quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Crítica - Nebraska (2013)

Título: Nebraska ("Nebraska", EUA, 2013)
Diretor: Alexander Payne
Atores principais: Bruce Dern, Will Forte, June Squibb, Stacy Keach
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=_I8l5_29iwk
Nota: 8,0

Mais um belo road movie de Alexander Payne

O diretor estadunidense Alexander Payne não tem vergonha em repetir o gênero no qual é muito bom: um road movie contando uma jornada incomum de um homem idoso (ou de meia idade) em busca de mudança. Foi assim em As Confissões de Schmidt (2002), em Sideways - Entre Umas e Outras (2004), e agora com Nebraska. Uma pequena diferença é que desta vez, ao contrário de seus filmes anteriores, ele não é também o roteirista.

Na história, Woody Grant (Bruce Dern), bem idoso, recebe uma carta-propaganda de assinatura de revistas que oferece um prêmio de US$ 1 milhão. E acreditando no anúncio, ele resolve ir a Nebraska (que fica a mais de 1000km de distância) buscar o prêmio. Incapaz de dirigir um carro, e como sua esposa  Kate (June Squibb) não quer levá-lo, Woody decide ir a pé. O que claro, não dá certo.

Comovido com a história do pai, é então que o filho mais novo David (Will Forte) resolve levar Woody a Nebraska, mesmo duvidando um pouco de sua lucidez. Pai e filho se envolvem em uma longa viagem, com parada obrigatória em Hawthorne, cidade onde Woody passou a juventude e reencontrará familiares e amigos.

Apesar de se passar nos dias atuais, Nebraska foi rodado em preto e branco, o que reforça não somente o tom melancólico do filme, como também nos relembra constantemente do passado. Não a toa a grande maioria dos personagens do filme são idosos, tudo remota o que já foi.

O casal Woody Grant e Kate possui personalidades bem distintas, e ambos certamente podem ser identificáveis com os velhinhos que você conhece na vida real. Woody é extremamente teimoso, de raciocínio lento e poucas palavras. Já Kate é mandona, faladeira, sempre julgando mal os conhecidos. E claro, ambos possuem aquele raciocínio diferenciado que só os idosos tem.

Este “jeitão” dos velhinhos proporciona ótimas piadas ao longo do filme. Mas o tom do filme não é de humor. Os personagens são complexos, com virtudes e defeitos, e a difícil relação entre todos eles torna a história bastante interessante e com vários conflitos.

Nebraska foi indicado a 6 Oscars: Melhor Filme, Melhor Diretor (Alexander Payne), Melhor Ator (Bruce Dern), Melhor Atriz Coadjuvante (June Squibb), Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia. Em minha opinião, todas as indicações são aceitáveis, mas ao mesmo tempo não acho que o filme mereça ser o vencedor em qualquer uma das categorias.

Lento, com boa trilha sonora (embora repetitiva), bom roteiro, e com uma história bonita e humana, Nebraska é outro filme muito bom destacado este ano pela Academia. Nota: 8,0


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Crítica - Philomena (2013)

TítuloPhilomena ("Philomena", EUA / França / Reino Unido, 2013)
Diretor: Stephen Frears
Atores principais: Judi Dench, Steve Coogan
Força do filme reside em ser uma história real

Quatro indicações a Oscar (incluindo a de Melhor Filme), vencedor de melhor filme em Veneza, segundo lugar em Toronto. Bastante elogiado internacionalmente e vendido como comédia. Mas fatos podem ser um pouco enganosos. Philomena é bom, mas não tanto assim. E está longe de ser uma comédia.

Na história, baseada em fatos reais Philomena Lee (Judi Dench) era uma garota irlandesa que vivia em um internato de freiras. E cometeu um erro: em um romance relâmpago, engravidou. Punida pelas Irmãs, seu filho logo foi dado à adoção, e desde então Philomena nunca mais o encontrou embora sempre procurasse por ele.

Cinquenta anos depois, temos Martin Sixsmith (Steve Coogan – que também é roteirista e produtor do filme), jornalista recém demitido, que fica sabendo da história de Philomena e, em troca de poder contar sua história, resolve ajudar a velhinha a encontrar seu filho.

Viajando juntos, temos uma história de busca consideravelmente interessante dada a presença de algumas gratas reviravoltas. O filme não é clichê. Por outro lado, um detalhe na montagem me incomodou bastante em Philomena: o uso de flashbacks. Intrusivos, eles estão sempre desnecessários, já que tudo o que vemos neles também são mostrados no tempo presente.

Philomena é a típica “velhinha caipira inocente”, e é explorando suas reações perante as “modernidades” que temos os momentos cômicos do filme. Embora boas piadas, o filme não nos permite rir, já que a situação de Philomena é muito triste.

A situação de Philomena é causada, em grande parte, pelos defeitos do Catolicismo antigo: punições cruéis e exploração da culpa. E se as críticas religiosas são parte fundamental do filme, não deixa de ser irônico constatar que todo o sofrimento que as freiras lhe impuseram tornaram Philomena uma pessoa com muita fé e muito melhor que as irmãs que a educaram.

A atuação de Judi Dench, indicada a Oscar de Melhor Atriz é muito boa, mas nada espetacular. Quanto ao roteiro, também indicado ao Oscar, os adjetivos são os mesmos.

Com uma história tocante, mas sem grandes momentos, talvez a grande força de Philomena – para torná-lo tão elogiado pela crítica – reside na triste constatação de se tratar de uma história real. Nota: 7,0

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Crítica - Ela (2013)

TítuloEla ("Her", EUA, 2013)
Diretor: Spike Jonze
Atores principais: Joaquin Phoenix, Rooney Mara, Amy Adams, Scarlett Johansson 

Uma obra completa sobre as dificuldades do amar

Em sua superfície, Ela até parece ficção científica. Ou um romance pastelão. A história: Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um escritor que acabou de se separar de sua esposa (Rooney Mara) compra um inovador programa de computador, intitulado “SO1”, que promete ser o suprassumo da inteligência artificial. O programa possui uma personalidade própria, que se intitula Samantha (a voz de Scarlett Johansson), e passa a interagir com Theodore 24hs por dia. E não demora muito para eles se apaixonarem.

Mas Ela não é nenhum nem outro. Ela é um drama, que percorre por todos os sentimentos que passamos em termos de relacionamentos: do não ter relacionamento (solidão), ao extremo de ter um relacionamento feliz.

A premissa é que por Samantha não ser real, o relacionamento possuirá limitações e problemas. Porém se esta premissa é “óbvia”, o desdobramento da história não tem nada de clichê. Ao invés de demonstrar as limitações “físicas”, Ela nos traz uma viagem pelos sentimentos dos personagens:

Theodore, solitário e romântico, viu um casamento inicialmente muito feliz se desmoronar aos poucos. E mesmo se relacionando com a “personalidade perfeita”, não consegue ser totalmente feliz. E acompanhamos todo seu sofrimento, suas dúvidas, sua paixão. Com a câmera focando o tempo todo em Theodore em planos fechados, e com um tom quase monocromático de marrom, nos sentimos tão deprimidos e separados do mundo exterior como ele.

Já de Samantha acompanhamos todo seu aprendizado emocional. Extremamente “humana”, compartilhamos com ela a emoção de se ter o primeiro amigo, de se ter o primeiro amor, e de ser uma estranha no mundo dos humanos.

O filme ainda permite um tempinho para mostrar outro tipo de amor: o entre amigos, que Theodore possui em relação a sua amiga Amy (Amy Adams), que também tem suas próprias desilusões amorosas.

Ela foi indicado a cinco Oscar: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Canção Original, Melhor Trilha Sonora e Melhor Design de Produção.

A trilha sonora é de fato muito boa e adequada, nos transmitindo com exatidão a tristeza do personagem principal. Mas ao mesmo tempo, a trilha deixa de ser essencial, já que imagens, atuações e diálogos são tão bons que conseguem transmitir o sentimento de melancolia por si só.

Joaquin Phoenix atua muito bem, como sempre. Uma pena que não tenha levado nenhuma indicação. E Scarlett Johansson, quem diria... apesar de ser apenas uma voz, transmite sua emoção com maestria. Quem disse que ela não consegue ser boa atriz?

E quanto ao roteiro, ele é excepcional. Dos diálogos às reviravoltas constantes, é até o momento em que escrevo estas palavras meu preferido ao Oscar nesta categoria. Spike Jonze, o diretor, foi também o roteirista. Palmas para ele.

Ela tem um estilo bem diferente da correria que vemos nos filmes atuais. É o que popularmente chamamos de “filme cult”. Ela é um filme lento, parado, contemplativo, melancólico. E brilhante. Nota: 9,0

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Crítica - Trapaça (2013)

TítuloTrapaça ("American Hustle", EUA, 2013)
Diretor: David O. Russell
Atores principais: Christian Bale, Bradley Cooper, Amy Adams, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence

Apesar do bom filme, as obras de David O. Russell continuam superestimadas

O Lado Bom da Vida conseguiu em 2013 indicações para as quatro categorias de atuação no Oscar, fato que não acontecia desde Reds, em 1981. E em 2014 o diretor David O. Russell conseguiu fazer a dobradinha da façanha, agora com Trapaça. Não só levou as quatro indicações para atores, como levou mais seis, incluindo melhor filme, totalizando dez indicações.

Em 2013, apenas a indicação de Jennifer Lawrence foi digna da indicação (e de fato ela venceu o prêmio)... o resto foi puro exagero. Desta vez, 2014, as atuações são bem mais marcantes e justas. Porém o exagero permanece... o filme não é tão bom para levar 10 indicações, principalmente a de Montagem/Edição, a qual achei mais absurda.

A história de Trapaça conta a vida de dois vigaristas, Irving Rosenfeld (Christian Bale) e Sydney Prosser (Amy Adams), que após alguns anos de sucesso são pegos pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper). Para não serem presos, resolvem ajudar o FBI a flagrar outros vigaristas.

Porém, de vigaristas, rapidamente o trio está envolvido com políticos e mafiosos, e não estavam preparados para algo tão grande. E este é o conflito que os três precisarão resolver. O fato de Irving possuir uma esposa incontrolável, Rosalyn (Jennifer Lawrence), apenas torna a vida deles mais difícil. Trapaça é levemente baseado na história real da operação "Abscam" de 1978 e seu roteiro é inteligente, entrelaçando a história de diversos personagens.

Assim como O Lobo de Wall Street, Trapaça é um filme de trambiqueiros, e portanto sua comparação é inevitável. Eles são bem diferentes: em Trapaça os personagens possuem culpa e remorso, não são crápulas em 100% do tempo. E principalmente, ao contrário do tom constante de O Lobo de Wall Street, aqui a trama cresce com o passar do tempo: quanto mais a operação do FBI cresce, mais os personagens ficam tensos e descontrolados.

Estas “vantagens” de Trapaça não o fazem dele um filme melhor. Mesmo tendo menor duração, Trapaça é um pouco cansativo, ao contrário do longo O Lobo de Wall Street, cujas horas passam voando. Para mim, isto evidencia quem é melhor diretor.

Christian Bale, que engordou bastante para o filme, está muito bem, valorizando as cenas dramáticas e as cômicas. A bela Amy Adams mais uma vez tem uma atuação competentíssima, alternando (e convencendo) como mulher forte e frágil. Jennifer Lawrence convence como uma desmiolada, mais uma vez mostrando sua versatilidade. Só Bradley Cooper não me convenceu... como sempre, ele não compromete e é só.

Se Trapaça tem um bom ritmo crescente que leva o filme de maneira correta até seu clímax, as escolhas para se contar a história são “estranhas”. Alternando narrações em primeira pessoa com longos trechos sem narrativa, usando flashbacks que não alteram em nada a trama, o filme não me agradou na montagem/edição, chegando a cometer um erro grotesco na cena em que Irving vai à casa do prefeito Carmine Polito (Jeremy Renner).

É como se estes recursos de narrativa estivessem lá apenas para tornar o filme “diferente”, não linear. Mas não adiantou muito, o filme caminha muito mais pelo lado do tradicional. De qualquer forma, também encontrei coisas “diferentes” que me agradaram: as cenas com a câmera “andando” sutilmente em primeira pessoa, que nos fazem sentir a mesma sensação de ansiedade dos personagens, quando eles entram em uma sala, por exemplo.

Trapaça é um bom filme, muito mais real que O Lobo de Wall Street, porém bem menos surpreendente que ele, levando portanto uma nota menor. Nota: 7,0.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Crítica - O Lobo de Wall Street (2013)

Título: O Lobo de Wall Street ("The Wolf of Wall Street", EUA, 2013)
Diretor: Martin Scorsese
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Kyle Chandler

Scorcese muda o tom e faz um filme repleto de humor

É pela 5ª vez que temos a parceria Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio nas telas. Desta vez, com uma história baseada no livro de memórias de Jordan Belfort, um corretor de bolsa de valores que ficou milionário rapidamente através de fraudes e outros crimes relacionados.

Em sua primeira semana na Bolsa de Nova York, o novato Belfort (Leonardo DiCaprio) aprende de seu primeiro chefe Mark (Matthew McConaughey) as duas regras para o sucesso: 1) manter os clientes comprando cada vez mais ações a qualquer preço. 2) drogas. Para aguentar a pressão.

Estas duas regras são seguidas a risca por Belfort e dão o tom do filme. Sem se preocupar com ética o corretor sobe muito rapidamente na vida, ganhando muito dinheiro e, principalmente, curtindo sua fortuna. O que mais vemos no filme são festas, drogas, bebidas e mulheres (com nudez), e estas cenas representa mais da metade do longo filme de 3 horas de duração.

Jordan Belfort passa a vida se divertindo, quase impunemente, e compartilhamos desta sua diversão o tempo todo. Por ser uma história contada pelo ponto de vista distorcido do corrupto personagem principal, ela é leve, repleta de cenas engraçadas; diversão garantida que te fará rir muito mais do que a maioria das comédias produzidas atualmente fazem. Acompanhando tudo isto, temos uma trilha sonora bem inspirada e adequada.

E se a diversão e bom humor são o ponto alto do filme, ao mesmo tempo são seu ponto baixo. Sem se levar a sério, as cenas dramáticas perdem bastante a intensidade, enfraquecendo a trama e deixando-a menos marcante. Melhor dizendo, o tom de humor é muito uniforme, deixando o filme sem situações de conflito e sem clímax. Há apenas uma cena dramática relevante - aliás excelente - que é o primeiro diálogo de Belfort, em seu iate, com o agente Patrick, do FBI (Kyle Chandler).

O Lobo de Wall Street foi indicado a cinco Oscar - Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor (Martin Scorsese), Melhor Ator (Leonardo DiCaprio) e melhor Melhor Ator Coadjuvante (Jonah Hill).

Aceito as indicações para Melhor Filme e Roteiro porque o filme é  bom. Concordo com a indicação para DiCaprio pois, embora sua atuação não seja brilhante, é muito boa e variada (e ele é muito bom ator).

Mas não concordo com a indicação para Melhor Diretor (por exemplo o filme apresenta alguns pequenos erros de continuidade) e principalmente, reprovo em muito a indicação de Jonah Hill para Melhor Ator Coadjuvante. Hill está muito bem, e é bastante engraçado. Mas seu papel de “palhaço porra louca” não apresenta nenhuma dificuldade de interpretação. Injustiça com Matthew McConaughey, que embora tenha uma atuação muito curta, esta sim foi excelente.

Um filme que certamente causará polêmica, porque afinal de contas não deixa de ser uma homenagem a uma pessoa sem nenhum escrúpulo, O Lobo de Wall Street expõe o pior lado da especulação da bolsa e diverte muito acima da média.  Nota: 8,0

Atualizado 31/01: passada a sensação inicial de assistir o filme, resolvi, dias depois, aumentar a nota do mesmo para 8,0. E acrescentar mais dois parágrafos.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Retrospectiva Cinema Vírgula de 2013


Olá prezados leitores. Mais um ano que se encerra, mais um ano que se inicia.

Em 2013 assisti 44 filmes que passaram pelos cinemas brasileiros, sendo que cobri neste blog com críticas a maioria deles. Baseado nestes 44 filmes, vamos analisar o que houve de pior e melhor ao longo do ano.

Entendo que 2013 não foi um ano muito bom... vi poucos filmes que realmente me empolgaram. De qualquer forma, tivemos vários “enfins” interessantes, como por exemplo: enfim um filme de F1 decente (Rush:No Limite da Emoção), enfim um retorno decente dos irmãos Wachowski (A Viagem), enfim um bom filme do Superman (O Homem de Aço). E, principalmente: enfim o grande público reconheceu a genialidade do diretor Alfonso Cuarón com seu excepcional filme Gravidade.

Eis a lista dos 5 melhores filmes de 2013, em ordem alfabética:


Acho que 2013 não foi um bom ano para os Blockbusters. Não em termos de dinheiro, claro... falo da falta de qualidade. As franquias de sucesso foram muito bem nas bilheterias, impulsionadas também pela grana extra do 3D. Um bom exemplo disto foi o segundo Hobbit... um filme apenas razoável que já passou de US$ 500 milhões arrecadados.

Outra coisa curiosa é que os cinemas continuam investindo pesado nos filmes de super-herói, que infelizmente já não empolgam mais como antes. Em 2013 apenas O Homem de Aço me surpreendeu positivamente.

Eis a lista dos 5 piores filmes de 2013, em ordem alfabética:

* Kick-Ass 2

Finalmente, nem sempre dá para se assistir tudo o que você quer assistir, e em 2013 isto não foi diferente. Abaixo segue a lista dos 5 filmes (bastante elogiados) que perdi e pretendo ver assim que possível. Notem que em sua maioria são filmes pendendo para o lado cult:

* Azul é a Cor Mais Quente (França) -  Vencedor da Palma de Ouro 2013
* Elena (Brasil)
* Um Estranho no Lago (França)
* Inside Llewyn Davis (EUA) – dos irmãos Coen
* Invocação do Mal (EUA) – filme de terror entre os mais bem avaliados do ano


É isto aí. Melhores filmes para todos nós em 2014! Grande abraço e continuem prestigiando o melhor blog do mundo!

sábado, 28 de dezembro de 2013

Crítica - O Som ao Redor (2012)

Título: O Som ao Redor ("O Som ao Redor", Brasil, 2012)
Diretor: Kleber Mendonça Filho
Atores principais: Maeve Jinkings, Irandhir Santos, W.J. Solha, Gustavo Jahn
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=wweuSi_krNs
Nota: 6,0


Angustiante e fiel retrato do Brasil atual, filme peca ao não ir além disto

O Som ao Redor, filme brasileiro indicado ao Oscar deste ano, é um filme bem diferente do que estamos acostumados. Ao começar pelo seu nome, no filme não há trilha sonora. O que mais ouvimos são os ruídos das ruas... seja um cão latindo, um CD tocado alto pelo vendedor, ou seja, os irritantes barulhos urbanos que bem conhecemos. Ironicamente nem sempre o som foi bem capturado pela equipe técnica: em algumas cenas não se consegue ouvir direito o que os personagens falam.

Aqui a trama se passa em Recife, em um bairro de classe média, onde a família de seu Francisco (W.J. Solha) é proprietária de boa parte dos imóveis da região e portanto “manda” no local.

O filme nos convida a conhecer diversos personagens e sub-tramas deste conjunto de ruas. Um local – que infelizmente predomina no Brasil de hoje – feio, onde só se vê prédios e casas espremendo-se umas às outras sem nenhuma harmonia, e onde a violência se faz presente, quando vivemos trancados e com medo em casa, gastando dinheiro em aparelhos e serviços de segurança, fazendo do lar uma prisão.

Dentre os diversos personagens apresentados, e diversas tramas paralelas, duas se destacam. Na primeira, vemos Bia (Maeve Jinkings), casada e mãe de dois filhos, infeliz e esmagada pelo mundo ao redor. Na outra, temos Clodoaldo (Irandhir Santos) chegando ao bairro e oferecendo serviço de vigilância particular nas ruas para os moradores em troca de uma mensalidade.

Sua chegada causa dois conflitos: primeiro, a discussão entre os próprios moradores em relação a sua chegada... se ela seria algo bom ou ruim. E segundo, Clodoaldo bate de frente com Francisco. Explico: o neto de Francisco, Dinho (Yuri Holanda) é um dos principais furtadores da região... e o poderoso Francisco faz uma ameaça bem clara a Fernando: “jamais mexa com Dinho”. Nota-se portanto que mesmo nos dias de hoje ainda temos “os coronéis latifundiários” mandando em tudo, estando acima da lei.

O Som ao Redor também expõe outros assuntos, como por exemplo, a vida das empregadas domésticas, os conflitos com vizinhos ao se viver em comunidade, e toda a tensão gerada pelo convívio entre todas estas pessoas.

O filme nos apresenta todos estes assuntos passando com muita eficiência seu sentimento ao espectador. Claustrofóbico, angustiante, ao ser filmado com muitos closes e muitos ambientes fechados, O Som ao Redor passa com maestria o sentimento de opressão a quem o assiste.

Apesar desta perfeita descrição do Brasil, da classe média e de suas angústias, O Som ao Redor peca por não ir além disto. Suas tramas não possuem desfecho... apenas nos são apresentadas. Mais ainda, diversas cenas desnecessárias são jogadas a esmo ao longo da projeção, tornando cansativo um filme que poderia ser mais curto.

Apresentando com maestria seus personagens e ambiente, mas pouco os desenvolvendo, O Som ao Redor acaba sendo um filme regular, que poderia ser mais dinâmico e ousado. Nota: 6,0.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Crítica - O Hobbit - A Desolação de Smaug (2013)

Título: O Hobbit - A Desolação de Smaug ("The Hobbit: The Desolation of Smaug", EUA / Nova Zelândia, 2013)
Diretor: Peter Jackson
Atores principais: Ian McKellen, Richard Armitage, Martin Freeman, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Benedict Cumberbatch
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=T304nbvLVBE
Nota: 6,0


Mais altos e baixos... e pouco Hobbit

Um ano após o primeiro filme da trilogia, Hobbit volta às telas sob nome “O Hobbit - A Desolação de Smaug”. Bilbo Baggins (Martin Freeman), Gandalf (Ian McKellen) e 13 anões se encontram no meio da viagem para a Montanha Solitária, onde encontrarão o desejado tesouro dos Anões e... o dragão Smaug.

Comparado com o filme anterior o novo Hobbit é mais dinâmico, porém com muito mais invencionices de Peter Jackson e seus roteiristas. Pasmem, mesmo com quase 3 horas de projeção o diretor mal encontrou espaço para contar o Hobbit original em seu segundo filme.

Não satisfeito em inventar muita coisa fora do livro, Peter Jackson exclui (!) ou altera muita coisa do original de J.R.R. Tolkien. Por exemplo, já no começo vemos que o personagem Beorn – que no livro é um personagem importante a quem se dedica um capítulo – tem apenas uma breve e irrelevante participação no filme.

Outra grande alteração da história original vem nos Orcs. Eles são praticamente um fetiche do diretor. Afinal eles estão presentes em quase todas as cenas, bem diferentemente do livro, onde tem uma participação menor. A presença desta maligna raça faz de Hobbit definitivamente um filme bem sombrio, tornando agora a trilogia Hobbit mais sombria que a trilogia do Senhor dos Anéis.

Mas nem toda mudança é um erro. Mesmo envolvida em um absurdo triângulo amoroso (que deve ter feito Tolkien rolar no túmulo), a personagem Tauriel (a bela elfa vivida pela bela Evangeline Lilly), criada específicamente para o filme, é fundamental para dar um balanço no tom "dark" do filme, pois é ela a coisa mais próxima a "luz" que temos.

Tecnicamente o filme é muito bom. As cenas são filmadas nos mais diversos ângulos e níveis de profundidade, tornando a narrativa visual dinâmica e deslumbrante. A parte visual – seja dos cenários, monstros, ou figurino – é extremamente bem feita, e só deixa de ser impecável nas cenas de maior exagero do diretor: por exemplo na cena onde os anões fogem de Elfos e Orcs (de novo!) através de barris em um rio, as cenas de ação são tão exageradas, tão inverossímeis, que fica evidente que o Legolas (Orlando Bloom) que lá vimos não é o ator real, e sim, um personagem de computação gráfica.

Este é um dos grandes problemas em Hobbit: os exageros. As cenas de ação (que são muitas) são todas heroicas e grandiosas demais. Todos – de elfos a anões – são como super-homens... com mira perfeita, destreza, força e agilidade muito acima dos humanos. Todos estes absurdos definitivamente não se encontram nos livros.

Quando não há o excesso, o filme flui bem. A cena onde Bilbo dialoga com Smaug (Benedict Cumberbatch) é muito bacana, e o ponto alto deste segundo Hobbit. O dragão, aliás, que me pareceu bem artificial no Trailler, no filme está bem crível e é um vilão que rouba a cena.

Aprendendo com o filme anterior Peter Jackson substituiu o “enrolar através de diálogos” por “enrolar através de ação”. E assim, uma evolução, desta vez as 3 horas de projeção não cansam e quando a história acaba (sim, e muito abruptamente - o filme não possui final), dá vontade de permanecer na sala para ver o filme “acabar”.

Em resumo, com altos e baixos, “O Hobbit - A Desolação de Smaug” é uma boa diversão, porém desnecessariamente sombria e que pouco lembra a obra original de J.R.R. Tolkien. Ironicamente, é um filme de cobiça (seja de Bilbo pelo anel, dos anões ou do dragão pelo tesouro) cuja própria existência se deve a cobiça dos executivos de Hollywood. Afinal, fica claro que Hobbit não precisava ser uma trilogia.

Considero o 2º filme de Hobbit mais agradável de assistir que o anterior. Porém, como seu roteiro é bem inferior (não há desenvolvimento dos personagens, nem há uma tentativa de colocar um desfecho/final ao filme) sua nota cai, ficando mais baixa: Nota: 6,0

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Crítica - Jogos Vorazes: Em Chamas (2013)

Título: Jogos Vorazes: Em Chamas ("The Hunger Games: Catching Fire", EUA, 2013)
Diretor: Francis Lawrence
Atores principais: Jennifer Lawrence, Woody Harrelson, Josh Hutcherson, Donald Sutherland, Liam Hemsworth, Philip Seymour Hoffman
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=cKyrXQSsSl4
Nota: 6,0


Mais do mesmo (com menos ação)

Há pouco mais de um ano escrevi em meu blog a crítica sobre Jogos Vorazes. Um filme com altos e baixos, e que cujos tema principal é a crítica aos reality shows e aos governos autoritários.

Em sua continuação, Jogos Vorazes: Em Chamas supreende negativamente em ser absurdamente similar ao filme anterior. Basicamente a única mudança é dar mais enfoque à política do que as lutas na arena. De resto, mais do mesmo.

Na história temos a continuação direta dos eventos do livro anterior. Agora, os jovens vencedores dos últimos Jogos Vorazes: Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson) são obrigados a fazer um Tour pelas 12 colônias, homenageando os outros escolhidos mortos em batalha.

Durante o Tour percebemos que o casal se tornou um símbolo de resistência ao governo (mais uma prova de que a premissa da franquia é fraca, os Jogos não pacificam ninguém), e portanto, o presidente das colônias – o cruel Snow (Donald Sutherland) – se movimenta pessoalmente nos bastidores (através de ameaças) para transformar Katniss e Peeta em falsos heróis, vendidos ao governo.

Claro que não dá certo, e então é anunciado que os próximos Jogos Vorazes – por serem o 75º (múltiplo de 25) – serão compostos apenas por ex-vencedores... ou seja, lá vão Katniss e Peeta para a mata novamente. Ao contrário do primeiro filme, onde o espaço do filme ocupado pela arena é maior aqui os bastidores ganham mais espaço e tempos pouco “Jogos Vorazes”.

Os erros de roteiro permanecem. Vamos a alguns deles: se o fato dos jogos múltiplos de 25 são tradicionalmente jogos dos ex-campeões, por que eles ficaram tão revoltados e surpresos com o comunicado? Aliás, com todos os participantes protestando contra os jogos, não querendo lutar, por que então ao serem jogados na arena eles voltam a se matar ao invés de simplesmente manter a postura de protesto?

Outro ponto que me incomodou bastante... a primeira coisa que o mentor do casal, Haymitch (Woody Harrelson) fala para os dois ao iniciar os treinamentos é para eles “é que a coisa mais importante é usar este tempo para encontrar aliados” (o que sabemos ser muito bom conselho após ver o primeiro filme). Mas... Por que ele não deu este conselho no primeiro filme? Não faz sentido nenhum!

Tecnicamente o filme é bom e não compromete. Em termos de atuações idem. Mas não gostei da atuação de Jennifer Lawrence. Ela convence como atriz de ação mas não convence como atriz romântica. Pela sua expressão (sempre a mesma, assustada), não sabemos se ela está apaixonada por Peeta, por  Gale (Liam Hemsworth), por nenhum deles, ou por ambos.

Jogos Vorazes: Em Chamas é tão parecido com seu antecessor que se você gostou do primeiro, gostará deste também. Se não gostou tanto do primeiro, não gostará tanto aqui. Não é surpresa que eu também repetirei aqui a nota do filme anterior.

Não sei o que mais me assusta, ver um roteiro / enredo com qualidade duvidosa vender tantos livros e ingressos pra cinema, ou se é o fato deles serem tão elogiados pela crítica. Nota: 6,0.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...