domingo, 23 de junho de 2024

Crítica - Divertida Mente 2 (2024)

Título: Divertida Mente 2 ("Inside Out 2", EUA / Japão, 2024)
Diretor: Kelsey Mann
Atores principais (vozes): Amy Poehler, Maya Hawke, Kensington Tallman, Liza Lapira, Tony Hale, Lewis Black, Phyllis Smith, Ayo Edebiri
Nota: 6,5

Nove anos depois, Divertida Mente se atualiza e se repete

Nove anos depois, a garota Riley e suas cinco emoções - capitaneadas pela Alegria - estão de volta. Neste meio tempo, a Riley do desenho não envelheceu todos estes anos... ficou mais velha apenas alguns deles, apenas o suficiente para acabar de se tornar adolescente.

E é este o enredo de Divertida Mente 2, com a chegada desta fase da vida, chegam novas emoções, mais complexas: a Inveja, o Tédio, a Vergonha, e a Ansiedade, que acaba sendo uma das principais personagens do filme, e atuando praticamente como vilã. Assim como no filme anterior, ele tenta explicar o comportamento "real" dos humanos com as aventuras dos personagens-emoções. Por isso, temos aqui uma tentativa de explicar porque uma pessoa pode mudar tanto de personalidade em sua fase adolescente, e assim como o "inimigo" de Riley no filme anterior era a depressão, agora o "inimigo" é a ansiedade, uma atualização para o tempo de hoje.

E assim como Divertida Mente, esta continuação diverte, emociona, e agrada todo tipo de público, das crianças aos adultos. Porém, "copia" o filme anterior até demais. Por exemplo, com cinco minutos de filme, descobrimos que Alegria já desaprendeu a importante lição do filme anterior (tsc, tsc), e então, vamos ter que reaprender com ela tudo de novo... As metáforas do mundo "de dentro da cabeça" funcionam menos nesta continuação (ainda que não comprometam), e fazem menos sentido que no primeiro filme. Aliás, nem mesmo as novas emoções fazem tanto sentido, sendo o pior caso o da Inveja, que só demonstra a sua própria emoção uma vez no filme todo, e fora isto, só está lá para atuar como capanga da Ansiedade.

Se o roteiro é uma "cópia piorada" do primeiro filme, por outro lado ele é mais "infantil" e com mais piadas. Então, acredito que os pequenos irão gostar um pouco mais deste filme aqui que do anterior.

Feito com menos cuidado nos detalhes e em sua própria mitologia do que o primeiro filme, Divertida Mente 2 não ousa, mas transporta seu mundo com bastante realismo (e competência) para o universo de inseguranças e mudanças dos adolescentes, entregando um filme bom o suficiente para agradar a todos que gostaram do primeiro Divertida Mente. Os fatos, inclusive, corroboram com minha afirmação, já que o filme já é a produção de maior bilheteria de 2024. E isso que ele mal acabou de chegar nos cinemas... Nota: 6,5.


PS: Divertida Mente 2 possui duas cenas pós-créditos, uma bem em seu começo, e outra quase no seu final, sobre o "Grande Segredo". Ambas são engraçadinhas, porém, descartáveis.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Hoje é o Dia do Cinema Brasileiro! Confira aqui duas dicas do Cinema Vírgula!


Já hoje, minha homenagem será um pouco diferente. Irei apresentar / recomendar para vocês dois filmes nacionais já um bocado antigos (mas deste século) que aposto que vocês não conhecem!


O primeiro deles é Redentor (2004), filme com direção de Cláudio Torres, com Pedro Cardoso no papel principal, e outros atores famosos como Miguel Falabella, Fernanda Montenegro, Camila Pitanga, Fernando Torres e Stênio Garcia (assista aqui o trailer).

A trama conta a história do jornalista Célio Rocha (Pedro Cardoso) em um filme bem crítico ao comportamento humano, especialmente no que se refere a corrupção e ganância. E tudo isso sob várias incursões de O Guarani, impressionante ópera de Carlos Gomes, na trilha sonora.

O filme é bem diferente do comum, e já que assistí-lo no cinema (igual ao que eu fiz) não é mais possível, recomendo fortemente vê-lo em um local com som bom e alto, para desfrutar em forte volume desta ópera nacional tão imponente e impactante.



Já o segundo filme se trata de O Duelo (2015), do diretor Marcos Jorge. É uma comédia baseada no livro Os Velhos Marinheiros ou o Capitão de Longo Curso de 1961, de Jorge Amado. O filme conta como principais atores o português Joaquim de Almeida e José Wilker, em seu último trabalho (já que o ator faleceu em 2014).

Na história, assista aqui o trailer, vemos o comandante Vasco Moscoso de Aragão (Joaquim de Almeida) chegar à pequena vila de Periperi, e, ao começar a contar suas aventuras, rapidamente se torna uma celebridade na região. Entretanto, o morador Chico Pacheco (José Wilker), até então o cidadão mais admirado do local, bastante enciumado desconfia das histórias e do caráter do comandante, e tenta desmascará-lo.

O Duelo está longe de ser uma obra prima, mas... diverte. É gostoso de assistir. Principalmente, pelas atuações de Joaquim de Almeida e José Wilker, que estão ótimos. É um filme que remete a tempos mais simples (até porque a história original foi escrita em 61...), uma boa pedida para distrair a cabeça.


Conhecia algum destes filmes? E caso tenha assistido depois destas recomendações, escreva o que achou nos comentários!

sábado, 15 de junho de 2024

Crítica Netflix - As Cores do Mal: Vermelho (2024)

Título
: As Cores do Mal: Vermelho ("Kolory zla. Czerwien", Polônia, 2024)
DiretorAdrian Panek
Atores principais: Jakub Gierszal, Maja Ostaszewska, Zofia Jastrzebska, Andrzej Konopka, Przemyslaw Bluszcz, Wojciech Zielinski, Andrzej Zielinski, Jan Wieteska
Nota: 7,0

Filme de suspense policial sucesso da Netflix é violento porém competente

Normalmente eu iria deixar passar este filme polonês As Cores do Mal: Vermelho, produção original Netflix. Porém, resolvi assistí-lo por dois motivos: ele está fazendo sucesso (na sua semana de estréia ele foi o 2º filme mais assistido mundialmente na plataforma, só perdendo para Atlas), e também porque está sendo bastante elogiado pelos sites especializados nacionais.

A trama é baseada no livro de mesmo nome, escrito em 2019 pela escritora polonesa Małgorzata Oliwia Sobczak. Atualmente As Cores do Mal é uma série de 4 livros: Vermelho (2019), Preto (2020), Branco (2021) e Amarelo (2024). Todos eles trazem como um dos personagens o promotor / investigador Leopold Bilski (interpretado aqui pelo ator Jakub Gierszal). Mas apesar de ser uma série de livros, o filme conta uma história completa e independente, sem deixar qualquer ponta solta.

Na trama deste As Cores do Mal: Vermelho, a jovem Monika (Zofia Jastrzebska) é encontrada morta em uma praia, e com os lábios arrancados, exatamente a mesma descrição de um crime ocorrido naquela mesma cidade pouco mais de uma década atrás. Porém ao investigar o novo assassinato, tanto o investigador Leopold quanto a juíza Helena Bogucka (Maja Ostaszewska), mãe da falecida Monika, vão descobrindo fatos novos e surpreendentes tanto do crime atual, quanto do crime do passado.

Mais do que qualquer coisa, As Cores do Mal: Vermelho é um filme bastante pesado de se assistir. Bem pesado. Por exemplo ele não tem receio de mostrar o corpo mutilado de Monika, e também, não alivia quando mostra várias cenas de tortura física e psicológica que ela passou antes de morrer. O nome As Cores do Mal não é a toa... há muitos personagens realmente maus neste filme. E com a direção não nos dando praticamente nenhuma pausa ou alívio para respirar ou refletir, somado-se a uma trilha sonora sombria e constante, a experiência é um bocado incômoda.

O roteiro de As Cores do Mal: Vermelho conta com algumas coincidências exageradas, várias reviravoltas (e algumas que achei previsíveis), mas ainda assim, consegue em alguns momentos surpreender. E, o mais importante: é muito competente em prender a atenção (e a tensão) do expectador. Estamos a todo momento querendo saber o que vai acontecer a seguir, e também, temendo pela vida dos personagens.

Ainda que não seja essa maravilha toda que boa parte dos sites nacionais de cultura pop vêm comentando, As Cores do Mal: Vermelho é de fato um bom filme de suspense policial, bem violento, e com bastante ênfase no suspense. Ainda que não se arrisque a fazer nada fora do usual em termos de narrativa, o filme felizmente foge da repetitiva fórmula padrão dos filmes caça-níquel da Netflix. Nota: 7,0.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Conheça a série de livros A Sétima Torre, a (hoje desconhecida) franquia bancada por George Lucas e que poderia ter sido o novo Star Wars

Um gênio dos cinemas, George Lucas foi muito mais genial para fazer dinheiro, montando sua fortuna principalmente com os mais variados produtos licenciados de suas franquias. Tamanha era a importância dos lucros com brinquedos, roupas, etc, que elas exigiram algum acompanhamento e controle do famoso diretor por toda sua vida. Não à toa que até mesmo para distribuir livros e quadrinhos relativos as suas propriedades intelectuais ele criou uma empresa própria, a Lucas Books (hoje Disney–Lucasfilm Press).

Desde sua fundação, por décadas a Lucas Books somente publicou ou licenciou obras dos mundos de George Lucas, mais notadamente Star Wars e Indiana Jones. Eis então que no final dos anos 90 algo inédito e surpreendente iria acontecer...


O novo Star Wars?

Impressionado pelo livro de fantasia Sabriel, publicado em 1995 pelo autor australiano Garth Nix (que futuramente se tornaria o primeiro livro da franquia The Old Kingdom, série que até hoje continua em andamento), George Lucas resolve contatá-lo para criar uma nova série de fantasia... "uma série de livros que poderia virar uma série de TV ou filmes".

Garth Nix

Então a LucasFilm lhe envia uma lista com cerca de 40 itens que eles gostariam de ver na história, os quais Nix recusa, dizendo ser impossível conciliar aqueles temas. Em retorno, ele envia um esboço para a história da série como um todo, e uma breve descrição do mundo em que ela aconteceria. E, como resultado, a companhia acabou gostando do que viu, prometendo liberdade criativa a Garth Nix e fechando contrato. Nascia então A Sétima Torre.

Quando o primeiro livro da série A Sétima Torre - A Queda - saiu em 2000 pela Lucas Books, ele foi anunciado nos EUA como sendo o primeiro livro de uma nova série infanto-juvenil. A saga completa é composta por 6 livros no total: A Queda (2000), O Castelo (2000), Aenir (2001), Acima do Véu (2001), Em Guerra (2001) e A Grande Pedra Violeta (2001).

Embora a série de livros não tenha sido um fracasso de vendas nos EUA, ela ficou bem longe do sucesso esperado, e talvez por isso nunca ouvi falar de qualquer plano para transportá-la para os cinemas. Mas isto não impediu a editora Nova Fronteira, ao iniciar o lançamento da série de livros aqui no Brasil, a partir de 2002, propagandear os livros como sendo "a série planejada por George Lucas para suceder Star Wars". Na imagem título deste artigo temos duas versões do Vol 1. de A Sétima Torre: à esquerda a versão inicial de 2002, e à direita uma edição mais recente, vários anos depois.


A Sétima Torre - Do que se trata?

Na série conhecemos Tal, um garoto de 11 anos que mora dentro de um gigante castelo de 7 torres. Porém este não é um castelo comum, na verdade, se trata de um mini-mundo fechado que abriga toda uma sociedade dividida em castas, sendo que Tal pertence a uma das classes (torres) mais humildes. Além disto, o castelo está em mundo envolto por um espesso véu, para proteger do seu Sol, o qual supostamente sua luz e calor seriam fortes demais para a vida. Portanto, um dos bens mais valiosos daquele mundo são as Pedras do Sol, pedras mágicas utilizadas para várias utilidades, dentre elas a de aquecer e iluminar.

Outra característica curiosa deste mundo é que ao nascerem, os habitantes do castelo são avaliados e, caso passem por alguns testes, são "escolhidos" e ligados a um ser de sombra, seres estes que são vivos, independentes, e tornam seus companheiros. E Tal foi um destes escolhidos. Quando criança, os habitantes "escolhidos" recebem uma sombra "pequena", que os acompanham até eles chegarem a adolescência. É então que, nesta idade, eles precisam entrar no mundo dos espíritos de nome Aenir, para capturar uma sombra maior, definitiva, que os acompanhará durante toda a vida, até sua morte.

Depois de alguns conflitos, e ainda no primeiro livro, Tal acaba caindo fora do castelo, e é resgatado daquele ambiente escuro e frio por Milla, uma menina pertencente à sociedade dos Homens-do-gelo, universo completamente alheio ao mundo-de-dentro-do-castelo. É então que a jovem dupla se torna os protagonistas desta série de seis livros que é A Sétima Torre.


O Veredito

Já faz mais de 10 anos que li os seis livros de A Sétima Torre, então não consigo lembrar em detalhes o quão bom ele é ou não. Porém, em linhas gerais, lembro que me diverti bastante lendo os livros desta saga, só não gostei tanto do desfecho, que achei um pouco maniqueísta e Deus ex machina, o que aliás, não é incomum nem estranho para se encontrar em livros infanto-juvenil (vide por exemplo a saga Harry Potter). Então, fica o convite para você mesmo ler esta curiosa, interessante e esquecida saga e tirar suas próprias conclusões. Atualmente é possível ler os livros comprando-os usados em sebos e lojas virtuais, ou então, procurando por scans dos mesmos em sites da internet.

Verso do Vol. 1 nacional, com direito a "carteirada" de George Lucas

domingo, 2 de junho de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #022 - Tarantino e os Dublês


O cineasta estadunidense Quentin Tarantino costuma homenagear os mais variados aspectos dos cinemas em suas produções, e por ter um apreço especial pelos dublês já os reverenciou em pelo menos dois de seus filmes, o que acabou proporcionando alguns causos curiosos, que trago aqui. Confira!


À Prova de Morte e Zoë Bell

Seu quinto longa-metragem como diretor, À Prova de Morte (2007) é uma homenagem aos filmes B de Terror, mas também uma explicita homenagem aos dublês, em especial aos dublês que pilotam carros, que segundo Tarantino, naquela época se encontrava fascinado pela maneira com que eles batiam e capotavam os veículos sem se machucar.

Por isso, um dos personagens principais de À Prova de Morte é o vilão Mike McKay, interpretado por Kurt Russell, que era um dublê piloto de carros que saía assassinando mulheres à noite. Depois de um tempo ele encontra um grupo de quatro amigas para atacar, sendo que o personagem de duas delas também são dublês de carro. E aí que as coisas começam a ficar ainda mais interessantes.

Thurman e Bell

É que uma das atrizes que faziam as personagens dublês, a atriz Zoë Bell, ao contrário de todas as outras atrizes do filme, era dublê na vida real. Ela chamou atenção de Tarantino em Kill Bill (2003), quando foi a dublê de Uma Thurman, e estava então fazendo sua estréia como atriz de cinemas em À Prova de Morte. Depois desse filme, Zoë mudou um bocado sua vida... praticamente deixou de atuar como dublê e começou a se alternar em trabalhos como atriz e coordenadora de dublês. Ela atuou em todos os demais filmes de Quentin desde então: Bastardos Inglórios (2009), Django Livre (2012), Os Oito Odiados (2015) e Era Uma Vez em... Hollywood (2019); além de outras produções de Hollywood, como por exemplo João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013) e Maligno (2021).

Zoë em ação... e ação de primeira!

Em À Prova de Morte temos Zoë Bell fazendo jus a homenagem aos dublês, e nela temos cenas de perseguição de carro realmente impressionantes, sendo a mais incrível uma longa sequencia onde Zoë fica deitada em alta velocidade sob o capô de um carro. É desesperador, e tudo real! O curioso é que Tarantino chegou a pedir para Zoë não atuar nesta cena (pois segundo ele agora ela era uma das atrizes principais), e deixar uma outra dublê fazer isto. Porém Zoë bateu o pé e fez questão dela mesmo fazer todas as perigosas cenas do filme.


Era uma Vez em... Hollywood, Bruce Lee e Gene LeBell

Um dos dois protagonistas de seu nono e mais recente filme, Era uma Vez em... Hollywood (2019) é o dublê Cliff Booth, interpretado por Brad Pitt. E em uma cena que gerou muita polêmica, Booth se desentende com um arrogante Bruce Lee (interpretado por Mike Moh) e eles acabam brigando (ver a imagem do topo deste artigo). Parentes e fãs do falecido Lee se revoltaram com Tarantino, que por sua vez, não se desculpou, e manteve que apesar de que Bruce ser um gênio das artes marciais, as pessoas comentavam sim nos bastidores que ele era meio arrogante...

Curiosamente, nas cenas que foram para o ar, temos duas sequencias de trocas de golpes, uma onde Lee sai vencedor, e outra onde Booth se dá melhor, e então a luta é interrompida. Ou seja, há um empate. Mas no roteiro original, Cliff Booth venceria o duelo contra Bruce Lee, porém Brad Pitt simplesmente se recusou a filmar deste jeito.

Bruce Lee e Gene LeBell em episódio do seriado Têmpera de Aço (1967)

Porém a cena em questão é baseada em um incidente real (ainda que Tarantino também não tenha se pronunciado sobre isto), que ocorreu entre Bruce Lee e Gene LeBell: dublê, judoca e lutador profissional. O episódio aconteceu em 1966, durante as filmagens do seriado de TV O Besouro Verde, onde Bruce Lee estava sendo acusado de pegar muito pesado com os dublês, batendo de verdade. Lee por sua vez dizia que não iria aliviar pois acreditava que tinha que ser desse jeito para que as lutas parecessem legítimas. Então o coordenador de dublês Bennie Dobbins decidiu chamar Gene LeBell para "dar uma lição" em Lee.

Então mais tarde, LeBell (com cerca de 100 kg) se aproximou sorrateiramente de Bruce Lee (que tinha cerca de 63 kg) e o agarrou por trás, imobilizando-o. Lee ficou furioso. Gritou, ameaçou, mas não conseguia se livrar do agarrão. Gene chegou a caminhar com Lee nos ombros pelo set, por mais um tempo, antes de colocá-lo no chão e dizer que estava apenas brincando.

Sim, hoje parece bizarro, mas no seriado O Besouro Verde (1966-67), Bruce Lee (a dir.) lutava contra o crime como Kato, o ajudante do mascarado Besouro Verde (a esq.)

Apesar do incidente, depois do episódio os dois ficaram amigos, e posteriormente trabalharam várias vezes juntos em filmes e TV. Mesmo com várias testemunhas sobre o ocorrido, Gene LeBell nunca confirmou (nem negou) oficialmente esta história. Curiosamente, Gene já se envolveu em uma disputa com outro ator/lutador famoso, Steven Seagal, que literalmente teria se borrado nas calças. Porém ao contrário do embate contra Lee, este contra Steven ele fala abertamente que aconteceu.


Kill Bill: Vol. 2 e o incidente Uma Thurman

Tarantino e Uma Thurman foram próximos desde que ela atuou em Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994). Dá até para dizer que ela era a "musa" do diretor. Porém tudo mudou nos últimos dias de filmagens de Kill Bill: Volume 2 (2004).

Havia uma cena em que a personagem de Uma teria que dirigir um carro por uma estrada estreita, enquanto falava com a câmera. A atriz sentiu que a cena seria perigosa e pediu para que fosse feita com uma dublê. Porém Tarantino negou, e prometeu a ela que não havia perigo. Uma Thurman acreditou e fez a cena... Ela acabou se acidentando, batendo numa árvore. Uma chegou a dar entrada no hospital e reclama até hoje de sequelas no pescoço e joelhos. Os produtores da Miramax a proibiram de ter acesso à filmagem do acidente, a menos que ela assinasse um documento confirmando que não processaria o estúdio. Ela não assinou. Tentou processar o estúdio mas a acusação não deu em nada.


No começo de 2018, meses depois do início do #MeToo e das denúncias de abuso sexual contra Harvey Weinstein (um dos donos da Miramax Films), Uma Thurman finalmente pode divulgar o vídeo do acidente no seu Instagram e contar sua história. Após contar o que eu resumi acima, ela disse que quem enfim lhe deu as filmagens foi o próprio Tarantino, que sempre se arrependeu e teve remorso pelo incidente.

Abaixo você pode ver o vídeo do acidente, se quiser. Quando revelou a história, Uma evitou criticar Tarantino, e teoricamente, em 2020 eles se reconciliaram publicamente, quando ela lhe entregou um troféu de Melhor Diretor em uma cerimônia da Associação de Críticos dos EUA. Mas na prática, o fato é que até hoje Uma Thurman nunca mais voltou a trabalhar com Tarantino, apesar do desejo do diretor.


Encerro meu texto com uma pequena "teoria da conspiração" de minha parte... Notem que o filme seguinte de Tarantino após Kill Bill foi justamente À Prova de Morte. E colocando agora em perspectiva tudo o que sabemos hoje sobre o acidente de Uma Thurman... você acredita na versão "oficial" de que À Prova de Morte partiu de uma admiração de Quentin pelos dublês de carro? Pra mim foi mais é por remorso. Ou se foi por admiração, foi mais por ter percebido o quanto eles são importantes em um filme. Kill Bill: Volume 2 lhe deu uma lição para a vida.




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

domingo, 26 de maio de 2024

Crítica - Furiosa: Uma Saga Mad Max (2024)

TítuloFuriosa: Uma Saga Mad Max ("Furiosa: A Mad Max Saga", Austrália, 2024)
Diretor: George Miller
Atores principaisAnya Taylor-Joy, Chris Hemsworth, Tom Burke, Alyla Browne, George Shevtsov, Lachy Hulme, Nathan Jones, Josh Helman, David Collins, Angus Sampson
Nota: 8,0

"Igual" mas ao mesmo tempo diferente de Mad Max 4, George Miller acerta de novo

Nove anos depois da estréia de um dos filmes de maior nota aqui em meu blog, Mad Max: Estrada da Fúria (2015), o diretor George Miller retorna com uma prequela do mesmo, Furiosa: Uma Saga Mad Max. Não tivemos a mesma atriz de Furiosa e o ator de Immortan Joe de volta para este filme, porém alguns outros atores retornaram.

Na história, vemos Furiosa ainda criança (Alyla Browne) morando em um local ainda verde e não estragado pela devastação que o planeta se encontra. Porém, quando seu mundo é invadido por alguns motoqueiros da gangue do Dr. Dementus (Chris Hemsworth), ela é capturada e passa a viver com o bando. Mas Dementus quer continuar expandir seus domínios e poder, e posteriormente, seu caminho se encontra com o de Immortan Joe (Lachy Hulme), um líder ainda mais poderoso com ele. Os conflitos entre ambos afetarão diretamente a vida de Furiosa, que acabará presa na Cidadela de Immortan. Depois de algum tempo, e agora adulta, Furiosa (Anya Taylor-Joy) aproveitará tudo o que aprendeu para enfim se vingar de Dementus.

Se nove anos atrás Miller surpreendeu entregando um espetáculo único, agora ele surpreende um pouco ao não nos decepcionar e entregar um filme praticamente tão bom quanto. Fotografia, coreografias, tudo continua extraordinário, e este Furiosa: A Mad Max Saga certamente é outro épico de ação que entra para a história. Porém, ainda assim, comparando com o filme anterior, ele é mais... comportado.

Em Mad Max: Estrada da Fúria temos praticamente duas horas de ação sob quatro rodas e uma trilha sonora muito barulhenta. E em Furiosa: A Mad Max Saga também temos tudo isso, mas não ocupando o filme todo. Claro, novamente temos várias cenas de ação sob rodas de tirar o fôlego, mas agora temos mais história, mais diálogos, mais localidades. E isto aliás é bem surpreendente para mim, que imaginava que não iria ver história nenhuma, já que se fez propaganda que a Furiosa fala apenas 30 vezes no filme todo. Pois é, ela não fala tanto, mas há vários personagens, e vários diálogos.

Em outras palavras agora há mais roteiro, e um pouco menos de ação e barulho. Há momentos em que até não há trilha sonora... uma direção completamente oposta ao filme anterior. E ainda sobre o roteiro, apesar de algumas falhas e clichês, em mais de uma vez ele não seguiu o caminho que eu esperava, me surpreendendo. Outro ponto positivo.

Anya Taylor-Joy ficou muito bem como Furiosa, o que mais uma vez comprova o quão boa e versátil atriz ela é. E outro que vai muito bem é Chris Hemsworth, que com uma prótese no nariz e um sotaque estranho em nenhum momento nos lembra o Thor, mostrando que também é bom ator. Inclusive, recomendo assistirem o filme no idioma original, para ouvirem o sotaque diferente dele.

Se em Mad Max 4 o filme nos mostra como é o mundo apocalíptico dentro da Cidadela, este Furiosa nos mostra como é o mundo fora dela, um filme completando o outro. E se na história anterior tivemos um pouco de crítica social, aqui isto é esquecido, mas pelo menos o personagem de Furiosa é desenvolvido, como se esperaria de um filme leva seu nome.

Para quem ficou encantado anos atrás com Mad Max: Estrada da Fúria, é um deleite constatar que podemos ter agora uma experiência similar. Ainda que Furiosa: A Mad Max Saga seja um pouco inferior ao filme anterior, é um privilégio ter a oportunidade de ver novamente um mundo de Mad Max de George Miller nos cinemas. Nota: 8,0.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Conheça Hitman - a HQ precursora de The Boys - que agora está completa no Brasil e é a verdadeira obra prima de Garth Ennis


O grande criador e roteirista de quadrinhos norte-irlandês Garth Ennis é mundialmente conhecido pelos seus trabalhos com Preacher, suas marcantes passagens pelas revistas do Justiceiro (The Punisher) e Hellblazer, e mais recentemente com The Boys, que virou uma famosa série de TV.

Mas se a grande maioria das pessoas considera Preacher (que é realmente muito boa) como sua criação máxima, eu discordo. Para mim a melhor HQ de Ennis é Hitman, cujo personagem apareceu pela primeira vez num quadrinho da DC Comics em 1993, e ganhou sua revista própria mensal em Abril de 1996. Assim como The BoysHitman mistura muito humor com violência, mas que como veremos a seguir, também traz várias outras qualidades (além de ter surgido muitos anos antes de The Boys e ser muito superior a ele).

Na história de Hitman acompanhamos a vida de Tommy Monaghan, um ex-fuzileiro que mora no "Caldeirão", um bairro irlandês de Gotham City (sim, a mesma cidade do Batman). Porém um dia ele foi mordido por um parasita alienígena, e ao invés de morrer, acabou ganhando dois poderes: telepatia e visão de raios-x (sendo que este último deu o efeito colateral de deixar seus olhos completamente pretos). A partir de então Tommy, que já atuava como mercenário (por isso o nome de Hitman, que significa assassino de aluguel), passou a ser ainda melhor em sua profissão, inclusive se arriscando a matar super vilões. Ah sim: apesar de matar pessoas, Monaghan tem um curioso código de honra, e portanto ele só mata "gente ruim", ou seja, criminosos e vilões.

Na página 4 de sua primeira edição, enquanto ainda está se apresentando, Hitman mata uma equipe inteira de super-vilões, a "Shadow-Force". Quer algo mais pré-The Boys que isso?

Já no primeiro arco de histórias de sua revista mensal, Tommy é contratado para matar o Coringa, e lá vai o Batman para intervir e tentar salvar o Palhaço do Crime. Os dois heróis se estranham, claro, e na verdade o Coringa nem estava presente na jogada, tudo foi uma armação dos Arkannone, os "Lordes Infernais das Armas", que querem recrutar Tommy para seu exército o quanto antes, dado seu potencial assassino... especialmente manuseando pistolas e metralhadoras.

Enfrentar os Arkannone ou outros demônios é um tema recorrente em Hitman, porém temos outros assuntos recorrentes, como Tommy enfrentando mafiosos, histórias de guerra, histórias de assassinos profissionais; mas um tema especialmente frequente é... "bastidores". Em primeiro lugar, as histórias de Hitman mostram bastidores de Gotham City, em um segundo nível, do universo da DC Comics, e em terceiro nível, os bastidores do mundo dos quadrinhos em geral. E é por isso que este título é especialmente interessante não só para quem gosta de uma boa história de super-herói que une bastante humor, aventura e violência, mas também quem é fã do Batman e do universo das HQs. Por isso também vemos Tommy também em aventuras com personagens como Mulher-Gato, Superman, Lanterna Verde, Lobo e Etrigan, dentre outros.

E assim acompanhamos Hitman por 61 edições (e mais vários especiais), que também contam com temas bastante presentes nas melhores obras de Garth Ennis, como por exemplo, a cultura irlandesa, romance (de Tommy com a policial Deborah), amizade (com seu grande amigo Natt "Boné"), e humor nonsense. E por falar em nonsense, nada representa mais isso que os personagens Baytor e o grupo de heróis Seção 8.

Os integrantes da "temível" Seção 8 (para os vilões, claro!)

A Seção 8 é nada menos que um grupo de oito malucos, amigos de bar, que saem para lutar contra o crime. E obviamente, são os principais personagens cômicos da série. Eles não tem super poderes, mas cada um possui sua habilidade bizarra especial. Citarei três deles como exemplo: Sixpack (o gorduchinho do centro da foto acima) tem o "poder" de estar sempre bêbado, aguentar beber muito e ser bastante corajoso; o Defenestrador é um brutamontes especialista em arremessar os inimigos pela janela (daí seu nome), e o curioso é que ele sempre carrega uma "janela portátil" consigo para sempre poder dar seu golpe preferido; já o Maçaricão tem o "poder" de soldar cachorros mortos nos inimigos (sim, é essa bizarrice que você leu). Para saber detalhes dos oito personagens, você pode também clicar aqui e ver esta outra matéria).

Já Baytor é... bem, ele é o "Lorde Infernal da Insanidade", e em uma das aventuras de Monaghan, ele e alguns amigos descem ao Inferno e acabam encontrando Baytor, que por sua vez acaba seguindo o grupo de volta para a superfície da Terra quando a história acaba. Acontece que Baytor é tão insano, que nem é bom ou mau (mesmo sendo um Lorde do Inferno). Ele é um ser antropomórfico que sequer tem olhos ou nariz, e apenas fala (ou melhor, grita) o tempo todo: "Eu sou Baytor!!". E sem saber o que fazer com Baytor no nosso mundo, os amigos de Tommy acabam colocando ele para ser atendente de bar, como se vê abaixo.

Sou bem melhor que o Groot... Eu sou BAYTOR!

Mas apesar de ser divertidíssimo e da alta qualidade, Hitman também tem uns problemas... sendo escrito na década de 90, hoje ele está um pouco datado. Duplamente datado, eu diria: na obra você verá algumas críticas a cultura pop da época - especialmente a indústria das HQs - que eram específicas daquele momento temporal. O mesmo pode se dizer de algumas piadas, politicamente incorretas, que hoje já entendemos como de mal gosto.

Finalizando as apresentações, durante sua publicação, de certa forma Hitman venceu dois Eisner Awards (o "Oscar" dos quadrinhos). Pois em 1998 Garth Ennis venceu o prêmio de melhor escritor do ano pela soma de seus trabalhos (nos quais estavam sendo publicados Hitman e Preacher), e em 1999 a edição 34 de Hitman venceu o prêmio de "Melhor História em uma Edição". Nesta revista, vemos Tommy consolando o Superman após este não conseguir salvar um astronauta da morte (particularmente nem acho a história muito boa, é um bocado patriótica... enfim...).

E o melhor de tudo para quem quiser ler esta maravilha é que desde meados de 2023 a Panini lançou por aqui o 4º e último encadernado que cobre praticamente tudo o que foi publicado sobre o Hitman até hoje. São edições de luxo, capa dura, cerca de 400 páginas cada, e a coleção completa não só trazem todas as 61 edições mensais (pela primeira vez no Brasil!) como outras edições especiais, as quais incluem uma com sua origem, uma edição homenagem aos filmes faroeste de Sergio Leone, e encontros extras com Batman, Superman, Liga da Justiça e Lobo (esta história é imperdível para os fãs do Czarniano).

A foto do início deste artigo mostra a capa das duas primeiras edições encadernadas de luxo, e a foto abaixo mostra a capa das duas últimas edições, fechando a coleção. Os 4 volumes continuam sendo facilmente encontrados para compra em lojas virtuais. Fica a recomendação. ;)

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Conheça Megalópolis, o novo filme de Francis Coppola, que ele planejou por mais de 40 anos!!!


Para os cinéfilos de plantão, hoje, 16 de Maio, foi um dia especial. Afinal tivemos dentro do Festival de Cannes a primeira exibição pública do filme Megalópolis, escrito e dirigido pelo aclamado cineasta Francis Ford Coppola, a mesma mente por trás da trilogia de filmes de O Poderoso Chefão, e de Apocalypse Now.

É que este Megalópolis está longe de ser um filme qualquer. Em teoria, Coppola começou a planejá-lo no começo dos anos 80, logo após ter terminado Apocalypse Now, de 1979. E já no seu nascimento os problemas para realizá-lo começaram... como Apocalypse Now foi simplesmente um desastre em termos de estouro de orçamento e infinitos problemas de produção, os estúdios perderam a confiança no diretor estadunidense, e então eles não iriam se arriscar em bancar outro projeto megalomaníaco do mesmo.

Megalópolis se trata de uma ficção científica, onde em um futuro onde Nova York foi destruída, seu atual prefeito e um inovador arquiteto batalham por prestígio e por recuperá-la. Mais ainda, a história é ao mesmo tempo uma fábula baseada na Roma Antiga, então, boa parte dela (inclusive referências visuais e culturais) vêm desta época.

Segundo o cineasta, o mais perto que o projeto ficou de ser realizado foi em 2001, onde a pré-produção foi oficialmente iniciada e atores como Paul Newman, Uma Thurman, Robert De Niro, Nicolas Cage, Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, e Kevin Spacey chegaram a fazer alguns ensaios. Porém o ataque às torres do World Trade Center em setembro de 2001 cancelaram tudo. Não só pelo impacto logístico e financeiro, mas também, porque seria muito inadequado filmar algo sobre a destruição de Nova York depois daquela tragédia.

Megalópolis e Coppola em Cannes. Agora vai?

Afastado dos grandes estúdios de cinema há muitos anos, Francis Coppola filmou e produziu Megalópolis com seus próprios recursos. Diz ter gasto US$ 120 milhões, o que significa parte considerável de sua fortuna pessoal, e também, revela de modo surpreendente o quanto foi importante para ele ter este seu sonho realizado.

O filme conta com um elenco bem famoso, com nomes como Adam Driver, Giancarlo Esposito, Nathalie Emmanuel, Shia LaBeouf, Jon Voight, Jason Schwartzman, Talia Shire, Laurence Fishburne e Dustin Hoffman. E apesar de todos estes nomes  - inclusive o maior de todos, o dele mesmo, Coppola - ainda não é garantido que ele chegue por aqui.

Em Abril o filme foi apresentado para as grandes distribuidoras de cinema e streaming do planeta, e nenhuma se interessou em comprar os direitos de Megalópolis por acreditarem que ele não será um sucesso comercial. Por enquanto ele só tem distribuição garantida para alguns cinemas da Europa.

O próximo passo era ver se alguma grande distribuidora mudaria de idéia dependendo da reação do público, críticos e imprensa hoje... em Cannes. E a reação inicial foi... mista. A sessão inicial de Megalópolis terminou com o público aplaudindo o filme por quase 10 minutos, porém as críticas publicadas a seguir eram em geral "8 ou 80"... ou elogiando muito, ou falando muito mal, sendo mais pro segundo caso. Em geral indo na linha que o filme não é mesmo comercial, que é muito maluco, confuso, mas grandioso.

Por enquanto sigo curioso rs. E vocês? Abaixo segue o teaser oficial do filme, feito pelo próprio Coppola. Como vocês podem ver, ele tem os créditos da "American Zoetrope" que é justamente o estúdio de cinema criado por Francis Ford Coppola (décadas atrás) para produzir seus próprios filmes.


domingo, 12 de maio de 2024

Precisamos falar do seriado Hacks e de Jean Smart


Uma das melhores séries de comédia + drama que assisti nos últimos anos e que ainda faltava comentar aqui no Cinema Vírgula era Hacks (e que em algum momento também teve o nome traduzido para Medíocres, mas desistiram desse nome), do streaming Max (antigo HBO Max). Eu assisti suas duas primeiras temporadas (de 2021 e 2022) e adorei, mas como achava que o seriado havia se encerrado, acabei não escrevendo a respeito...

Mas eis que para minha surpresa a HBO renovou Hacks para uma terceira temporada, que acaba de estrear mundialmente! Então, bora comentar sobre esta série magnífica.

Hacks conta principalmente sobre a inusitada amizade e colaboração entre duas mulheres: Deborah Vance (Jean Smart), uma veterana e muito bem sucedida comediante, que já está há muitos anos como atração fixa de um cassino de Las Vegas, e que vê sua estabilidade em risco quando este cassino não quer mais renovar seu contrato, em detrimento de uma nova atração musical jovem; e Ava Daniels (Hannah Einbinder), uma jovem e reconhecidamente talentosa escritora de comédias, porém que não consegue mais encontrar trabalho devido a um tweet insensível e de ser péssima para ser relacionar com pessoas. Após alguns eventos, o agente de Ava sugere para as duas trabalharem juntas, e com Deborah querendo montar um novo show com material totalmente inédito, a dupla acaba aceitando a parceria à contragosto, e elas começam a se aventurar juntas fazendo uma turnê pelos EUA.

Além das duas protagonistas, a trama principal conta com mais dois personagens importantes: "DJ" (Kaitlin Olson), a filha "problemática" de Deborah, e Marcus (Carl Clemons-Hopkins), empresário e "faz-tudo" de Deborah, bastante dedicado e competente, que entra em crise ao perceber que dedicou toda sua vida ao trabalho, e entra no dilema de querer mudar isso justamente quando a carreira de Deborah também entra em crise.

Hacks é um seriado que consegue o tempo todo misturar humor, drama, e cenas bem emocionantes. E as duas protagonistas estão o tempo todo lutando contra o sistema, brigando contra o machismo, contra o etarismo, ou simplesmente, brigando por fazer o que é o moralmente correto.

Mas além das justas lutas das protagonistas contra o mundo, ambas possuem seus problemas pessoais e emocionais, também muito bem abordados pelo roteiro. Ava tem problemas de comunicação com os pais, não consegue ter relacionamentos afetivos... Já a relação de Deborah com sua filha comove e é muito bem demonstrada, mostrando os dois lados da moeda. O melhor de tudo, entretanto, é mesmo Deborah Vance. Apesar da comediante ser vaidosa e egoísta (e ela é sim egoísta), ao mesmo tempo ela se importa genuinamente com Ava, DJ e Marcus, e essa dualidade é mostrada de maneira tão crível e emocionante... isto só é possível graças a um ótimo roteiro e as excelentes atuações de Jean Smart.

O que me vem a questão... por que Jean Smart não é melhor reconhecida pelo seu talento?

Ela até já recebeu várias premiações ao longo de sua carreira, mas todas por papéis na TV. Ela já ganhou alguns Emmys, sendo o primeiro em 2000, de "Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia", por um episódio de Frasier.

Jean Smart em Uma Família Extraordinária (Wildflower) de 2022

Mas nas premiações de filmes ela continua ausente, o que considero injusto... E olhem que ultimamente ela têm participado (e muito bem) até de filmes grandes. Por exemplo, recentemente ela esteve nos ótimos Babilônia (2022) e Uma Família Extraordinária (2022). No mesmo ano de 2022 ela recebeu (e venceu) sua primeira indicação ao Globo de Ouro. Porém, não foi por nenhum dos dois filmes acima, e sim, por Hacks... ela venceu o prêmio de "Melhor atriz de Comedia ou Musical" (lembrando que o Globo de Ouro premia tanto TV quanto Cinema).

O episódio final da segunda temporada de Hacks encerra os ciclos apresentados dos personagens e por isso mesmo achei que não teríamos mais episódios. Por isso nem tenho idéia do que pode ser o assunto da terceira temporada, que ainda não comecei a ver. Porém, para minha surpresa e felicidade, as primeiras críticas que estão saindo nas mídias especializadas estão dizendo que Hacks voltou ainda melhor!

E você conhece Jean Smart de algum filme ou série? Já tinha ouvido falar de Hacks? escreva nos comentários.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...