ficará entre Eddie Redmayne e Di Caprio. A meu ver, nenhum dos dois entregou neste ano uma grande atuação, e não estão entre seus melhores trabalhos. Independente disto, vai dar Leonardo DiCaprio. Primeiro, porque ele ganhou todos os prêmios de ator mais importantes deste ano. E segundo, porque o mundo inteiro quer que ele ganhe enfim seu Oscar. Com a atual fama da Academia de ser racista e impopular, eles certamente vão querer melhorar sua imagem. É este mesmo motivo que me faz ter mais esperança no Oscar do Stallone.

Melhor Filme
- Quem vai levar: Spotlight - Segredos Revelados
- Em quem eu votaria: Mad Max: Estrada da Fúria
- Comentários: Desde que os Oscars passaram a ter "até 10 indicados" para Melhor Filme, em 2009, esta é certamente a safra mais fraca de escolhidos que já vi. Só como exemplo, os 5 filmes que postei crítica no mês passado (Steve Jobs, Creed: Nascido para Lutar, Sicario: Terra de Ninguém, Sr. Sherlock Holmes e Os Oito Odiados) são superiores a vários da lista de Melhor Filme escolhida pelos votantes. Lamentável.

Dos oito concorrentes, apenas quatro deles possuem chances reais de levar o prêmio: O RegressoMad Max: Estrada da Fúria são os favoritos. Já Spotlight - Segredos ReveladosA Grande Aposta correm por fora. Na minha opinião, Mad Max 4 é disparado o melhor filme do ano, mas infelizmente, deverá ganhar apenas prêmios técnicos (e com muita sorte leva o de Diretor). Portanto, faria sentido eu dizer que o vencedor será O Regresso. MAS, optei por fazer nesta categoria a minha aposta mais ousada. Acho que vai dar Spotlight. Minha justificativa? Conforme já expliquei ano passado, a votação para Melhor Filme é diferente, não são votos diretos (clique aqui e veja a parte final deste post). Então, quando há muito equilíbrio entre filmes, costuma vencer não quem teve mais votos, e sim, quem tem menos rejeição: é exatamente um filme como Spotlight. Será que estou certo? Veremos rs.


Não percam!
Repetindo, a cerimônia do Oscar será domingo dia 28. Embora a cerimônia comece as 22h30, o canal TNT irá iniciar suas transmissões já a partir das 20h30, mostrando o famoso "tapete vermelho" com os famosos chegando para a festa. A TV aberta terá transmissão da Globo, que entretanto deverá perder o início da cerimônia e só começar a transmitir após o término do BBB.

E vocês? Quem acham que vai ganhar? Para quem vocês estão torcendo? Deixem seus palpites aqui nos comentários e depois veremos quem acertou mais. Participem!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Crítica - O Quarto de Jack (2015)

TítuloO Quarto de Jack ("Room", Canada / Irlanda, 2015)
Diretor: Lenny Abrahamson
Atores principais: Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers, Joan Allen, William H. Macy
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=IeM5qJp2v8Y
Nota: 7,0
Ainda que irregular, filme é emocionante e brilhantemente angustiante

O Quarto de Jack é uma história sobre um menino de 5 anos, Jack (Jacob Tremblay), que passou toda sua vida dentro de um quarto, em cativeiro, junto com sua mãe (Brie Larson). Entendo que para curtir melhor o filme, o ideal seria não saber de mais nada da trama além do que acabei de dizer. Entretanto, para poder fazer esta crítica, terei que expor fatos além disto. Portanto, decida se vale ou não a pena ler meu texto antes de ver o filme. De qualquer forma, não estarei dando spoilers relevantes e eu comentarei muito menos da trama que o próprio trailer, que revela quase tudo.

Indicado para 4 Oscars, dentre eles o do Melhor Filme, O Quarto de Jack é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito pela irlandesa Emma Donoghue (que também assina o roteiro). A grande novidade desta história é que Jack e mãe escapam da "prisão" no meio do filme; portanto, boa parte do mesmo é sobre as descobertas e adaptação de Jack no "gigantesco mundo além do quarto".

Existem três coisas que em O Quarto de Jack que são excelentes. Primeiro, as atuações de Brie Larson e Jacob Tremblay. O maior destaque fica para o menino - que tinha 8 anos nas filmagens - e atua como gente grande.

O segundo grande ponto positivo é simplesmente tudo o que acontece enquanto os dois estão confinados dentro do quarto. O suspense é bem construído, o sentimento de opressão e angústia é palpável; comportamento e motivações de mãe e filho são críveis, e é impossível não se emocionar e não se importar com a dupla.

Finalmente, toda a parte do roteiro dedicado a mostrar os "estranhamentos" de Jack ao conhecer o mundo exterior é muito bem elaborada. É uma experiência única parar para pensar sob o ponto de vista do garoto.

Fora destas qualidades, entretanto, O Quarto de Jack possui consideráveis problemas de roteiro e ritmo. Primeiro, que a maneira em que a dupla é libertada é algo quase "mágico", de tão rápido e inverossímil. Mas, principalmente, a história não sabe como se encerrar de maneira apropriada. Ok, Jack saiu do quarto e está se maravilhando com o mundo: o que mais podemos mostrar a partir disto? O roteiro não encontrou esta resposta, mas ainda assim insistiu em mais de meia hora de filme. É então que entram alguns dramas muito exagerados que também não me convenceram (a jornalista fazer aquelas perguntas tão malvadas para uma vítima bem protegida por advogados é uma delas). Já o problema no ritmo de O Quarto de Jack é que seu clímax ocorre na metade da projeção.

De qualquer forma, esquecendo o racional e se importando com a emoção, O Quarto de Jack impressiona. Devido principalmente a boa direção do irlandês Lenny Abrahamson, nos sentimos tão angustiados quanto os personagens, e alguns momentos, é preciso fazer algum esforço para não soltar lágrimas. Isto tudo sem absolutamente nenhum pieguismo ou trilha sonora exagerada (viu, Spielberg?).

O Quarto de Jack traz para as telas uma boa experiência emocional e uma história bem diferente. Alias, o diretor Lenny Abrahamson tem se envolvido em projetos incomuns. Seu filme anterior foi o estranho Frank. Abrahamson merece que continuemos acompanhando seu trabalho. Nota: 7,0

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Crítica - A Garota Dinamarquesa (2015)

TítuloA Garota Dinamarquesa ("The Danish Girl", Alemanha / Bélgica / Dinamarca / EUA / Reino Unido, 2015)
Diretor: Tom Hooper
Atores principais: Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Amber Heard, Matthias Schoenaerts, Ben Whishaw
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=vjq2FgjpXow
Nota: 5,0
Uma grande história real mal aproveitada

Com quatro indicações ao Oscar, A Garota Dinamarquesa é um filme baseado no romance homônimo de David Ebershoff e que conta a história real de Einar Wegener, a primeira pessoa do mundo que comprovadamente realizou uma cirurgia de troca de sexo.

Situada nos anos de 1920 em Copenhagen, Dinamarca, conhecemos a vida do casal de pintores Einar Wegener (Eddie Redmayne) e Gerda (Alicia Vikander). Após um episódio em que Gerda pede para Einar se vestir de mulher para servir de modelo para sua pintura, o marido vai progressivamente (re)descobrindo sua feminilidade oprimida ao longo dos anos.

Os fatos históricos tinham tudo para fazer de A Garota Dinamarquesa um drama de primeira: ser uma "mulher em corpo de homem" já é algo polêmico e alvo de preconceitos atualmente. Imaginem há 90 anos atrás! Fora isto, há o fato de Gerda estar lutando pelo reconhecimento artístico no mesmo tempo que seu marido começa a mudar e o casamento começa a desabar.

Porém, mesmo com temas tão ricos, A Garota Dinamarquesa não consegue abordá-los de maneira interessante. Primeiro, o filme é intimista demais. Quase todo ele possui cenas dentro de casa com apenas Einar e Gerda interagindo entre eles, e com excesso de closes no rosto dos atores. Os diálogos, me desculpem, são cotidianos demais, até bobos... e em nenhum momento emocionam.

Na verdade, desde o começo, A Garota Dinamarquesa foi vendido como tendo grande atrativos a atuação dos atores principais Eddie Redmayne e Alicia Vikander. E de fato, a atuação dos atores parece ser o alvo principal do diretor Tom Hooper. Ambos atuam muito bem, porém nenhum dos dois tem uma performance espetacular. Mais ainda: são tantos closes nas reações dos rostos da dupla que a importância da atuação de ambos decai por excesso. Ver os mesmos trejeitos de sempre nos atores cansa. Neste aspecto, a bela Vikander é menos repetitiva. Já Redmayne... deve ter feito a mesma carinha sorrindo e olhando pra baixo umas 200 vezes ao longo do filme.

Tecnicamente a produção tem suas qualidades. Tanto fotografia quanto figurino são muito bonitos. Bonitos até demais... parece que estamos diante de uma fantasia, e não de um drama. Falando nisto, é impressionante como a maioria do tempo a dupla principal está feliz, sorridente. O drama realmente é colocado de lado em A Garota Dinamarquesa. Como outro exemplo disto, há várias cenas com Redmayne sozinho, feliz, se encantando com as roupas femininas ou com sua transformação.

Bastante elogiado pelos críticos como cinema, A Garota Dinamarquesa por outro lado foi bastante criticado pela imprecisão histórica dos fatos. A explicação para isto é simples: o filme optou por ser fiel ao livro, este uma simples romantização parcialmente baseada no que aconteceu de verdade. De minha parte, independente da sua precisão, entendo que a história é mal contada. Faltou focar mais na mesma e muito menos nos atores. Nota: 5,0

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Crítica - Deadpool (2016)

TítuloDeadpool ("Deadpool", Canadá / EUA, 2016)
Diretor: Tim Miller
Atores principais: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, T.J. Miller, Ed Skrein, Stefan Kapicic, Brianna Hildebrand
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=rW-44KuoAdA
Nota: 8,0
O filme de super-herói mais divertido de todos os tempos

Deadpool é um marco histórico para os filmes de super-herói ao ser um filme que respeita o personagem original por mais "diferente e politicamente incorreto" que ele seja. Piadas e trocadilhos o tempo todo? Confere. Muita violência? Confere. Muitos palavrões e linguajar impróprio? Confere. Quebra da Quarta Parede? Confere. Zoação com outros filmes e personagens da cultura pop? Confere. Muita diversão? Confere!

A história, de origem, mostra um Wade (Ryan Reynolds) com câncer terminal. Eis que uma organização nada bem intencionada resolve salvá-lo dando lhe super-poderes. O que Wade não esperava era que a "cura" o transformasse em um ser horroroso, todo deformado. Ao querer vingar de seus "médicos", ele se torna Deadpool. Claro que os vilões raptam sua namorada Vanessa (a brasileira Morena Baccarin) para conter a vingança... Ou seja, o roteiro não tem nada de original... Diferente mesmo é seu personagem principal!

Famoso nos quadrinhos por ser completamente insano e brincalhão, são estas características de Deadpool que são muito bem adaptadas para dentro das telonas que fazem o filme ser ótimo. Deadpool surpreendeu e se tornou a maior abertura de um filme com censura 18 anos na história dos EUA (no Brasil a censura é de 16 anos).

Parte deste sucesso vem do esforço do ator Ryan Reynolds. O ator canadense fez um enorme esforço de marketing promovendo o filme. Chegou até a fazer um vídeo exclusivo para a Comic Con brasileira. Toda esta campanha mostrou para os fãs que o filme que viria estava no caminho certo. Sabendo estar na sua "grande e última" chance no mundo dos super-heróis Reynolds se esforçou também debaixo das câmeras. Aceitou passar boa parte do filme com o rosto coberto pela máscara do seu uniforme (muitas estrelas não aceitam isto) e fez questão de ser ele mesmo - mesmo mascarado - atuando na maior quantidade de cenas possíveis.

Também sendo diferente ao trazer uma história não-linear, há pouco para se criticar em Deadpool. Um ponto fraco é seu final clichê. E há também algumas piadas que não funcionam, principalmente por repetição. De qualquer forma, para um filme que passa todo o seu tempo querendo fazer rir, é natural que algumas (poucas) gracinhas não sejam bem sucedidas. Outro ponto de atenção é o grande número de piadas envolvendo o universo dos super-heróis: quem não está familiarizado com isto poderá perder boa parte do entretenimento.

Na verdade, o grande "problema" do filme foi a Fox, que, conservadora, investiu apenas US$ 58 milhões na produção. O diretor Tim Miller - em sua estréia como diretor de longas - especialista em efeitos especiais, fez um ótimo trabalho em produzir efeitos de computador aceitáveis com tão pouco dinheiro. Com mais verba, o mutante Colossus poderia ser muito mais crível, e as lutas ao longo da projeção mais ousadas e diversificadas.

Por outro lado, ironicamente, a falta de dinheiro pode ser sido o que salvou Deadpool. Com tão pouco dinheiro em vista, o diretor teve mais liberdade que o normal para um estreante, e o filme pode evitar as interferências de produtores idiotas.

Outro ponto a se lamentar foi a tradução para o português feita nos cinemas. Alguns palavrões foram "amenizados", mas o pior mesmo foram alguns casos de mudar a tradução por simplesmente menosprezar a inteligência do espectador. Por exemplo, uma piada literalmente sobre "quebrar a quarta parede" foi traduzida como "ficarmos bem juntinhos". Vergonhoso.

Sendo tudo o que os fãs do polêmico personagem queriam, Deadpool chega para ser o mais engraçado filme de super-herói de todos, e acho que seus recordes de bilheteria estão apenas começando. Nota 8,0.


PS: após todos os créditos, há duas cenas extras bem curtas, que basicamente fazem propaganda sobre o futuro Deadpool 2. São engraçadinhas, e fazem plágio do filme Curtindo a Vida Adoidado (1986).

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Crítica - Brooklyn (2015)

TítuloBrooklyn ("Brooklyn", Canadá / Irlanda / Reino Unido, 2015)
Diretor: John Crowley
Atores principais: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Domhnall Gleeson, Jim Broadbent, Julie Walters
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=ZEhuC6rBsE4
Nota: 6,0
Outro filme legal mas que não deveria estar no Oscar

Baseado em um livro homônimo de Colm Tóibín e com 3 indicações ao Oscar 2016 (incluindo a de melhor filme), Brooklyn conta a história de Eilis (Saoirse Ronan), uma jovem irlandesa que se muda para o Brooklyn, bairro da cidade de Nova York. Lá, Eilis se apaixona por Tony (Emory Cohen), porém após uma notícia inesperada ela é obrigada a voltar para a Irlanda, onde conhece e se apaixona por Jim (Domhnall Gleeson).

Brooklyn aborda vários assuntos, como as dificuldades em morar sozinha em um país diferente, as decisões sobre o que se quer fazer para o resto da vida, curiosidades de como era a vida nos anos 50, e também... os dois romances de Eilis. Todos estes temas são interessantes, tratados com sensibilidade e competência; menos o último, que pelo menos não se torna enfadonho devido ao carisma e ótima atuação da atriz Saoirse Ronan. Ainda em termos de relações amorosas, com exceção de Tony - que por sua vez exagera - os demais personagens mais falam que amam do que efetivamente demonstram, o que torna tudo um pouco artificial.

Em termos técnicos, figurino e design de produção estão muito bem, cumprem a expectativa de um bom filme de época. Por outro lado, não gostei da trilha sonora, a meu ver utilizada em excesso.

Voltando para atuações, Saoirse Ronan é a melhor coisa de Brooklyn  (e foi indicada ao Oscar por isto). Mas o filme conta com muitos coadjuvantes muito bons. Gostei bastante da atua Julie Walters como Mrs. Kehoe e fiquei bastante surpreso com a atuação de Domhnall Gleeson por estar bem diferente do que ele fez em Star Wars 7 e em Ex-Machina.

Bonitinho, bem feitinho e nada mais, Brooklyn é um bom passatempo, mas com exceção da indicação para Saoirse, não é bom o suficiente para merecer mais nenhuma indicação ao Oscar, principalmente a de Melhor Filme. Pelo menos é um filme agradável. Nota: 6,0

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Crítica - Spotlight: Segredos Revelados (2015)

TítuloSpotlight: Segredos Revelados ("Spotlight", EUA, 2015)
Diretor: Tom McCarthy
Atores principais: Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery, Stanley Tucci
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=zgicIR5Skwc
Nota: 6,0
A história de Spotlight é bem melhor que o filme

Com 6 indicações ao Oscar 2016, Spotlight: Segredos Revelados conta a história da investigação jornalística que em 2002 surpreendeu os EUA ao divulgar um grande escândalo de pedofilia envolvendo padres católicos principalmente da cidade de Boston. O nome do filme vem do nome da equipe investigativa que descobriu este furo. São os funcionários do The Boston Globe que aparecem representados pelos atores da foto acima.

Spotlight tem uma direção bem discreta e "careta", mas ao mesmo tempo séria e competente. Sem ousar no uso da câmera, e praticamente não utilizando trilha musical, o clima de seriedade é reforçado pela completa ausência de alívios cômicos (o que faz todo sentido).

Repleto de personagens e nomes, explicações jurídicas e jornalísticas, Spotlight é um pouco confuso e difícil para o expectador nos detalhes. Mas em linhas gerais, o escândalo que a história cobre é perfeitamente compreensível. Apesar das dificuldades relatadas, Spotlight consegue não ser chato, entretendo o espectador principalmente com um número muito grande de locações e tramas paralelas. Ponto positivo para a montagem (indicada ao Oscar).

Por falar em Oscar, Spotlight apresenta várias boas atuações, embora nenhuma excepcional. Os dois atores que mais se destacam são Mark Ruffalo e Rachel McAdams, não à toa os dois únicos atores indicados pela Academia, respectivamente para Melhor ator coadjuvante e Melhor atriz coadjuvante.

Como filme, Spotlight não ousa e é apenas "legal". Sua força portanto reside em sua história, baseada em fatos reais. Não deixa de ser uma aula de como o jornalismo deveria se portar, e é bastante chocante presenciar a enorme quantidade de pessoas que querem encobrir o caso apenas para "deixar a Igreja em paz". Mais instrutivo que interessante, Spotlight ganha Nota 6,0.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Crítica - O Regresso (2015)

TítuloO Regresso ("The Revenant", EUA, 2015)
Diretor: Alejandro G. Iñárritu
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter, Forrest Goodluck
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=S4PpYv9n0ko
Nota: 7,0
Após se aproximar de Cuarón, Inãrritu se aproxima de Malick

O que possui em comum os filmes deste século de Alfonso Cuarón, Terrence Malick, e os dois últimos filmes de Iñarritu? Resposta: o genial diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki. Seja pelas cores, pela luz, ou pelas imagens em si, os trabalhos de Lubezki são sempre maravilhosos, espetaculares. Cuarón e Malick usaram o talento de Lubezki bem antes de Iñarritu, cada um de sua maneira. O mexicano Alfonso opta por a câmera sempre em movimento, mostrando bastante ação, com longos planos-sequência de tirar o fôlego (Filhos da Esperança, Gravidade). Já o estadunidense Terrence prefere filmar com closes, mostrar muitas paisagens e belezas naturais e carregar na trilha incidental, tornando sua obra mais psicológica (A Árvore da Vida, Amor Pleno).

Quando trabalhou com Lubezki pela primeira vez, no vencedor do Oscar de 2015 Birdman, Alejandro G. Iñárritu trouxe bastante do estilo de Cuarón para seu filme. Estão lá os longos planos-sequencia e a câmera irriquieta. Desta vez, em O Regresso, o diretor mexicano começa usando a mesma fórmula. O filme começa a mil, com batalhas filmadas em impressionantes plano-sequências (desta vez não tão longos), algo realmente sensacional. Dá vontade de se levantar da poltrona e aplaudir em pé. Porém, com o passar da história, o filme começa a contar cada vez mais com "características Malick": paisagens, narrações e delírios do personagem de DiCaprio... O Regresso fica gradativamente mais lento, contemplativo.

Na história, situada no norte dos EUA nos anos 1820 um grupo de caçadores de pele dos quais fazem parte Glass (Leonardo DiCaprio), Fitzgerald (Tom Hardy) e o Capitão Henry (Domhnall Gleeson) estão cercados por indígenas. Para piorar, Glass é atacado por um urso e quase morre (aliás esta cena é impressionante, fantástica, precisa ser vista nos cinemas!). Quando os índios enfim atacam, na fuga os homens optam por deixar Glass para trás.

Indicado para impressionantes 12 Oscars, dentre eles o de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Principal (DiCaprio), Melhor Ator Coadjuvante (Tom Hardy) e Melhor Fotografia (Emmanuel Lubezki), todos os citados mereceram sua indicação, pois trazem ótimos trabalhos. Entretanto, destes 5 Oscars que citei, para mim apenas a Melhor Fotografia seria digna de vencer (empatando com meu preferido Mad Max 4).

Vejamos por exemplo o caso de Leonardo DiCaprio: ele atua muito bem, mas seu papel não exige muito mais do que fazer caretas de dor e se parecer machucado. O talentoso "Leo" já foi muito mais exigido dramaticamente em vários outros filmes. Sua indicação é mais justa pelo esforço. E bota esforço nisto! Com o desejo de Iñárritu de usar paisagens reais e apenas iluminação natural, atores e equipe de filmagem tiveram que trabalhar 8 meses sob o frio. Cenas na neve rodadas no Canadá, EUA e Argentina. Haja sacrifício!

A verdade é que tecnicamente O Regresso é praticamente irrepreensível. Um deleite. Seu maior problema, entretanto, é a sua duração. Há várias cenas desnecessárias ao longo do filme, principalmente a partir de sua segunda metade, onde ele se torna cada vez mais lento. Por exemplo há uma trama paralela com indígenas que é completamente desnecessária e clichê. E este nem é o maior excesso... o tempo a mais se encontra principalmente nas contemplações da natureza e nos desnecessários flashbacks/delírios de Glass. Outro ponto que não gostei foi o desfecho do conflito entre Glass e Fitzgerald. Uma pena, depois de tanto tempo para chegarmos a uma conclusão, que ela seja até meio incoerente.

Se tivesse um desfecho melhor e 1h30min de duração, O Regresso levaria uma nota 9,0; se tivesse 2h de duração, levaria uma nota 8,0. Mas como possui intermináveis 2h35min, o filme fecha com uma Nota 7,0

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Crítica - O Bom Dinossauro (2015)

TítuloO Bom Dinossauro ("The Good Dinosaur", EUA, 2015)
Diretor: Peter Sohn
Atores principais (vozes): Raymond Ochoa, Jack Bright, Jeffrey Wright, Frances McDormand
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=A6z79w5fdDU
Nota: 6,0
Primor gráfico com uma história apenas legal

Normalmente, quando um filme tem problemas na produção isto é um grande indício de filme ruim. E O Bom Dinossauro teve uma criação pra lá de conturbada. O filme foi adiado duas vezes, sendo que após um dos adiamentos cerca de 80 pessoas foram demitidas e a Pixar Canadá - onde O Bom Dinossauro estava sendo feito - fechou as portas.

Acontece que estamos falando da Pixar. E confesso que minha fé nesse estúdio é tão grande que eu via estes adiamentos como algo positivo... do tipo: "eles só vão lançar o filme quando ele estiver realmente muito bom". Me enganei. Claro, O Bom Dinossauro está longe de ser uma catástrofe. É um filme bom e divertido. Entretanto, não possui o "selo Pixar de qualidade", está bem abaixo da média do estúdio.

Na história, estamos nos dias atuais de uma Terra hipotética onde nenhum asteroide se chocou com nosso planeta exterminando os dinossauros. Eles continuam, portanto, sendo a raça dominante do planeta, mas "humanos das cavernas" também existem e convivem com os "lagartões". Após 65 milhões de anos os dinossauros aprenderam algumas coisas... Tem dino agricultor, dino boiadeiro, e assim vai...

O protagonista é Arlo (Raymond Ochoa - vozes), um jovem e medroso saurópode que nasceu com um tamanho bem menor que o normal. Após uma trágica tempestade, Arlo se perde de sua família e tenta então voltar para casa. Na sua jornada, ele encontra a criança humana Spot (Jack Bright - vozes), a quem o adota como "cachorro de estimação".

Um dos problemas de O Bom Dinossauro é que ele não é muito engraçado. O principal motivo disto é que o protagonista é um personagem muito frágil, e não há muita graça rir de alguém assim. Notem que no excelente Procurando Nemo (2003) o protagonista (e alvo das piadas) não é o frágil Nemo, e sim, seu pai. Também pesa contra o humor a ausência de bons coadjuvantes. Com exceção de Spot e um certo trio gigante que não vou dar mais detalhes para não estragar, nenhum outro personagem encanta.

A história como um todo possui seus altos e baixos. Há ótimas cenas; outras, burocráticas. Como todo filme da Pixar, há cenas bastante emocionantes de Arlo com sua família ou com Spot. Mesmo assim, pelo fato da relação afetiva entre todos estes personagens não terem sido bem demonstradas, falta aquele algo a mais que nos leve a tirar o lenço do bolso para enxugar lágrimas.

Com uma história legal, divertida, mas sem grandes virtudes, o grande destaque de O Bom Dinossauro é mesmo seu visual, ou melhor, mais outra evolução técnica da Pixar. Árvores, rios, pedras... a paisagem em geral: a animação destas coisas está ficando tão perfeita, mas tão perfeita, que muito em breve não saberemos distinguir animação de cenas reais. Há alguns momentos do filme que temos a impressão que só os personagens são "falsos", o resto é do mundo real. Muito impressionante!

Legal, divertido - mas sem querer fazer muito humor - O Bom Dinossauro está entre os piores filmes da Pixar, só sendo melhor que Carros 2 e do mesmo nível que Universidade Monstros. Parece mesmo que o mundo com que teremos que conviver a partir de agora é uma Pixar que só faz obras primas de vez em quando. Nota: 6,0


PS: o estreante diretor Peter Sohn serviu de inspiração para a criação do menino Russell do filme Up: Altas Aventuras (2009). Curiosamente, no filme em questão seu único envolvimento foi ajudar a desenhar os storyboards. Vejam abaixo a comparação. São iguaizinhos!


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