domingo, 26 de março de 2023

Crítica - Creed III (2023)

TítuloCreed III (idem, EUA, 2023)
Diretor: Michael B. Jordan
Atores principaisMichael B. Jordan, Tessa Thompson, Jonathan Majors, Wood Harris, Phylicia Rashad, Mila Davis-Kent, Jose Benavidez, Selenis Leyva, Florian Munteanu
Nota: 6,0

Filme abandona Rocky (personagem), mas imita seus roteiros

Com Michael B. Jordan no papel principal e estreando como diretor, Creed III fez um pouco de propaganda ao ser o primeiro filme da franquia Rocky a não ter a participação de Sylvester Stallone como ator, ainda que para lamento deste.

Mas se o personagem Rocky, de Stallone, foi definitivamente abandonado, o roteiro não, parecendo o mesmo de sempre, e isso não é nada positivo. Não só Creed III segue a mesma fórmula usada nos filmes Rocky de 2 a 6 - uma crise inicial, a recuperação via treinamento, e uma luta contra um "chefão final" - como também repete (muito desnecessariamente, alias) dramalhões como o falecimento de um ente querido, ou a cena um lutador apanhar até ficar a beira da morte.

Uma pena. Até porque o argumento principal de Creed III é bom: na história, Adonis Creed (Michael B. Jordan) acaba de se aposentar dos ringues, e começa a trabalhar como empresário de novos lutadores. Porém, em seu caminho surge Damian (Jonathan Majors), amigo de infância que estava na prisão até agora, devido um incidente passado que Creed participou. Damian pede para Creed "pular etapas" para ajudá-lo a ser um lutador profissional... e o dilema entre culpa e "seguir regras" se mostra bem interessante.

Porém pouco agrada além da ideia principal. Temos furos de roteiro, a personagem de Bianca (Tessa Thompson) - esposa de Adonis - que foi tão bem desenvolvida no primeiro filme, simplesmente abandonada por aqui... e até há um desenvolvimento inicial para a filha do casal, Amara (Mila Davis-Kent), que depois também é completamente abandonado. A impressão que dá é que isso nada mais foi do que uma inserção de roteiro para um futuro Creed IV. O filme entretanto, tem boas lutas. Elas continuam bem coreografadas e bem críveis. Mas mesmo elas têm defeitos, como veremos mais adiante.

Uma coisa que gostei, entretanto, foi resgatar o Boxe como algo que envolve bastante técnica e estratégia, não apenas "porrada"; e que no caso, Adonis Creed seria um grande especialista nisto. Esta teoria é bem usada nas primeiras lutas... mas ignorada completamente na luta final, para minha decepção.

Creed III também incorpora vários aspectos dos Animes, e com decisão fundamental de Michael B. Jordan nisso. Elas vão de coisas mais sutis, como por exemplo um cumprimento de dois dedos entre Creed e Damian tirado de Naruto, a até partes cruciais das lutas. A maneira com que a câmera acompanha lateralmente o lutador após ele desviar de um golpe lembra muito os enquadramentos de Dragon Ball Z, de onde também se copia alguns golpes na luta final contra Damian. Mas principalmente, temos na luta final um momento em que os dois lutadores são transportados para um local "vazio", meio espiritual, idéia usada em muitos animes, mas aqui sendo mais especificamente imitado de Naruto Shippuden. O que achei de tudo isso? Ruim. Michael B. Jordan não soube fazer sua homenagem ao oriente de maneira orgânica.

No final das contas, com altos e baixos, Creed III empata em qualidade com Creed II e faz o suficiente pra deixar os fãs da franquia Rocky satisfeitos. Mas é só. Muito pouco para uma série que começou tão boa, com um Creed: Nascido para Lutar (2015) repleto de inovações. Eu esperava mais deste filme, já que Ryan Coogler (diretor e roteirista do primeiro), e que praticamente não teve envolvimento no segundo, voltou para Creed III como Produtor e teve seu irmão como co-roteirista. Mas não foi suficiente. Se tivermos um Creed IV, que por favor, Ryan Coogler volte no mínimo como roteirista e, principalmente, que a franquia volte a olhar para o futuro, e não para o passado. Nota 6,0.

domingo, 12 de março de 2023

Crítica - Triângulo da Tristeza (2022)

TítuloTriângulo da Tristeza ("Triangle of Sadness", Alemanha / Dinamarca / França / Reino Unido / Suécia, 2022)
Diretor: Ruben Östlund
Atores principais: Harris Dickinson, Charlbi Dean, Dolly de Leon, Zlatko Burić, Iris Berben, Vicki Berlin, Henrik Dorsin, Woody Harrelson
Nota: 6,0

Vencedor de Cannes é ousado, mas decepciona nos detalhes

Triângulo da Tristeza é um filme de comédia ácida do diretor sueco Ruben Östlund, indicado a 3 categorias do Oscar (incluindo a de Melhor Filme) e grande vencedor da Palma de Ouro de Cannes 2022, sendo esta a segunda vez que ele conseguiu o prêmio. A história acompanha um casal de jovens modelos, Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean), e acompanhamos algumas semanas de suas vidas entre atividades e pessoas da alta sociedade.

O filme faz humor e críticas bem pesadas ao mundo da alta moda e aos super ricos, e o faz muito bem, é sem dúvida o ponto alto de Triângulo da Tristeza. A história é contada em três atos: "Carl & Yaya", "O Iate" e "A Ilha". Após uma boa primeira parte, o segundo capítulo é bem problemático: há várias cenas desnecessárias exibindo fezes e vômito, além de enfadonhos e ultrapassados diálogos de capitalismo versus comunismo. Confesso, que neste parte, o filme me perdeu.

Já em seu ato final, Triângulo da Tristeza traz algumas reviravoltas e melhora novamente, porém, continua com problemas. Tentando não dar spoilers, eu diria que é bastante inverossímil a mudança de comportamento dos personagens em tão pouco tempo; e outros comportamentos de "passividade" não aconteceriam nunca, a meu ver. Para piorar, a opção do diretor / roteirista de deixar o filme com um final em aberto foi bastante decepcionante.

Confesso que estava bastante empolgado para assistir Triângulo da Tristeza, dada a enorme quantidade de elogios da crítica especializada. Porém, se o filme é certeiro e corajoso em várias de suas piadas e críticas, lhe falta coerência, bom senso, e até um pouco de história pra contar. No final das contas, é um filme diferente e interessante, mas não o suficiente para merecer tantos prêmios e atenção. Nota: 6,0.


PS: a atriz Charlbi Dean (à esquerda na foto deste artigo, acima), co-protagonista do filme, faleceu tragicamente no dia 29 de Agosto de 2022, com apenas 32 anos, em consequência de uma rara infecção bacteriana. Triângulo da Tristeza foi portanto seu último filme.

sábado, 11 de março de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #014 - Conheça algumas das estranhas categorias que já fizeram parte da cerimônia do Oscar


Amanhã (12 de Março de 2023) teremos 95ª edição do Academy Awards, popularmente conhecido como Oscars. E ao longo de sua história quase centenária, tivemos algumas premiações que foram concedidas e posteriormente abandonadas, seja porque deixaram de fazer sentido, ou simplesmente por serem... "estranhas".

A primeira edição de cerimônia, ocorrida em 1929, concedeu 12 premiações (atualmente temos o dobro, são 24 categorias), e justamente por estar em seu formato inicial, é dela que temos boa parte das categorias "esquecidas" desta lista... prêmios que foram concedidos no ano inicial e nunca mais.

Começamos pelo prêmio de Melhor Filme. É considerado que o primeiro vencedor deste prêmio na história foi Asas (1927), porém isso não é 100% correto. Acontece que em 1929 tivemos os prêmios de Outstanding Picture (algo como "Filme Execepcional"), vencido pelo Asas, e o Unique and Artistic Picture (algo como "Filme Único e Artístico"), que foi vencido por Aurora (1927). Em outras palavras, é como se fossem DOIS prêmios para "melhor filme": um mais "geral" (que Asas levou), e outro mais "técnico" (vencido por Aurora). Foi só ano seguinte - e desde então - que as duas categorias foram unificadas com o único nome de "Melhor Filme". Mas se por convenção Aurora  perdeu o posto de Melhor Filme de 1929, agora ele pode ficar feliz ao ser homenageado tendo uma de suas cenas como a imagem principal deste meu artigo. ;)

Outro prêmio que em 1929 estava dividido em dois era o de Diretor. Tivemos o prêmio de Melhor Diretor de Comédia, e o de Melhor Diretor de Drama. Já no ano seguinte e a partir de então, a categoria foi unificada para apenas o "Melhor Diretor". Saibam vocês, entretanto, que as categorias de Direção estão entre as que mais geraram ciúmes ao longo do tempo. Tivemos o prêmio de Melhor Diretor Assistente entre 1933 a 1937, e o de Melhor Diretor de Dança, entre 1935 a 1937. Estes prêmios foram abandonados por insatisfação de integrantes do próprio sindicato dos Diretores; sobre o primeiro as reclamações vão de sua menor importância criativa à impossibilidade de critérios de avaliação, já ao segundo, o argumento é que "Direção", por si só, é uma habilidade ampla, e não específica.

Outra pérola do Oscar de 1929 foi o Prêmio de Melhor Entretitulagem. Para explicar o que isso significa, eu tive que tirar da Wikipedia: "Entretítulos eram diálogos ou quaisquer outros textos que apareciam entre algumas cenas, para explicá-las melhor.". Ou seja, com o fim do Cinema Mudo, o prêmio não fazia mais sentido.

Vamos agora abandonar o ano inaugural de 1929 e partir para categorias posteriores. A foto acima com Shirley Temple se refere ao Oscar Juvenil, concedido de 1934 a 1960, e eu já havia falado dele antes no meu Curiosidades Cinema Vírgula #009 (confira!).

Outra premiação bem curiosa se refere aos Oscars de Curta-metragem; ainda hoje temos dois: o de Melhor Curta-metragem em Live Action e o de Melhor Curta-metragem de Animação. Porém ao longo das décadas, essas mesmas categorias tiveram divisões bem estranhas. Nos primeiros anos se chamavam Melhor Curta de Comédia e Melhor Curta de Inovação. Depois, mudou-se de 1936 a 1956 para as de Melhor Curta-metragem em Live Action de 1 bobina e de 2 bobinas; com direito ao uma 3ª categoria extra em 1936-37, de Melhor Curta-metragem em Cores.

E, encerrando este texto, outra categoria que mudou muito ao longo das décadas é a de Melhor Trilha Sonora Original. Entre idas e vindas, ela já foi dividida entre "Adaptação" e "Original", "Filmes de Drama" e "Comédia". Sua última mudança de formato aconteceu no fim do Século XX: o que era dividido de 1996 a 1999 em Melhor Melhor Trilha Sonora Original - Drama e Melhor Trilha Sonora Original - Músical e Comédia, virou apenas Melhor Trilha Sonora Original a partir de 2000 e se mantém assim até hoje.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

segunda-feira, 6 de março de 2023

Crítica - Babilônia (2022)

Título: Babilônia ("Babylon", EUA, 2022)
Diretor: Damien Chazelle
Atores principais: Brad Pitt, Margot Robbie, Diego Calva, Jean Smart, Jovan Adepo, Li Jun Li, Olivia Hamilton, Max Minghella, Katherine Waterston, Tobey Maguire, Jeff Garlin
Nota: 7,0

Uma caótica história sobra a Hollywood dos anos 20 e 30

Babilônia começa em uma maneira alucinante: uma festa com centenas de convidados em uma mansão de algum figurão de Hollywood, com bebidas, drogas e sexo a vontade; anões, dançarinos, orquestra, e até... um elefante. Tudo em ritmo acelerado, muita música, muito luxo, tons laranja e vermelho, alguns planos-sequência, e uma breve apresentação de todos os personagens principais. Depois de dezenas de minutos sob este turbilhão áudio visual, vem o silêncio; e o primeiro choque no filme: a festa acaba, as pessoas deixam de ser "glamourosas" e voltam para o seu infeliz cotidiano; para várias delas toda aquela ostentação nada mais é que uma fantasia, literalmente.

Em seu primeiro ato, o diretor Damien Chazelle mistura principais características de seus dois filmes mais famosos: La La Land: Cantando Estações (2016) e Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014): do primeiro ele traz as coreografias musicais com dezenas de pessoas simultâneas em tela, e do segundo, ele traz de volta as fortes batidas de bateria quando quer simular a confusão mental de um personagem.

E é exatamente este ato, de "misturar coisas", o que mais vemos em Babilônia; infelizmente, não de maneira positiva. A história nos mostra principalmente a Hollywood do fim dos anos 1920 e início dos anos de 1930; estamos na transição do cinema mudo para o cinema falado, e vemos o impacto disso na vida de 5 personagens: o já famoso ator Jack Conrad (Brad Pitt), a aspirante a atriz Nellie LaRoy (Margot Robbie), o faz-tudo Manny Torres (Diego Calva), o músico Sidney Palmer (Jovan Adepo), e a dançarina Lady Fay Zhu (Li Jun Li). São todos personagens fictícios, embora levemente baseados em pessoas reais.

Isto de mostrar o drama das pessoas que não conseguiram se adaptar às mudanças do cinema mudo para o sonoro não é nada novo; já foi feito diversas vezes, como por exemplo em Crepúsculo dos Deuses (1950) - um filmaço que costuma sempre estar na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos, e inclusive adoro - mas as novidades em Babilônia é que aqui temos a história de 5 personagens ao mesmo tempo (ou até 6, se considerarmos a da colunista de fofocas Elinor St. John (Jean Smart)), e nem todos eles se prejudicaram com a mudança, alguns prosperaram; outra novidade é além de todo o drama, trazer diversas homenagens ao cinema e à Hollywood, e também, ao acrescentar a tudo isso um pouco de romance, bastante bizarrice, muito sexo, drogas e até gângsteres.

Notem que é muita coisa em um filme só. E para piorar, mesmo com pouco mais de 3h de filme (o que é um pouco cansativo), não sobra tempo suficiente para desenvolver nenhum dos 5 personagens principais.

Ainda assim, apesar de tanto caos e salada de temas, Babilônia acaba sendo um filme interessante, pra quem gosta de cinema, e também, para quem gosta de ver bons atores. A lista de atores famosos em Babilônia é grande, e o maior destaque vai para o trio principal Brad Pitt, Diego Calva e Margot Robbie. Ah a Margot Robbie... outro filme para mostrar o quanto esta atriz australiana é ótima e versátil. Excelente trabalho!

Ainda que seja um "épico do Caos" e justamente por isso seu resultado final deixar a desejar, ao se perder em tantas coisas diversas e bizarras ao mesmo tempo, Babilônia em nenhum momento deixa de ser interessante, e isso já é algo bem acima da média nos dias de hoje, além de diferente. Babilônia acaba perdendo pontos naquela máxima do "quando mais é menos", mas ainda assim, me garantiu alguns momentos memoráveis. Nota: 7,0

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Crítica - Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022)

TítuloPantera Negra: Wakanda Para Sempre ("Black Panther: Wakanda Forever", EUA, 2022)
Diretor: Ryan Coogler
Atores principaisLetitia Wright, Angela Bassett, Tenoch Huerta, Martin Freeman, Dominique Thorne, Lupita Nyong'o, Winston Duke, Julia Louis-Dreyfus, Danai Gurira
Nota: 4,0

Com um filme que não precisava existir, o MCU continua em declínio

Ainda não parei de me surpreender com o quanto as críticas em relação aos filmes da Marvel e seu MCU (Universo Cinematográfico Marvel) são parciais e distorcidas. Me lembro que as primeiras avaliações de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre foram bastante elogiosas, citando-o entre uns dos melhores filmes da Marvel já feitos. Mas a realidade é muito longe disto. Com um roteiro tosco e sem sentido, este Pantera Negra 2 é bem ruim. Pra piorar, se em outros filmes da Marvel de roteiro fraco tínhamos muitas piadas para compensar, aqui isto não ocorre, pois neste filme triste somos relembrados o tempo todo que o Pantera Negra (Chadwick Boseman) morreu tanto dentro da trama como na vida real.

Outro exemplo da injusta parcialidade e boa vontade da crítica com a Marvel foi a indicação de Angela Bassett ao Oscar de Atriz Coadjuvante este ano. Nada contra ela ou com sua atuação, que está muito boa. Acontece que ela nem fica muito tempo em tela, nem faz nada memorável.

Na história de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre vemos o povo de Wakanda se recuperando da traumática morte de seu maior protetor quando surge, ao mesmo tempo, uma nova ameaça global: o povo aquático Talocan, liderado pelo superpoderoso Namor (Tenoch Huerta).

Então temos uma mistura de filme com dezenas de auto-homenagens e este conflito sem sentido, com uma trama principal repleta de furos. Para se ter uma idéia do baixo nível do roteiro, trago aqui um exemplo. No meio do filme, há um momento em que os Talocans atacam de surpresa Wakanda e os derrotam com facilidade. Então Namor chega até a princesa Shuri (Letitia Wright) e ao invés de falar para ela admitir a óbvia derrota e acabar tudo ali, ele diz algo como: "olha, eu vou parar por aqui e voltar daqui uma semana tá? Então trate de se render daqui uma semana, senão o bicho vai pegar"... e então ele dá meia volta e vai embora...

Para poder homenagear o tempo todo não só Chadwick Boseman, mas todo o filme anterior, o roteiro cria situações muito forçadas para poder trazer de volta, por exemplo, os personagens de Lupita Nyong'o e Martin Freeman em tela. Mas não só o roteiro em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é ruim, por exemplo as cenas de luta são pouco inspiradas e acompanhadas por uma trilha sonora que não combina de jeito nenhum com as imagens.

E como cereja do bolo para as coisas mal feitas, que tristeza foi ver o quanto modificaram Namor para este filme. O personagem, que nos quadrinhos é um descendente de Atlântida, aqui está completamente irreconhecível, e foi transformado em uma mistura de descendente de Maias com sereias. Lamentável.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre não está entre os melhores filmes da Marvel como disseram alguns no seu lançamento, e sim, facilmente entre os piores. A verdade é que depois que o MCU encerrou sua gigantesca saga com Vingadores: Ultimato (2019), com exceção de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, (2021) mais nada lançado no universo Marvel vale realmente a pena assistir. E pelas primeiras reações que peguei de conhecidos sobre Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, que estreou semana passada, essa afirmação continua verdadeira infelizmente... Nota: 4,0

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Crítica Netflix - Nada de Novo no Front (2022)

Título: Nada de Novo no Front ("Im Westen Nichts Neues", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2022)
Diretor: Edward Berger
Atores principais: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic, Daniel Brühl, Thibault de Montalembert, Devid Striesow
Nota: 8,0

Adaptação não tão adaptação traz boas surpresas

Nada de Novo no Front é um filme baseado em um livro de 1929 de mesmo nome, do alemão Erich Maria Remarque. Curiosamente, esta não é a primeira adaptação desta obra, que virou filme já em 1930 (e inclusive foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme naquele ano) e também foi lançado para a TV dos EUA em 1979. Em sua terceira versão para as telas, esta é a primeira vez que ela é feita por alemães.

A história acompanha as aventuras do jovem soldado alemão Paul Bäumer (Felix Kammerer), em batalhas pelo último ano da Primeira Guerra Mundial. O filme (assim como o livro), mostra os terrores e a completa falta de sentido do conflito.

A nova versão de Nada de Novo no Front começa com cenas fortes e violentas em pleno combate, e vemos de maneira chocante como tudo na guerra é tratado como se fosse uma linha de produção, de maneira industrial, e com completa indiferença dos chefes militares pela vida humana. Com literalmente cerca de um século de filmes sobre guerra sendo feitos por aí, eu mesmo não me animo quando surge outra produção do gênero, e então, o que um filme de guerra poderia acrescentar aos dias de hoje são eventuais visões diferentes. Este paralelo com uma linha industrial é uma delas (e bem vinda). Ao longo do texto comentarei sobre outras.

É só depois destas primeiras cenas de violência que nosso protagonista Paul Bäumer aparece, e ele só alista para a guerra devido a um misto de inocência com despeito aos pais. No filme a propaganda feita pelo governo/exército alemão convocando os jovens para a batalha aparece apenas de maneira bem sutil, uma diferença em relação ao livro que inspirou ao filme.

Aliás, esta adaptação de Nada de Novo no Front não é tão fiel ao livro, ela até segue boa parte das ocorrências principais, porém, se destaca por duas grandes mudanças: uma ausência e uma adição. A ausência é que no livro temos um trecho onde a o soldado Bäumer volta para casa em meio ao conflito, e lá fica por algumas semanas, em período de folga. É quando percebe que não só não tem a recepção que gostaria, como também, o mundo cotidiano passou a ser algo totalmente alienígena perto de tudo o que ele passou nas vidas em batalhas. Por outro lado, para compensar, temos um arco completamente novo, onde vemos Matthias Erzberger (Daniel Brühl) negociando a rendição da Alemanha para colocar fim a guerra. Ao contrário da grande maioria dos personagens do filme, Erzberger foi uma pessoa real, o político de fato nomeado pelos germânicos para negociar a paz.

Com o acréscimo das partes de Erzberger, a história é montada de um jeito onde podemos ver que mesmo sabendo que a derrota era inevitável, e que a rendição seria assinada em questão de dias, o alto escalão do exército alemão continuava a mandar seus soldados para morrer inutilmente na guerra. Sim, isso são fatos que sabemos pela História que aconteceram, mas vê-los de uma maneira bem explicitada pela montagem das cenas faz diferença, o impacto e a revolta é bem maior.

Por falar em História, o roteiro não se preocupa em nenhum momento em contextualizar o espectador historicamente com o que está acontecendo. Certamente os alemães e até mesmo os estadunidenses sentirão bem menos falta disso que nós, brasileiros. Saber em que dia a Primeira Guerra acabou, e quem estava lutando contra quem antes de ver o filme, ajudará o seu entendimento.

Em geral, este Nada de Novo no Front também é muito bom tecnicamente. Ótima fotografia, ótimo som, tudo realmente excelente e digno das indicações do Oscar recebidas. Entretanto, em comparação, na parte técnica ele fica abaixo do espetacular e recente filme 1917, também sobre a Primeira Guerra.

Nada de Novo no Front traz muitas cenas de ação violentas, realistas e bem feitas, porém como no livro original, seu forte é criticar a estupidez e inutilidade dos conflitos bélicos. Portanto as cenas mais marcantes acabam ocorrendo em situações nada heroicas, e muitas delas não presentes no livro, foram criadas para esta adaptação. Comparando novamente Nada de Novo no Front com 1917, o segundo é melhor. Mas ainda assim, não só o primeiro ainda é muito bom, como também pode ser assistido de sua casa sem perder muito de sua experiência, o que não acontece com 1917. Nota: 8,0

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Dupla Crítica Séries Netflix - O Mundo Por Philomena Cunk (1ª temporada) e That' 90s Show (1ª temporada)

Analisando duas séries de comédia que estrearam bem recentemente na Netflix, e que no mínimo já servem para dar alguns sorrisos. Mas será que elas vão além disto? Leia sobre cada uma delas aqui abaixo! ;)


O Mundo Por Philomena Cunk - 1ª temporada

O Mundo Por Philomena Cunk é um mocumentário de 5 episódios que tenta, de maneira bem resumida, contar a historia da humanidade. Ele é protagonizado e narrado pela personagem Philomena Cunk (Diane Morgan), que seria uma jovem repórter dos dias de hoje, porém absurdamente desinformada sobre todos os assuntos... como se tudo que ela "soubesse" ou "pensasse" viesse das mídias sociais.

Cunk acaba sendo bem engraçada, e seu nonsense somado a absoluta seriedade com que lida as situações mais absurdas (o que me faz lembrar John Cleese em Monty Python) torna o programa uma ótima indicação pra quem curte humor britânico e História.

Curiosamente, este não é o primeiro seriado em que o personagem de Philomena aparece. Ela surgiu no programa humorístico Charlie Brooker's Weekly Wipe (2013-2015), que ironizava / comentava notícias e programas da TV britânica. Depois surgiram o filme Cunk on Shakespeare (2016), e a séries Cunk na Grã-Bretanha (2016) e Cunk & Other Humans on 2019 (2019), tudo isso nos canais de TV da BBC.

Gostei bastante de O Mundo Por Philomena Cunk, e torço para que os outros materiais da personagem também cheguem à Netflix. Alías, isso meio que já aconteceu, pois nos mocumentários de final de ano 2020 Nunca Mais e 2021 Nunca Mais, Diane Morgan apareceu em ambos com a personagem Gemma Nerrick, que é a mesma coisa que Cunk, com a diferença que ao invés de ser uma repórter, ela é apresentada como a "cidadã britânica comum".


 That' 90s Show - 1ª temporada

A série That' 70 Show, uma sitcom que estreou em 1998 e teve 8 temporadas, foi um enorme sucesso. Ela mostrava o cotidiano de 6 amigos nos anos 70, em uma cidade fictícia no estado de Wisconsin, e acabou tornando famosos vários atores, como por exemplo Topher Grace, Mila Kunis, Ashton Kutcher, Debra Jo Rupp e Kurtwood Smith. Eu mesmo coloco That' 70 Show entre os melhores seriados dos anos 2000.

Tentando repetir seu sucesso, em 2002, os produtores de That '70s Show tentaram emplacar um novo projeto, e lançaram That '80s Show, contando com elenco totalmente novo. O resultado, uma verdadeira porcaria que todos odiaram, e durou apenas 1 temporada e 13 episódios. Portanto, foram mais duas décadas para que os teimosos produtores se arriscassem mais uma vez, agora com That' 90 Show.

Porém, desta vez, os criadores da franquia foram mais espertos e arriscaram bem menos. Para começar, eles tiveram o apoio da gigante Netflix no desenvolvimento; e além disto, resolveram trazer quase todo o elenco do seriado original de volta. Aliás, Debra Jo Rupp (como Kitty Forman) e Kurtwood Smith (como Red Forman) fazem parte do elenco principal de That' 90 Show, cuja história é focada em um novo grupo de jovens encabeçado pela neta Leia Forman (Callie Haverda), filha, claro, de Eric e Donna, que fazem breves aparições. Também fazem aparições nos episódios: Fez, Leo, Jackie, Kelso, Bob e Fenton... ou seja, quase a turma toda.

E é aí que temos o dilema de That' 90 Show: sua força está nos seus atores do seriado original e na nostalgia que eles trazem; nenhum dos novos integrantes se destaca. Alguns até não são ruins... são razoáveis, mas ainda assim, longe se serem atrativo suficiente para a série. E para piorar, a série também comete alguns outros deslizes, como por exemplo, o uso excessivo (e muito irritante) de claques.

Em resumo, That' 90 Show está bem abaixo de That' 70 Show (embora seja uma cópia do mesmo), mas muito acima de That' 80 Show, e enquanto eles conseguirem trazer os personagens do seriado antigo, a série será um passatempo aceitável. A dúvida é se eles vão conseguir fazer isso na segunda temporada (que já está confirmada)... Descobriremos em breve.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Crítica - Tár (2022)

TítuloTár (idem, EUA, 2022)
Diretor: Todd Field
Atores principaisCate Blanchett, Noémie Merlant, Nina Hoss, Sophie Kauer, Mark Strong, Mila Bogojevic
Nota: 6,0

Cate Blanchett se transforma mais uma vez para outra grande atuação

Tár é um filme de drama ficcional que nos apresenta Lydia Tár (Cate Blanchett), música e compositora estadunidense que há vários anos é a condutora da prestigiada Orquestra Filarmônica de Berlim. O filme traz Lydia retomando sua carreira "pública" interrompida pela pandemia de Covid, com ela se preparando para fazer uma apresentação e gravação ao vivo da Sinfonia No. 5 de Mahler. Acompanhamos então algumas semanas da vida de Tár a partir daí, onde ela passa por problemas profissionais e pessoais.

De longe, a melhor coisa de Tár é a atuação de Cate Blanchett. Uma das melhores e mais versáteis atrizes de seu tempo, não só Cate está incrível como sempre, mas também para este papel ela teve que reaprender a tocar piano, falar alemão, e também a conduzir orquestras; sim, as cenas em que ela conduz orquestras são reais, impressionante. Das seis indicações ao Oscar que Tár recebeu, a de Melhor Atriz para Blanchett é a mais justa.

A história em si até é interessante, e contada de um jeito incomum. Por exemplo, não temos em Tár qualquer trilha sonora incidental. Outro aspecto atípico é que mesmo estando nós, espectadores, "bem perto" de Lydia por 2 horas, a história é contada com tal distanciamento que se torna difícil fazer algum julgamento da protagonista, seja positivo ou negativo. Pelo comportamento de Tár vemos que ela não é uma boa pessoa, e portanto quase certamente culpada de todas as coisas que lhe acusam... mas ela é acusada do que exatamente? O filme não fala nem mostra. Trazer muitos termos e detalhes do universo das orquestras e maestros também é outro aspecto que afasta Tár do público, gerando até uma certa indiferença para quem assiste.

Portanto, mesmo sendo um drama, Tár acaba se tornando uma experiência bem mais intelectual e filosófica do que dramática, questionando o quanto devemos separar a pessoa de sua obra, mas sem dar nenhuma resposta, e nem se preocupar em nos fazer ter qualquer desejo ou sentimento de procurar por ela.

Tár acaba não ganhando nota muito alta minha devido sua "frieza" como história, ainda que interessante. E mais uma vez, é outro filme que vale a pena especialmente por causa de Cate Blanchett. Nota: 6,0


PS: como curiosidade, no filme (e também no trailer) é dito que Lydia Tár é a 15ª pessoa a se tornar um EGOT, ou seja, vencedora de pelo menos um prêmio Emmy (TV), Grammy (Música), Oscar (Cinema) e Tony (Teatro). No mundo real, o 15º a atingir este feito foi John Legend, em 2018. Atualmente, a lista de EGOTs do mundo é composta de 18 pessoas, sendo o mais novo membro a fantástica Viola Davis, que entrou na lista ONTEM (5 de Fev de 2023), ao levar um Grammy na categoria Melhor Gravação de Audio Book ou Storytelling por seu livro Finding Me.

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Oscar 2023!! Conheça mais sobre os principais indicados aqui no Cinema Vírgula!


Ok, a lista dos indicados ao Oscar 2023 já saiu faz um tempinho (no dia 24 de Janeiro), e começo meu texto trazendo a lista dos indicados a Melhor Filme, ordenado pelo número de total de indicações, e aonde vocês podem assisti-los:

Dentre os outros filmes com mais de uma indicação (mas não de Melhor Filme), e que você irá ler a crítica aqui no Cinema Vírgula, temos: Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (6 indicações), Babilônia, Batman e A Baleia (cada um destes com 3 indicações).

Note que considerando todos os filmes listados acima, até o presente momento, 9 já tiveram sua crítica publicada por aqui. E amanhã sairá a crítica de Tár! Não perca!

A cerimônia de premiação será no dia 12 de Março, e até lá vários outros filmes citados aqui terão sua crítica publicada. Conforme novas críticas forem surgindo, este artigo será atualizado. Continue acompanhando tudo por aqui!


E antes de eu ir... alguns breves comentários:

Pela primeira vez na história do Oscar tivemos mais de um candidato a Melhor Filme ultrapassando a barreira de 1 Bilhão de dólares em bilheteria, mostrando que desta vez a Academia resolveu valorizar um pouco mais os cinemas comercialmente.

Talvez também por isso, pela primeira vez um ator (no caso uma atriz) foi indicada por um filme da Marvel, trata-se de Angela Bassett, como Atriz Coadjuvante em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre.

Não fiquei surpreso em ver Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo na lista dos indicados a Melhor Filme. Mas fiquei muito feliz e surpreso ao ver que esta produção alcançou 11 indicações, dentre elas a de Melhor Ator Coadjuvante para Ke Huy Quan. Não sabe quem é ele??? Você PRECISA ler este meu artigo.


Escreva nos comentários o que achou dos indicados! E acompanhe de perto a cobertura do Oscar 2023 aqui no Cinema Vírgula!

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...