sábado, 25 de fevereiro de 2012

Crítica – “A Invenção de Hugo Cabret” (2011)

“Scorsese acerta em cheio no 3D e na escolha do seu homenageado”

Os dois líderes em indicações do Oscar deste ano, “O Artista” (10) e “A Invenção de Hugo Cabret” (11) possuem em comum o fato de serem homenagens aos filmes antigos. Assistindo ao último, descobri que as semelhanças não param aí. Mas falaremos disto mais tarde.

“Hugo” é o primeiro filme “família” do diretor Martin Scorsese. Mais ainda, é seu primeiro filme 3D, característica esta que leva grande destaque. O diretor abusa de ambientes "compridos", o que realça muito a sensação de profundidade e com isto faz deste filme um dos melhores e mais perfeitos 3Ds que já vi. Se você ainda não assistiu, faça questão de assistir este filme em cinema e em 3D.

O filme começa apresentando a história do menino Hugo (Asa Butterfield), órfão, e que vive e trabalha como relojoeiro numa estação de trem de Paris no início dos anos 30. Não demora muito e seu caminho se cruza com o de Georges Méliès (Ben Kingsley), um velhinho que possui uma loja de brinquedos dentro da mesma estação.

É a partir daí que o filme realmente empolga. Méliès é simplesmente um dos mais importantes e revolucionários diretores de cinema de todos os tempos. É ele o pioneiro dos filmes de fantasia e do uso de diversos efeitos especiais. Habilidades estas adquiridas em sua profissão pré-filmes, a de mágico.

Temos então, na verdade, duas histórias em paralelo. A história de Hugo, e a história – auge e declínio – de Méliès. E no meio destas duas histórias também há um pequeno espaço para aprendermos outras coisas de cinema... por exemplo, pequenos trechos de diversos filmes branco-e-preto emblemáticos são jogados na tela ao longo da projeção.

Se o personagem Hugo é fictício, a história contada sobre Méliès é bastante próxima do real. Apesar da enorme importância deste diretor francês, infelizmente ele é amplamente desconhecido do grande público. Portanto, o fato de Scorsese resolver homenagear Méliès pela primeira vez em uma superprodução Hollywoodiana é digna de aplausos, em pé.

Muito bem feito tecnicamente, com uma fotografia impressionante, “A Invenção de Hugo Cabret” merece as mesmas palavras que dediquei à crítica do filme “O Artista”, que são: “merece a grande maioria das indicações, mas tem no roteiro seu ponto fraco”.

Explico: a história de George Méliès é bem interessante... já a do menino Hugo, não. Ela é bastante previsível e infantil, e pior, suas ligações com a outra história são um pouco forçadas.

Admito, mesmo a história de Hugo tem qualidades. A atuação do garoto Asa Butterfield é excepcional e te emociona muitas vezes; interessantes comparações filosóficas entre mundo, homem e máquinas também aparecem implicitamente. Mesmo assim a história do menino tem mais defeitos que virtudes... em alguns momentos ela é até cansativa.

Em resumo, “A Invenção de Hugo Cabret” é um filme muito bom, com a qualidade de poder agradar público de todas as idades. Reforço o convite: vá aos cinemas conhecer Méliès e assistir este brilhante 3D.

Nota: 8,0.

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